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A Rota de Integração Latino-Americana (RILA) e a defesa do meio ambiente

Também denominada de Rota Bioceânica ou Corredor Rodoviário Bioceânico, a RILA pode ser considerada um dos projetos mais ousados e importantes com foco no desenvolvimento de Mato Grosso do Sul. Saindo do Brasil, passando pelo Paraguai, pela Argentina, até chegar aos portos do Chile, abre novas perspectivas para a exportação e importação do Estado e das demais regiões brasileiras até a Ásia e a América do Norte.

Esta integração da América do Sul com a Ásia e a América do Norte pode ser vista sob a ótica política, econômica, cultural e territorial a partir do Corredor Bioceânico, que possibilita agregar, a um curto espaço de tempo, serviços logísticos modernos e eficientes, por meio de uma infraestrutura física que seja válida para todos os países e que possa proporcionar uma integração ampla e profunda entre os territórios envolvidos.

Conforme as pontuações de Castro (2019), o Corredor Bioceânico objetiva a redução de tempo de viagem, a incrementação da conectividade entre o Centro-Oeste brasileiro e a Argentina, o Paraguai e o Chile, com o objetivo de trazer mais eficiência para os movimentos de cargas e também de passageiros, criar novos fluxos de comércio, assim como promover o desenvolvimento das cadeias produtivas regionais. Reforça o referido autor que há necessidade de um maior estímulo e coordenação dos agentes locais a fim de promover os interesses dos territórios mencionados e de sua população.

Neste contexto, em 2016, foi criada a Rede Universitária da RILA, durante o I Seminário da então Rede Universitária da Rota de Integração Latino-Americana (UniRila). A UniRila é formada pelas universidades que compõem o Conselho dos Reitores das Instituições de Ensino Superior de Mato Grosso do Sul (CRIE-MS): Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Universidade Anhanguera-Uniderp e Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS).

Agregam-se a estas universidades de Mato Grosso do Sul: Universidade Nacional de Jujuy (UNJu), Universidade Nacional de Salta (UNSa) e Universidade Católica de Salta (UCASAL), da Argentina; Universidade de Antofagasta (UA) e Universidade Católica do Norte do Chile (UCN), ambas do Chile; e a Universidade Nacional de Assunção (UNA), do Paraguai.

De acordo com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, João Carlos Parkinson de Castro, as pesquisas feitas pelas universidades podem não só contribuir como atender às demandas da RILA, e, nesse sentido, a integração das universidades serve de exemplo aos governos.

Declaração de Brasília sobre o Corredor Bioceânico Rodoviário Centro-Oeste do Brasil e Portos do Chile foi assinada pelos então presidentes dos países já relacionados, em 21 de dezembro de 2017, Mauricio Macri (Argentina), Michel Temer (Brasil), Horácio Cartes (Paraguai) e Heraldo Muñoz (Chile), ratificando o compromisso com o processo de integração regional, expressado pelo estímulo a uma melhor conexão entre seus países. O documento reafirmou a participação e a importante contribuição das universidades locais e da sociedade civil para o processo de implementação do Corredor Bioceânico, apoiando, assim, a constituição da Rede de Universidades.

En este caso, Unirila se orienta a establecer compromisos con las regiones que la conforman, no solo para la formación de capital humano profesional acorde a las necesidades locales y nacionales, sino proyectados a desarrollar y servir de instrumento de apoyo y soluciones conjuntas a problemas de tipo económico, social y tecnológico que se puedan presentar con la implementación del proyecto de integración enmarcado por el Corredor Biocéanico. (MACIEL et al., 2019CASTRO, João Carlos Parkinson. Turismo como instrumento dinamizador do Corredor Rodoviário Bioceânico. Interações, Campo Grande, MS, v. 20, n. especial, p. 19-29, 2019., p. 303).

Nesta perspectiva, é necessário que a rede de universidades reúna esforços para que ocorra a interação entre as instituições, por meio de um conjunto de ações docentes e discentes voltadas à mobilidade, à formação de rede de pesquisas, a projetos interinstitucionais de pesquisas e extensão, a fim de contribuir com articulações sociais e culturais para os problemas regionais do Corredor Bioceânico.

A Interações, da UCDB, vem, ao longo de 21 anos, contribuindo com o desenvolvimento científico e com a visibilidade dos artigos publicados, procurando sempre refletir sobre as temáticas relacionadas às linhas de pesquisa do Programa de Mestrado e Doutorado em Desenvolvimento Local.

A potencialidade das publicações se reflete na diversidade das abordagens em cada volume publicado. Neste número 1, de 2021, algumas interfaces temáticas emergem na publicação dos artigos: desenvolvimento ambiental e regional, políticas públicas, identidade e representações sociais, desenvolvimento regional.

Com relação à primeira interface temática, esta se volta à discussão sobre o desenvolvimento ambiental e regional, e é importante a leitura dos oito artigos: “Geotecnologias aplicadas na defesa do meio ambiente em municípios da Rota de Integração Latino-Americana: a atuação do Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul via Centro Integrado de Pesquisa e Proteção Ambiental, Brasil”; “O protagonismo de organizações indígenas na estruturação da cadeia produtiva da castanha-da-amazônia no estado de Roraima, Amazônia brasileira”; “Os (entre)laços com a terra, o lar e o lugar: topofilia e percepção ambiental de uma comunidade rural da Bahia”; “Indicadores organizacionais e planejamento sucessório em empreendimentos rurais de grande porte: um estudo no estado de Mato Grosso”; “Processo de (des)territorialidade em uma comunidade rural na Bahia”; “Rural development in the Sertão do São Francisco, Bahia: an interpretation based on the trajectories of peasant families of the territory”; “Análise cienciométrica de espaços verdes urbanos e seus serviços ecossistêmicos”; e “Marketing territorial aplicado a distritos industriais: estratégia de inovação para o empreendedorismo e desenvolvimento local”.

Outra interface temática importante se volta às políticas públicas das cidades, do gênero e, principalmente, da educação, a partir da leitura dos seis artigos: “Smart Cities: extrafiscalidade como indutora do desenvolvimento de cidades inteligentes”; “Todo mundo é igual? Construções de gênero sob o olhar da juventude”; “Concepções de desenvolvimento e aprendizagem em crianças com microcefalia: representações de estudantes universitários”; “Relações interpessoais na escola e o desenvolvimento local”; “Implicações do Programa de Formação-Ação em Escolas Criativas na prática pedagógica de uma escola do campo”; e, finalmente, “Um panorama do mercado de trabalho da pessoa com deficiência visual na cidade do Rio de Janeiro”.

A terceira interface temática se volta à discussão sobre a agricultura familiar vista sob diferentes perspectivas. É um convite para ler os sete artigos que discutem esta temática: “Significados da agricultura familiar pela perspectiva local: o caso da Associação dos Agricultores Familiares de São Pedro da Serra (Rio de Janeiro, Brasil)”; “Percepção de agricultura sustentável no município de Maringá, Paraná, Brasil”; “Apoio à internacionalização de empresas: uma Leitura das Ações das Agências de Promoção de Exportação a partir das Teorias de Internacionalização”; “A Indicação Geográfica do café da Serra da Mantiqueira de Minas Gerais como ferramenta de desenvolvimento territorial”; “Diversidade de plantas alimentares em quintais agroflorestais de Cuiabá e Várzea Grande, Mato Grosso, Brasil”; e “Perspectivas do território e desenvolvimento local: estudo sobre a constituição do município de Naviraí, MS, como polo urbano regional”.

O alinhamento da diversidade temática das abordagens nos artigos publicados neste n. 1/2021 tem uma relação direta com o Desenvolvimento Local e com as linhas de pesquisa do nosso Programa de Mestrado e Doutorado. O nosso agradecimento especial para a nossa equipe editorial, que, nestes tempos de pandemia, de perdas irreparáveis, de trabalho remoto, não tem medido esforços para a publicação dos números da Interações. O nosso agradecimento também especial aos nossos avaliadores do Comitê Editorial e aos nossos avaliadores ad hoc pelo pronto atendimento e pela qualidade de suas avaliações.

Referências

  • CASTRO, João Carlos Parkinson. Turismo como instrumento dinamizador do Corredor Rodoviário Bioceânico. Interações, Campo Grande, MS, v. 20, n. especial, p. 19-29, 2019.
  • MACIEL, Ruberval Franco; SIUFI, Bettina; TABILO, Felipe; LEIVA Mario. Internacionalización Sur-Sur: desafíos y potencialidades de la Red Universitaria de la Carretera Bioceánica. Interações, Campo Grande, MS, v. 20, n. 2, p. 297-306, abr./jun. 2019.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Ago 2021
  • Data do Fascículo
    Jan-Mar 2021
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