O exercício da sensibilidade: pesquisa qualitativa e a saúde como qualidade

Adomo, Rubens de Camargo Ferreira; Castro, Ana Lúcia de

doi:10.1590/S0104-12901994000200009

Resumo

O artigo procura discutir a inserção do termo "qualitativo" nos focos de discussão metodológica no campo da saúde pública, situando essa questão em três níveis: sua vinculação à recorrente discussão entre positivismo e sociologia crítica; as demandas existentes na área de saúde que legitimam o apelo a alternativas metodológicas, e a relação deste qualitativo com propostas do trabalho de campo na antropologia. Refere, ainda, à necessidade de construção de um referencial metodológico que incorpore a sensibilidade do investigador, na atual crise de paradigmas decorrente, em boa medida, da fragmentação e heterogeneidade contemporâneas.

ARTIGOS

O exercício da sensibilidade: pesquisa qualitativa e a saúde como qualidade

Rubens de Camargo Ferreira Adomo^I; Ana Lúcia de Castro^II

^IProfessor Doutor Departamento de Prática de Saúde Pública - FSP/USP

^IIMestre em Antropologia. Técnica Especializada Departamento de Prática de Saúde Pública FSP/USP

RESUMO

O artigo procura discutir a inserção do termo "qualitativo" nos focos de discussão metodológica no campo da saúde pública, situando essa questão em três níveis: sua vinculação à recorrente discussão entre positivismo e sociologia crítica; as demandas existentes na área de saúde que legitimam o apelo a alternativas metodológicas, e a relação deste qualitativo com propostas do trabalho de campo na antropologia. Refere, ainda, à necessidade de construção de um referencial metodológico que incorpore a sensibilidade do investigador, na atual crise de paradigmas decorrente, em boa medida, da fragmentação e heterogeneidade contemporâneas.

"O conhecimento sociológico espirala dentro e fora do universo da vida social, reconstituindo tanto este universo como a si mesmo, como parte integral deste processo."

Anthony Giddens

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1. ADORNO, R.C.F. A trajetória do movimento e da participação: a conduta dos atores sociais na saúde. São Paulo, 1992. [Tese de Doutorado -Faculdade de Saúde Pública da USP]
2. BECKER, H. S. Métodos de pesquisa em ciências sociais. São Paulo, Hucitec, 1993
3. BENJAMIN, W. "O faneur". In: BAUDELAIRE C.: um lírico no auge do capitalismo. São Paulo, Brasiliense, 1991. (Obras Escolhidas III)
4. CHAMBERS, R. "Rapid rural appraisal: rationale and repertoire. Public Administr Develop, 1 p. 95-106, 1981.
5. CHAMBERS, R. Bureaucratic reversals and local diversity. IDS Bull, 19(4):50-6, 1988.
6. FEATHERSTONE, M. Cultura de consumo e pós-modernismo. São Paulo, Studio Nobel, 1995.
7. CANS, H. J. The urban villagers: group and class in the life of italian - Americans. New York, The Free Press of Glencoe, 1962.
8. GEERTZ, C. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro, Zahar, 1978.
9. GEERTZ, C. Anti anti-relativismo. Rev. Bras. de Ciênc. Soc., 8(3), 1988.
10. GIDDENS, A. As consequências da modernidade. São Paulo, Ed. UNESP, 1991.
11. GLIK, D. & GORDON, A. Focus group for formative research in child survival: an invorian example. Int'Quant Community Health Educ, 8: 297-315, 1988.
12. GUIMARÃES, A. Z., org. Desvendando máscaras sociais. Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1980.
13. HABERMAS, J. A nova transparência. Novos Estudos CEBRAP, (18): 103-14, 1987.
14. HABERMAS, J. A unidade da razão na multiplicidade de suas vozes. Rev. Bras. Filos., 4: 53-86, 1989.
15. HARVEY, D. A condição pós-moderna. São Paulo, Loyola, 1992.
16. HUYSSENS, A. Mapeando o pós-moderno. In: HOLLANDA, H. B. Pós- modernismo e política. Rio de Janeiro, Rocco, 1991.
17. JAMESON, F. Posmodernismo ou a lógica cultural do capitalismo tardio. Novos Estudos CEBRAP, (12), 1985.
18. JICK, T. D. Mixing qualitative and quantitative methods: triangulation. In: MAANEN, J. V., ed. Qualitative methodology. Beverly Hills, Sage Publications, 1983.
19. MALINOWSKI, M. Objeto, método e alcance desta pesquisa. In: Desvendando máscaras sociais. Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1980.
20. MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo, HUCITEC/ABRASCO, 1992.
21. MINAYO, M. C. S. & SANCHES, O. "Quantitativo-qualitativo: oposição ou complementariedade?". Cad. Saúde Pública, 9: 239-62, 1993.
22. SOUZA SANTOS, B. Pela mão de Alice: o social e o político na pós- modernidade. São Paulo, Cortez, 1995.
23. OFFE, C. Capitalismo desorganizado. São Paulo, Brasiliense, 1989.
24. ROSEN, G. Da polícia médica à medicina social. Rio de Janeiro, Graal, 1980.
25. VASCONCELOS, M. P. C., coord. Memórias da saúde pública: a fotografia como testemunha. São Paulo, Editora Hucitec/Abrasco, 1995.
26. VAISTMAN, J. Flexíveis e plurais: identidade, casamento e família em circunstâncias pós-modernas. Rio de Janeiro, Ed. Rocco, 1994.
27. ZALUAR, A. Cidadãos não vão ao Paraíso: juventude e política social. Rio de Janeiro, Escuta, 1994.

Datas de Publicação

Publicação nesta coleção
11 Jun 2008
Data do Fascículo
Dez 1994

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[1] 1. ADORNO, R.C.F. A trajetória do movimento e da participação: a conduta dos atores sociais na saúde. São Paulo, 1992. [Tese de Doutorado -Faculdade de Saúde Pública da USP]

[2] 2. BECKER, H. S. Métodos de pesquisa em ciências sociais. São Paulo, Hucitec, 1993

[3] 3. BENJAMIN, W. "O faneur". In: BAUDELAIRE C.: um lírico no auge do capitalismo. São Paulo, Brasiliense, 1991. (Obras Escolhidas III)

[4] 4. CHAMBERS, R. "Rapid rural appraisal: rationale and repertoire. Public Administr Develop, 1 p. 95-106, 1981.

[5] 5. CHAMBERS, R. Bureaucratic reversals and local diversity. IDS Bull, 19(4):50-6, 1988.

[6] 6. FEATHERSTONE, M. Cultura de consumo e pós-modernismo. São Paulo, Studio Nobel, 1995.

[7] 7. CANS, H. J. The urban villagers: group and class in the life of italian - Americans. New York, The Free Press of Glencoe, 1962.

[8] 8. GEERTZ, C. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro, Zahar, 1978.

[9] 9. GEERTZ, C. Anti anti-relativismo. Rev. Bras. de Ciênc. Soc., 8(3), 1988.

[10] 10. GIDDENS, A. As consequências da modernidade. São Paulo, Ed. UNESP, 1991.

[11] 11. GLIK, D. & GORDON, A. Focus group for formative research in child survival: an invorian example. Int'Quant Community Health Educ, 8: 297-315, 1988.

[12] 12. GUIMARÃES, A. Z., org. Desvendando máscaras sociais. Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1980.

[13] 13. HABERMAS, J. A nova transparência. Novos Estudos CEBRAP, (18): 103-14, 1987.

[14] 14. HABERMAS, J. A unidade da razão na multiplicidade de suas vozes. Rev. Bras. Filos., 4: 53-86, 1989.

[15] 15. HARVEY, D. A condição pós-moderna. São Paulo, Loyola, 1992.

[16] 16. HUYSSENS, A. Mapeando o pós-moderno. In: HOLLANDA, H. B. Pós- modernismo e política. Rio de Janeiro, Rocco, 1991.

[17] 17. JAMESON, F. Posmodernismo ou a lógica cultural do capitalismo tardio. Novos Estudos CEBRAP, (12), 1985.

[18] 18. JICK, T. D. Mixing qualitative and quantitative methods: triangulation. In: MAANEN, J. V., ed. Qualitative methodology. Beverly Hills, Sage Publications, 1983.

[19] 19. MALINOWSKI, M. Objeto, método e alcance desta pesquisa. In: Desvendando máscaras sociais. Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1980.

[20] 20. MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo, HUCITEC/ABRASCO, 1992.

[21] 21. MINAYO, M. C. S. & SANCHES, O. "Quantitativo-qualitativo: oposição ou complementariedade?". Cad. Saúde Pública, 9: 239-62, 1993.

[22] 22. SOUZA SANTOS, B. Pela mão de Alice: o social e o político na pós- modernidade. São Paulo, Cortez, 1995.

[23] 23. OFFE, C. Capitalismo desorganizado. São Paulo, Brasiliense, 1989.

[24] 24. ROSEN, G. Da polícia médica à medicina social. Rio de Janeiro, Graal, 1980.

[25] 25. VASCONCELOS, M. P. C., coord. Memórias da saúde pública: a fotografia como testemunha. São Paulo, Editora Hucitec/Abrasco, 1995.

[26] 26. VAISTMAN, J. Flexíveis e plurais: identidade, casamento e família em circunstâncias pós-modernas. Rio de Janeiro, Ed. Rocco, 1994.

[27] 27. ZALUAR, A. Cidadãos não vão ao Paraíso: juventude e política social. Rio de Janeiro, Escuta, 1994.

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