Acessibilidade / Reportar erro

Triagem sorológica para doença celíaca em adolescentes

Resumos

OBJETIVO:

Este estudo objetivou identificar a soroprevalência da doença celíaca em adolescentes de escolas públicas da cidade de Salvador, Bahia.

MÉTODO:

Trata-se de um estudo transversal com amostra probabilística de 1.213 adolescentes de 11 a 17 anos, de ambos os sexos. O índice de massa corporal foi utilizado para o diagnóstico do estado nutricional, adotando-se os percentis segundo idade e sexo, propostos pela World Health Organization. O anticorpo anti-transglutaminase humana da classe imunoglobulina A (anti-tTG-IgA) foi adotado como teste sorológico para triagem da doença celíaca e foi determinado pela técnica do ensaio imunoabsorvente ligado à enzima (ELISA). Foi realizada análise descritiva, utilizando-se a proporção e a média (desvio padrão).

RESULTADOS:

O sexo feminino predominou entre os adolescentes, e a maioria encontrava-se com adequado estado nutricional. O anticorpo anti-tTG-IgA foi positivo em 6/1.213 (0,49%) adolescentes.

CONCLUSÃO:

A soroprevalência de doença celíaca entre os adolescentes estudados foi 0,49%. Novas investigações são necessárias para confirmar a prevalência de doença celíaca nessa faixa etária.

Doença celíaca; Adolescente; Anticorpo anti-transglutaminase; Estudos soroepidemiológicos; Estudo de base populacional; Escolares


OBJECTIVE:

This study aimed to identify the seroprevalence of celiac disease in adolescents from public schools in the city of Salvador, Bahia.

METHODS:

This was a cross-sectional study with probabilistic sample of 1,213 adolescents, aged 11 to 17 years old, of both genders. The body mass index was used to determine the participants' nutritional status based on the percentiles for age and gender recommended by the World Health Organization. Measurement of the anti-human transglutaminase immunoglobulin A (anti-tTG-IgA) antibody was established as the specific screening test for celiac disease, which involved an enzyme-linked immunosorbent assay (ELISA). Descriptive analysis was performed using proportions and means (standard deviation).

RESULTS:

The female gender prevailed in the sample, and most of the participants had normal weights. The anti-tTG-IgA antibody was positive in 6/1,213 (0.49%) adolescents.

CONCLUSION:

The seroprevalence of celiac disease was 0.49% in the investigated adolescents. Further studies are necessary to establish the prevalence of celiac disease in this age range.

Celiac disease; Adolescent; Anti-transglutaminase antibody; Seroepidemiologic studies; Population-based survey; Schoolchildren


INTRODUÇÃO

No passado, a doença celíaca (DC) era considerada rara e predominantemente pediátrica11. Bonamico M, Nenna R, Montuori M, Luparia RP, Turchetti A, Mennini M, et al. First salivary screening of celiac disease by detection of anti-transglutaminase autoantibody radioimmunoassay in 5000 Italian primary schoolchildren. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2011; 52(1): 17-20.. Atualmente, esse panorama tem mudado, em especial pelo desenvolvimento de testes sorológicos mais sensíveis e específicos, que, além de favorecerem o diagnóstico precoce, propiciam a realização de vários inquéritos de rastreamento em indivíduos assintomáticos, cujos resultados indicam que a verdadeira prevalência de DC pode ser maior que 1% em diferentes locais11. Bonamico M, Nenna R, Montuori M, Luparia RP, Turchetti A, Mennini M, et al. First salivary screening of celiac disease by detection of anti-transglutaminase autoantibody radioimmunoassay in 5000 Italian primary schoolchildren. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2011; 52(1): 17-20.

2. Akbari MR, Mohammadkhani A, Fakheri H, Javad ZM, Shahbazkhani B, Nouraie M, et al. Screening of the adult population in Iran for coeliac disease: comparison of the tissue-transglutaminase antibody and anti-endomysial antibody tests. Eur J Gastroenterol Hepatol 2006; 18(11): 1181-6.

3. Bahia M, Penna FJ, Sampaio IB, Silva GM, Andrade EM. Determining IgA and IgG antigliadin, IgA antitransglutaminase, and antiendomysial antibodies in monkey esophagus and in umbilical cord for diagnosis of celiac disease in developing countries. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2007; 45(5): 551-8.

4. Brandt KG, Silva GA. Soroprevalência da doença celíaca em ambulatório pediátrico, no nordeste do Brasil. Arq Gastroenterol 2008; 45(3): 239-42.
-55. Nenna R, Tiberti C, Petrarca L, Lucantoni F, Mennini M, Luparia RP, et al. The celiac iceberg: a characterization of the disease in primary school children. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2012; 56(4): 416-21.. Recentemente, a DC tem sido diagnosticada sobretudo em fase mais tardia da vida, sendo as maiores prevalências encontradas em adultos do sexo feminino66. Reilly NR, Green PH. Epidemiology and clinical presentations of celiac disease. Semin Immunopathol 2012; 34(4): 473-8..

Sabe-se que a DC pode se apresentar com frequência variável em crianças e adultos nas diversas áreas geográficas, com um amplo espectro de sintomas, e pode ocorrer em indivíduos completamente assintomáticos11. Bonamico M, Nenna R, Montuori M, Luparia RP, Turchetti A, Mennini M, et al. First salivary screening of celiac disease by detection of anti-transglutaminase autoantibody radioimmunoassay in 5000 Italian primary schoolchildren. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2011; 52(1): 17-20.

2. Akbari MR, Mohammadkhani A, Fakheri H, Javad ZM, Shahbazkhani B, Nouraie M, et al. Screening of the adult population in Iran for coeliac disease: comparison of the tissue-transglutaminase antibody and anti-endomysial antibody tests. Eur J Gastroenterol Hepatol 2006; 18(11): 1181-6.

3. Bahia M, Penna FJ, Sampaio IB, Silva GM, Andrade EM. Determining IgA and IgG antigliadin, IgA antitransglutaminase, and antiendomysial antibodies in monkey esophagus and in umbilical cord for diagnosis of celiac disease in developing countries. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2007; 45(5): 551-8.

4. Brandt KG, Silva GA. Soroprevalência da doença celíaca em ambulatório pediátrico, no nordeste do Brasil. Arq Gastroenterol 2008; 45(3): 239-42.
-55. Nenna R, Tiberti C, Petrarca L, Lucantoni F, Mennini M, Luparia RP, et al. The celiac iceberg: a characterization of the disease in primary school children. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2012; 56(4): 416-21.. Nos países ocidentais, registra-se que a DC atinge aproximadamente 1% da população geral66. Reilly NR, Green PH. Epidemiology and clinical presentations of celiac disease. Semin Immunopathol 2012; 34(4): 473-8.,77. Alarida K, Harown J, Ahmaida A, Marinelli L, Venturini C, Kodermaz G, et al. Coeliac disease in Libyan children: a screening study based on the rapid determination of anti-transglutaminase antibodies. Dig Liver Dis 2011; 43(9): 688-91.. Nos Estados Unidos, foi identificada prevalência de 0,71%77. Alarida K, Harown J, Ahmaida A, Marinelli L, Venturini C, Kodermaz G, et al. Coeliac disease in Libyan children: a screening study based on the rapid determination of anti-transglutaminase antibodies. Dig Liver Dis 2011; 43(9): 688-91.,88. Rubio-Tapia A, Ludvigsson JF, Brantner TL, Murray JA, Everhart JE. The prevalence of celiac disease in the United States. Am J Gastroenterol 2012; 107(10): 1538-44. e, no continente europeu, a maior ocorrência da DC foi encontrada na Finlândia (2,4 a 2,6%) e a menor na Alemanha (0,3 a 0,5%)66. Reilly NR, Green PH. Epidemiology and clinical presentations of celiac disease. Semin Immunopathol 2012; 34(4): 473-8.,99. Kang JY, Kang AH, Green A, Gwee KA, Ho KY. Systematic review: worldwide variation in the frequency of coeliac disease and changes over time. Aliment Pharmacol Ther 2013; 38(3): 226-45.. Estudos têm registrado que a prevalência de DC nos países em desenvolvimento é semelhante àquela identificada no mundo ocidental, revelando os seguintes dados: Oriente Médio (0,5 a 1,8%), leste e sul da Ásia (0,32 a 1,04%), norte da África (0,14 a 5,6%) e América Latina (0,15 a 2,7%)99. Kang JY, Kang AH, Green A, Gwee KA, Ho KY. Systematic review: worldwide variation in the frequency of coeliac disease and changes over time. Aliment Pharmacol Ther 2013; 38(3): 226-45.,1010. Barada K, Abu DH, Rostami K, Catassi C. Celiac disease in the developing world. Gastrointest Endosc Clin N Am 2012; 22(4): 773-96.. No Brasil, resultados dos estudos realizados em algumas regiões mostraram que a prevalência de DC é semelhante àquela encontrada em países desenvolvidos, variando de 0,15 a 1,94%1111. Almeida PL, Gandolfi L, Modelli IC, Martins RC, Almeida RC, Pratesi R. Prevalence of celiac disease among first degree relatives of Brazilian celiac patients. Arq Gastroenterol 2008; 45(1): 69-72.

12. Crovella S, Brandao L, Guimaraes R, Filho JL, Arraes LC, Ventura A, et al. Speeding up coeliac disease diagnosis in the developing countries. Dig Liver Dis 2007; 39(10): 900-2.

13. Gandolfi L, Pratesi R, Cordoba JC, Tauil PL, Gasparin M, Catassi C. Prevalence of celiac disease among blood donors in Brazil. Am J Gastroenterol 2000; 95(3): 689-92.
-1414. Trevisiol C, Brandt KG, Silva GA, Crovella S, Ventura A. High prevalence of unrecognized celiac disease in an unselected hospital population in north-eastern Brasil (Recife, Pernambuco). J Pediatr Gastroenterol Nutr 2004; 39(2): 214-5..

Apesar do avanço nas técnicas diagnósticas, é possível supor que a maioria dos casos de DC ainda permanece não diagnosticada. Resultados de estudos indicam que o diagnóstico tardio da DC eleva o risco de complicações e gravidade da doença, além de aumentar a chance da instalação de comorbidades associadas, condições que podem ser prevenidas com diagnóstico e tratamento precoces44. Brandt KG, Silva GA. Soroprevalência da doença celíaca em ambulatório pediátrico, no nordeste do Brasil. Arq Gastroenterol 2008; 45(3): 239-42.,1515. Araujo J, da Silva GA, de Melo FM. Serum prevalence of celiac disease in children and adolescents with type 1 diabetes mellitus. J Pediatr (Rio J ) 2006;82(3):210-4.,1616. Husby S, Koletzko S, Korponay-Szabó IR, Mearin ML, Phillips A, Shamir R, et al. European Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition guidelines for the diagnosis of coeliac disease. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2012; 54(1): 136-60.. Apesar da gravidade da DC, são poucos os estudos de base populacional realizados regional ou nacionalmente no Brasil sobre a sua ocorrência. O objetivo deste estudo foi identificar a soroprevalência de DC em adolescentes saudáveis de escolas públicas da cidade de Salvador, Bahia.

MÉTODO

Estudo transversal que integra uma investigação mais ampla, intitulada "Fatores Psicossociais como Elementos que Repercutem nas Condições de Saúde, Nutrição e Desenvolvimento Cognitivo de Estudantes do Ensino Fundamental das Escolas Públicas de Salvador/BA", realizada com estudantes de 11 a 17 anos, de ambos os sexos, do Ensino Fundamental (7º, 8º e 9º anos) de escolas públicas estaduais da cidade de Salvador, Bahia, Brasil. Para o cálculo da amostra, foram utilizadas informações do censo escolar do ano de 2007, disponibilizadas pela Secretaria de Educação do Estado da Bahia, o qual contabilizou 77.873 estudantes matriculados nas escolas estaduais de Salvador. Adotou-se a técnica amostral de conglomerados em dois estágios, representados pelas escolas (primeiro estágio) e turmas (segundo estágio). Para investigar a soroprevalência de DC, o delineamento amostral foi baseado na ocorrência de 0,8% para soroprevalência de DC em doadores de sangue da cidade de Ribeirão Preto, estado de São Paulo1717. Melo SB, Fernandes MI, Peres LC, Troncon LE, Galvao LC. Prevalence and demographic characteristics of celiac disease among blood donors in Ribeirão Preto, State of São Paulo, Brazil. Dig Dis Sci 2006; 51(5): 1020-5., com intervalo de confiança de 95% (IC95%) e erro máximo admissível de 0,6, estimando-se o número amostral mínimo de 1.204 adolescentes.

Sorteou-se, aleatoriamente, 23 das 207 escolas estaduais que integraram este estudo e, posteriormente, efetuou-se o sorteio de três turmas por escola. Todos os alunos matriculados nas turmas sorteadas foram elegíveis para participar do estudo. Fizeram parte da investigação aqueles que apresentaram a autorização dos pais ou responsáveis por meio da assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, que detalhava os objetivos, os procedimentos e as etapas do estudo. Foram excluídas gestantes, nutrizes e adolescentes com problemas físicos que não atendiam aos critérios de inclusão do estudo maior. Participaram da investigação maior 1.496 estudantes; destes, 1.215 realizaram coleta de sangue, registrando-se uma perda de 8,08% (281 estudantes). Todos os adolescentes tiveram autorização escrita dos pais ou responsáveis legais para participação no estudo, e aqueles que apresentaram o anticorpo anti-transglutaminase (anti-tTG) IgA positivo ou indeterminado foram encaminhados para investigação e orientação terapêutica. O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Nutrição da Universidade Federal da Bahia, e não existiu conflito de interesse.

A coleta dos dados ocorreu no ambiente escolar, por pessoal qualificado e previamente treinado, no período de julho a dezembro de 2009.

Os adolescentes tiveram seu peso obtido por meio de balança digital portátil Master(r) e a altura pelo estadiômetro portátil Leicester Height Measure(r), admitindo-se variação máxima de 100 g e 0,5 cm, respectivamente, para peso e altura. O índice de massa corporal foi utilizado para o diagnóstico do estado nutricional, adotando-se os percentis segundo idade e sexo, propostos pela Organização Mundial da Saúde1818. World Health Organization. Growth reference data for 5-19 years, WHO reference 2007., categorizado em: magreza (< percentil 3), adequado (≥ percentil 3 e ≤ percentil 85), sobrepeso (> percentil 85 e ≤ percentil 97) e obesidade (percentil > 97). Os adolescentes forneceram informações referentes à presença de manifestações clínicas (digestórias e extradigestórias) que podem estar associadas à DC, com as seguintes alternativas de resposta: 1 = nunca, 2 = às vezes, 3 = raramente, 4 = frequentemente e 5 = sempre, registradas em questionário padronizado. A resposta "frequentemente ou sempre" indicava a presença da manifestação clínica.

Após jejum de 12 horas, foram coletados 10 mL de sangue dos adolescentes, por via venosa, em ambiente apropriado na escola. As amostras foram devidamente condicionadas e transportadas para o laboratório. O anticorpo anti-transglutaminase humana da classe imunoglobulina A (anti tTG-IgA) foi adotado para este estudo como teste sorológico específico para triagem da DC e foi determinado pela técnica do ensaio imunoabsorvente ligado à enzima (ELISA - enzyme-linked immuno-sorbent assay) , utilizando conjunto diagnóstico do fabricante Orgentec Diagnostika GmbH, Mainz, Germany (GmbH). Os resultados foram expressos em unidades arbitrárias (UA). Considerou-se positivo resultado maior que 10 UA, resultado indeterminado quando os valores estavam situados de 7 a 10 UA, e negativo quando os resultados foram abaixo de 7 UA, conforme critérios recomendados pelo fabricante do conjunto diagnóstico utilizado.

Adotou-se a proporção para os dados categorizados e a média (desvio padrão) para as variáveis contínuas a fim de caracterizar o evento na população. Para análise dos dados, utilizou-se o pacote estatístico SPSS (versão 19.0).

RESULTADOS

A média de idade dos escolares que integraram o estudo foi de 14,3 anos (desvio padrão = 1,54 anos), e a maioria era do sexo feminino (59,5%). O estado nutricional esteve adequado em 77,1% dos adolescentes, a magreza foi identificada em 7,7% e o sobrepeso/obesidade, em 15,1% deles.

Duas amostras sanguíneas foram perdidas em razão de hemólise e, por isso, a determinação do anticorpo anti-tTG-IgA foi realizada em 1.213 adolescentes.

O anticorpo anti-tTG-IgA foi positivo em 6/1.213 (0,49%) adolescentes. Valores de anticorpo anti-tTG-IgA no ponto de corte considerado indeterminado (7 a 10 UA) foram observado em cinco adolescentes (0,41%), classificando-os com sorologia negativa para DC. Identificou-se também um caso de doença celíaca confirmada na infância de uma adolescente, com anticorpo anti-tTG-IgA negativo, uma vez que desde então vinha realizando tratamento com dieta sem glúten.

As características dos adolescentes com anti-tTG-IgA positivo estão apresentadas no Quadro 1. O estado nutricional adequado foi observado na maioria dos adolescentes (66,7%) que apresentaram anticorpo anti-tTG-IgA positivo; identificou-se um adolescente com magreza e um com sobrepeso. A manifestação digestória mais relatada entre esses adolescentes foi a constipação.

Quadro 1.
Características dos adolescentes (11 a 17 anos) com sorologia anti-tTG-IgA positiva identificados na rede pública estadual de ensino de Salvador, Bahia, Brasil, 2009. IMC: índice de massa corporal (kg/m2); F: feminino; M: masculino.

DISCUSSÃO

Este é o primeiro estudo de triagem sorológica para DC realizado em adolescentes de escolas públicas na cidade de Salvador, Bahia, maior capital do Nordeste brasileiro, ressaltando ainda o caráter probabilístico da amostra. No presente estudo, identificou-se soroprevalência de 0,49% (6/1.213) para DC, avaliada pelo anticorpo anti-tTG-IgA, e um caso de DC confirmada por biópsia realizada anteriormente ao estudo.

São escassos os estudos de base populacional que versam sobre a caracterização da soroprevalência da DC no Brasil. Dados de estudos realizados em populações específicas identificaram que a prevalência de positividade do anticorpo anti-TtG variou de 0,28 a 1,76% em adolescentes e adultos das regiões Sul, Sudeste e Nordeste1212. Crovella S, Brandao L, Guimaraes R, Filho JL, Arraes LC, Ventura A, et al. Speeding up coeliac disease diagnosis in the developing countries. Dig Liver Dis 2007; 39(10): 900-2.,1717. Melo SB, Fernandes MI, Peres LC, Troncon LE, Galvao LC. Prevalence and demographic characteristics of celiac disease among blood donors in Ribeirão Preto, State of São Paulo, Brazil. Dig Dis Sci 2006; 51(5): 1020-5.,1919. Moura ACA, Castro-Antunes MM, Lima LAM, Nobre JMM, Motta MEFA, Silva GAP. Triagem sorológica para doença celíaca em adolescentes e adultos jovens, estudantes universitários. Rev Bras Saude Mater Infant 2012; 12(2): 121-6.

20. Oliveira RP, Sdepanian VL, Barreto JA, Cortez AJ, Carvalho FO, Bordin JO, et al. High prevalence of celiac disease in Brazilian blood donor volunteers based on screening by IgA antitissue transglutaminase antibody. Eur J Gastroenterol Hepatol 2007; 19(1): 43-9.
-2121. Pereira MA, Ortiz-Agostinho CL, Nishitokukado I, Sato MN, Damiao AO, Alencar ML, et al. Prevalence of celiac disease in an urban area of Brazil with predominantly European ancestry. World J Gastroenterol 2006; 12(40): 6546-50.. Soroprevalências por meio do anticorpo anti-tTG IgA, de 3,802222. Gueiros ACLM, Silva GAP. Soropositividade para doença celíaca em crianças e adolescentes com baixa estatura. Rev Paul Pediatr 2009; 27(1): 28-32., 3,3744. Brandt KG, Silva GA. Soroprevalência da doença celíaca em ambulatório pediátrico, no nordeste do Brasil. Arq Gastroenterol 2008; 45(3): 239-42. e 4,56%1414. Trevisiol C, Brandt KG, Silva GA, Crovella S, Ventura A. High prevalence of unrecognized celiac disease in an unselected hospital population in north-eastern Brasil (Recife, Pernambuco). J Pediatr Gastroenterol Nutr 2004; 39(2): 214-5., foram registradas em crianças e adolescentes de Pernambuco, percentuais expressivamente mais elevados do que o identificado (0,49%) em adolescentes de Salvador. Vale ressaltar que os estudos realizados em Pernambuco foram conduzidos em população hospitalar e ambulatorial, inclusive um destes foi realizado com crianças e adolescentes apresentando baixa estatura, que pode ser uma forma atípica de apresentação da DC2222. Gueiros ACLM, Silva GAP. Soropositividade para doença celíaca em crianças e adolescentes com baixa estatura. Rev Paul Pediatr 2009; 27(1): 28-32..

Em outras regiões do mundo, a soroprevalência para DC, avaliada pelo anticorpo anti-tTG-IgA, foi registrada em crianças e adolescentes previamente sadios, como nos estudos realizados na Líbia (0,82%)77. Alarida K, Harown J, Ahmaida A, Marinelli L, Venturini C, Kodermaz G, et al. Coeliac disease in Libyan children: a screening study based on the rapid determination of anti-transglutaminase antibodies. Dig Liver Dis 2011; 43(9): 688-91., Bélgica (0,86%)2323. Vijgen S, Alliet P, Gillis P, Declercq P, Mewis A. Seroprevalence of celiac disease in Belgian children and adolescents. Acta Gastroenterol Belg 2012; 75(3): 325-30. e Itália (1,5%)2424. Tommasini A, Not T, Kiren V, Baldas V, Santon D, Trevisiol C, et al. Mass screening for coeliac disease using antihuman transglutaminase antibody assay. Arch Dis Child 2004; 89(6): 512-5.. Na Arábia Saudita, estudo com 1.167 adolescentes saudáveis identificou positividade do anticorpo antiendomísio em 2,2% dos indivíduos2525. Aljebreen AM, Almadi MA, Alhammad A, Al Faleh FZ. Seroprevalence of celiac disease among healthy adolescents in Saudi Arabia. World J Gastroenterol 2013; 19(15): 2374-8.. Uma soroprevalência considerada excessivamente alta (5,6 %) foi identificada em crianças no norte da África, por meio do anticorpo antiendomísio66. Reilly NR, Green PH. Epidemiology and clinical presentations of celiac disease. Semin Immunopathol 2012; 34(4): 473-8., enfatizando-se que em diferentes áreas geográficas a prevalência sorológica para DC é variável.

Recentemente, estudo realizado em população pediátrica e adulta afrodescendente em dez comunidades do estado da Bahia, Sergipe e Piauí, no Nordeste brasileiro, registrou ausência de soroprevalência para DC quando avaliada pelo anticorpo antiendomísio2626. Almeida RC, Gandolfi L, De NK-G, Ferrari I, Sousa SM, Abe-Sandes K, et al. Does celiac disease occur in Afro-derived Brazilian populations? Am J Hum Biol 2012; 24(5): 710-2.. Assim, os autores sugeriram que as diferentes populações ancestrais que povoaram as distintas regiões do Brasil podem ter influenciado a variabilidade encontrada na prevalência de DC no país2626. Almeida RC, Gandolfi L, De NK-G, Ferrari I, Sousa SM, Abe-Sandes K, et al. Does celiac disease occur in Afro-derived Brazilian populations? Am J Hum Biol 2012; 24(5): 710-2..

Acredita-se que variáveis genéticas, ambientais e, sobretudo, a idade em que a criança é exposta ao glúten, bem como a quantidade ingerida na dieta, são fatores relacionados à prevalência variável de DC em distintas áreas geográficas44. Brandt KG, Silva GA. Soroprevalência da doença celíaca em ambulatório pediátrico, no nordeste do Brasil. Arq Gastroenterol 2008; 45(3): 239-42.,99. Kang JY, Kang AH, Green A, Gwee KA, Ho KY. Systematic review: worldwide variation in the frequency of coeliac disease and changes over time. Aliment Pharmacol Ther 2013; 38(3): 226-45.,1010. Barada K, Abu DH, Rostami K, Catassi C. Celiac disease in the developing world. Gastrointest Endosc Clin N Am 2012; 22(4): 773-96.. Outra condição que pode explicar a diferença na soroprevalência de DC identificada entre os estudos é a seleção da amostra. A ocorrência da DC identificada por estudos que adotam amostras ambulatoriais ou hospitalar pode refletir o efeito da seleção, uma vez que esses segmentos populacionais podem buscar os serviços por comorbidades associadas à DC. Por outro lado, a adoção de amostra populacional pode explicar prevalências mais baixas da DC. Variáveis como o método de triagem utilizado, a heterogeneidade da população estudada e a sensibilidade dos testes também podem influenciar a variabilidade na soroprevalência da DC99. Kang JY, Kang AH, Green A, Gwee KA, Ho KY. Systematic review: worldwide variation in the frequency of coeliac disease and changes over time. Aliment Pharmacol Ther 2013; 38(3): 226-45.,1010. Barada K, Abu DH, Rostami K, Catassi C. Celiac disease in the developing world. Gastrointest Endosc Clin N Am 2012; 22(4): 773-96..

Os estudos de soroprevalência são importantes por contribuírem para o diagnóstico precoce da DC em indivíduos assintomáticos, selecionando aqueles que deverão ser submetidos à biópsia intestinal44. Brandt KG, Silva GA. Soroprevalência da doença celíaca em ambulatório pediátrico, no nordeste do Brasil. Arq Gastroenterol 2008; 45(3): 239-42.,55. Nenna R, Tiberti C, Petrarca L, Lucantoni F, Mennini M, Luparia RP, et al. The celiac iceberg: a characterization of the disease in primary school children. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2012; 56(4): 416-21.,77. Alarida K, Harown J, Ahmaida A, Marinelli L, Venturini C, Kodermaz G, et al. Coeliac disease in Libyan children: a screening study based on the rapid determination of anti-transglutaminase antibodies. Dig Liver Dis 2011; 43(9): 688-91.,1111. Almeida PL, Gandolfi L, Modelli IC, Martins RC, Almeida RC, Pratesi R. Prevalence of celiac disease among first degree relatives of Brazilian celiac patients. Arq Gastroenterol 2008; 45(1): 69-72.,1616. Husby S, Koletzko S, Korponay-Szabó IR, Mearin ML, Phillips A, Shamir R, et al. European Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition guidelines for the diagnosis of coeliac disease. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2012; 54(1): 136-60.. Até o momento, é consenso que o diagnóstico de DC só pode ser definido e a dieta isenta de glúten só pode ser instituída após a realização de endoscopia digestiva com obtenção de múltiplas biópsias de duodeno que mostrem alterações de inflamação e atrofia da mucosa, compatíveis com DC22. Akbari MR, Mohammadkhani A, Fakheri H, Javad ZM, Shahbazkhani B, Nouraie M, et al. Screening of the adult population in Iran for coeliac disease: comparison of the tissue-transglutaminase antibody and anti-endomysial antibody tests. Eur J Gastroenterol Hepatol 2006; 18(11): 1181-6.,2727. Diniz-Santos DR, Machado APSL, Silva LR. Doença celíaca. In: Carvalho E, Silva LR, Ferreira CT (eds). Gastroenterologia e Nutrição em Pediatria. São Paulo: 2012. p. 359-405.,2828. Tanpowpong P, Ingham TR, Lampshire PK, Kirchberg FF, Epton MJ, Crane J, et al. Coeliac disease and gluten avoidance in New Zealand children. Arch Dis Child 2012; 97(1): 12-6.. Esse procedimento é imprescindível, pois alguns indivíduos podem apresentar anticorpos positivos para DC, mas não preencherem os critérios que definem a presença da doença2727. Diniz-Santos DR, Machado APSL, Silva LR. Doença celíaca. In: Carvalho E, Silva LR, Ferreira CT (eds). Gastroenterologia e Nutrição em Pediatria. São Paulo: 2012. p. 359-405..

Diversos estudos têm mostrado e recomendado o anticorpo anti-tTG-IgA como o melhor teste sorológico disponível para triagem de DC, sendo útil para identificar novos pacientes portadores de DC com sintomas leves, queixas gerais não específicas ou manifestações extraintestinais, bem como para rastreamentos populacionais e epidemiológicos22. Akbari MR, Mohammadkhani A, Fakheri H, Javad ZM, Shahbazkhani B, Nouraie M, et al. Screening of the adult population in Iran for coeliac disease: comparison of the tissue-transglutaminase antibody and anti-endomysial antibody tests. Eur J Gastroenterol Hepatol 2006; 18(11): 1181-6.,33. Bahia M, Penna FJ, Sampaio IB, Silva GM, Andrade EM. Determining IgA and IgG antigliadin, IgA antitransglutaminase, and antiendomysial antibodies in monkey esophagus and in umbilical cord for diagnosis of celiac disease in developing countries. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2007; 45(5): 551-8.,77. Alarida K, Harown J, Ahmaida A, Marinelli L, Venturini C, Kodermaz G, et al. Coeliac disease in Libyan children: a screening study based on the rapid determination of anti-transglutaminase antibodies. Dig Liver Dis 2011; 43(9): 688-91.,1212. Crovella S, Brandao L, Guimaraes R, Filho JL, Arraes LC, Ventura A, et al. Speeding up coeliac disease diagnosis in the developing countries. Dig Liver Dis 2007; 39(10): 900-2.,2323. Vijgen S, Alliet P, Gillis P, Declercq P, Mewis A. Seroprevalence of celiac disease in Belgian children and adolescents. Acta Gastroenterol Belg 2012; 75(3): 325-30.,2929. Candon S, Mauvais FX, Garnier-Lengline H, Chatenoud L, Schmitz J. Monitoring of anti-transglutaminase autoantibodies in pediatric celiac disease using a sensitive radiobinding assay. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2012; 54(3): 392-6.. A determinação do anticorpo anti-tTG-IgA por ELISA é um teste confiável, com sensibilidade de 90 a 99% e uma especificidade de 94 a 100%22. Akbari MR, Mohammadkhani A, Fakheri H, Javad ZM, Shahbazkhani B, Nouraie M, et al. Screening of the adult population in Iran for coeliac disease: comparison of the tissue-transglutaminase antibody and anti-endomysial antibody tests. Eur J Gastroenterol Hepatol 2006; 18(11): 1181-6.,1616. Husby S, Koletzko S, Korponay-Szabó IR, Mearin ML, Phillips A, Shamir R, et al. European Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition guidelines for the diagnosis of coeliac disease. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2012; 54(1): 136-60.,3030. Goncalves CB, Silva IN, Tanure MG, Bahia M. Estudo da prevalência da doença celíaca em crianças e adolescentes com diabetes melito tipo 1: resultado de 10 anos de acompanhamento. Arq Bras Endocrinol Metabol 2013; 57(5): 375-80.,3131. Ucardag D, Guliter S, Ceneli O, Yakaryilmaz F, Atasoy P, Caglayan O. Celiac disease prevalence in patients with iron deficiency anemia of obscure origin. Turk J Gastroenterol 2009; 20(4): 266-70.. Vale ressaltar que estudos têm mostrado que a maioria dos indivíduos com anticorpo anti-tTG positivo tem confirmação da DC por biopsia22. Akbari MR, Mohammadkhani A, Fakheri H, Javad ZM, Shahbazkhani B, Nouraie M, et al. Screening of the adult population in Iran for coeliac disease: comparison of the tissue-transglutaminase antibody and anti-endomysial antibody tests. Eur J Gastroenterol Hepatol 2006; 18(11): 1181-6.,1616. Husby S, Koletzko S, Korponay-Szabó IR, Mearin ML, Phillips A, Shamir R, et al. European Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition guidelines for the diagnosis of coeliac disease. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2012; 54(1): 136-60.,3131. Ucardag D, Guliter S, Ceneli O, Yakaryilmaz F, Atasoy P, Caglayan O. Celiac disease prevalence in patients with iron deficiency anemia of obscure origin. Turk J Gastroenterol 2009; 20(4): 266-70. e que este teste tem uma boa correlação com a gravidade e a extensão das lesões intestinais verificadas na biópsia22. Akbari MR, Mohammadkhani A, Fakheri H, Javad ZM, Shahbazkhani B, Nouraie M, et al. Screening of the adult population in Iran for coeliac disease: comparison of the tissue-transglutaminase antibody and anti-endomysial antibody tests. Eur J Gastroenterol Hepatol 2006; 18(11): 1181-6.. No Brasil, embora a Portaria ministerial datada de 2009 assegure a realização desse teste pelo Sistema Único de Saúde (SUS), até o momento, esse procedimento não foi iniciado em larga escala como deveria3232. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas da doença celíaca. Portaria MS/SAS nº 307, de 17 de setembro de 2009. Diário Oficial da União; Poder Executivo, Brasília, DF, 18 set. 2009. Seção I, p. 79-81. Disponível em http://conselho.saude.gov.br/web_comissoes/cian/protocolo_celiaco.html. (Acessado em 19 de novembro de 2012).
http://conselho.saude.gov.br/web_comisso...
.

Atualmente, têm-se sugerido a determinação do anticorpo anti-tTG-IgA por meio de punção no dedo77. Alarida K, Harown J, Ahmaida A, Marinelli L, Venturini C, Kodermaz G, et al. Coeliac disease in Libyan children: a screening study based on the rapid determination of anti-transglutaminase antibodies. Dig Liver Dis 2011; 43(9): 688-91.,1212. Crovella S, Brandao L, Guimaraes R, Filho JL, Arraes LC, Ventura A, et al. Speeding up coeliac disease diagnosis in the developing countries. Dig Liver Dis 2007; 39(10): 900-2. e por determinação na saliva11. Bonamico M, Nenna R, Montuori M, Luparia RP, Turchetti A, Mennini M, et al. First salivary screening of celiac disease by detection of anti-transglutaminase autoantibody radioimmunoassay in 5000 Italian primary schoolchildren. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2011; 52(1): 17-20.,55. Nenna R, Tiberti C, Petrarca L, Lucantoni F, Mennini M, Luparia RP, et al. The celiac iceberg: a characterization of the disease in primary school children. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2012; 56(4): 416-21., por serem mais simples, confiáveis e baratos. Acredita-se que esses testes sejam úteis para a triagem da DC em um futuro próximo, principalmente nos países em desenvolvimento, com condições limitadas de instalações diagnósticas para realização de ensaios imunológicos11. Bonamico M, Nenna R, Montuori M, Luparia RP, Turchetti A, Mennini M, et al. First salivary screening of celiac disease by detection of anti-transglutaminase autoantibody radioimmunoassay in 5000 Italian primary schoolchildren. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2011; 52(1): 17-20.,77. Alarida K, Harown J, Ahmaida A, Marinelli L, Venturini C, Kodermaz G, et al. Coeliac disease in Libyan children: a screening study based on the rapid determination of anti-transglutaminase antibodies. Dig Liver Dis 2011; 43(9): 688-91.,1212. Crovella S, Brandao L, Guimaraes R, Filho JL, Arraes LC, Ventura A, et al. Speeding up coeliac disease diagnosis in the developing countries. Dig Liver Dis 2007; 39(10): 900-2.. Além disso, os testes rápidos podem ser utilizados em ambulatórios, consultórios médicos e em grandes estudos populacionais1212. Crovella S, Brandao L, Guimaraes R, Filho JL, Arraes LC, Ventura A, et al. Speeding up coeliac disease diagnosis in the developing countries. Dig Liver Dis 2007; 39(10): 900-2..

Como limitação do presente estudo está o fato da não realização da dosagem da IgA, pois a deficiência dessa imunoglobulina é uma condição que pode estar associada à DC, e nestas situações a sorologia tende a dar um resultado falso-negativo88. Rubio-Tapia A, Ludvigsson JF, Brantner TL, Murray JA, Everhart JE. The prevalence of celiac disease in the United States. Am J Gastroenterol 2012; 107(10): 1538-44.,1515. Araujo J, da Silva GA, de Melo FM. Serum prevalence of celiac disease in children and adolescents with type 1 diabetes mellitus. J Pediatr (Rio J ) 2006;82(3):210-4.,2323. Vijgen S, Alliet P, Gillis P, Declercq P, Mewis A. Seroprevalence of celiac disease in Belgian children and adolescents. Acta Gastroenterol Belg 2012; 75(3): 325-30.,3030. Goncalves CB, Silva IN, Tanure MG, Bahia M. Estudo da prevalência da doença celíaca em crianças e adolescentes com diabetes melito tipo 1: resultado de 10 anos de acompanhamento. Arq Bras Endocrinol Metabol 2013; 57(5): 375-80..

CONCLUSÃO

O presente estudo identificou uma soroprevalência para DC de 0,49% entre adolescentes de escolas públicas estaduais de Salvador. Dessa forma, novas investigações são necessárias para confirmar a prevalência de DC em outras faixas etárias e outros grupos populacionais de risco na Bahia e no Brasil, principalmente porque é uma doença associada a diversas morbidades e complicações frequentes, de alta prevalência, merecendo diagnóstico precoce e condução terapêutica adequada.

REFERÊNCIAS

  • 1
    Bonamico M, Nenna R, Montuori M, Luparia RP, Turchetti A, Mennini M, et al. First salivary screening of celiac disease by detection of anti-transglutaminase autoantibody radioimmunoassay in 5000 Italian primary schoolchildren. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2011; 52(1): 17-20.
  • 2
    Akbari MR, Mohammadkhani A, Fakheri H, Javad ZM, Shahbazkhani B, Nouraie M, et al. Screening of the adult population in Iran for coeliac disease: comparison of the tissue-transglutaminase antibody and anti-endomysial antibody tests. Eur J Gastroenterol Hepatol 2006; 18(11): 1181-6.
  • 3
    Bahia M, Penna FJ, Sampaio IB, Silva GM, Andrade EM. Determining IgA and IgG antigliadin, IgA antitransglutaminase, and antiendomysial antibodies in monkey esophagus and in umbilical cord for diagnosis of celiac disease in developing countries. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2007; 45(5): 551-8.
  • 4
    Brandt KG, Silva GA. Soroprevalência da doença celíaca em ambulatório pediátrico, no nordeste do Brasil. Arq Gastroenterol 2008; 45(3): 239-42.
  • 5
    Nenna R, Tiberti C, Petrarca L, Lucantoni F, Mennini M, Luparia RP, et al. The celiac iceberg: a characterization of the disease in primary school children. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2012; 56(4): 416-21.
  • 6
    Reilly NR, Green PH. Epidemiology and clinical presentations of celiac disease. Semin Immunopathol 2012; 34(4): 473-8.
  • 7
    Alarida K, Harown J, Ahmaida A, Marinelli L, Venturini C, Kodermaz G, et al. Coeliac disease in Libyan children: a screening study based on the rapid determination of anti-transglutaminase antibodies. Dig Liver Dis 2011; 43(9): 688-91.
  • 8
    Rubio-Tapia A, Ludvigsson JF, Brantner TL, Murray JA, Everhart JE. The prevalence of celiac disease in the United States. Am J Gastroenterol 2012; 107(10): 1538-44.
  • 9
    Kang JY, Kang AH, Green A, Gwee KA, Ho KY. Systematic review: worldwide variation in the frequency of coeliac disease and changes over time. Aliment Pharmacol Ther 2013; 38(3): 226-45.
  • 10
    Barada K, Abu DH, Rostami K, Catassi C. Celiac disease in the developing world. Gastrointest Endosc Clin N Am 2012; 22(4): 773-96.
  • 11
    Almeida PL, Gandolfi L, Modelli IC, Martins RC, Almeida RC, Pratesi R. Prevalence of celiac disease among first degree relatives of Brazilian celiac patients. Arq Gastroenterol 2008; 45(1): 69-72.
  • 12
    Crovella S, Brandao L, Guimaraes R, Filho JL, Arraes LC, Ventura A, et al. Speeding up coeliac disease diagnosis in the developing countries. Dig Liver Dis 2007; 39(10): 900-2.
  • 13
    Gandolfi L, Pratesi R, Cordoba JC, Tauil PL, Gasparin M, Catassi C. Prevalence of celiac disease among blood donors in Brazil. Am J Gastroenterol 2000; 95(3): 689-92.
  • 14
    Trevisiol C, Brandt KG, Silva GA, Crovella S, Ventura A. High prevalence of unrecognized celiac disease in an unselected hospital population in north-eastern Brasil (Recife, Pernambuco). J Pediatr Gastroenterol Nutr 2004; 39(2): 214-5.
  • 15
    Araujo J, da Silva GA, de Melo FM. Serum prevalence of celiac disease in children and adolescents with type 1 diabetes mellitus. J Pediatr (Rio J ) 2006;82(3):210-4.
  • 16
    Husby S, Koletzko S, Korponay-Szabó IR, Mearin ML, Phillips A, Shamir R, et al. European Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition guidelines for the diagnosis of coeliac disease. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2012; 54(1): 136-60.
  • 17
    Melo SB, Fernandes MI, Peres LC, Troncon LE, Galvao LC. Prevalence and demographic characteristics of celiac disease among blood donors in Ribeirão Preto, State of São Paulo, Brazil. Dig Dis Sci 2006; 51(5): 1020-5.
  • 18
    World Health Organization. Growth reference data for 5-19 years, WHO reference 2007.
  • 19
    Moura ACA, Castro-Antunes MM, Lima LAM, Nobre JMM, Motta MEFA, Silva GAP. Triagem sorológica para doença celíaca em adolescentes e adultos jovens, estudantes universitários. Rev Bras Saude Mater Infant 2012; 12(2): 121-6.
  • 20
    Oliveira RP, Sdepanian VL, Barreto JA, Cortez AJ, Carvalho FO, Bordin JO, et al. High prevalence of celiac disease in Brazilian blood donor volunteers based on screening by IgA antitissue transglutaminase antibody. Eur J Gastroenterol Hepatol 2007; 19(1): 43-9.
  • 21
    Pereira MA, Ortiz-Agostinho CL, Nishitokukado I, Sato MN, Damiao AO, Alencar ML, et al. Prevalence of celiac disease in an urban area of Brazil with predominantly European ancestry. World J Gastroenterol 2006; 12(40): 6546-50.
  • 22
    Gueiros ACLM, Silva GAP. Soropositividade para doença celíaca em crianças e adolescentes com baixa estatura. Rev Paul Pediatr 2009; 27(1): 28-32.
  • 23
    Vijgen S, Alliet P, Gillis P, Declercq P, Mewis A. Seroprevalence of celiac disease in Belgian children and adolescents. Acta Gastroenterol Belg 2012; 75(3): 325-30.
  • 24
    Tommasini A, Not T, Kiren V, Baldas V, Santon D, Trevisiol C, et al. Mass screening for coeliac disease using antihuman transglutaminase antibody assay. Arch Dis Child 2004; 89(6): 512-5.
  • 25
    Aljebreen AM, Almadi MA, Alhammad A, Al Faleh FZ. Seroprevalence of celiac disease among healthy adolescents in Saudi Arabia. World J Gastroenterol 2013; 19(15): 2374-8.
  • 26
    Almeida RC, Gandolfi L, De NK-G, Ferrari I, Sousa SM, Abe-Sandes K, et al. Does celiac disease occur in Afro-derived Brazilian populations? Am J Hum Biol 2012; 24(5): 710-2.
  • 27
    Diniz-Santos DR, Machado APSL, Silva LR. Doença celíaca. In: Carvalho E, Silva LR, Ferreira CT (eds). Gastroenterologia e Nutrição em Pediatria. São Paulo: 2012. p. 359-405.
  • 28
    Tanpowpong P, Ingham TR, Lampshire PK, Kirchberg FF, Epton MJ, Crane J, et al. Coeliac disease and gluten avoidance in New Zealand children. Arch Dis Child 2012; 97(1): 12-6.
  • 29
    Candon S, Mauvais FX, Garnier-Lengline H, Chatenoud L, Schmitz J. Monitoring of anti-transglutaminase autoantibodies in pediatric celiac disease using a sensitive radiobinding assay. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2012; 54(3): 392-6.
  • 30
    Goncalves CB, Silva IN, Tanure MG, Bahia M. Estudo da prevalência da doença celíaca em crianças e adolescentes com diabetes melito tipo 1: resultado de 10 anos de acompanhamento. Arq Bras Endocrinol Metabol 2013; 57(5): 375-80.
  • 31
    Ucardag D, Guliter S, Ceneli O, Yakaryilmaz F, Atasoy P, Caglayan O. Celiac disease prevalence in patients with iron deficiency anemia of obscure origin. Turk J Gastroenterol 2009; 20(4): 266-70.
  • 32
    Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas da doença celíaca. Portaria MS/SAS nº 307, de 17 de setembro de 2009. Diário Oficial da União; Poder Executivo, Brasília, DF, 18 set. 2009. Seção I, p. 79-81. Disponível em http://conselho.saude.gov.br/web_comissoes/cian/protocolo_celiaco.html. (Acessado em 19 de novembro de 2012).
    » http://conselho.saude.gov.br/web_comissoes/cian/protocolo_celiaco.html
  • Fonte de financiamento: O trabalho foi parcialmente financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia - FAPESB - Projeto nº 1431040053551 e Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Mar 2015

Histórico

  • Recebido
    07 Jan 2014
  • Revisado
    22 Jul 2014
  • Aceito
    12 Ago 2014
Associação Brasileira de Saúde Coletiva Av. Dr. Arnaldo, 715 - 2º andar - sl. 3 - Cerqueira César, 01246-904 São Paulo SP Brasil , Tel./FAX: +55 11 3085-5411 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revbrepi@usp.br