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Avaliação ecocardiográfica da terapia de ressincronização cardíaca: dois anos de seguimento

Resumos

FUNDAMENTO: A terapia de ressincronização cardíaca (TRC) é uma opção efetiva para os pacientes com insuficiência cardíaca (IC) avançada. Critérios clínicos, eletrocardiográficos e ecocardiográficos têm sido estudados na tentativa de selecionar os pacientes que serão beneficiados com a TRC, sendo o ecocardiograma um método utilizado tanto na seleção quanto na avaliação desta terapêutica. OBJETIVO: O objetivo deste trabalho é analisar a utilização do ecocardiograma na avaliação da TRC, no seguimento de dez dias e após dois anos de evolução. MÉTODOS: Foram avaliados 20 pacientes submetidos à TRC, por um período de dois anos, sendo 80% do sexo masculino. Foi aplicado o Questionário de Qualidade de Vida de Minnesota, o teste de caminhada de seis minutos e realizado o ecodopplercardiograma bidimensional. Dez dias após o implante do marca-passo biventricular, bem como dois anos depois, foi repetida a avaliação inicial. RESULTADOS: Em dois anos, 5 pacientes (25%) foram a óbito; 4 apresentavam cardiomiopatia de etiologia chagásica. Não houve alteração estatisticamente significante da fração de ejeção entre o período pré-operatório e os dez dias seguintes, mas sim uma alteração significante nos períodos de pré-operatório e dois anos e de dez dias e dois anos. No seguimento de dez dias, houve piora da dissincronia intraventricular avaliada pelo Doppler tecidual, assim como a pontuação no escore de qualidade de vida foi maior no grupo óbito. CONCLUSÃO: Dos parâmetros ecocardiográficos avaliados, somente a avaliação da dissincronia intraventricular pelo Doppler tecidual após o procedimento foi capaz de predizer a eficácia da TRC em relação à mortalidade.

Ecocardiografia; insuficiência cardíaca; volume sistólico


BACKGROUND: The cardiac resynchronization therapy (CRT) is an effective option for patients with advanced heart failure (HF). Clinical, electrocardiographic and echocardiographic criteria have been studied in an attempt to find the patients that will benefit from the CRT, considering that the echocardiogram is the method that is used both in the selection and in the assessment of such therapy. OBJECTIVE: The objective of this work is to analyze the use of echocardiogram to assess the CRT, in a ten-day follow-up period and after two years of evolution. METHODS: The assessment considered 20 patients subjected to CRT, for a period of two years, 80% of which were male. The Minnesota Living with Heart Failure Questionnaire (MLWHF) was filled out. Patients underwent a six-minute walking test. Then, the two-dimensional echo-Doppler-cardiogram was performed. The initial assessment was repeated ten days after and two year after the implantation of the biventricular pacemaker. RESULTS: In two years, 5 patients (25%) died; 4 had cardiomyopathy caused by the Chagas's disease. There was no statistically significant change in the ejection fraction between the pre-operation period and the following ten days, but there was a significant change between the pre-operation period and two years after that, and the ten-day period and two years after that. In the ten-day follow-up period, there was the worsening of the intraventricular dyssynchrony, as evaluated by the tissue Doppler method, and the "living with heart failure" score was higher in the group of deaths. CONCLUSION: Out of the echocardiographic parameters assessed, only the intraventricular dyssynchrony assessment through the tissue Doppler method, after the procedure, was capable of predict the CRT efficiency with respect to the death rate.

Echocardiography; heart failure; stroke volume


FUNDAMENTO: La terapia de resincronización cardiaca (TRC) es una opción efectiva para los pacientes con insuficiencia cardiaca (IC) avanzada. Se vienen estudiando criterios clínicos, electrocardiográficos y ecocardiográficos en el intento de seleccionar a los pacientes que serán beneficiados con la TRC, siendo el ecocardiograma un método utilizado tanto en la selección como en la evaluación de este tratamiento. OBJETIVO: El objetivo de este trabajo es analizar la utilización del ecocardiograma en la evaluación de la TRC, en el seguimiento de diez días y luego de dos años de evolución. MÉTODOS: Fueron evaluados 20 pacientes sometidos a la TRC, por un período de dos años, siendo el 80% de sexo masculino. Se aplicó el Cuestionario de Calidad de Vida de Minnesota, el test de caminata de 6 minutos y se realizó el ecodopplercardiograma bidimensional. Diez días tras el implante del marcapasos biventricular, así como dos años después, se repitió la evaluación inicial. RESULTADOS: En dos años, 5 pacientes (25%) obitaron; 4 presentaban miocardiopatía de etiología chagásica. No hubo alteración estadísticamente significativa de la fracción de eyección entre el período preoperatorio y los diez días siguientes, pero sí una alteración significativa en los períodos de preoperatorio, dos años y diez días y dos años. En el seguimiento de diez días, hubo un empeoramiento de la disincronía intraventricular evaluada por doppler tisular, así como la puntuación en el escore de calidad de vida fue mayor en el grupo óbito. CONCLUSIÓN: De los parámetros ecocardiográficos evaluados, solamente la evaluación de la disincronía intraventricular por doppler tisular tras el procedimiento fue capaz de predecir la eficacia de la TRC en relación a la mortalidad.

Ecocardiografía; insuficiencia cardiaca; volumen sistólico


ARTIGO ORIGINAL

RESSINCRONIZADOR

Avaliação ecocardiográfica da terapia de ressincronização cardíaca: dois anos de seguimento

Viviane Cordeiro VeigaI, II; Salomón Soriano Ordinola RojasI, II; Fernando Sérgio Oliva de SouzaII; Reinaldo Wilson VieiraI; Amilton Silva JuniorII; Marcelo Luiz PatrícioII; Elias César Hauy MarumII; Henry AbensurII

IUniversidade Estadual de Campinas (UNICAMP)- São Paulo, SP - Brasil

IIReal e Benemérita Associação Portuguesa de Beneficência - São Paulo, SP - Brasil

Correspondência Correspondência: Viviane Cordeiro Veiga Alameda Itália, 430 - Alphaville Resid 1 06474-140 - Barueri, SP - Brasil E-mail: vcveiga@cardiol.br, dveiga@uol.com.br

RESUMO

FUNDAMENTO: A terapia de ressincronização cardíaca (TRC) é uma opção efetiva para os pacientes com insuficiência cardíaca (IC) avançada. Critérios clínicos, eletrocardiográficos e ecocardiográficos têm sido estudados na tentativa de selecionar os pacientes que serão beneficiados com a TRC, sendo o ecocardiograma um método utilizado tanto na seleção quanto na avaliação desta terapêutica.

OBJETIVO: O objetivo deste trabalho é analisar a utilização do ecocardiograma na avaliação da TRC, no seguimento de dez dias e após dois anos de evolução.

MÉTODOS: Foram avaliados 20 pacientes submetidos à TRC, por um período de dois anos, sendo 80% do sexo masculino. Foi aplicado o Questionário de Qualidade de Vida de Minnesota, o teste de caminhada de seis minutos e realizado o ecodopplercardiograma bidimensional. Dez dias após o implante do marca-passo biventricular, bem como dois anos depois, foi repetida a avaliação inicial.

RESULTADOS: Em dois anos, 5 pacientes (25%) foram a óbito; 4 apresentavam cardiomiopatia de etiologia chagásica. Não houve alteração estatisticamente significante da fração de ejeção entre o período pré-operatório e os dez dias seguintes, mas sim uma alteração significante nos períodos de pré-operatório e dois anos e de dez dias e dois anos. No seguimento de dez dias, houve piora da dissincronia intraventricular avaliada pelo Doppler tecidual, assim como a pontuação no escore de qualidade de vida foi maior no grupo óbito.

CONCLUSÃO: Dos parâmetros ecocardiográficos avaliados, somente a avaliação da dissincronia intraventricular pelo Doppler tecidual após o procedimento foi capaz de predizer a eficácia da TRC em relação à mortalidade.

Palavras-chave: Ecocardiografia, insuficiência cardíaca/ terapia, volume sistólico.

Introdução

A insuficiência cardíaca (IC) é uma condição clínica de alta morbi-mortalidade que acomete aproximadamente 23 milhões de pessoas no mundo1. Segundo o DATASUS2, no Brasil, no período de janeiro a julho de 2008, houve 147.348 internações decorrentes da IC.

Dentre os portadores de IC, os distúrbios de condução intraventricular com prolongamento do complexo QRS estão presentes em torno de 25-50% dos pacientes3-6, sendo mais frequente o bloqueio de ramo esquerdo (BRE)6,7.

A condução do estímulo elétrico está relacionada à eficiência funcional cardíaca. Em pacientes em que há alteração na condução normal do estímulo, pode haver interferência na coordenação contrátil atrial e/ou ventricular -denominada dissincronia cardíaca - e, deste modo, alterar a função miocárdica8,9.

Cazeau e cols.10, em 1994, descreveram a estimulação do ventrículo esquerdo por meio do seio coronariano, com marca-passo tetracâmara. Em 2001, a terapia de ressincronização cardíaca (TRC) foi aprovada para uso clínico pelo Food and Drug Administration (FDA), com mais de 270.000 pacientes já submetidos ao procedimento11. No Brasil, segundo Pachón e cols.12, no período de 1994 a 2006, houve 2.180 implantes de ressincronizadores. Atualmente, a TRC, por meio da estimulação cardíaca com marca-passo biventricular, tem sido utilizada como terapia adjuvante nos pacientes refratários à terapia medicamentosa otimizada13,14.

Bakker e cols.15, analisando 5 pacientes portadores de cardiomiopatia dilatada, com QRS largo e refratariedade à terapêutica medicamentosa, foram os primeiros autores a demonstrar correlação entre a estimulação biventricular e a melhora no desempenho cardíaco. A partir de então, foram publicados diversos estudos para avaliação dos efeitos da estimulação biventricular16-18.

Apesar dos benefícios comprovados da TRC16-18, aproximadamente 20-30% dos pacientes não respondem a esta terapêutica e são denominados "não respondedores"19,20, o que leva à necessidade de adotar critérios de seleção adicionais para identificar os pacientes que serão beneficiados com a ressincronização cardíaca21,22.

De acordo com as Diretrizes Brasileiras de Dispositivos Cardíacos Eletrônicos Implantáveis (2007)23, a recomendação I e o nível de evidência A para a TRC é: pacientes em classe funcional III ou IV (NYHA), com terapia medicamentosa otimizada, fração de ejeção < 35%, ritmo sinusal e duração do complexo QRS > 150 ms ou QRS entre 120 e 150 ms, com comprovação de dissincronismo por método de imagem.

A utilização da ecocardiografia como método complementar para indicação da TRC foi descrita pela primeira vez em 2005, no estudo CARE-HF (Cardiac Resynchronization - Heart Failure)24, que comparou o efeito da TRC no risco de complicações e mortalidade. Inúmeras técnicas ecocardiográficas têm sido propostas para quantificar a dissincronia ventricular, com o intuito de otimizar a seleção dos pacientes para TRC25.

Pitzalis e cols.26 utilizaram o modo unidimensional (modo M) para avaliação da dissincronia intraventricular, considerando anormal valores superiores a 130 ms. O Doppler pulsátil é um método ecocardiográfico utilizado como avaliação da dissincronia interventricular24, por meio da diferença do atraso eletromecânico entre os ventrículos direito e esquerdo, indicando dissincronia quando valores superiores a 40 ms19,25.

O ecocardiograma também é utilizado na avaliação da regurgitação mitral. Breithardt e cols.27 estudaram seus efeitos agudos na TRC, avaliando 24 pacientes submetidos à ressincronização, os quais apresentaram redução significativa do grau de insuficiência mitral, diretamente relacionada ao aumento do dP/dt.

O Doppler tecidual permite identificar e medir a velocidade de movimentação do miocárdio, posicionando-se o cursor no segmento que se deseja avaliar28. Bax e cols.19, em estudo com 85 pacientes durante 6 meses de seguimento após a TRC, demonstraram, entre quatro segmentos basais, sensibilidade e especifidade de 80% como preditor de melhora clínica e 92% como preditor de remodelamento reverso, na presença de intervalo maior que 65 ms e avaliado pelo Doppler tecidual.

Objetivo

O objetivo deste trabalho é analisar a utilização do ecocardiograma na avaliação da terapia de ressincronização cardíaca, em pacientes portadores de IC refratária, no seguimento a curto prazo (dez dias) e após dois anos de evolução.

Método

Foram estudados 20 pacientes, com indicação de implante de marca-passo biventricular, por meio do seio coronário, para terapia de ressincronização cardíaca, com idade média de 59,70 ± 12,59 anos, sendo 16 (80%) do sexo masculino, acompanhados pelo período de dois anos. A etiologia da cardiomiopatia era isquêmica em 10 pacientes (50%), chagásica em 6 (30%) e idiopática em 4 (20%). Quinze pacientes (75%) encontravam-se em classe funcional III e 5 (25%) em classe funcional IV, no momento da indicação da terapia de ressincronização.

Dinâmica do estudo

Por ocasião da indicação da TRC, os pacientes foram submetidos à anamnese e a exame clínico e classificados, segundo a New York Heart Association (NYHA), para avaliação funcional. Após avaliação clínica inicial, foi aplicado o Questionário de Qualidade de Vida de Minnesota, determinada a distância percorrida (em metros, pelo teste de caminhada de seis minutos) e realizado o ecodopplercardiograma bidimensional, utilizando-se transdutor de 3,5 Hz no aparelho Nemio (Toshiba). Dez dias após o implante do marca-passo biventricular, repetiu-se toda a avaliação inicial, o mesmo sendo feito após dois anos.

Avaliação ecocardiográfica

Avaliação da função ventricular esquerda

A avaliação da fração de ejeção do ventrículo esquerdo foi realizada pelo método bidimensional (método de Simpson). Além disso, foi realizado o cálculo do índice de performance miocárdica (ou índice de Tei), para avaliação das funções sistólica e diastólica do ventrículo esquerdo, calculado pela soma dos tempos de contração e de relaxamento isovolumétricos divididos pelo tempo de ejeção, considerando-se normal valores menores que 0,40.

Avaliação do remodelamento reverso

O remodelamento reverso é caracterizado pela diminuição superior a 15% do volume sistólico final, avaliado pelo ecocardiograma, entre os períodos pré e pós-operatório.

Avaliação da regurgitação mitral

A avaliação da regurgitação mitral foi realizada utilizando-se o mapeamento de fluxo a cores nos cortes paraesternal longitudinal e apical de quatro câmaras. A quantificação da regurgitação mitral foi realizada por meio da relação da área do jato regurgitante com a área do átrio esquerdo, considerando-se regurgitação de grau discreto quando a área percentual for menor que 20%, e importante quando for maior que 40%.

Avaliação da dissincronia interventricular

A dissincronia interventricular foi analisada pelo Doppler pulsátil, por meio da diferença do atraso eletromecânico entre os ventrículos direito e esquerdo, medindo-se o intervalo de tempo entre a onda R do eletrocardiograma e o início da curva de velocidade do fluxo aórtico e do fluxo pulmonar. Intervalo superior a 40 ms é indicativo de dissincronia interventricular.

Avaliação da dissincronia intraventricular

A avaliação da dissincronia intraventricular foi realizada pelo modo M e pelo Doppler tecidual. No corte paraesternal eixo curto, ao nível dos músculos papilares, foi realizada a avaliação pelo modo M, medindo-se o intervalo de tempo entre a contração máxima do septo e da parede posterior do ventrículo esquerdo (S/PP), considerando-se dissincronia valores superiores a 130 ms. Na avaliação pelo Doppler tecidual, são obtidas as velocidades do miocárdio, no plano apical, dos segmentos basais das paredes septal, lateral, anterior e inferior, e realizada a medida do intervalo de tempo entre o início do complexo QRS até o pico da onda sistólica miocárdica do Doppler tecidual (Sm) nos diferentes segmentos. Quando o valor da diferença de intervalos de tempo for superior a 65 ms entre quaisquer segmentos avaliados, é indicativo de dissincronia significativa. Os valores considerados foram obtidos pela média de quatro batimentos consecutivos.

Análise estatística

A análise dos dados foi feita com o pacote estatístico SPSS (Statistical Package for Social Sciences) for Windows versão 11.5. Todos os testes foram realizados, considerando-se hipóteses bilaterais e assumindo nível de significância α = 5%. Utilizou-se a estatística descritiva para avaliar a frequência, a média, e o desvio-padrão das variáveis de interesse. As comparações das médias da variável idade foram realizadas através do teste-t para amostras independentes. Com relação às variáveis clínicas, eletrocardiográficas e ecocardiográficas, quando estas eram quantitativas, foram analisadas pelo teste de Mann-Whitney.

O teste de Qui-quadrado foi utilizado para verificar se as proporções das categorias das variáveis clínicas e ecocardiográficas, quando estas eram qualitativas, eram homogêneas nos grupos de interesse. Para as comparações das variáveis classe funcional, escore de qualidade de vida e distância percorrida, duração do complexo QRS e das variáveis ecocardiográficas - fração de ejeção, insuficiência mitral, dissincronia interventricular, distância septo/parede posterior, índice de performance miocárdica, volume diastólico e sistólico final, diâmetro diastólico do ventrículo esquerdo e doppler tecidual ao longo do tempo (pré-operatório, 10 dias e dois anos) -, foi utilizada a ANOVA NÃO PARAMÉTRICA.

Resultados

Neste trabalho, 20 pacientes submetidos a implante de marca-passo biventricular foram acompanhados pelo período de dois anos. Não houve complicações relacionadas ao procedimento cirúrgico, nem óbitos nos primeiros 10 dias de seguimento pós-operatório.

Realizou-se análise para avaliação do comportamento das variáveis clínicas, eletrocardiográficas e ecocardiográficas, comparando-as no pré e pós-operatório (10 dias depois e após dois anos). No momento do implante do marca-passo, 15 pacientes encontravam-se em classe funcional III; 5 em classe funcional IV; 13 pacientes (65%) apresentaram melhora da classe funcional na primeira avaliação pós-operatória; 6 (30%) mantiveram a mesma classe funcional; e em um paciente (5%) houve piora. No seguimento de dois anos, 10 pacientes não apresentaram alteração da classe funcional, quando comparado à avaliação prévia, havendo melhora em três pacientes e piora em dois deles.

Ao avaliarmos as variáveis ao longo do tempo, encontramos diferenças estatisticamente significantes para as variáveis: classe funcional, escore de qualidade de vida, duração do complexo QRS, fração de ejeção, dissincronia inter e intraventricular (tempo entre contração do septo e da parede posterior - modo M e Doppler tecidual) e diâmetro diastólico do ventrículo esquerdo. A Tabela 1 apresenta a média e o desvio-padrão para cada uma das variáveis no período pré-operatório, nos 10 dias que se seguiram à cirurgia e dois anos após a TRC.

A duração média do complexo QRS no pré-operatório era de 154,5 ± 18,48 ms; 129,0 ± 22,91 ms na avaliação de 10 dias; e 134,0 ± 24,14 ms em dois anos, com p < 0,001.

Quando comparados classe funcional e duração do complexo QRS, observou-se que pacientes com duração do QRS > 160 ms apresentaram classe funcional maior, na avaliação pré-operatória (p = 0,006), não havendo, no entanto, diferença estatisticamente significante nos períodos de pós-operatório (Tabela 2).

Para as variáveis classe funcional, duração do complexo QRS e Doppler tecidual, foram observadas diferenças estatisticamente significantes entre o período pré-operatório e a avaliação de 10 dias após o procedimento, bem como entre o período pré-operatório e os dois anos seguintes ao pós-implante. Entretanto, não houve diferença entre os períodos de 10 dias e dois anos. Para essas variáveis foi observada a diminuição das medidas após a intervenção cirúrgica, que se manteve estável após dois anos. No Gráfico 1, é possível analisar a variação observada ao longo do tempo pela avaliação do Doppler tecidual.


Para a variável fração de ejeção, não foi observada diferença estatisticamente significante entre o pré-operatório e os dez dias seguintes à operação, mas foram encontradas diferenças entre o período pré-operatório e os dois anos seguintes e entre os dez dias e os dois anos posteriores.

Foram encontradas diferenças estatisticamente significantes entre todos os períodos na avaliação das variáveis: dissincronia interventricular, distância septo/parede posterior e escore de qualidade de vida. Houve, portanto, diminuição significante quando comparamos o pré-operatório e os 10 dias seguintes e o pré-operatório e os dois anos seguintes nas três variáveis analisadas. No entanto, houve aumento estatisticamente significante dos valores encontrados entre os períodos 10 dias e dois anos dessas variáveis.

Na avaliação da variável DDVE, houve diminuição significante entre os períodos pré-operatório e 10 dias e aumento significativo entre 10 dias e dois anos, de modo que não existe diferença estatisticamente significante entre as medidas inicial e final.

Em nossa casuística, tivemos 5 pacientes (25%) que foram a óbito. Na Tabela 3, observa-se que a proporção de homens dentro dos grupos óbito e não óbito é homogênea (86,7% e 60%, respectivamente), com predominância de homens em ambos os grupos, não havendo diferença significante entre a proporção de homens e mulheres nos dois grupos (p = 0,249).

Para a variável etiologia, no grupo não óbito, o número de pacientes com etiologia dilatada e isquêmica é maior que no grupo óbito. Na etiologia chagásica acontece o contrário, havendo 80% dos pacientes no grupo óbito, existindo diferença estatisticamente significante nas proporções dos tipos de etiologia segundo óbito (p = 0,018).

Não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos óbito e não óbito para as variáveis insuficiência mitral e duração do complexo QRS, tanto no período pré-operatório quanto após 10 dias.

Na Tabela 4, encontram-se as comparações das variáveis classe funcional, escore de qualidade de vida, distância percorrida, dissincronia interventricular, distância septo/parede posterior, índice de performance miocárdica, volume diastólico e sistólico final e Doppler tecidual nos períodos pré-operatório e 10 dias após a cirurgia.

Não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos óbito e não óbito, na avaliação das variáveis no pré-operatório. Entretanto, na avaliação de 10 dias, houve diferença estatisticamente significante na variável escore de qualidade de vida, sendo que os pacientes do grupo óbito possuem uma pontuação maior no escore de qualidade de vida em relação ao grupo não óbito. O mesmo é verificado para a variável Doppler tecidual, em que o grupo óbito apresentou valores que sugeriam maior dissincronismo intraventricular.

Discussão

A IC é um grave problema de saúde pública, com elevada morbi-mortalidade e custos superiores a 33 bilhões de dólares por ano1.

Em cerca de 25-50% dos portadores de IC, há presença de distúrbio de condução intraventricular, sendo mais frequente o bloqueio de ramo esquerdo. Baldasseroni e cols.7, em 2002, avaliaram a associação de BRE e mortalidade e demonstraram que o BRE é um marcador prognóstico desfavorável e independente de idade, grau de IC e uso de terapêutica.

Atualmente, a TRC tem sido utilizada como adjuvante nos pacientes com IC refratários à terapia medicamentosa otimizada16,18.

Em nossa casuística, avaliamos 20 pacientes, sendo 15 em classe funcional III e 5 em classe funcional IV, submetidos à TRC por meio do seio coronário, não havendo complicações inerentes ao procedimento. Todos os pacientes apresentavam BRE no eletrocardiograma, com duração do complexo QRS superior a 120 ms.

Apesar dos benefícios comprovados da TRC16-18, aproximadamente 20-30% dos pacientes não respondem a esta terapêutica19,20, necessitando implementar critérios adicionais para identificar os pacientes que serão beneficiados21,22.

Nesta casuística, no seguimento de 10 dias após o implante do marca-passo biventricular, houve melhora da classe funcional em 13 pacientes (65%), piora em um deles (5%) e em 6 pacientes (30%) a classe funcional permaneceu inalterada. Após dois anos de evolução, 8 pacientes apresentavam-se em classe funcional II e 7 em classe funcional III. A mortalidade nesse período foi de 25% (5 pacientes), não havendo correlação entre óbito e a piora da classe funcional.

Na avaliação da etiologia da cardiomiopatia, Reuter e cols.29 associaram a cardiomiopatia dilatada à melhor resposta clínica da TRC. Martinelli Filho e cols.30, em estudo incluindo pacientes com etiologia chagásica, encontraram redução significativa da classe funcional em pacientes com cardiomiopatia dilatada, além desta etiologia ter sido um preditor independente de melhora clínica.

Dentre os pacientes deste estudo, os que apresentaram etiologia chagásica estiveram relacionados à maior taxa de óbito, com diferença estatisticamente significante quando comparados aos pacientes com etiologia isquêmica e dilatada.

Shamim e cols.8 avaliaram, em 36 meses de seguimento, a associação entre duração do QRS e mortalidade, onde pacientes com QRS menor que 120 ms apresentaram mortalidade de 20%; QRS entre 120 e 160 ms, 36%; e acima de 160 ms, a mortalidade foi de 58%31.

Em nossa casuística, comparando classe funcional e duração do QRS, foi encontrada diferença estatisticamente significante entre os grupos no período pré-TRC, onde o grupo com QRS > 160 ms apresentava pior classe funcional31. No seguimento de 10 dias, não houve diferença estatisticamente significante entre os dois grupos. Em dois anos de avaliação, havia somente um paciente vivo com duração do QRS superior a 160 ms.

Diversas técnicas ecocadiográficas têm sido utilizadas na quantificação das dissincronias inter e intraventricular, com o intuito de otimizar a seleção dos pacientes para TRC.

A avaliação da dissincronia interventricular com a utilização do modo M do ecocardiograma (S/PP) foi proposta por Pitzalis e cols.26 - em um grupo de 20 pacientes, todos os respondedores apresentavam distância S/PP superior a 130 ms.

Neste ensaio, tivemos uma diminuição estatisticamente significante nos valores da variável S/PP, quando comparados os três períodos de análise. No entanto, não houve diferença estatística no grupo óbito comparado ao grupo não óbito nas avaliações de pré-operatório e no seguimento de 10 dias. Em pacientes com cardiomiopatia isquêmica, a análise da variável S/PP pode estar prejudicada por alterações da contração segmentar.

Com o Doppler pulsatil, Chung e cols.32 mostraram a relação dessa variável com melhora clínica e remodelamento reverso.

Em nosso grupo, houve diferença estatisticamente significante no pré-operatório e nos dois períodos de avaliação pós-operatória. No entanto, relacionando os valores entre os grupos óbito e não óbito, não houve diferença estatisticamente significante.

Na avaliação da regurgitação mitral, em 10 dias, 11 pacientes não apresentaram mudanças no grau de regurgitação mitral. No seguimento de dois anos, 10 pacientes encontravam-se com o mesmo grau de regurgitação que apresentavam no pré-operatório no primeiro seguimento (10 dias) e posterior piora na avaliação de dois anos. Quando comparados os grupos óbito e não óbito, a insuficiência mitral não teve valor estatisticamente significante.

Em estudo com 85 pacientes, em seguimento de 6 meses pós-TRC, Bax e cols.19 demonstraram sensibilidade e especificidade de 80% como preditor de melhora clínica e 92% de sensibilidade e especificidade para predizer remodelamento reverso, quando o valor da dissincronia avaliada pelo Doppler tecidual era superior a 65 ms.

Em nosso grupo, tivemos diferença estatisticamente significante na variação do Doppler tecidual de pré e pós-operatório, podendo-se considerar que a avaliação do Doppler tecidual nos primeiros dias pós-procedimento é uma ferramenta útil na avaliação da eficácia da TRC. Quando comparado o grupo óbito e não óbito, o Doppler tecidual mostrou aumento relacionado ao grupo óbito.

Neste estudo, não foram utilizadas técnicas mais avançadas de ecocardiografia, como o ecocardiograma tridimensional e o strain bidimensional, o que, no futuro, poderá ampliar a atuação da ecocardiografia na avaliação dos pacientes para TRC.

Limitações do estudo

- Casuística pequena, com ausência de grupo controle;

- Avaliação ecocardiográfica sem estudo de reprodutibilidade intra e inter-observador.

Conclusão

Na avaliação ecocardiográfica dos parâmetros avaliados neste estudo, somente a dissincronia intraventricular pelo Doppler tecidual após o procedimento foi capaz de predizer a eficácia da terapia de ressincronização cardíaca em relação à mortalidade. Os parâmetros ecocardiográficos não se correlacionaram com a melhora clínica.

Potencial Conflito de Interesses

Declaro não haver conflito de interesses pertinentes.

Fontes de Financiamento

O presente estudo não teve fontes de financiamento externas.

Vinculação Acadêmica

Este artigo é parte de dissertação de Mestrado de Viviane Cordeiro Veiga pela Universidade Estadual de Campinas.

Artigo recebido em 20/01/09; revisado recebido em 05/06/09; aceito em 22/06/09.

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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      22 Set 2010
    • Data do Fascículo
      Jan 2010

    Histórico

    • Aceito
      22 Jun 2009
    • Revisado
      05 Jun 2009
    • Recebido
      20 Jan 2009
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