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Valores, Atitudes e Uso de Bebidas Alcoólicas: Proposta de um Modelo Hierárquico

Values, Attitudes, and Use of Alcohol: a Proposal for a Hierarchical Model

Valores, Actitudes y Uso de Bebidas Alcohólicas: Propuesta de un Modelo Jerárquico

Resumos

O presente artigo objetivou conhecer a base axiológica das atitudes frente o uso de álcool, testando o modelo hierárquico valores→atitudes→comportamento. Contou-se com a participação de 149 estudantes de duas IES da cidade de Parnaíba (PI), com idade média de 22,8 anos e maioria homens (57,4%) que responderam oQuestionário dos Valores Básicos, a Escala de Atitudes Frente o Uso de Álcool e perguntas sobre dados demográficos. Os resultados indicam que valores de experimentação se correlacionam positivamente com atitudes favoráveis ao consumo de álcool, ao passo que valores normativos o fizeram negativamente. Confirmou-se, ainda, o papel mediador das atitudes. Esta pesquisa buscou dar suporte ao modelo hierárquico supracitado, favorecendo o entendimento do uso de bebidas alcóolicas e delineamento de políticas públicas para combater o padrão disfuncional de consumo.

Bebidas Alcoólicas; Comportamento; Psicologia Social


This study aimed to understand the axiological basis of attitudes toward alcohol use by testing the hierarchical model of values→attitudes→behavior. One hundred and forty-nine undergraduates (most of whom were men; i.e., 57.4%) from Parnaíba, Brazil, participated in the study (mean age = 22.8 years). The participants answered the Basic Values Survey, Attitudes toward Use Alcohol Scale, and demographic questions. The results indicated that the excitement values positively correlated with favorable attitudes toward alcohol use, while normative values were negatively related. The mediating role of attitudes on this relation was also confirmed in the analyses. The current study supports the proposed hierarchical model, and thereby contributes to the understanding of alcohol use and has implication for designing public policies to combat the dysfunctional pattern of unhealthy consumption.

Alcoholic Beverages; Behavior; Social Psychology


Este artículo tuvo como objetivo conocer las bases axiológicas de las actitudes frente al consumo de alcohol, evaluando el modelo jerárquico valores→actitudes→comportamiento. Contó con la participación de 149 estudiantes de dos IES de la ciudad de Parnaíba (PI) con una edad media de 22,8 años y la mayoría hombres ( 57,4% ) que respondieron el Cuestionario de los Valores Básicos, la Escala de Actitudes Frente al Uso de Alcohol y preguntas demográficas. Los resultados indicaron que los valores de experimentación se correlacionaron positivamente con las actitudes favorables al consumo de alcohol, mientras que los valores normativos lo hicieron negativamente. Se confirmó, también, el papel mediador de las actitudes. Concluyendo, esta investigación apoya el modelo jerárquico citado, favoreciendo la comprensión del uso de alcohol y el diseño de políticas públicas para combatir el patrón disfuncional de consumo.

Bebidas Alcohólicas; Conducta; Psicología Social


Introdução

O uso indiscriminado de álcool é um problema grave de saúde pública (Ronzani & Furtado, 2010Ronzani, T., M., & Furtado, E. F. (2010). Estigma social sobre o uso de álcool. Jornal Brasileiro de Psiquiatria,59(4), 326-332. doi:10.1590/S0047-20852010000400010; Souza, Areco, & Silveira Filho, 2005), como refletido em pesquisa realizada por Carlini et al. (2007) a partir de levantamentos domiciliares realizados nas 108 maiores cidades do Brasil, em 2005, indicando que, aproximadamente 74% da população brasileira já fez uso na vida de álcool, estimando que 12% destes são dependentes. Tais informações são corroboradas por dados da Organização Mundial de Saúde (OMS, 2004) indicando que cerca de 10% da população brasileira é dependente dessa substância.

Deste modo, assevera-se que o uso, não apenas recreativo, mas também pesado do álcool é maciço no Brasil, sendo que boa parte dos relatos de consumo é atribuída a estudantes, tanto dos ensinos fundamental e médio, quanto superior. Isso se deve em parte, ao acesso fácil, o custo baixo e o caráter lícito que essa substância possui, fazendo com que seja encarado de modo diferente com relação a outras drogas psicoativas, chegando ao ponto do consumo ser incentivado (Lucas et al., 2006Lucas, A. C. S., Parente, R. C. P., Picanço, N. S. Conceição, D. A., Costa, K. R. C., Magalhães I. R. S. et al. (2006). Uso de psicotrópicos entre universitários da área de saúde da Universidade Federal do Amazonas, Brasil.Cadernos de Saúde Pública, 22(3), 663-71. doi:10.1590/S0102-311X2006000300021; Oliveira, & Luchese, 2010; Pillon, O'Brien, & Chavez 2005Pillon, S. C., O'Brien, B., & Chavez, K. A. P. (2005). A relação entre o uso de drogas e comportamentos de risco entre universitários brasileiros. Revista Latino-Americana de Enfermagem,13(n esp.), 1169-1176. doi:10.1590/S0104-11692005000800011; Scali, & Ronzani, 2007Scali, D. F., & Ronzani, T. M. (2007). Estudo das expectativas e crenças pessoais acerca do uso de álcool. Revista Eletrônica Saúde Mental, Álcool e Drogas, 3(1), 1-14. doi:10.11606/issn.1806-6976.v3i1p01-16; Silva, Malbergier, Stempliuk, & Andrade, 2006Silva L. V. E. R., Malbergier, A., Stempliuk V. A., & Andrade A. G. (2006). Fatores associados ao consumo de álcool e drogas entre estudantes universitários. Revista de Saúde Pública,40(2), 280-288. doi:10.1590/S0034-89102006000200014; Strauch, Pinheiro, Silva, & Horta, 2009Strauch, E. S., Pinheiro, R. T., Silva, R. A., Horta, B. L. (2009). Uso de álcool por adolescentes: estudo de base populacional. Revista de Saúde Pública, 43(4), 647-655. doi:10.1590/S0034-89102009005000044).

Como citado anteriormente, parte do consumo envolve adolescentes e jovens adultos, sendo que tal vulnerabilidade pode ser atribuída por este período ser uma época de intensa busca por sensação, além de marcar uma fase de grande influência dos pares e procura de uma independência dos pais. Destaca-se, ainda, o papel central do ingresso na universidade como fator preponderante para o início e a manutenção do consumo de álcool. Logo, não é rara a presença de algumas condutas desviantes e risco à saúde, como o comportamento aditivo (Carvalho, & Leal, 2006Carvalho, A. C., & Leal, I. P. (2006). Construção e validação de uma escala de representações sociais do consumo de álcool e drogas em adolescentes. Psicologia, Saúde e Doenças,7(2), 287-297.; Galduróz et al., 2010Galduróz, J. C. F., Sanchez, Z. M., Opaleye, E. S., Noto, A. R., Fonseca, A. M., Gomes, P. L. S. et al. (2010). Fatores associados ao uso pesado de álcool entre estudantes das capitais brasileras. Revista de Saúde Pública, 44(2), 267-273. doi:10.1590/S0034-89102010000200006; Heim, & Andrade, 2008Heim, J., & Andrade, A. G. (2008). Efeitos do uso do álcool e das drogas ilícitas no comportamento de adolescentes de risco: uma revisão das publicações científicas entre 1997 e 2007. Revista de Psiquiatria Clínica, 35(suppl 1), 61-64. doi:10.1590/S0101-60832008000700013; Peuker, Fogaça, & Bizarro, 2006Peuker, A. C., Fogaça, J., & Bizarro, L.(2006). Expectativas e beber problemático entre universitários. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 22(2), 193-200. doi:10.1590/S0102-37722006000200009; Soldera, Dalgalarrondo, Corrêa Filho, & Silva, 2004Soldera, M., Dalgalarrondo, P., Corrêa Filho H. R., & Silva C. A. M. (2004). Uso de drogas psicotrópicas por estudantes: prevalência e fatores sociais associados. Revista de Saúde Pública,38(2), 277-283. doi:10.1590/S0034-89102004000200018).

Desse modo, mesmo tendo em conta que o consumo de álcool pode ser tratado como um problema de saúde pública é escasso os intentos de conhecer os antecedentes de seu uso inadequado, principalmente contemplando populações de maior risco para o consumo, como adolescentes e jovens adultos (Brasil, 2004Brasil (2004), Ministério da Saúde. A política do ministério da saúde para a atenção integral a usuário de álcool e outras drogas. Brasília, DF: Ministério da Saúde.). Nessa direção, aponta-se que, apesar de ser uma droga legalizada, seu consumo excessivo traz graves problemas à saúde do usuário.

Pesquisas indicam relação entre o uso de álcool e diversas doenças, tais como câncer bucal, orofaríngeo, câncer esofágico, cirrose hepática (Carrard, Pires, Paiva, Chaves, & Sant'Ana Filho, 2007Carrard, V. C., Pires, A. S., Paiva, R. L., Chaves, A. C. M., & Sant'ana Filho, M. (2007). Álcool e câncer bucal: considerações sobre os mecanismos relacionados. Revista Brasileira de Cancerologia, 54(1), 49-56.; Meloni, & Laranjeira, 2004Meloni, J. N., & Laranjeira, R.. (2004). Custo social e de saúde do consumo do álcool. Revista Brasileira de Psiquiatria,26(supl 1), 7-10. doi:10.1590/S1516-44462004000500003), distúrbios psiquiátricos (Maciel & Yoshida, 2006Maciel, M. J. N., & Yoshida, E. M. P. (2006). Avaliação de alexitimia, neuroticismo e depressão em dependentes de álcool. Avaliação Psicológica, 5(1), 43-54.;Meloni, & Laranjeira, 2004Meloni, J. N., & Laranjeira, R.. (2004). Custo social e de saúde do consumo do álcool. Revista Brasileira de Psiquiatria,26(supl 1), 7-10. doi:10.1590/S1516-44462004000500003), além de comorbidade entre dependência alcoólica e outros distúrbios psiquiátricos (Alves, Kessler, & Ratto, 2004Alves, H., Kessler, F., & Ratto, L. R. C. (2004). Comorbidade: uso de álcool e outros transtornos psiquiátricos. Revista Brasileira de Psiquiatria, 26(suppl 1), 51-53. doi:10.1590/S1516-44462004000500013; Laranjeira, 2004Laranjeira, R. (2004). Álcool: da saúde pública à comorbidade.Revista Brasileira de Psiquiatria,26(suppl 1), 1-2. doi:10.1590/S1516-44462004000500001; Oliveira, & Luis, 1997Oliveira, E. R. & Luis, M. A. V. (1997). Distúrbios psiquiátricos relacionados ao álcool associados a diagnósticos de clínica médica e/ou/ intervenções cirúrgicas, atendidos num hospital geral. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 5(n esp.), 51-57. doi:10.1590/S0104-11691997000500007). Considerando tais correlatos do uso abusivo do álcool, percebe-se que este se constitui como um importante fator de mortalidade. Luís e Lunetta (2005)Luis, M. A. V., & Lunetta, A. C. F. (2005). Álcool e outras drogas: levantamento preliminar sobre a pesquisa produzida no Brasil pela enfermagem. Revista Latino-Americana de Enfermagem,13(n esp. 2), 1219-1230. doi:10.1590/S0104-11692005000800018 citam que nos países desenvolvidos o álcool aparece como terceiro fator de risco de morbi-mortalidade, responsável por 9,2% dos anos de vida perdidos ou incapacitados. No Brasil, o álcool é a principal substância psicoativa que representa fator de risco com 6,2%.

Darke, Duflou e Torok (2009), por meio da verificação das relações entre mortes violentas e uso de drogas na Austrália, concluíram que 42% dos homicídios e 38,7% dos suicídios estão relacionados ao uso de álcool, ou seja, atestando o prejuízo causado pelo consumo indiscriminado do álcool. Ponce, Andreuccetti, Jesus, Leyton e Muñoz (2008)Ponce, J. C., Andreuccetti, G., Jesus, M. G. S., Leyton, V., Muñoz, D. R. (2008). Álcool em vítimas de suicídio em São Paulo. Revista de Psiquiatria Clínica, 35(supl 1), 13-16. doi:10.1590/S0101-60832008000700004 encontraram resultados similares, destacando que 30% dos suicidas, dos 632 casos analisados, apresentavam alcoolemia positiva. Portanto, destaca-se que a tendência para comportamentos violentos é maximizada após a ingestão de bebidas alcóolicas.

Tais resultados destacam a magnitude do problema, o que reflete no aumento de internações em instituições de saúde e, consequentemente, o aumento do gasto em saúde pública com tais pacientes. Nesta direção, assegura-se que parcela considerável de atendimentos de casos de emergência se dão em virtude do abuso de álcool, tais como o envolvimento em acidentes de trânsito, quedas, episódios de violência e intoxicações (Freitas, Mendes, & Oliveira, 2008Freitas, E. A. M., Mendes, I. D., & Oliveira, L. C. M. (2008). Ingestão alcoólica em vítimas de causas externas atendidas em um hospital geral universitário. Revista de Saúde Pública,42(5), 813-821. doi:10.1590/S0034-89102008000500005; Gazal-Carvalho, Carline-Cotrim, Silva, & Sauaia, 2002Gazal-Carvalho, C., Carline-Cotrim, B., Silva, O. A., & Sauaia, N. (2002). Prevalência de alcoolemia em vítimas de causas externas admitidas em centro urbano de atenção ao trauma. Revista de Saúde Pública,36(1), 47-54. doi:10.1590/S0034-89102002000100008; Mascarenhas et al., 2009Mascarenhas, M. D. M., Malta, D. C., Silva, M. M. A., Carvalho, C. G., Monteiro, R. A., & Morais Neto, O. L. (2009). Consumo de álcool entre vítimas de acidentes e violências atendidas em serviços de emergência no Brasil, 2006-2007. Ciência & Saúde Coletiva,14(5), 1789-1796. doi:10.1590/S1413-81232009000500020; Meloni, & Laranjeira, 2004Meloni, J. N., & Laranjeira, R.. (2004). Custo social e de saúde do consumo do álcool. Revista Brasileira de Psiquiatria,26(supl 1), 7-10. doi:10.1590/S1516-44462004000500003).

Além dos serviços de emergência, ressalta-se a demanda dos usuários de álcool por serviços de ordem psiquiátrica. Del-Bem, Marques, Sponholz Júnior e Zuardi (1999)Del-Bem, C. M., Marques, J. M. A., Sponholz Júnior, A., & Zuardi, A. W. (1999). Políticas de saúde mental e mudanças na demanda de serviços de emergência. Revista de Saúde Pública,33(5), 470-476. doi:10.1590/S0034-89101999000500006 registraram a prevalência do atendimento em um hospital psiquiátrico no período de 1988 a 1997 indicando uma prevalência de 18% com o diagnóstico de dependência de álcool ou drogas, e de 6,3% de psicoses por álcool ou drogas. Em outro estudo, Souza, Souza e Magna (2008)Souza, J. C., Souza, N., & Magna, L. A. (2008). Tempo médio de hospitalização e categorias diagnósticas em hospital psiquiátrico.Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 57(2), 112-116. doi:10.1590/S0047-20852008000200005 realizaram um levantamento dos prontuários de um hospital psiquiátrico em Campo Grande (MS), constatando que 24,6% das internações se davam devido a problemas derivados do uso de álcool.

A partir desses resultados, percebe-se que o consumo de bebidas alcoólicas tem um caráter ambíguo, pois, por um lado é utilizada em cerimoniais e comemorações, e, por outro, o uso exagerado pode causar problemas graves ao usuário e sua família (Fonseca, Galduróz, Tondowski, & Noto, 2009Fonseca, A. M., Galduróz, J. C. F., Tondowski, C. S., & Noto, A. R. (2009). Padrões de violência familiar associada ao uso de álcool no Brasil.Revista de Saúde Pública, 43(5), 743-749. doi:10.1590/S0034-89102009005000049;Gigliotti, & Bessa, 2004Gigliotti, A., & Bessa, M. A. (2004). Síndrome de dependência do álcool: critérios diagnósticos. Revista Brasileira de Psiquiatria, 26(suppl 1), 11-13. doi:10.1590/S1516-44462004000500004; Zaleski et al., 2010)Zaleski, M., Pinsky, I., Laranjeira, R., Ramisetty-Mikler, S., & Caetano, R. (2010). Violência entre parceiros íntimos e consumo de álcool.Revista de Saúde Pública, 44(1), 53-59. doi:10.1590/S0034-89102010000100006. Deste modo, não faltam argumentos que demonstram a nocividade do uso abusivo de álcool, com repercussões tanto na saúde física quanto mental dos usuários, o que coloca tal fenômeno como um dos maiores problemas de saúde, não só no Brasil, como também em todo o mundo (Gallassi et al., 2008Gallassi, A. D., Elias, P. E. M., & Andrade, A. G. (2008). Caracterização do gasto SUS com internações de dependentes de substâncias psicoativas no período de 2000 a 2002 no município de Campinas-SP.Revista de Psiquiatria Clínica, 35(suppl 1), 2-7. doi:10.1590/S0101-60832008000700002; Gigliotti, & Bessa, 2004Gigliotti, A., & Bessa, M. A. (2004). Síndrome de dependência do álcool: critérios diagnósticos. Revista Brasileira de Psiquiatria, 26(suppl 1), 11-13. doi:10.1590/S1516-44462004000500004; Gouveia, Pimentel, Leite, Albuquerque, & Costa, 2009Gouveia, V. V., Pimentel, C. E., Leite, P. R. L., Albuquerque, J. R., Costa, T. A. B. (2009). Escala de atitudes frente o uso de álcool: Descrevendo seus parâmetros psicométricos. Psicologia: Ciência e Profissão, 29(4), 672-685. doi:10.1590/S1414-98932009000400003).

Tais dados alarmantes mostram a necessidade de conhecer fatores relevantes para o entendimento do problema. Neste sentido, a Psicologia Social oferece construtos importantes que podem ser utilizados para compreender tal padrão comportamental, oferecendo possibilidades de modificação do comportamento. Nesta ocasião, optou-se por ter em conta os construtos valores humanos e atitudes.

Valores humanos

Por exercer papel importante no processo seletivo das ações humanas, os valores ganham destaque, sobretudo a partir das décadas de 1960 e 1970 (Albuquerque, Noriega, Coelho, Neves, & Martins, 2006Albuquerque, F. J. B., Noriega, J. A. V., Coelho, J. A. P. M., Neves, M. T. S., & Martins, C. R. (2006). Valores humanos básicos como preditores do bem-estar subjetivo. Psico,37(2), 131-137.; Gouveia, 2013Gouveia, V. V. (2013). Teoria funcionalista dos valores humanos: fundamentos, aplicações e perspectivas. São Paulo, SP: Casa do Psicólogo.; Medeiros, 2011Medeiros, E. D. (2011). Teoria funcionalista dos valores humanos: testando sua adequação intra e interculturalmente. Tese de Doutorado não publicada. Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, PB.; Rokeach, 1973Rokeach, M. (1973). The nature of human values. New York, NY: Free Press.; Ros, 2006)Ros, M. (2006). Psicologia social dos valores humanos: uma perspectiva histórica. Em M. Ros & V. V. Gouveia (Orgs.), Psicologia social dos valores humanos: Desenvolvimentos teóricos, metodológicos e aplicados (pp. 23-53). São Paulo, SP: Editora Senac.. Desse modo, valores humanos é um construto que vem sendo utilizado para a compreensão de diversos fenômenos sócio-psicológicos (Bardi & Schwartz, 2003)Bardi, A. & Schwartz, S. H. (2003). Values and behavior: strength and structure of relations. Personality and Social Psychology Bulletin, 29(10), 1207-1220. doi:10.1177/0146167203254602, a exemplo da intenção de tatuar-se (Medeiros, 2008)Medeiros, E. D. (2008). Correlatos valorativos das atitudes frente à tatuagem. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB. e a prática de comportamentos socialmente desviantes (Santos, 2008)Santos, W. S. (2008). Explicando comportamentos socialmente desviantes: uma análise do compromisso convencional e afiliação social. Tese de Doutorado. Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB..

Nesta ocasião, utilizou-se como marco teórico a teoria funcionalista dos valores humanos (Gouveia, 2003Gouveia, V. V. (2003). A natureza motivacional dos valores humanos: evidências acerca de uma nova tipologia. Estudos de Psicologia (Natal), 8(3), 431-443. doi:10.1590/S1413-294X2003000300010; 2013Gouveia, V. V. (2013). Teoria funcionalista dos valores humanos: fundamentos, aplicações e perspectivas. São Paulo, SP: Casa do Psicólogo.). Este modelo não se constitui como uma oposição aos modelos vigentes, devendo ser visto como uma alternativa mais parcimoniosa e integradora (Gouveia, Medeiros, Mendes, Vione, & Athayde, 2010Gouveia, V. V., Medeiros, E. D., Mendes, L. A. C., Vione, K. C., & Athayde, R. A. A. (2010). Correlatos valorativos de atitudes frente à tatuagem. Psicologia & Sociedade, 22(3), 476-485. doi:10.1590/S0102-71822010000300008). Tal modelo teórico tem em conta duas funções principais dos valores: (1) guiam as ações humanas (Rokeach, 1973Rokeach, M. (1973). The nature of human values. New York, NY: Free Press.; Schwartz, 1992)Schwartz, S. H. (1992). Universal in the content and structure of values: Theoretical advances and empirical tests in 20 countries. In M. P. Zanna (Ed.), Advanced in experimental social psychology (pp. 1-65). New York, NY: Academic Press. e (2) expressam cognitivamente suas necessidades (Inglehart, 1977Inglehart, R. (1977). The silent revolution: changing values and political styles among Western publics. Princeton, NJ: Princeton University Press.; Maslow, 1954)Maslow, A. H. (1954). Motivation and personality. New York: Harper and Row..

A primeira função é denominada tipo de orientação, Gouveia (2003)Gouveia, V. V. (2003). A natureza motivacional dos valores humanos: evidências acerca de uma nova tipologia. Estudos de Psicologia (Natal), 8(3), 431-443. doi:10.1590/S1413-294X2003000300010 considerou os valores terminais de Rokeach (1973)Rokeach, M. (1973). The nature of human values. New York, NY: Free Press., isto é, pessoais e sociais, indicando que as pessoas guiadas por valores sociais se centram na sociedade, enfatizando as relações interpessoais, enquanto que aquelas guiadas por valores pessoais são egocêntricas, pautando-se no indivíduo. Este autor considera ainda os valores centrais, que se situam entre os pessoais e sociais, sendo tratados como a base organizadora dos demais (Gouveia, Milfont, Fischer, & Coelho, 2009Gouveia, V. V., Milfont, T. L., Fischer, R. & Coelho, J. A. P. M. (2009). Teoria funcionalista dos valores humanos: aplicações para organizações. Revista de Administração Mackenzie,10(3), 34-59.; Gouveia, Fonseca, Milfont, & Fischer, 2011Gouveia, V. V., Fonseca, P. N., Milfont, T. L. & Fischer, R. (2011). Valores humanos: Contribuições e perspectivas teóricas. In C. V. Torres, & E. R. Neiva (Eds.), A psicologia social: principais temas e vertentes. Porto Alegre, RS: ArtMed.).

A segunda função dos valores é denominada como tipo de motivador, Gouveia (2003)Gouveia, V. V. (2003). A natureza motivacional dos valores humanos: evidências acerca de uma nova tipologia. Estudos de Psicologia (Natal), 8(3), 431-443. doi:10.1590/S1413-294X2003000300010 classifica os valores como materialistas ou humanitários, sendo que os primeiros se referem a um pensamento imediatista, voltado para o aqui e agora. Pessoas pautadas por tais valores dão importância à própria existência e às condições nas quais esta pode ser assegurada. Por outro lado, os valores humanitários representam uma orientação universal, pautada em ideias abstratas e princípios gerais. Deste modo, quem prioriza tais valores é propenso a ter uma visão mais ampla e madura da vida, sendo mais aberto à mudança e a desfrutar do prazer (Medeiros et al., 2012Medeiros, E. D., Gouveia, V. V., Gusmão, E. E. S., Milfont, T. L., Fonseca, P. N., Aquino, T. A. A. (2012). Teoria funcionalista dos valores humanos: Evidências de sua adequação ao contexto paraibano. Revista de Administração Mackenzie, 13(3), 18-44. doi:10.1590/S1678-69712012000300003; Santos, 2008Santos, W. S. (2008). Explicando comportamentos socialmente desviantes: uma análise do compromisso convencional e afiliação social. Tese de Doutorado. Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB.).

A junção das duas funções valorativas (tipo de motivador etipo de orientação) dá origem a seis subfunções valorativas:normativa (social-materialista), interativa(social-humanitária), existência (central-materialista),suprapessoal (central-humanitário), realização(pessoal-materialista) e experimentação (pessoal-humanitário). Cada uma destas subfunções é representada por um conjunto de três valores.

Subfunção experimentação (emoção, prazer e sexualidade). Caracterizada pela busca de satisfação, especificamente sexo e gratificação, esta subfunção promove uma maior facilidade de mudança e inovação nas estruturas sociais. As pessoas que a endossam dificilmente se conformam com normas sociais.

Subfunção realização (êxito, poder e prestígio). As pessoas que seguem estes valores têm como meta realizações materiais e buscam a praticidade em decisões e comportamentos. Tais valores são mais aderidos por jovens adultos em fase produtiva, ou indivíduos educados em contextos disciplinares e formais.

Subfunção normativa (obediência, religiosidade e tradição). Tais valores refletem a importância de preservar a cultura e as normas sociais, onde a obediência é valorizada acima de qualquer coisa. Comumente, a população mais velha pauta-se por valores desta subfunção.

Subfunção interativa (afetividade, apoio social e convivência). Representa as necessidades de pertença, amor e afiliação, proporcionando o estabelecimento e a manutenção das relações interpessoais por parte da pessoa. Salienta-se que esta subfunção é típica de pessoas mais jovens, orientadas a ter relações íntimas estáveis.

Subfunção existência (estabilidade pessoal, saúde e sobrevivência). O propósito principal de seus valores é garantir as condições básicas para a sobrevivência biológica e psicológica do indivíduo. As pessoas que foram socializadas ou habitam contextos de escassez econômica endossam comumente estes valores.

Subfunção suprapessoal (beleza, conhecimento e maturidade). Seus valores representam as necessidades estéticas, de cognição e autorrealização. Tais valores mostram a relevância atribuída a ideias abstratas, sendo endossados por indivíduos que pensam de maneira mais generalizada, e que tomam decisão e se comportam baseados em critérios universais.

A teoria funcionalista dos valores humanos vem se mostrando adequada, reunindo evidências que atestam sua pertinência, tanto no contexto brasileiro quanto internacional (Medeiros, 2011Medeiros, E. D. (2011). Teoria funcionalista dos valores humanos: testando sua adequação intra e interculturalmente. Tese de Doutorado não publicada. Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, PB.), justificando sua utilização no presente estudo. Não obstante, destaca-se que os valores podem não interferir diretamente no comportamento ou na intenção de realizá-lo (Rokeach, 1973Rokeach, M. (1973). The nature of human values. New York, NY: Free Press.), aspecto este que cabe ao construto atitudes, assumindo que este é o melhor preditor do consumo de álcool, como é possível atestar com a teoria do comportamento planejado (Ajzen, 2001Ajzen, I. (2001). Nature and operation of attitudes. Annual Review of Psychology, 52, 27-58. doi:10.1146/annurev.psych.52.1.27). Deste modo, estima-se uma hierarquia valores→atitudes→comportamento, parecendo necessário descrever as relações entre tais construtos, indicando como influenciam a mudança comportamental.

Hierarquia valores, atitudes e comportamento

Os estudos sobre valores, atitudes e comportamento vêm se tornando um dos principais tópicos de estudo em Psicologia Social, de modo que os dois primeiros se constituem como preditores do comportamento (Milfont, Duckitt, & Wagner, 2010Milfont, T. L., Duckitt, J., & Wagner, C. (2010). The higher order structure of environmental attitudes: a cross-cultural examination.Interamerican Journal of Psychology,44(2), 263-273.). Nesta direção, Homer e Kahle (1988)Homer, P. M. & Kahle, L. R. (1988). A structural equation test of the value-attitude--behavior hierarchy. Journal of Personality and Social Psychology, 54(4), 638-646. propõem um modelo causal de influência entre tais construtos, assumindo a seguinte hierarquia: valores→atitudes→comportamento. Este modelo foi testado, posteriormente visando à predição de comportamentos ambientais (Milfont et al., 2010)Milfont, T. L., Duckitt, J., & Wagner, C. (2010). The higher order structure of environmental attitudes: a cross-cultural examination.Interamerican Journal of Psychology,44(2), 263-273..

O modelo supracitado postula que existem influências hierárquicas de cognições, indo das mais abstratas para atitudes e, posteriormente, comportamentos específicos. Postula-se, ainda, que os valores podem influenciar, direta ou indiretamente, os comportamentos por meio das atitudes. Portanto, a característica central deste modelo está em verificar o efeito mediador das atitudes na relação entre valores e comportamentos (Homer & Kahle, 1988Homer, P. M. & Kahle, L. R. (1988). A structural equation test of the value-attitude--behavior hierarchy. Journal of Personality and Social Psychology, 54(4), 638-646.;Milfont et al., 2010)Milfont, T. L., Duckitt, J., & Wagner, C. (2010). The higher order structure of environmental attitudes: a cross-cultural examination.Interamerican Journal of Psychology,44(2), 263-273..

Além da pesquisa de Milfont et al. (2010)Milfont, T. L., Duckitt, J., & Wagner, C. (2010). The higher order structure of environmental attitudes: a cross-cultural examination.Interamerican Journal of Psychology,44(2), 263-273., este modelo também recebeu comprovação empírica em outros estudos, explicando diversos comportamentos, a exemplo de atitudes frente à maconha (Pimentel, Gouveia, Medeiros, Santos, & Fonseca, 2011), tatuagem (Gouveia et al., 2010)Gouveia, V. V., Medeiros, E. D., Mendes, L. A. C., Vione, K. C., & Athayde, R. A. A. (2010). Correlatos valorativos de atitudes frente à tatuagem. Psicologia & Sociedade, 22(3), 476-485. doi:10.1590/S0102-71822010000300008 e comportamentos pró-ambientais (Coelho, Gouveia, & Milfont, 2006Coelho, J. A. P. M., Gouveia, V. V., & Milfont, T. L. (2006). Valores humanos como explicadores de atitudes ambientais e intenção de comportamento pró-ambiental. Psicologia em Estudo,11, 199-207.), comprovando sua adequação.

Considerando esta hierarquia, em que os valores se encontram como determinantes de atitudes e comportamentos, e, principalmente, o caráter mediador das atitudes, buscou-se testar um modelo preditivo do uso de álcool tendo como variável preditora subfunções valorativas como experimentação enormativa, que tem se mostrado relevante em estudos prévios sobre consumo de drogas (Gouveia, Santos, Pimentel, Medeiros, & Gouveia, 2011Gouveia, V. V., Santos, W. S., Pimentel, C. E., Medeiros, E. D., & Gouveia, R. S. V. (2011). Atitudes frente às drogas e uso de drogas entre adolescentes: Explicação a partir dos valores humanos. In E. A. Silva, & De Micheli, D. (Orgs.), Adolescência, uso e abuso de drogas: uma visão integrada. São Paulo, SP: Editora Fap-Unifesp.), considerando como variável mediadora as atitudes frente o uso de álcool.

Em suma, visto a gravidade do consumo abusivo de álcool no Brasil, e as consequências adversas resultantes, buscaram-se fatores que auxiliem na compreensão de tal comportamento, no sentido de predizer seu uso. Deste modo, decidiu-se realizar o presente estudo, tendo como escopo conhecer a base axiológica das atitudes frente ao uso de álcool. Especificamente, objetivou-se testar o modelo hierárquico valores→atitudes→comportamento, focando no uso de álcool.

Método

Participantes

Contou-se com uma amostra acidental (não probabilística) de 149 estudantes universitários de duas IES públicas, localizadas na cidade de Parnaíba - Piauí. Predominaram estudantes dos cursos de Psicologia (16,2%), Ciências da Computação (14%) e Fisioterapia (14%). Estes tinham em média 22,8 anos de idade (dp = 5,5) variando de 17 a 50 anos, sendo a maioria do sexo masculino (57,4%), solteira (85,9%), autodeclarada de classe socioeconômica média (50,7%) e usuária de álcool (52%).

Instrumentos

Questionário dos Valores Básicos (QVB). Medida elaborada porGouveia (2003)Gouveia, V. V. (2003). A natureza motivacional dos valores humanos: evidências acerca de uma nova tipologia. Estudos de Psicologia (Natal), 8(3), 431-443. doi:10.1590/S1413-294X2003000300010, composta por 18 itens ou valores específicos (por exemplo, Prazer. Desfrutar da vida; satisfazer todos os seus desejos). Tais itens são respondidos em uma escala de sete pontos, com os seguintes extremos: 1 =Totalmente Não Importante e 7 =Extremamente Importante, indicando-se o grau de importância que cada valor tem como um princípio-guia na vida da pessoa.

Escala de Atitudes Frente ao Uso de Álcool (EAFUA). Este instrumento foi elaborado por Gouveia et al. (2009)Gouveia, V. V., Milfont, T. L., Fischer, R. & Coelho, J. A. P. M. (2009). Teoria funcionalista dos valores humanos: aplicações para organizações. Revista de Administração Mackenzie,10(3), 34-59., sendo baseado em escala de diferencial semântico desenvolvida por Crites, Fabrigar e Petty (1994)Crites, S. L., Fabrigar, L. R., & Petty, R. E. (1994). Measuring the affective and cognitive properties of attitudes: conceptual and methodological issues. Personality and Social Psychology Bulletin, 20(6), 619-634. doi:10.1177/0146167294206001, formado por quatro pares de adjetivos (positivo/negativo, agradável/desagradável, bom/ruim e desejável/indesejável), situados nos extremos da escala de 5 pontos consistindo em saber a avaliação geral do participante acerca de estar sob o efeito de álcool.

Questões sócio-demográficas. Objetivou caracterizar os participantes da pesquisa, sendo apresentada posteriormente a EAFUA. Especificamente, foi composto por oito perguntas: idade, sexo, estado civil, universidade onde estuda, curso, religiosidade, classe socioeconômica e, por fim, consumo de álcool. Neste caso, perguntou-se se o participante consumia bebida alcóolica, tendo a possibilidade de indicar 1 (sim) ou 2 (não).

Procedimento

Inicialmente, treinaram-se os aplicadores com o fim de minimizar a interferência nas respostas. Com o consentimento da coordenação dos cursos, os aplicadores solicitavam a autorização dos professores para a realização da coleta em suas salas de aula. Desta forma, os instrumentos foram aplicados em ambiente coletivo das salas de aula, mas respondidos individualmente, bastando, ao participante, seguir as orientações dadas no próprio questionário. Os participantes eram orientados a ler com atenção as instruções para o preenchimento das escalas, mas os aplicadores permaneciam presentes para dirimir possíveis dúvidas quanto à forma de respondê-los. Foi assegurado sigilo das respostas, tratadas coletivamente, assegurando o respeito aos preceitos éticos de pesquisas com seres humanos. Neste caso, os participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE). Em média, os participantes demoravam 15 minutos para responder os instrumentos.

Análise dos dados

Utilizaram-se os pacotes estatísticos PASW e AMOS. Especificamente, com o primeiro, foram calculadas estatísticas descritivas (média, desvio-padrão), além de correlação de Pearson e regressão. Já com o segundo foi realizada path analisys, procurando testar o modelo de predição das atitudes e consumo de álcool partindo das subfunções valorativas.

Resultados

Inicialmente, calcularam-se as correlações (r dePearson), entre as atitudes frente ao uso de álcool e as seis subfunções valorativas. Tais resultados a respeito podem ser vistos na Tabela.

Tabela
Correlações entre atitudes frente uso de álcool e as subfunções valorativas

As subfunções experimentação e normativa foram as que se correlacionaram mais fortemente com as atitudes frente ao uso de álcool, onde os participantes que priorizam valores de experimentação mostraram atitudes mais favoráveis ao consumo de bebidas alcóolicas, ao passo que aqueles que deram mais importância aos normativos apresentaram atitudes contrárias ao uso.

Tomando por base tais resultados, decidiu-se avaliar o quanto tais valores explicam as atitudes frente ao álcool. Deste modo, procedeu-se a análise de regressão múltipla, tendo como variáveis preditoras às subfunções normativa e experimentação, e como variável de critério as atitudes frente ao álcool. A propósito, 23% da variabilidade das atitudes são explicadas por essas subfunções valorativas [F (2, 126) = 18,50, p < 0,001], apresentando os seguintes pesos de regressão: ß = -0,31 (normativa, p < 0,001) e 0,35 (experimentação, p < 0,001). Tendo em conta tais resultados, decidiu-se verificar a adequação de um modelo preditivo das atitudes frente ao uso de álcool, sendo testado por meio de modelagem por equações estruturais.

Inicialmente, verificaram-se efeitos diretos dos valores deexperimentação no fato do participante se considerar um usuário de bebidas alcoólicas (λ = -0,42, IC 90% = -0,53/ -0,31, p < 0,001). Posteriormente, testou-se o modelo de mediação simples, tendo as atitudes frente ao uso de álcool como mediadoras do efeito anteriormente indicado. O modelo de mediação é apresentado na Figura 1.

Figura 1
Mediação da subfunção experimentação, atitudes frente ao álcool e uso de álcool.

De acordo com o modelo de mediação testado, considerando o método deBootstrap com 5000 re-amostragens, verificou-se efeitos indiretos de experimentação no fato do participante se considerar um usuário de bebidas alcoólicas (λ = -0,12, IC 90% = -0,19/-0,07, p< 0,001). No entanto, esta mediação não é total e sim parcial, de vez que os efeitos diretos dos valores no fato de ser usuário de álcool ainda se mantiveram estatisticamente significativos com a inclusão da variável mediadora (λ = - 0,30, IC 90% = -0,42/-0,18, p < 0,001).

Posteriormente, verificaram-se efeitos diretos da subfunçãonormativa no fato do participante se considerar um usuário de bebidas alcoólicas (λ = 0,21, IC 90% = 0,07/0,33, p < 0,01). Após, testou-se o modelo de mediação simples, tendo as atitudes frente ao uso de álcool como mediadoras dos efeitos previamente mencionados, o modelo testado é esquematizado na Figura 2.

Figura 2
Mediação da subfunção normativa no uso de álcool por meio das atitudes frente ao álcool.

De acordo com o modelo de mediação testado, considerando o método deBootstrap com 5000 re-amostragens, verificaram-se efeitos indiretos da subfunção normativa no fato do participante se considerar um usuário de bebidas alcoólicas (λ = 0,14, IC 90% = 0,08/ 0,21,p < 0,001). Ademais, esta mediação é completa, posto que os efeitos diretos dos valores normativos no fato de ser usuário de álcool deixaram de ser estatisticamente significativos com a inclusão da variável mediadora (λ = 0,07, IC 90% = -0,06/ 0,19, p = 0,36).

Discussão

O objetivo desta pesquisa foi conhecer as relações entre os valores e as atitudes frente ao uso de álcool, e a mediação das atitudes, tal qual o modelo hierárquico proposto por Homer e Kahle (1988)Homer, P. M. & Kahle, L. R. (1988). A structural equation test of the value-attitude--behavior hierarchy. Journal of Personality and Social Psychology, 54(4), 638-646. para a predição do comportamento. Neste caso específico, para a predição do consumo declarado de álcool.

Os resultados encontrados corroboram os achados da literatura (Gouveia et al. 2011Gouveia, V. V., Fonseca, P. N., Milfont, T. L. & Fischer, R. (2011). Valores humanos: Contribuições e perspectivas teóricas. In C. V. Torres, & E. R. Neiva (Eds.), A psicologia social: principais temas e vertentes. Porto Alegre, RS: ArtMed.), em que as subfunçõesnormativa e experimentação se correlacionam mais fortemente com as atitudes frente o uso de álcool. Concretamente, pessoas que se pautam por valores de experimentação se apresentam com atitudes favoráveis ao consumo, ao passo que aquelas que se guiam por valores normativos expressam atitudes mais negativas. Estes achados vão na mesma direção daqueles encontrados com atitudes frente à maconha (Pimentel et al., 2011Pimentel, C.E., Gouveia, V.V., Medeiros, E.D., Santos, W.S., & Fonseca, P.N. (2011). Explicando atitudes frente à maconha e comportamentos antissociais: o papel dos valores e grupos normativos. In S.C.S. Fernandes, C.E. Pimentel, V.V. Gouveia, & J.L.A. Estramiana (Eds.), Psicologia social: perspectivas atuais e evidências empíricas (pp. 13-23). São Paulo: Casa do Psicólogo.) e uso de álcool (Chaves, 2006Chaves, C. M. C. M. (2006). Compromisso convencional: Fator de proteção para as condutas agressivas, anti-sociais e de uso de álcool? Dissertação de Mestrado. Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB.; Coelho Júnior, 2001Coelho Júnior, L.L. (2001). Uso potencial de drogas em estudantes do ensino médio: Suas correlações com as prioridades axiológicas. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB.). Ademais, confirmou-se o papel mediador das atitudes, seguindo o modelo hierárquico proposto por Homer e Kahle (1988)Homer, P. M. & Kahle, L. R. (1988). A structural equation test of the value-attitude--behavior hierarchy. Journal of Personality and Social Psychology, 54(4), 638-646.. Esta pesquisa, portanto, dá suporte ao modelo destes autores e a pesquisas realizadas subsequentemente (Milfont et al., 2010Milfont, T. L., Duckitt, J., & Wagner, C. (2010). The higher order structure of environmental attitudes: a cross-cultural examination.Interamerican Journal of Psychology,44(2), 263-273.; Pimentel et al., 2011Pimentel, C.E., Gouveia, V.V., Medeiros, E.D., Santos, W.S., & Fonseca, P.N. (2011). Explicando atitudes frente à maconha e comportamentos antissociais: o papel dos valores e grupos normativos. In S.C.S. Fernandes, C.E. Pimentel, V.V. Gouveia, & J.L.A. Estramiana (Eds.), Psicologia social: perspectivas atuais e evidências empíricas (pp. 13-23). São Paulo: Casa do Psicólogo.).

Este estudo também dá apoio empírico à teoria funcionalista dos valores humanos, que permite pensar os valores de experimentação como fatores de risco para o uso de álcool e os normativos como fatores de proteção (Gouveia, 2003Gouveia, V. V. (2003). A natureza motivacional dos valores humanos: evidências acerca de uma nova tipologia. Estudos de Psicologia (Natal), 8(3), 431-443. doi:10.1590/S1413-294X2003000300010, 2013Gouveia, V. V. (2013). Teoria funcionalista dos valores humanos: fundamentos, aplicações e perspectivas. São Paulo, SP: Casa do Psicólogo.). Concretamente, as pessoas guiadas por valores de experimentação buscam a satisfação, principalmente sexual, buscando estimulação social, são pessoas que dificilmente se conformam com normas sociais e apresentam atitudes favoráveis ao uso de álcool. Por outro lado, as pessoas orientadas por valores normativos, como obediência, religiosidade e tradição, dão mais ênfase às regras sociais, tendendo a se conformar com elas. São pessoas que preferem a tradição à inovação, sendo menos propensas a se envolver em comportamentos antissociais (Gouveia, 2013Gouveia, V. V. (2013). Teoria funcionalista dos valores humanos: fundamentos, aplicações e perspectivas. São Paulo, SP: Casa do Psicólogo.; Pimentel et al., 2011Pimentel, C.E., Gouveia, V.V., Medeiros, E.D., Santos, W.S., & Fonseca, P.N. (2011). Explicando atitudes frente à maconha e comportamentos antissociais: o papel dos valores e grupos normativos. In S.C.S. Fernandes, C.E. Pimentel, V.V. Gouveia, & J.L.A. Estramiana (Eds.), Psicologia social: perspectivas atuais e evidências empíricas (pp. 13-23). São Paulo: Casa do Psicólogo.; Santos, 2008Santos, W. S. (2008). Explicando comportamentos socialmente desviantes: uma análise do compromisso convencional e afiliação social. Tese de Doutorado. Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB.).

Uma vez identificados que estes valores servem de fatores de risco/proteção e as atitudes funcionam como mediadoras da relação com o uso de álcool, é possível delinear programas interventivos que busquem mudança de valores e atitudes para consequentemente modificar os comportamentos de uso de álcool, tendo em conta que este uso pode se tornar prejudicial, constituindo-se em problema de saúde pública (Ronzani, & Furtado, 2010Ronzani, T., M., & Furtado, E. F. (2010). Estigma social sobre o uso de álcool. Jornal Brasileiro de Psiquiatria,59(4), 326-332. doi:10.1590/S0047-20852010000400010; Souza et al., 2005).

Desse modo, espera-se que a presente pesquisa se configure no âmbito da psicologia social aplicada, podendo orientar programas de controle do uso de álcool. Todavia, esta pesquisa, como qualquer outra, não está isenta de limitações. Por exemplo, cumpre assinalar que a amostra utilizada não foi probabilística e representativa da população da qual foi extraída. Deste modo, os resultados não podem ser generalizados quanto ao padrão de consumo de álcool. Ademais, contou-se unicamente com medidas de autorrelato, dependendo da honestidade dos respondentes. A este respeito, sugere-se que novos estudos sejam realizados com medidas implícitas de atitudes, que são menos afetadas pela desejabilidade social (Gouveia, Athayde, Mendes, & Freire, 2012Gouveia, V. V., Athayde, R. A. A., Mendes, L. A. C., & Freire, S. E. A. (2012). Introdução às medidas implícitas: conceitos, técnicas e contribuições. Revista da Sociedade de Psicologia do Rio Grande do Sul, 12(1), 80-92.), considerando-se, ainda, participantes de outras cidades.

Em suma, este estudo ofereceu apoio empírico ao modelo hierárquico valores→atitudes→comportamentos. Deve-se destacar, adicionalmente, que se expandiu o modelo clássico de Homer e Kahle (1988)Homer, P. M. & Kahle, L. R. (1988). A structural equation test of the value-attitude--behavior hierarchy. Journal of Personality and Social Psychology, 54(4), 638-646. uma vez que se tratou também com os valores sociais, não apenas os valores pessoais. Confia-se, portanto, que os achados desta pesquisa sejam úteis para entender o quebra-cabeças do uso de substâncias entre jovens (Petraits, Flay, & Miller, 1995Petraits, J., Flay, B. R., & Miller T. Q. (1995). Reviewing theories of adolescent substance use: organizing pieces in the puzzle.Psychological Bulletin, 117(1), 67-86. doi:10.1037/0033-2909.117.1.67). Por fim, é importante que esta hierarquia seja testada para outras substâncias, como a cocaína ou o ecstasy, por exemplo.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Sep 2015

Histórico

  • Recebido
    04 Jul 2013
  • Aceito
    03 Jul 2015
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