Prezados leitores:
É com alegria que anunciamos o último número de nossa revista em 2019! Um ano que assistiu à posse de um governo que, guiado por uma política neoliberal, acirrou os ataques ao ensino público e que desqualifica os cursos e pesquisas na área das Ciências Humanas. Um ano que atravessou, e ainda atravessa, os efeitos de uma grave crise política, econômica e ambiental.
Apesar desse cenário desfavorável, muitas vitórias foram alcançadas! Como a Fênix da mitologia, mais uma vez ressurgimos das cinzas, mais fortes, mais abertos ao debate e ao enfrentamento das adversidades. Neste ano, pela segunda vez consecutiva, o curso de Psicologia da Universidade Federal Fluminense recebeu a nota máxima no Enade; nossa revista completou 30 anos de existência; o crescente volume de artigos recebidos ratificou, mais uma vez, sua credibilidade diante da comunidade acadêmica, nacional e internacional. Além disso, novas (e boas) parcerias foram firmadas e vínculos foram fortalecidos.
Agradecemos a todos os autores que depositaram sua confiança em nosso trabalho, assim como aos pareceristas que se colocaram à disposição para a inestimável tarefa de avaliar os trabalhos recebidos.
A Fractal: Revista de Psicologia tem buscado afirmar-se, ao longo dos anos, como um espaço de divulgação do conhecimento e de resistência, com potencial reflexivo e transformador. Apostamos nos estudos da subjetividade como oportunidade de aprofundar o conhecimento sobre o sujeito, suas vivências, tensões e interações, de modo a construir novas formas de ser e estar no mundo.
Neste contexto, trazemos a público o trabalho dos colegas, nossos parceiros nesta empreitada, que se esforçam por desenvolver uma reflexão ética, séria e consistente sobre os temas que nos atravessam. Para este número, pudemos contar com a contribuição de Ana Maria Pereira Lopes, com o texto Promoção da saúde no processo de democratização brasileiro: biopolítica e a constituição de sujeitos da saúde. Aqui a autora busca analisar como as práticas biopolíticas, no processo de democratização brasileira nos anos de 1980 e 1990, constituem sujeitos por meio da objetivação pelos discursos e normas. Em seguida, trazemos o texto Atividade de trabalho em um Sine: entre política partidária e política pública de autoria de Thiago Drumond Moraes e Iasmin Libalde Nascimento. Através de um relato de experiência, calcada na perspectiva ergológica, os autores apresentam questões que moveram uma intervenção em uma Secretaria de Trabalho, Emprego e Renda de um município do Espírito Santo. Por meio deste estudo, eles demonstram que a produção de um gênero profissional em serviço público se dá em diversas temporalidades. Contamos também com o artigo de Diego Drescher de Castro e Jaqueline Tittoni, Entre clausuras, verdades e resistências: a produção do conhecimento acadêmico no contemporâneo, que tem como principal referência o pensamento de Foucault. Nele, recortam-se elementos para se pensar as relações entre a produção do discurso acadêmico e o lugar da Universidade, a partir da problematização da episteme moderna e da produção da noção de ciência e de conhecimento científico.
Em Representações sociais da paternidade: um discurso comparativo, Patrícia Menezes Visentin e Cristina Lhullier discutem como a paternidade pode ser compreendida como uma construção social, sendo modificada na forma como é vivenciada e exercida em virtude de transformações da sociedade. Em seguida, trazemos as contribuições de Beatriz Sernache de Castro Neves e Maria Celina Peixoto Lima com o texto Freud e a prevenção: um percurso de controvérsias. No artigo as autoras problematizam a concepção de prevenção a partir do pensamento de Freud, ali encontrando diversos empregos e concepções que o psicanalista faz dos termos prevenção e profilaxia. Já em Clínica em movimento: a cidade como cenário do acompanhamento terapêutico, Danilo Marques Godinho e Carlos Augusto Peixoto Junior abordam a prática do acompanhamento terapêutico em sua dimensão clínico-política, com o objetivo de desenvolver uma reflexão a respeito da potência de se tomar a cidade como matéria da clínica a partir da prática do acompanhamento terapêutico. E, para finalizar esta edição, brindamos os leitores com o texto De casa para o meio-fio: pequenas histórias de uma residência terapêutica, artigo no qual Mario Cesar Carvalho de Moura Candido, Maria Cristina Campello Lavrador e Rafaela Gomes Amorim trazem as figuras do cotidiano de ex-internos de um hospital psiquiátrico em uma residência terapêutica na cidade de Vitória-ES.
Desejamos a todos uma boa leitura!
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
02 Dez 2019 -
Data do Fascículo
Sep-Dec 2019
