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Tecnologias na terapia intensiva: causas dos eventos adversos e implicações para a Enfermagem

Tecnologías en terapia intensiva: causas de eventos adversos e implicaciones para la Enfermería

RESUMO

Objetivo:

identificar as causas de eventos adversos no cliente relacionados aos equipamentos presentes no cenário de terapia intensiva; indicar as principais recomendações à prática clínica para minimizar tais eventos e, então, discutir as implicações na assistência de enfermagem.

Método:

revisão integrativa, descritiva, realizada nas bases SciELO, Medline, Lilacs e Pubmed. Para seleção dos artigos, foram adotados critérios de inclusão e aplicado instrumento estruturado.

Resultados:

captou-se um total de 11 artigos, nos quais sobressaem três unidades de evidência: falha do equipamento, uso inapropriado do equipamento e falha da equipe. Recomendam-se: educação permanente dos profissionais; avaliação da produção e disponibilidade dos equipamentos; e uso de checklists.

Conclusão:

a prevenção de eventos adversos com equipamentos é uma das responsabilidades da enfermagem e, nesse sentido, é relevante a criação de barreiras defensivas para evitá-los.

Descritores:
Tecnologia Biomédica; Unidades de Terapia Intensiva; Enfermagem; Segurança do Paciente; Cuidados de Enfermagem

RESUMEN

Objetivo:

identificar las causas de eventos adversos del usuario, relacionados con los equipamientos presentes en el ámbito de terapia intensiva; indicar las principales recomendaciones a la práctica clínica para minimizarlos; y discutir consecuentemente las implicaciones en la atención de enfermería.

Método:

revisión integrativa, descriptiva, realizada en bases de datos SciELO, Medline, Lilacs y Pubmed. Artículos seleccionados por criterios de inclusión adoptados, aplicándose instrumento estructurado.

Resultados:

Se obtuvieron en total 11 artículos, sobresaliendo tres unidades de evidencia: falla de equipamientos, uso inapropiado del equipamiento y falla del grupo. Se recomendó: educación permanente de profesionales; evaluación de producción y disponibilidad de equipamientos; y uso de check-list.

Conclusión:

la prevención de eventos adversos por equipamientos es responsabilidad de la enfermería; en tal sentido, es importante la consideración de criterios para evitarlos.

Descriptores:
Tecnología Biomédica; Unidades de Cuidados Intensivos; Enfermería; Seguridad del Paciente; Atención de Enfermería

ABSTRACT

Objective:

to identify the causes of adverse events affecting clients resulting from the use of equipment in intensive care services; to point out the main recommendations for clinical practice to minimize these events and, then, discuss the implications to nursing care.

Method:

integrative and descriptive review on the SciELO, Medline, LILACS, and PubMed databases. Articles were selected based on the inclusion criteria and the structured instrument was applied.

Results:

altogether, 11 articles were selected where three evidence units were outstanding: Equipment failure; inadequate use of equipment; and team failure. Permanent education of professionals; evaluation of production and availability of equipment; and use of checklists are recommended.

Conclusion:

preventing adverse events related to equipment is one of the nursing responsibilities and requires the establishment of defensive barriers to prevent these.

Descriptors:
Biomedical Technology; Intensive Care Units; Nursing; Patient Safety; Nursing Care

INTRODUÇÃO

Os erros na assistência à saúde, em particular os relativos às tecnologias nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI), representam, na atualidade, uma preocupação no que se refere à segurança do paciente, a qual tem como objetivo reduzir a um mínimo aceitável o risco de dano associado ao cuidado de saúde. O dano, por sua vez, é entendido como o comprometimento da estrutura ou função do corpo e/ou qualquer efeito dele oriundo, incluindo-se doenças, lesão, sofrimento, morte, incapacidade ou disfunção, podendo, portanto, ser físico, social ou psicológico(11 Brasil. Ministério da Saúde; Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Assistência Segura: uma reflexão teórica aplicada à prática. Brasília: Ministério da Saúde; 2013.).

Destaca-se que quando ocorre uma circunstância que poderia resultar, ou resultou, em dano desnecessário ao paciente, esta é denominada incidente. O incidente que causa dano é definido como evento adverso (EA)(11 Brasil. Ministério da Saúde; Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Assistência Segura: uma reflexão teórica aplicada à prática. Brasília: Ministério da Saúde; 2013.). Dados do Instituto de Medicina dos Estados Unidos indicam que erros na assistência à saúde causam entre 44.000 e 98.000 mortes/ano nos hospitais americanos(22 Kohn LT, Corrigan JM, Donaldson MS. To err is human: building a safer health system. Washington (DC): Institute of Medicine; 2000.).

No Brasil, pelo fato das investigações gerarem resultados ainda circunscritos aos hospitais que servem de campo para as pesquisas, não existem dados sobre a incidência nacional de eventos adversos(33 Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Documento de referência para o Programa Nacional de Segurança do Paciente. Brasília: Ministério da Saúde; 2014.). Todavia, sabe-se que afetam, em média, 10% dos pacientes admitidos nas instituições hospitalares, o que os torna um desafio para o aprimoramento da qualidade na saúde(44 Vincent C. Patient safety: understanding and responding to adverse events. N Engl J Med. 2003; 348(11):1051-6.).

Especificamente quanto aos cenários de terapia intensiva, há consenso de que os pacientes lá hospitalizados estão mais vulneráveis a eventos adversos em razão de suas características clínicas. Tal afirmação é sustentada por um conjunto de evidências internacionais que sinaliza a prevalência destes eventos nesta clientela. Em um dos estudos, em que foram acompanhados médicos e enfermeiras de UTI pelo período de um ano, obteve-se o relato de 390 incidentes relacionados a equipamentos, medicamentos, procedimentos técnicos e administrativos, sendo o erro humano a principal causa(55 Padilha KG. Iatrogenic occurrences and the quality focus. Rev Latino-Am Enfermagem. 2001[cited 2015 Feb 07]; 9(5):91-6. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v9n5/7804.pdf Portuguese.
http://www.scielo.br/pdf/rlae/v9n5/7804....
).

A análise das características destes eventos descritos nos estudos aponta os equipamentos como importante fonte de situações que comprometem a segurança do paciente, o que tem levantado o questionamento quanto ao impacto da incorporação de tecnologias na assistência(55 Padilha KG. Iatrogenic occurrences and the quality focus. Rev Latino-Am Enfermagem. 2001[cited 2015 Feb 07]; 9(5):91-6. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v9n5/7804.pdf Portuguese.
http://www.scielo.br/pdf/rlae/v9n5/7804....
-66 Almeida ACG, Neves ALD, Souza CLB, Garcia JH, Lopes JL, Barros ALBL. Intra-hospital transport of critically ill adult patients: complications related to staff, equipment and physiological factors. Acta Paul Enferm [Internet]. 2012[cited 2015 Feb 07];25(3):471-6. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ape/v25n3/en_v25n3a24.pdf
http://www.scielo.br/pdf/ape/v25n3/en_v2...
).

Acerca deste aspecto, a produção científica revela estudos que discutem a avaliação da incorporação das tecnologias na saúde em termos de efetividade, utilidade, benefício e eficiência, com o objetivo de auxiliar gestores na decisão de inseri-las ou não nos serviços de saúde(77 Novaes HMJ, Elias FTS. [Use of health technology assessment in decision-making processes by the Brazilian Ministry of Health on the incorporation of technologies in the Brazilian Unified National Health System]. Cad Saúde Pública [Internet]. 2013[cited 2015 Feb 07];29(Supl 1):S7-16. Available from: http://www.scielo.br/pdf/csp/v29s1/a02.pdf Portuguese.
http://www.scielo.br/pdf/csp/v29s1/a02.p...
). Autores avaliam também as repercussões da incorporação de tecnologias na atuação dos profissionais, especialmente os de enfermagem, em cenários de alta complexidade(88 Schwonke CRGB, Lunardi Filho ED, Lunardi VL, Santos SSC, Barlem ELD. Perspectivas filosóficas do uso da tecnologia no cuidado de enfermagem na terapia intensiva. Rev Bras Enferm [Internet]. 2011[cited 2015 Feb 07];64(1):189-92. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reben/v64n1/v64n1a28.pdf
http://www.scielo.br/pdf/reben/v64n1/v64...
).

Neste caso, os interesses se concentram na defesa de um cuidado tecnológico na UTI, o qual demanda dos profissionais conhecimentos apropriados que subsidiem o manejo das máquinas e a interpretação das informações por elas geradas, de modo a conduzir suas ações de cuidar; já uma terceira linha preocupa-se com os desafios da integração dessas novas tecnologias de informação em benefício de um cuidado humano(99 Baggio MA, Erdmann AL, Sasso GTMD. Cuidado humano e tecnologia na enfermagem contemporânea e complexa. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2010[cited 2015 Feb 07];19(2):378-85. Available from: http://www.scielo.br/pdf/tce/v19n2/21
http://www.scielo.br/pdf/tce/v19n2/21...
).

As evidências indicam falta de clareza quando o fenômeno das tecnologias é pensado sob a ótica da segurança, particularmente quanto ao conhecimento sobre como e por que ocorrem incidentes envolvendo tecnologias. Como consequência, este tipo de erro ainda não é bem compreendido. Ademais, as definições da prevalência geral de erros relacionados à tecnologia e dos danos por eles causados continuam escassas(1010 Ward JR, Clarkson PJ. An analysis of medical device-related errors: prevalence and possible solutions. J Med Eng Technol [Internet]. 2004[cited 2015 Feb 07];28(1):2-21. Available from: http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/0309190031000123747
http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.10...
).

Apesar disso, alguns levantamentos prévios já sinalizam a magnitude da problemática envolvendo os equipamentos e denotam a necessidade de novas investigações, uma vez que revisões anteriores de incidentes críticos nos cuidados intensivos identificaram problemas com equipamentos como uma importante causa de danos reais ou potenciais aos pacientes(1111 Valentin A, Capuzzo M, Guidet B, Moreno RP, Dolanski L, Bauer P, et al. Patient safety in intensive care: results from the multinational Sentinel Events Evaluation (SEE) study. Intens Care Med [Internet]. 2006[cited 2015 Feb 07];32(10):1591-8. Available from: http://link.springer.com/article/10.1007%2Fs00134-006-0290-7
http://link.springer.com/article/10.1007...
). Em relatório publicado no ano de 2002, a Food and Drug Administration (FDA) estimou que os erros associados à tecnologia respondem por centenas e até milhares de mortes por ano(1212 Mattox E. Medical devices and patient safety. Crit Care Nurse [Internet]. 2012[cited 2015 Feb 07];32(4):60-8. Available from: http://ccn.aacnjournals.org/content/32/4/60.long
http://ccn.aacnjournals.org/content/32/4...
).

A preocupação com o uso seguro dos equipamentos é ratificada nacionalmente no Programa de Segurança do Paciente (PNSP), constituindo-se em uma de suas metas(33 Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Documento de referência para o Programa Nacional de Segurança do Paciente. Brasília: Ministério da Saúde; 2014.). Os eixos do programa(33 Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Documento de referência para o Programa Nacional de Segurança do Paciente. Brasília: Ministério da Saúde; 2014.) incentivam o desenvolvimento de estudos que subsidiem a elaboração do protocolo relativo à aplicação das tecnologias, contribuam na sensibilização para discussão desta questão no campo da formação, bem como no entendimento de como ocorre este tipo de evento adverso.

Diante do exposto, objetivou-se identificar as causas de eventos adversos no cliente relacionados aos equipamentos presentes no cenário de terapia intensiva; indicar as principais recomendações à prática clínica para minimizar tais eventos e, então, discutir as implicações na assistência de enfermagem.

MÉTODO

Revisão integrativa, de caráter descritivo, fase um de uma pesquisa de campo em desenvolvimento, com vistas a melhor orientar a produção dos dados e as intervenções que se revelaram necessárias após a pesquisa(1313 Souza MT, Silva MD, Carvalho R. Revisão integrativa: o que é e como fazer. Einstein [Internet]. 2010[cited 2015 Feb 07];8(1Pt1):102-6. Available from: http://www.scielo.br/pdf/eins/v8n1/pt_1679-4508-eins-8-1-0102.pdf
http://www.scielo.br/pdf/eins/v8n1/pt_16...
). Para guiar a revisão foram formuladas as seguintes questões norteadoras: Como se caracterizam na literatura científica as causas de eventos adversos relacionados aos equipamentos no cenário da terapia intensiva? Quais recomendações à prática clínica tais publicações trazem para minimizar esses eventos adversos?

A captação dos artigos foi feita inicialmente na Biblioteca Virtual de Saúde e, após, optou-se por acessar as bases de dados: Scientific Eletronic Library Online (SciELO), Medical Literature Analyse and Retrieval Sistem on-line (Medline) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs). Num segundo momento, aprofundou-se a busca pelo acesso direto à National Library of Medicine (Pubmed). O acesso foi on-line, entre os meses de setembro de 2013 e março de 2014, utilizando-se os descritores: unidade de terapia intensiva, cuidados intensivos, cuidado crítico, segurança do paciente, doença iatrogênica, falha de equipamento, segurança de equipamentos, tecnologia biomédica, associados entre si com o emprego do operador AND.

Constituíram critérios de inclusão previamente definidos para a seleção dos artigos: publicações em português, inglês e espanhol, com texto completo e disponível nas bases de dados selecionadas no período compreendido entre 2004-2013,circunscritas à área de terapia intensiva, que permitissem responder à questão de pesquisa e, posteriormente, estabelecer nexos com a atuação do enfermeiro; e estudos apoiados em metodologias que trouxessem evidências fortes para a compreensão da problemática desta pesquisa, conforme padronização adotada pela Agency for Health care Research and Quality dos Estados Unidos. No processo de seleção deu-se prioridade aos artigos classificados nos níveis 1 a 4:nível 1, metanálise de múltiplos estudos controlados; nível 2, estudo com desenho experimental; nível 3, estudo com desenho quase experimental como pesquisa sem randomização com grupo único pré e pós-teste, séries temporais ou casos-controle; nível 4, estudo com desenho não experimental como pesquisa descritiva correlacional e qualitativa ou estudos de caso(1414 Galvão CM, Sawada NO, Mendes IAC. A busca das melhores evidências. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2003[cited 2015 Feb 07];37(4):43-50. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v37n4/05.pdf
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v37n4/05...
).

Após análise prévia da observância aos critérios de inclusão, e considerando a leitura exploratória (título e resumo), obteve-se um quantitativo inicial de 21 artigos, os quais foram submetidos, num segundo momento, à avaliação por meio de instrumento elaborado com o objetivo de analisar em que medida o manuscrito poderia contribuir para a compreensão da problemática em questão.

Este instrumento abarcava as características gerais do estudo, delineamento metodológico, recomendações e nível de evidência, sendo que o processo de avaliação passou por dois juízes independentes, pesquisadores de um grupo cuja vivência no estudo da problemática justifica suas escolhas. As discordâncias entre os avaliadores foram decididas em conjunto, o que gerou uma amostra final de 11artigos, oito em inglês e três em português.

Com base nas informações coletadas por meio do instrumento, construiu-se um quadro sinóptico, de modo a possibilitar a análise dos artigos e posterior apreensão das evidências. A análise baseou-se no conteúdo destas bibliografias e na confluência de temas que se organizaram subsequentemente.

RESULTADOS

A caracterização dos estudos incluídos na revisão indica que a produção acerca da temática distribuiu-se da seguinte forma: quanto ao ano de publicação, metade era de 2004 a 2008 e a outra parcela de 2009 a 2013; em relação à origem dessas produções, concentram-se nos EUA (36%), Brasil (27%) e Austrália (18%); no delineamento metodológico verificou-se que todas as pesquisas eram de natureza quantitativa, não experimentais.

A análise do conteúdo destes estudos apresentados no quadro 1deu origem a três unidades que retratam as evidências alcançadas, com base nas quais se delimitam as respectivas recomendações propostas. São elas: falha do equipamento, uso inapropriado e falhas da equipe.

Quadro 1
Síntese dos estudos incluídos na revisão

DISCUSSÃO

Conforme se evidencia na análise dos resultados, a ocorrência de eventos adversos relacionados aos equipamentos na UTI guarda nexos com três tipos de causas: uso inapropriado do equipamento, presente quando o profissional o maneja de modo errado; falha do equipamento, relacionada a problemas de fabricação que repercutem no seu funcionamento ou na sua adequada utilização; e falha da equipe, que envolve comportamento de violação de práticas padronizadas para a correta utilização dos equipamentos pelos profissionais.

Cabe salientar que, na atualidade, a análise dos erros no cuidado em saúde apoia-se em uma perspectiva sistêmica, segundo a qual os seres humanos são reconhecidos como falíveis. Com base nessa premissa, entende-se que a garantia da segurança perpassa a criação de sistemas que se antecipem a estes erros, identificando-os antes que causem danos aos pacientes. Logo, o foco não reside em culpar o indivíduo, mas em analisar as condições subjacentes ou latentes que tornaram o erro possível(1515 Nascimento NB, Travassos CMR. O erro médico e a violação às normas e prescrições em saúde: uma discussão teórica na área de segurança do paciente. Physis [Internet]. 2010[cited 2015 Feb 07];20(2):625-51. Available from: http://proqualis.net/artigo/o-erro-m%C3%A9dico-e-viola%C3%A7%C3%A3o-%C3%A0s-normas-e-prescri%C3%A7%C3%B5es-em-sa%C3%BAde-uma-discuss%C3%A3o-te%C3%B3rica-na-%C3%A1rea-de
http://proqualis.net/artigo/o-erro-m%C3%...
). Na presente proposta, reconhece-se tal perspectiva como eixo norteador da discussão dos resultados.

Uso inapropriado do equipamento

Encontrar evidências de que o uso inapropriado do equipamento implica a ocorrência de eventos adversos ao cliente hospitalizado em setores de terapia intensiva destaca a influência do fator humano e ratifica os achados de outras investigações que discutem o emprego dos equipamentos no campo da segurança do paciente(1212 Mattox E. Medical devices and patient safety. Crit Care Nurse [Internet]. 2012[cited 2015 Feb 07];32(4):60-8. Available from: http://ccn.aacnjournals.org/content/32/4/60.long
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,1616 Marín LPA, López CS, Herrera ALF. Incidencia de eventos adversos asociados a dispositivos médicos en una institución de salud en Colombia. Rev Ing Bioméd. 2010; 4(8):71-84.).

Em pesquisa retrospectiva de eventos adversos associados a dispositivos médicos, entre esses os equipamentos, ocorridos no primeiro semestre de 2010 em um serviço de cirurgia colombiano, foram identificados 29 eventos adversos: dois classificados como leves, 17 como moderados, quatro sérios e seis potenciais. As causas de 21 deles foram analisadas, concluindo-se que os eventos adversos potenciais eram preveníveis em sua totalidade, enquanto os demais também poderiam ser evitados em grande parte das situações. Assim, considerou-se o uso incorreto dos dispositivos e dos equipamentos a principal causa dos eventos adversos(1616 Marín LPA, López CS, Herrera ALF. Incidencia de eventos adversos asociados a dispositivos médicos en una institución de salud en Colombia. Rev Ing Bioméd. 2010; 4(8):71-84.).

Sensibilizar enfermeiros sobre o manuseio inapropriado de equipamentos em cuidados intensivos foi o objetivo de uma pesquisa de revisão da literatura que identificou, como a tipologia mais comum nestas unidades, o que se denomina 'erro de uso' de um equipamento, cuja origem pode estar relacionada ao desenho inadequado do aparelho(1212 Mattox E. Medical devices and patient safety. Crit Care Nurse [Internet]. 2012[cited 2015 Feb 07];32(4):60-8. Available from: http://ccn.aacnjournals.org/content/32/4/60.long
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).

Exemplos destas situações são as bombas de infusão, vinculadas, na literatura, a aproximadamente 30% e 60% de todos os erros prejudiciais com a medicação intravenosa por elas infundida. Muitos destes erros ocorrem durante o momento de programação de bombas infusoras, especialmente no ajuste da velocidade de infusão, o que pode ocasionar a administração de medicação em excesso e até mesmo overdose(1212 Mattox E. Medical devices and patient safety. Crit Care Nurse [Internet]. 2012[cited 2015 Feb 07];32(4):60-8. Available from: http://ccn.aacnjournals.org/content/32/4/60.long
http://ccn.aacnjournals.org/content/32/4...
).

Esta afirmativa corrobora os dados dos estudos incluídos na presente revisão, os quais detectaram discrepâncias entre a programação das bombas e as prescrições de medicações para infusões. Portanto, no momento de utilizá-las para administração de medicamentos ocorrem muitos erros, principalmente no caso de novas tecnologias, o que requer maior atenção dos profissionais.

Estudo que realizou revisão conceitual dos erros no campo da saúde, com foco naqueles relacionados à medicação, considerou o momento do manejo das bombas infusoras para administração de medicamentos uma das etapas com maior chance de ocorrerem falhas e danos sérios aos pacientes. Tais situações, segundo o estudo, podem ocorrer quando o profissional não está familiarizado com o funcionamento deste equipamento, por não haver um técnico de engenharia que auxilie no manejo da bomba ou em virtude dos manuais dos equipamentos não disponibilizar em informações completas que ajudem na resolução de problemas oriundos de situações reais(1717 Rosa MB, Perini E. Erros de medicação: quem foi? Rev Assoc Med Bras. 2003; 49(3):335-41.).

Neste contexto, alerta-se para a necessidade da evidência do uso inapropriado do equipamento ser pensada sob a perspectiva das condições latentes que podem favorecer o seu manejo inadequado, por exemplo, capacitação, experiência, problemas nos equipamentos, fadiga e falta de atenção. A relevância dessas condições para a segurança do paciente encontra-se relatada na literatura internacional(1818 Johnson AL, Jun L, SongY, Brown KC, Weaver MT, Richards KC. Sleep deprivation and error in nurses who work the night shift. J Nurs Adm [Internet]. 2014[cited 2015 Feb 07];44(1):17-22. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24316614
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24316...
-1919 Morrison AL, Beckmann U, Durie M, Carless R, Gillies DM. The effects of nursing staff inexperience (NSI) on the occurrence of adverse patient experiences in ICUs. Aust Crit Care [Internet]. 2001[cited 2015 Feb 07];14(3):116-21. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11899636
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).

Em estudo que objetivou investigar a relação entre privação do sono e ocorrência de erros entre 289 enfermeiras que trabalham no hospital, no turno da noite, encontrou-se que mais da metade delas tinha privação do sono, justamente as que cometiam mais erros no cuidado ao paciente. O resultado revela a necessidade de intervenções que melhorem tanto a qualidade como a quantidade do sono de enfermeiros que trabalham no período noturno, com vistas à redução dos erros(1818 Johnson AL, Jun L, SongY, Brown KC, Weaver MT, Richards KC. Sleep deprivation and error in nurses who work the night shift. J Nurs Adm [Internet]. 2014[cited 2015 Feb 07];44(1):17-22. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24316614
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24316...
).

Pesquisa que avaliou a associação entre a inexperiência da equipe de enfermagem e a ocorrência de eventos adversos em ambiente de cuidados intensivos identificou 1472 incidentes relativos a medicações, vias aéreas, equipamentos e procedimentos, os quais evidenciavam o efeito negativo da inexperiência sobre a qualidade da assistência(1919 Morrison AL, Beckmann U, Durie M, Carless R, Gillies DM. The effects of nursing staff inexperience (NSI) on the occurrence of adverse patient experiences in ICUs. Aust Crit Care [Internet]. 2001[cited 2015 Feb 07];14(3):116-21. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11899636
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11899...
). Esses resultados são ratificados por revisão nacional sobre os eventos adversos na assistência de enfermagem em pacientes adultos hospitalizados, grande parte relacionada a: administração de medicamentos, vigilância do paciente, integridade cutânea e equipamentos (recursos materiais). Como causas para tais situações o estudo aponta, por exemplo, sobrecarga de trabalho, dimensionamento de pessoal, falta de conhecimento, inexperiência profissional e supervisão inadequada(2020 Duarte SCM, Stipp MAC, Silva MM, Oliveira FT. Adverse events and safety in nursing care. Rev Bras Enferm [Internet]. 2015[cited 2015 Feb 07];68(1):144-54. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reben/v68n1/en_0034-7167-reben-68-01-0144.pdf
http://www.scielo.br/pdf/reben/v68n1/en_...
).

Assim, diante da evidência do uso inapropriado do equipamento, ganham relevância as diferentes iniciativas voltadas à redução de erros desta natureza, as quais ressaltam o papel da educação permanente dos membros da equipe, visando ao seu aprofundamento teórico-prático e científico. No caso da França, os hospitais verificam os equipamentos no momento da entrega e adotam as configurações recomendadas pelo fabricante(2121 Beydon L, Ledenmat PY, Soltner C, Lebreton F, Hardin V, Benhamou D, et al. Adverse events with medical devices in anesthesia and intensive care unit patients recorded in the French safety database in 2005-2006. Anesthesiology [Internet]. 2010[cited 2015 Feb 07];112(2):364-72. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20098139
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20098...
).

Os profissionais da saúde que planejam usar um novo aparelho devem, primeiramente, receber treinamento específico de engenheiros e de representantes comerciais do fabricante. Todavia, na prática, esse treinamento tem escopo e duração limitados e raramente é disponibilizado a todos os usuários. Além disso, no Brasil, a capacitação recebida no momento de introdução do novo equipamento não é repetida para profissionais recém-contratados. Já a Alemanha, por exemplo, possui regras mais rígidas, que estendem a capacitação formal a todos os usuários(2121 Beydon L, Ledenmat PY, Soltner C, Lebreton F, Hardin V, Benhamou D, et al. Adverse events with medical devices in anesthesia and intensive care unit patients recorded in the French safety database in 2005-2006. Anesthesiology [Internet]. 2010[cited 2015 Feb 07];112(2):364-72. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20098139
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20098...
).

Nesse sentido, as experiências de outros países conduzem à reflexão de que, no caso da equipe de enfermagem, a gerência da UTI precisa implementar estratégias para a capacitação formal de todos os membros da equipe. As ações devem envolver a equipe de tecnovigilância, que deve receber qualificação dos fabricantes, de modo a capacitar as equipes atuantes e recém-contratadas, esclarecer dúvidas, promover cursos de atualização, acesso às melhores evidências científicas, além de se responsabilizar pela análise dos equipamentos a serem adquiridos após fóruns de discussão com estes usuários(2121 Beydon L, Ledenmat PY, Soltner C, Lebreton F, Hardin V, Benhamou D, et al. Adverse events with medical devices in anesthesia and intensive care unit patients recorded in the French safety database in 2005-2006. Anesthesiology [Internet]. 2010[cited 2015 Feb 07];112(2):364-72. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20098139
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20098...
).

Outras barreiras a serem pensadas pelos gerentes abrangem a aplicação de listas de verificações de itens, materiais e tarefas para avaliação periódica dos equipamentos, no intuito de evitar esquecimentos, falhas, faltas, padronizar os procedimentos e direcionar o trabalho; considerar competências para o exercício da função em terapia intensiva, valorizando o tempo de atuação e a experiência. Deve-se, ainda, proceder à elaboração de relatórios sobre as tecnologias disponibilizadas(2121 Beydon L, Ledenmat PY, Soltner C, Lebreton F, Hardin V, Benhamou D, et al. Adverse events with medical devices in anesthesia and intensive care unit patients recorded in the French safety database in 2005-2006. Anesthesiology [Internet]. 2010[cited 2015 Feb 07];112(2):364-72. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20098139
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20098...
).

Falha do equipamento

Representa uma das evidências desta pesquisa sobre os fatores geradores de eventos adversos. Verificou-se, nos estudos analisados, que um dos momentos de grande risco de dano ao paciente diz respeito ao seu transporte, pois as baterias de monitores portáteis, ventiladores, bombas de infusão falham mesmo quando, embora desconectados, estejam completamente carregadas. Este problema de falhas de equipamentos foi também observado em outra revisão de literatura na linha do transporte do paciente, a qual se propôs a identificar as complicações apresentadas pelos pacientes críticos durante o transporte intra-hospitalar. Destacaram-se, como eventos adversos observados, o problema da equipe multidisciplinar de transporte e a falha nos equipamentos(66 Almeida ACG, Neves ALD, Souza CLB, Garcia JH, Lopes JL, Barros ALBL. Intra-hospital transport of critically ill adult patients: complications related to staff, equipment and physiological factors. Acta Paul Enferm [Internet]. 2012[cited 2015 Feb 07];25(3):471-6. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ape/v25n3/en_v25n3a24.pdf
http://www.scielo.br/pdf/ape/v25n3/en_v2...
).

As falhas dos equipamentos foram categorizadas, segundo a modalidade de aparelho, como: de ventilação (desconexão do sistema, cilindros vazios e bolsas com selamento inadequado); de infusão (término da bateria e do medicamento); de monitorização (mau funcionamento, término da bateria, interferência e mau funcionamento da linha arterial)(66 Almeida ACG, Neves ALD, Souza CLB, Garcia JH, Lopes JL, Barros ALBL. Intra-hospital transport of critically ill adult patients: complications related to staff, equipment and physiological factors. Acta Paul Enferm [Internet]. 2012[cited 2015 Feb 07];25(3):471-6. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ape/v25n3/en_v25n3a24.pdf
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).

Este aspecto (falha dos equipamentos) foi identificado também em outro estudo que categorizou os erros relacionados aos equipamentos, particularmente os de fabricação, que acontecem durante o desenho ou a produção de um equipamento médico, ou que se expressam durante a utilização pelo mau funcionamento. Assim, erros de fabricação envolvem equipamentos construídos fora das especificações e os erros conceituais, isto é, equipamentos com especificações inadequadas às condições ou ao ambiente de seu uso(1212 Mattox E. Medical devices and patient safety. Crit Care Nurse [Internet]. 2012[cited 2015 Feb 07];32(4):60-8. Available from: http://ccn.aacnjournals.org/content/32/4/60.long
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).

Neste estudo referenciado, os erros de fabricação mostraram-se associados ao desenho físico e espaçamento dos botões; tamanho, forma e agrupamento dos botões, grau de intuitividade do desenho do aparelho; reversão ao modo padrão sem aviso; superlotação da interface gráfica, grau de transparência das operações, entre outros(1212 Mattox E. Medical devices and patient safety. Crit Care Nurse [Internet]. 2012[cited 2015 Feb 07];32(4):60-8. Available from: http://ccn.aacnjournals.org/content/32/4/60.long
http://ccn.aacnjournals.org/content/32/4...
).

Nas pesquisas selecionadas para análise no presente estudo, o defeito e o mau funcionamento dos equipamentos estiveram associados a danos causados para os pacientes, inclusive aqueles classificados como mais do que temporários(2222 Thomas AN, Galvin I. Patient safety incidents associated with equipment in critical care: a review of reports to the UK National Patient Safety Agency. Anaesthesia [Internet]. 2008[cited 2015 Feb 07];63(11):1193-7. Available from: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1365-2044.2008.05607.x/epdf
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). O fato tem levantado o questionamento sobre a avaliação dos efeitos das tecnologias. Ao determinarem as percepções dos enfermeiros de cuidados críticos de um hospital na Grécia sobre os efeitos positivos e negativos do uso dos equipamentos, pesquisadores mostraram que os efeitos positivos estavam ligados à prática clínica, enquanto os negativos atrelados ao risco de falhas mecânicas, erros humanos e elevação do estresse(2323 Haghenbeck KT. Critical care nurses' experiences when technology malfunctions. J N Y State Nurses Assoc [Internet]. 2005[cited 2015 Feb 07];36(1):13-9. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16358548
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16358...
). As experiências de enfermeiros quando os equipamentos apresentam mau funcionamento são descritas com sentimentos de surpresa, choque, questionamento de sua competência e comprometimento da credibilidade e imagem profissional(2424 Kiekkas P, Karga M, Poulopoulou M, Karpouhtsi I, Papadoulas V, Koutsojannis C. Use of technological equipment in critical care units: nurses' perceptions in Greece. J Clin Nurs [Internet]. 2006[cited 2015 Feb 07];15(2):178-87. Available from: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1365-2702.2006.01243.x/abstract
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.11...
).

Vale destacar que o desenho do equipamento é apontado como condição que contribui para o uso inapropriado (1212 Mattox E. Medical devices and patient safety. Crit Care Nurse [Internet]. 2012[cited 2015 Feb 07];32(4):60-8. Available from: http://ccn.aacnjournals.org/content/32/4/60.long
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). Isto porque muitos destes equipamentos possuem interfaces duvidosas e mal desenhadas com o usuário, o que se considera um problema relacionado à engenharia dos fatores humanos, área que se preocupa com a interface entre homem, máquina e espaço de trabalho, no intento de desenhar sistemas, aparelhos e ambientes que minimizem o risco de erros(2525 Hyman WA. Human factors: should your medical devices require intensive care? Crit Care Nurs Clin North Am [Internet]. 2010[cited 2015 Feb 07];22(2):233-41. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20541072
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20541...
).

A engenharia de fatores humanos impacta diversas ordens no cuidado em saúde. Um dos aspectos que pode retratar tal influência diz respeito às múltiplas conexões de cabos e fios dos equipamentos dispostos ao redor do leito do cliente, os quais possuem cores e formatos semelhantes que permitem conectá-los a diversos equipamentos, distintos daquele para o qual foram projetados. Consequentemente, há grande risco de proceder a uma conexão inadvertida, por exemplo, conectar o cabo de um eletrocardiograma em uma bomba infusora e produzir um choque fatal(2626 Wachter RM. Compreendendo a segurança do paciente. 2. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.).

A engenharia de fatores humanos é, portanto, uma ciência aplicada que busca compreender as múltiplas e complexas variáveis que afetam os usuários das tecnologias, a exemplo das características ambientais, funcionais e individuais(1212 Mattox E. Medical devices and patient safety. Crit Care Nurse [Internet]. 2012[cited 2015 Feb 07];32(4):60-8. Available from: http://ccn.aacnjournals.org/content/32/4/60.long
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). No processo de avaliação crítica das tecnologias, busca-se um panorama das diversas variáveis de risco implicadas, por meio do levantamento de questões do tipo: Os botões são fáceis de apertar? Os botões são sentidos quando o usuário está usando luvas? Qual é o tipo de som do alarme? As configurações são visualizadas em uma sala escura? As baterias são apropriadas para o uso pretendido(1212 Mattox E. Medical devices and patient safety. Crit Care Nurse [Internet]. 2012[cited 2015 Feb 07];32(4):60-8. Available from: http://ccn.aacnjournals.org/content/32/4/60.long
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)?

Nesta lógica, tal análise pode trazer tanto avanços no desenho dos equipamentos, que abrangem a melhoria na sua confiabilidade e interface com a equipe no monitoramento dos pacientes, quanto na identificação de problemas inesperados. Logo, quando há o desenho malfeito do equipamento, existe risco que seja utilizado de modo inapropriado, sobretudo quando o desenho não integra a interação que os usuários fazem da interface do equipamento(1212 Mattox E. Medical devices and patient safety. Crit Care Nurse [Internet]. 2012[cited 2015 Feb 07];32(4):60-8. Available from: http://ccn.aacnjournals.org/content/32/4/60.long
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).

Esses dados reportam à necessidade dos profissionais conhecerem os princípios de engenharia de fatores humanos e as características dos usuários e dos ambientes que podem resultar em risco para a segurança dos pacientes(1212 Mattox E. Medical devices and patient safety. Crit Care Nurse [Internet]. 2012[cited 2015 Feb 07];32(4):60-8. Available from: http://ccn.aacnjournals.org/content/32/4/60.long
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). Por outro lado, é preciso disponibilizar uma estrutura nas unidades para reduzir os danos aos pacientes que inclua tanto assistência e manutenção técnica quanto a verificação dos equipamentos antes do uso e durante a transferência entre os turnos.

Diante do risco de falhas dos equipamentos cabe à equipe de enfermagem, atuante em UTI, realizar avaliação e/ou participar do processo de criação destes aparelhos em conjunto com os designers de tecnologia; realizar treinamento intensivo para compreensão do funcionamento dos equipamentos; executar revisões periódicas dos aparelhos, durante checagens, ao utilizá-los no processo de trabalho, por meio da aplicação de instrumentos estruturados; participar do processo de aquisição dos equipamentos, avaliando suas características em relação à prática clínica assistencial; atuar em parceria com uma equipe de suporte técnico, de forma que qualquer equipamento com suspeita de falha ou defeito possa ser encaminhado para avaliação, com feedback ao fabricante; elaborar um plano de ação para lidar com as situações de falhas dos equipamentos(1212 Mattox E. Medical devices and patient safety. Crit Care Nurse [Internet]. 2012[cited 2015 Feb 07];32(4):60-8. Available from: http://ccn.aacnjournals.org/content/32/4/60.long
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).

Falhas da equipe

Quando a equipe viola procedimentos padronizados para utilização dos equipamentos no cuidado em saúde, principalmente quanto à sua verificação e resposta aos alarmes, favorece a ocorrência dos incidentes e seus potenciais danos. Nesse sentido, as falhas da equipe conformam-se numa evidência quanto às causas dos eventos adversos com equipamentos. Tais violações vêm sendo apontadas nos estudos como responsáveis por incidentes na UTI, em particular entre anestesistas, os quais, por não verificarem o equipamento antes da anestesia e o desligamento dos alarmes, têm alcançado índices próximos à falta de conhecimento e experiência(2121 Beydon L, Ledenmat PY, Soltner C, Lebreton F, Hardin V, Benhamou D, et al. Adverse events with medical devices in anesthesia and intensive care unit patients recorded in the French safety database in 2005-2006. Anesthesiology [Internet]. 2010[cited 2015 Feb 07];112(2):364-72. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20098139
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).

A postura da equipe evidenciada nos estudos é a de desligamento e resposta atrasada aos alarmes, o que se configura um ponto crítico e explica o fato dos monitores de pacientes e alarmes figuraram, em 2010, na lista dos dez maiores riscos envolvendo tecnologias(2727 Top 10 technology hazards: high-priority risks and what to do about them. Health Devices 2009; 38(11):364-73.). Alertas têm sido emitidos para os eventos em que os alarmes são desligados e um incidente cardíaco não é detectado, ou quando um monitor central não aciona alarme diante de uma parada cardíaca, ou, ainda, em situações nas quais o alarme, ao lado do leito, foi ajustado no volume mínimo e, portanto, não é ouvido(1212 Mattox E. Medical devices and patient safety. Crit Care Nurse [Internet]. 2012[cited 2015 Feb 07];32(4):60-8. Available from: http://ccn.aacnjournals.org/content/32/4/60.long
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).

Exemplo de situações envolvendo alarmes foi relatada por pesquisadores que mensuraram o tempo estímulo-resposta da equipe de saúde de uma unidade coronariana aos alarmes de monitores multiparamétricos. Mais de 60% dos alarmes foram considerados fatigados (com tempo de resposta superior a 10 minutos) e menos de 20% atendidos em até 5 minutos. O disparo inadvertido de alarmes sem significância clínica afeta os profissionais e conduz ao comportamento de violação. Este fenômeno é denominado fadiga de alarmes, presente na vigência de um grande número de alertas sonoros, os quais produzem sobrecarga sensorial e dessensibilizam a equipe para urgência deste sinal e terminam por encobrir os alarmes clinicamente relevantes por meio de condutas como ignorar, silenciar e desabilitar(2828 Bridi AC, Silva RCL, Farias CCP, Franco AS, Santos VLQ. Tempo estímulo-resposta da equipe de saúde aos alarmes de monitorização na terapia intensiva: implicações para a segurança do paciente grave. Rev Bras Ter Intensiva [Internet]. 2014[cited 2015 Feb 07];26(1):28-35. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rbti/v26n1/0103-507X-rbti-26-01-0028.pdf
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).

No caso da não verificação dos equipamentos, alguns aspectos integram esta falha da equipe, como o excesso de confiança nas tecnologias e a comunicação entre os seus membros para planejar meios de conferir maior autonomia às baterias, especialmente durante o transporte dos pacientes. Os dados indicam problemas de comunicação que interferem no adequado funcionamento dos aparelhos, como falta de comunicação prévia sobre o horário de testes de geradores, de forma que cuidados sejam tomados para evitar o posterior mau funcionamento do aparelho(2222 Thomas AN, Galvin I. Patient safety incidents associated with equipment in critical care: a review of reports to the UK National Patient Safety Agency. Anaesthesia [Internet]. 2008[cited 2015 Feb 07];63(11):1193-7. Available from: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1365-2044.2008.05607.x/epdf
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).

Quando se contrasta este resultado da falha da equipe relacionada à utilização dos equipamentos com outras esferas da segurança em terapia intensiva observam-se semelhanças. Em estudo de coorte realizado durante 18 meses em um Centro de Terapia Intensiva, a falha na comunicação entre os profissionais de saúde implicou eventos adversos, elevando a taxa de mortalidade no setor(2929 Teixeira C, Teixeira TML, Brodt SFM, Oliveira RP, Dexheimer Neto FL, Roehrig C, et al. Appropriate medical professionals communication reduces intensive care unit mortality. Rev Bras Ter Intensiva [Internet]. 2010[cited 2015 Feb 07];22(2):112-7. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rbti/v22n2/en_a03v22n2.pdf
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). Internacionalmente, estima-se que erros na UTI decorram de falhas na comunicação(3030 Abraham J, Kannampallil T, Patel B, Almoosa K, Patel VL. Ensuring patient safety in care transitions: an empirical evaluation of a Handoff Intervention Tool. AMIA Annu Symp Proc [Internet]. 2012[cited 2015 Feb 07];2012:17-26. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3540511/pdf/amia_2012_symp_0017.pdf
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).

O excesso de confiança na tecnologia pode originar incidentes em virtude do acompanhamento inadequado dos equipamentos. Com base na experiência de pilotos de avião, em que operadores experientes, altamente confiáveis, podem apresentar elevados níveis de confiança na automação, estudo investigou a atuação de enfermeiros de UTI e observou potencial para que esses profissionais apresentem posturas complacentes com riscos reais de danos aos pacientes em decorrência deste excesso de confiança(3131 Browne M, Cook P. Inappropriate trust in technology: implications for critical care nurses. Nurs Crit Care [Internet]. 2011[cited 2015 Feb 07];16(2):92-8. Available from: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1478-5153.2010.00407.x/abstract
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).

Quando se tratam de violações, deve-se levar em consideração o contexto social, a fim de compreender os fatores/motivações que as originaram. A busca pelas causas requer ainda atenção à cultura organizacional e à atitude dos envolvidos, conduzindo a um repensar as estratégias de mudança, uma vez que mesmo com os treinamentos técnicos os erros permanecem, e as habilidades não técnicas dificilmente fazem parte do treinamento(3232 Guarischi A. A estratégia de prevenção de risco em medicina...só assim erraremos menos. In: Souza PCP, Knibel MF, editores. Gestão, qualidade e segurança em UTI. São Paulo: Atheneu; 2013. p.231-53.).

Uma dessas mudanças envolve entender o sistema de saúde como sendo complexo, assim como o de aviação. Muitos acidentes aéreos decorreram de falhas da equipe relacionadas a comunicação, violações e ausência de rotinas-padrão. Análise deste tipo de acidente nos EUA, de 1970 a 1974, mostrou a relevância do fator humano: nos acidentes fatais atribuídos a erros do piloto, em 264 deles houve erro de procedimento e 2.940 relacionaram-se à tomada de decisão(3232 Guarischi A. A estratégia de prevenção de risco em medicina...só assim erraremos menos. In: Souza PCP, Knibel MF, editores. Gestão, qualidade e segurança em UTI. São Paulo: Atheneu; 2013. p.231-53.).

A compreensão das causas dos acidentes aeronáuticos levou a aviação a elaborar o CRM (Company Resource Management- Gerenciamento dos Recursos da Companhia), a ser aplicado no treinamento das tripulações para reduzir erros em todos os elos da cadeia produtiva. O objetivo é conhecer o que, por que e como o acidente ocorreu, com fins educacionais e não de punição(3232 Guarischi A. A estratégia de prevenção de risco em medicina...só assim erraremos menos. In: Souza PCP, Knibel MF, editores. Gestão, qualidade e segurança em UTI. São Paulo: Atheneu; 2013. p.231-53.). O CRM representa, portanto, um conjunto de ferramentas aplicadas para lidar com o erro, buscando-se entender a influência de diversos fatores profissionais, organizacionais e culturais(3232 Guarischi A. A estratégia de prevenção de risco em medicina...só assim erraremos menos. In: Souza PCP, Knibel MF, editores. Gestão, qualidade e segurança em UTI. São Paulo: Atheneu; 2013. p.231-53.).

Portanto, de maneira semelhante à aviação, torna-se primordial pensar no gerenciamento da equipe de enfermagem na UTI, a fim de melhorar os resultados. O gerenciamento buscará aperfeiçoar aspectos como comunicação, proficiência técnica, tomada de decisão, relacionamento interpessoal, consciência situacional, visando minimizar os eventos adversos, em particular os que concernem às tecnologias. Para tanto, a participação ativa dos profissionais em uma gestão compartilhada contribui para a cultura de segurança do paciente(3333 Oliveira RM, Leitão IMTA, Silva LMS, Figueiredo SV, Sampaio RL, Gondim MM. Strategies for promoting patient safety: from the identification of the risks to the evidence-based practices. Esc Anna Nery Rev Enferm [Internet]. 2014[cited 2015 Feb 07];18(1):122-9. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ean/v18n1/en_1414-8145-ean-18-01-0122.pdf
http://www.scielo.br/pdf/ean/v18n1/en_14...
).

De todo o exposto, ressalta-se, diante do constante desenvolvimento de inovações tecnológicas e de sua complexidade, a necessidade de estabelecer barreiras defensivas que favoreçam a segurança do sistema e evitem que condições latentes se tornem ativas, produzindo o erro por aqueles que se encontram no atendimento direto ao paciente. No âmbito desta pesquisa, esse compromisso perpassa a aplicação das evidências encontradas na prática clínica.

Propõe-se a elaboração de um instrumento de verificação diária dos equipamentos, de forma que checagens sejam realizadas ao longo do processo de trabalho pelos enfermeiros responsáveis pela programação das bombas infusoras e monitores, no intuito de reduzir as falhas no registro dos parâmetros e esquecimentos, bem como com o propósito de avaliar o adequado funcionamento dos equipamentos. Salienta-se a limitação deste estudo pelo fato de, na caracterização da hierarquia das evidências, o corpus ter se concentrado no nível 4, o que restringe o poder de afirmação em razão da qualidade das evidências. Além disso, a restrição do número de artigos captados limitou a abrangência da análise.

CONCLUSÃO

A análise de 11 estudos incluídos nesta pesquisa possibilitou organizar três unidades de evidência que retratam as causas dos eventos adversos relacionados aos equipamentos: uso inapropriado do equipamento, falha do equipamento e falha da equipe.

Recomendações como educação permanente e aperfeiçoamento dos profissionais, avaliação da produção e disponibilização dos equipamentos, padronização das ações e uso de instrumentos como checklists são relatadas nos estudos como medidas para minimizar a ocorrência de eventos adversos.

Os resultados sinalizam que as discussões em torno da segurança do cliente abarcam, também, a reflexão sobre o impacto da incorporação de tecnologias em ambientes de cuidado. Nesta medida, os eventos adversos constituem um desafio aos profissionais de enfermagem que buscam qualidade na assistência ao doente grave e têm compromisso ético para com a prevenção de tais eventos.

  • FOMENTO
    Pró-reitoria de Pós-graduação e Pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro - PR2 (ALV-2012) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro nº de processo: 112.121/2013.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Sep-Oct 2016

Histórico

  • Recebido
    30 Mar 2015
  • Aceito
    28 Nov 2015
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