Acessibilidade / Reportar erro

Aprendizagem e inovação no contexto das redes de cooperação entre pequenas e médias empresas

Learning and innovation in the context of cooperation networks among small and medium-sized enterprises

Resumos

O presente artigo visa entender a dinâmica de aprendizagem e de inovação no contexto das redes de cooperação entre pequenas e médias empresas, buscando responder à seguinte questão de pesquisa: a cooperação em rede proporciona condições para a aprendizagem e a inovação junto às empresas associadas? O trabalho fundamenta-se teoricamente em reflexões de autores que sinalizam que os resultados dos esforços de aprendizagem e de inovação estão deslocando-se de um processo unidirecional, individual e endógeno da firma individual para um processo aberto, multidirecional, colaborativo e em rede. A pesquisa foi implementada por meio de duas etapas de coleta de dados: a primeira conduzida por meio de um grupo focal e a segunda realizada por uma survey, aplicada em uma amostra de 816 empresas associadas a redes de cooperação empresarial. Entre os principais resultados, destaca-se que as redes com maior tempo de existência, com maior número de empresas e do setor do comércio foram as que apresentaram maior desempenho em relação à adoção de novas práticas e lançamento de novos produtos e serviços.

Inovação; Aprendizagem; Cooperação; Redes; Pequenas e médias empresas


This article attempts to understand the dynamics of learning and innovation in the context of cooperation networks among small and medium-sized enterprises. We seek to answer the following question: does cooperation in networks enable learning and innovation within the associated companies? The article is based on theoretical reflections of authors which indicate that learning and innovation are moving from a unidirectional, individual and endogenous process of the isolated company to an open, multidirectional, collaborative, and networked process. The study was carried out in two stages of data collection, the first was a focus group and the second was a survey of a sample of 816 companies associated to cooperation networks. The main findings emphasized that older networks with more businesses associated and from the commercial sector showed better performance concerning the adoption of new practices and the launch of new products and services.

Learning; Innovation; Cooperation; Networks; Small and medium-sized enterprises


ARTIGOS

Aprendizagem e inovação no contexto das redes de cooperação entre pequenas e médias empresas

Learning and innovation in the context of cooperation networks among small and medium-sized enterprises

Alsones BalestrinI; Jorge VerschooreII

IDoutor em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Professor do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS. Endereço: Av. UNISINOS, 950. São Leopoldo/RS. E-mail: abalestrin@unisinos.br

IIDoutor em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UNISINOS. E-mail: jorgevf@unisinos.br

RESUMO

O presente artigo visa entender a dinâmica de aprendizagem e de inovação no contexto das redes de cooperação entre pequenas e médias empresas, buscando responder à seguinte questão de pesquisa: a cooperação em rede proporciona condições para a aprendizagem e a inovação junto às empresas associadas? O trabalho fundamenta-se teoricamente em reflexões de autores que sinalizam que os resultados dos esforços de aprendizagem e de inovação estão deslocando-se de um processo unidirecional, individual e endógeno da firma individual para um processo aberto, multidirecional, colaborativo e em rede. A pesquisa foi implementada por meio de duas etapas de coleta de dados: a primeira conduzida por meio de um grupo focal e a segunda realizada por uma survey, aplicada em uma amostra de 816 empresas associadas a redes de cooperação empresarial. Entre os principais resultados, destaca-se que as redes com maior tempo de existência, com maior número de empresas e do setor do comércio foram as que apresentaram maior desempenho em relação à adoção de novas práticas e lançamento de novos produtos e serviços.

Palavras-chave: Inovação. Aprendizagem. Cooperação. Redes. Pequenas e médias empresas.

ABSTRACT

This article attempts to understand the dynamics of learning and innovation in the context of cooperation networks among small and medium-sized enterprises. We seek to answer the following question: does cooperation in networks enable learning and innovation within the associated companies? The article is based on theoretical reflections of authors which indicate that learning and innovation are moving from a unidirectional, individual and endogenous process of the isolated company to an open, multidirectional, collaborative, and networked process. The study was carried out in two stages of data collection, the first was a focus group and the second was a survey of a sample of 816 companies associated to cooperation networks. The main findings emphasized that older networks with more businesses associated and from the commercial sector showed better performance concerning the adoption of new practices and the launch of new products and services.

Keywords: Learning. Innovation. Cooperation. Networks. Small and medium-sized enterprises.

Texto completo disponivel apenas em PDF.

Full text avaliable only in PDF

Artigo recebido em 05/01/2009. Artigo aprovado, na sua versão final, em 26/01/2010.

  • HUJA, G. Collaboration networks, structural holes, and innovation: a longitudinal study. Administrative Science Quarterly, v. 45, p. 425-455, sep., 2000.
  • AXELROD, R. The evolution of cooperation. London: Penguin Books, 1984.
  • BALESTRIN, A.; VARGAS, L.; FAYARD, P. O efeito rede em pólos de inovação: um estudo comparativo. Revista de Administração da USP (RAUSP), v. 40, n. 2, p.159171, 2005.
  • BALESTRIN, A.; VERSCHOORE, J.R. Redes de cooperação empresarial: estratégias de gestão na nova economia. Porto Alegre: Bookman, 2008.
  • BALESTRO, M.V.; ANTUNES, J.A.V.; LOPES, M.C.; PELLEGRIN, I. A experiência da rede PETRO-RS: uma estratégia para o desenvolvimento das capacidades dinâmicas. Revista de Administração Contemporânea, Edição Especial, p. 181-202, 2004.
  • BERG, S.; DUNCAN, J.; FRIEDMAN, P. Joint-venture strategies and corporate innovation. Cambridge: Oelgeschlager, Gunn and Hain, 1982.
  • BETTIS, R. A.; HITT, M. A. The new competitive landscape. Strategic Management Journal, v.16, p.7-19, 1995.
  • BOYER, R. Innovations at the core of modern economic theories. In: FREEMAN; FORAY (Eds.). Technology and the wealth of nations. London: Printer, 1992. p. 301-321.
  • BURT, R.S. Structural holes Cambridge: Harvard University Press, 1992.
  • CHESBROUGH, H.W. Why companies should have open business models. MIT Sloan Management Review, v. 48, n. 2, p.79-88, 2007.
  • CHESBROUGH, H.W. Open innovation: the new imperative for creating and profiting from technology. Boston: Harvard Business School Press, 2003.
  • COLEMAN, J.S. Social capital in the creation of human capital. American Journal of Sociology, v. 94, p. 95-120, 1988.
  • COLLIS, J.; HUSSEY, R. Pesquisa em administração Porto Alegre: Bookman, 2005.
  • CORNO, F.; REINMOELLER, P.; NONAKA, I. Knowledge creation within industrial systems. Journal of Management and Governance, v. 3, p. 379-394, 1999.
  • DEBRESSON, C. Understanding technological change Montreal: Black Rose Books, 1997.
  • DENZIN, N.K. The research act: a theoretical introduction to sociological methods, Chicago:Aldine, 1970.
  • DITTRICH, K.; DUYSTERS, G. Networking as a means to strategy change: the case of open innovation in mobile telephony. The Journal of Product Innovation Management, n. 24, p.510-521, 2007.
  • DODGSON, M.; GANN, D.; SALTER, A. The role of technology in the shift towards open innovation: the case of Procter & Gamble. R&D Management, v. 36, p. 333346, 2006.
  • DOSI, G. The nature of the innovative process. In: DOSI, G. et al (Eds.). Technical change and economic theory. London: Pinter, 1988.
  • DYER, J.; NOBEOKA, K. Creating and managing a high-performance knowledgecharring network: the Toyota case. Strategic Management Journal, v. 21, p. 345367, 2000.
  • EBERS, M. The formation of inter-organizational networks Oxford: Oxford Press, 1997.
  • FORD, D.; THOMAS, R. Technology strategy in networks. International Journal of Technology Management, v. 14, n.6/7/8, p. 596-612, 1997.
  • FREEMAN, C.; PEREZ, C. Structural crises of adjustment. In: DOSI, G. et al (Eds.). Technical change and economic theory. London: Pinter, 1988. p. 38-66.
  • GRANOVETTER, M. The strength of weak ties. American Journal of Sociology, v. 78, p. 1360-1380, 1973.
  • GULATI, R. Alliances and networks. Strategic Management Journal, v. 19, p.293-. 317, 1998.
  • HÅKANSSON, H.; SNEHOTA, I. No business is an island: the network concept of business strategy. Scandinavian Journal of Management, v. 5, n. 3, p. 271-274, 1989.
  • HÄMÄLÄINEN, T.J.; SCHIENSTOCK, G. The comparative advantage of networks in economic organisation: efficiency and innovation in highly specialized and uncertain environments. In: OECD. Innovative Networks. Co-operation in National Innovation Systems. Paris: OECD, 2001.
  • HUMAN, S.; PROVAN, K. An emergent theory of structure and outcomes in smallfirm strategic manufacturing network. Academy of Management Journal, v. 40, n. 2, p. 368-403, 1997.
  • KNIGHT, L.; PYE, A. Network learning: an empirically derived model of learning by groups of organizations. Human Relations, v. 58, n. 3, p. 369-392, 2005.
  • LADO, A.; BOYD, N.; HANLON, S.C. Competition, cooperation, and the search for economic rents: a syncretic model. Academy of Management Review, v. 22, n. 1, p. 110-141, 1997.
  • LOCKE, R.M. Construindo a confiança. Econômica, v. 3, n. 2, p. 253-281, dez. 2001.
  • MILAGRES, R.; RIGHI, H.M.; OLIVEIRA, V.P. As redes inter-organizacionais para inovação no sistema financeiro nacional: uma discussão a partir da literatura. Anais do XXXI Enanpad, Rio de Janeiro, 2007.
  • MOURA, G.L.; CARMO, M.; CALIA, R.C.; FAÇANHA, S L. Aprendizado em redes e processo de inovação dentro de uma empresa: o caso Mextra. RAE versão eletrônica, v. 7, n. 1, art. 5, jan./jun., 2008.
  • MOWERY, D.C.; ROSENBERG, N. Technology and the pursuit of economic growth. Cambridge: Cambridge University Press, 1989.
  • NAPOLEONI, C. Il pensiero economico del 900 Turim: Giulio Einaudi Editore, 1963.
  • NOHRIA, N. Is a network perspective a useful way of studying organizations? In: NOHRIA, N.; ECCLES, R. G. Networks and organizations: structure, form, and action. Cambridge: MA, Harvard University Press, 1992. p. 1-22.
  • NONAKA, I.; VON KROGH, G.; VOELPEL, S. Organizational knowledge creation theory: evolutionary paths and future advances. Organizations Studies, v. 27, n. 8, p. 1179-1208, 2006.
  • PERROW, C. Small-firm networks. In: NOHRIA, N.; ECCLES, R. Networks and organizations: structure, form and action. Cambridge: MA, Harvard University Press, 1992. p. 445-470.
  • PITTAWAY, L.; ROBERTSON, M.; MUNIR, K.; DENYER, D.; NEELY, A. Networking and innovation: a systematic review of the evidence. International Journal of Management Reviews, v.5, p. 137168, 2004.
  • POWELL, W. Learning from collaboration: knowledge and networks in the biotechnology and pharmaceutical industries. California Management Review, Berkeley, v. 40, p. 228-240, Spring, 1998.
  • POWELL, W. Neither market, nor hierarchy: network forms of organization. Research in organizatinal behaviour, v. 12, p. 295-336, 1990.
  • POWELL, W.W.; KOPUT, K.W.; SMITH-DOERR, L. Inter-organizational collaboration and the locus of innovation: networks of learning in biotechnology. Administrative Science Quarterly, v. 41, p. 116-145, 1996.
  • PRAHALAD, C. K.; RAMASWAMY, V. O futuro da competição: como desenvolver diferenciais inovadores em parcerias com clientes. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
  • RICHARDSON, G. B. The organization of industry. Economic Journal, v. 82, n. 327, p. 883-896, 1972.
  • ROGERS, E.M.; KINCAID, D.L. Communication networks: toward a new paradigm for research. New York: Free Press, 1981.
  • ROSENFELD, S. A. Bringing business clusters into the mainstream of economic development. European Planning Studies, v. 5, n. 1, p. 3-23, 1997.
  • ROTHWELL, R. Industrial innovation: success, strategy, trends. In: DODGSON, M.; ROTHWELL, R. (Orgs.). The handbook of industrial innovation Cheltenham: Edward Elgar, 1995. p. 33-53.
  • RUEF, M. Strong ties, weak ties and islands: structural and cultural predictors of organizational innovation. Industrial and Corporate Change, v. 11, n. 3, p. 427449, 2002.
  • SCHERER, F. O.; ZAWISLAK, P. A. trajetória de crescimento em redes de cooperação: limites-inovação-desenvolvimento. Anais do XXXI Enanpad, Rio de Janeiro, 2007.
  • SCHERMERHORN, J.R. Determinants of inter-organizational cooperation. Academy of Management Journal, v. 18, n. 4, p. 846-856, 1975.
  • SEDAI. Secretaria do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais do Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2006.
  • TEIXEIRA, F.; GUERRA, O. Redes de aprendizado em sistemas complexos de produção. Revista de Administração de Empresas, v. 42, n. 4, out./nov./dez., 2002.
  • THOMPSON, G. F. Between hierarchies and markets: the logics and limits of network forms of organization. Oxford: Oxford University Press, 2003.
  • TSAI, W. Social structure of "co-opetition" within a multiunit organization: coordination, competition, and intraorganizational knowledge sharing. Organization Science, v.13, n. 2, p. 179-190, 2002.
  • VALE, G. M.V.; WILKINSON, J.; AMANCIO, R. Empreendedorismo, inovação e redes: uma nova abordagem. RAE versão eletrônica, v. 7, n. 1, art. 7, jan./jun., 2008.
  • VERSCHOORE, J.R.; BALESTRIN, A. Fatores relevantes para o estabelecimento de redes de cooperação entre empresas do Rio Grande do Sul. RAC. Revista de Administração Contemporânea, v. 12, p. 1043-1069, 2008.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    05 Set 2014
  • Data do Fascículo
    Jun 2010

Histórico

  • Aceito
    26 Jan 2010
  • Recebido
    05 Jan 2009
Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia Av. Reitor Miguel Calmon, s/n 3o. sala 29, 41110-903 Salvador-BA Brasil, Tel.: (55 71) 3283-7344, Fax.:(55 71) 3283-7667 - Salvador - BA - Brazil
E-mail: revistaoes@ufba.br