Novos Hospedeiros para o Ácaro Nasal Rhinonyssus rhinolethrum (Trouessart) (Gamasida: Rhinonyssidae) no Brasil

New Hosts for the Nasal Mite Rhinonyssus rhinolethrum (Trouessart) (Gamasida: Rhinonyssidae) in Brazil

SCIENTIFIC NOTE

Novos Hospedeiros para o Ácaro Nasal Rhinonyssus rhinolethrum (Trouessart) (Gamasida: Rhinonyssidae) no Brasil

New Hosts for the Nasal Mite Rhinonyssus rhinolethrum (Trouessart) (Gamasida: Rhinonyssidae) in Brazil

Carolina S Mascarenhas^I; João G W Brum^I; Marco A A Coimbra^II; Afonso L Sinkoc^III

^ILab. de Parasitologia de Animais Silvestres, Depto. de Microbiologia e Parasitologia, Instituto de Biologia, UFPel, Pelotas, RS; [e-mail]

^IINúcleo de Reabilitação da Fauna Silvestre e Centro de Triagem de Animais Silvestres, UFPel, Pelotas, RS

^IIIDepto. de Clínica Médica Veterinária, Fac. de Agronomia e Medicina Veterinária, UFMT, Cuiabá, MT

RESUMO

O cisne-do-pescoço-preto, Cygnus melanocoryphus, e a marreca-de-coleira, Callonetta leucophrys, são relatados como novos hospedeiros para o ácaro nasal Rhinonyssus rhinolethrum (Trouessart) no Brasil.

Palavras-chave: Acari, ave, Anatidae

ABSTRACT

The black-necked swan, Cygnus melanocoryphus, and the ringed teal, Callonetta leucophrys, are reported as new hosts for the nasal mite Rhinonyssus rhinolethrum (Trouessart) in Brazil.

Key words: Acari, bird, Anatidae

Os ácaros nasais são endoparasitos que habitam o sistema respiratório das aves, sendo encontrados preferencialmente na membrana que reveste os cornetos nasais. Todavia, são frequentemente encontrados na porção anterior das narinas, laringe, traquéia, pulmão, sacos aéreos e conjuntivais (Amaral & Rebouças 1974a).

Foram examinados oito exemplares de Callonetta leucophrys (marreca-de-coleira) (Anseriformes: Anatidae), provenientes do município de Turuçu, RS e um exemplar de Cygnus melanocoryphus (cisne-do-pescoço-preto), oriundo do município de Pelotas, RS. O cisne foi atendido no Núcleo de Reabilitação da Fauna Silvestre (NURFS) e Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS), onde veio a óbito, e as marrecas decorreram de apreensão de caça realizada pelo 1º Batalhão Ambiental e 3ª Companhia de Policiamento Ambiental da Brigada Militar do Rio Grande do Sul.

Para coleta dos ácaros foi realizada a dissecação da cavidade nasal e lavagem da mesma sob jato de água. O conteúdo foi passado em tamis com malha de 150 µm de abertura e inspecionado em estereomicroscópio (40x) em busca de parasitos, os quais foram conservados em etanol 70ºGL. Os espécimes foram clarificados em lactofenol e montados entre lâmina e lamínula em meio de Hoyer's e examinados sob microscópio ótico. Os ácaros foram identificados de acordo com Castro (1948), Mitchell (1963), Pence (1975) e Krantz (1978). Os parâmetros de prevalência, intensidade e intensidade média de parasitismo foram definidos de acordo com Bush et al (1997).

Foram coletados 32 ácaros, os quais foram identificados como Rhinonyssus rhinolethrum (Trouessart). Cygnus melanocoryphus apresentou intensidade de parasitismo de 15 ácaros. Das oito C. leucophrys examinadas cinco encontravamse parasitadas por R. rhinolethrum, com intensidade de parasitismo variando entre um e oito ácaros por hospedeiro, sendo que a intensidade média foi de 3,2 ácaros.

Rhinonyssus rhinolethrum é comumente encontrado em aves da família Anatidae, sendo que a maioria dos relatos é de anatídeos da América do Norte (George & Bolen 1975, Pence 1975, Spicer 1987). No Brasil, Amaral (1968) e Amaral & Rebouças (1974b) citaram Dendrocygna viduata (marreca-piadeira) como hospedeiro de R. rhinolethrum no estado de São Paulo. No Rio Grande do Sul, a espécie foi encontrada em D. viduata e Dendrocygna bicolor (marrecacaneleira) (Sinkoc 2006) e em Netta peposaca (marrecão) (Paulsen 2006).

Este é o primeiro relato dos anatídeos C. melanocoryphus e C. leucophrys como hospedeiros do ácaro nasal R. rhinolethrum no Brasil.

Received 30/XII/08.

Accepted 14/VII/09.

Edited by Denise Návia - CENARGEN

• Amaral V (1968) Notas sobre ácaros nasais com a descrição de duas novas espécies: Ptilonyssus zeferinoi n. sp. e Sternostoma clementei n. sp. (Acarina: Rhinonyssus). Lista das espécies descritas no Brasil e seus hospedeiros. Arq Inst Biol 35: 107-126.
• Amaral V do, Rebouças M M (1974a) Métodos para o estudo de ácaros rinonissídeos. São Paulo, Inst Biol, 31p.
• Amaral V do, Rebouças M M (1974b) Notas sobre ácaros rinonissídeos de aves brasileiras (Mesostigmata - Rhinonyssidae). Biológico XL: 52-56.
• Bush O A, Lafferty K D, Lotz J M, Shostak AW (1997) Parasitology meets ecology on its own terms: Margolis et al revisited. J Parasitol 83: 575-583.
• Castro M P de (1948) Reestruturação genérica da família Rhininyssidae Vitzthum, 1935 (Acari - Mesostigmata - Gamasides) e descrição de algumas espécies novas. Arq Inst Biol 18: 253-284.
• George R R, Bolen E G (1975) Endoparasites os black-bellied ehistling ducks in southern Texas. J Wildl Dis 11: 17-22.
• Krantz G W (1978) Manual of acarology. 2ed., Oregon, Oregon State University, Book Stores, 509p.
• Mitchel R W (1963) Comparative morphology of the life stages of the nasal mite Rhinonyssus rhinolethrum (Mesostigmata: Rhinonyssidae). J Parasitol 49: 506-515.
• Paulsen R M M (2006) Caracterização de helmintos e artrópodes parasitos de Netta peposaca (Vieillot, 1816) (Marrecão-da-patagônia) (Aves: Anatidae) no Rio Grande do Sul. Tese de doutorado. Porto Alegre, Faculdade de Veterinária, UFRGS, 100p.
• Pence D B (1975) Keys, species and host list, and bibliography for nasal mites of North American birds (Acarina: Rhinonyssinae, Turbinoptinae, Speleognathinae, and Cytiditidae). Special Publications the Museum Texas Tech University, n. 8, 148p.
• Sinkoc A L (2006) Helmintos e artrópodes parasitos de marrecacaneleira (Dendrocygna bicolor) (Vieillot, 1816) e marrecapiadeira (Dendrocygna viduata) (Linnaeus, 1766) na região Sul do Rio Grande do Sul. Tese de doutorado. Porto Alegre, Faculdade de Veterinária, UFRGS, 110p.
• Spicer G S (1987) Prevalence and host-parasite list of some nasal mites from birds (Acarina: Rhinonyssidae, Speleognathidae). J Parasitol 73: 259-264.

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  17 Nov 2009
• Data do Fascículo
  Out 2009

Histórico

• Aceito
  14 Jul 2009
• Recebido
  30 Dez 2008