Resumos
OBJETIVO
Descrever o conhecimento científico produzido sobre o trauma em idosos por acidentes de trânsito nas publicações da área de saúde.
MÉTODO
Revisão integrativa a partir de publicações levantadas nas bases de dados LILACS, SciELO, PubMed e CINHAL, no período de 2003 a 2013. Utilizou-se a combinação dos descritores ferimentos, lesões e acidentes, nas línguas inglesa, portuguesa e espanhola.
RESULTADOS
Foram selecionados 32 estudos. Na análise temática emergiram três categorias: dados epidemiológicos dos acidentes de trânsito com idosos, os acidentes de trânsito com idosos pedestres e o atendimento ao idoso traumatizado. Observou-se aumento da incidência desse trauma na maioria dos países e os pedestres representam grande parte das vítimas. Dentre estes, os idosos são o grupo mais vulnerável.
CONCLUSÃO
As publicações evidenciaram ainda o atendimento ao idoso traumatizado, sugerindo a necessidade de existência de protocolos e de profissionais com formação em gerontologia nos serviços especializados de atendimento ao trauma.
Idoso; Ferimentos e Lesões; Acidentes de Trânsito; Enfermagem; Revisão
OBJECTIVE
To describe the scientific knowledge produced about trauma in the elderly caused by traffic accidents in healthcare area studies.
METHODS
Integrative review of studies from 2003 to 2013 searched in LILACS, SciELO, PubMed and CINHAL databases. We used combination of the descriptors injuries, wounds and accidents, in English, Portuguese and Spanish languages.
RESULTS
32 studies were selected. In the thematic analysis, three categories emerged: epidemiological data from traffic accidents involving elderly; traffic accidents with elderly pedestrians; and trauma care in the elderly. We observed increased incidence of trauma in most countries and pedestrians represented a large part of the victims. Among these, the elderly are the most vulnerable group.
CONCLUSION
Studies showed that trauma care in the elderly need protocols and professionals with training in gerontology specialized in trauma care services.
Aged; Wounds and Injuries; Accidents, Traffic; Nursing; Review
OBJETIVO
Describir el conocimiento científico producido acerca del trauma en ancianos por accidentes de tránsito en las publicaciones del área de salud.
MÉTODO
Revisión integradora a partir de publicaciones recogidas de las bases de datos LILACS, SciELO, PubMed y CINHAL, en el período de 2003 a 2013. Se utilizó la combinación de los descriptores herimientos, lesiones y accidentes, en las lenguas inglesa, portuguesa y española.
RESULTADOS
Fueron seleccionados 32 estudios. En el análisis temático emergieron tres categorías: datos epidemiológicos de los accidentes de tránsito con ancianos, los accidentes de tránsito con peatones ancianos y la atención al anciano traumatizado. Se advirtió un incremento de la incidencia de ese trauma en la mayoría de los países y los peatones representan gran parte de las víctimas. Entre ellos, las personas mayores son el grupo más vulnerable.
CONCLUSIÓN
Las publicaciones evidenciaron asimismo la atención al añoso traumatizado, sugiriendo la necesidad de existencia de protocolos y de profesionales con formación en gerontología en los servicios especializados de atención al trauma.
Anciano; Heridas y Traumatismos; Accidentes de Tránsito; Enfermería; Revisión
Introdução
O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial que, embora tenha ocorrido
inicialmente nos países europeus ocidentais que fizeram sua transição demográfica
precocemente é, atualmente, uma realidade também nos países da América Latina e do
Caribe, que iniciaram esse processo de transição demográfica há cerca de 50
anos(11 Lebrão ML. O envelhecimento no Brasil: aspectos da transição demográfica
e epidemiológica. Saúde Coletiva [Internet]. 2007 [citado 2013 out. 10];4(17):135-40.
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/arquivos/pessoaidosa/EnvelhecimentoBrasil-Transicao-MLLebrao-SaudeColetiva2007.pdf
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/s...
).
Paralelo a esse fenômeno, o trauma em idosos têm se revelado um grande problema de
saúde pública, com tendência à piora progressiva(22 Parreira JG, Farrath S, Soldá SC, Perlingeiro JAG, Assef JC. Análise
comparativa das características do trauma entre idosos com idade superior e inferior
a 80 anos. Rev Col Bras Cir [Internet]. 2013 [citado 2014 out. 5];40(4):269-74.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rcbc/v40n4/v40n4a03.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rcbc/v40n4/v40n...
). Em 2002, foram registradas no mundo mais de 193.000 mortes
causadas pelo trânsito entre as pessoas de 60 anos ou mais. Nos países em
desenvolvimento, a taxa de mortalidade para esta causa por 100.000 habitantes, nesta
população, foi a mais alta em relação às demais faixas etárias. Projeções das Nações
Unidas indicam que os idosos constituem um percentual crescente da população nos
próximos 30 anos e a vulnerabilidade para serem mortos ou gravemente feridos no
tráfego é uma questão cada vez mais importante no mundo(33 Peden M, Scurfield R, Sleet D, Mohan D, Hyder A, Jarawan E, et al.
Informe mundial sobre prevención de los traumatismos causados por el tránsito.
Washington: OPAS; 2004.).
No Brasil, em 2007, o Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde
registrou 18.946 mortes de pessoas com mais de 60 anos por causas externas, das quais
5.084 foram decorrentes de acidentes de transporte(44 Souza ER, Minayo MCS. Inserção do tema violência contra a pessoa idosa
nas políticas públicas de atenção à saúde no Brasil. Ciênc. Saúde Coletiva [Internet]
2010 [citado 2013 set. 6];15(6):2659-2668. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a02v15n6.pdf
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a02v1...
).
Assim sendo, acredita-se que o conhecimento acerca do trauma por acidente de trânsito no idoso é essencial para a formulação de políticas e programas eficazes para sua prevenção, possibilitando a redução dos índices nesse grupo etário e, consequentemente, promovendo uma melhor qualidade de vida.
Ao se refletir sobre a complexidade do processo de envelhecimento, aliada à gravidade que os acidentes de trânsito representam para a população idosa, julgou-se importante investigar a conjuntura atual deste evento nesta população, a fim de contribuir com as ações da gestão pública e de profissionais de saúde inseridos nos diversos programas de atenção à saúde em relação às responsabilidades e possibilidades de prevenção e controle destas ocorrências. Nesse sentido, o presente estudo objetivou descrever o conhecimento científico produzido sobre trauma em idosos por acidentes de trânsito nas publicações da área de saúde.
Método
Utilizou-se como método de pesquisa a revisão integrativa da literatura, que permite incluir no estudo literatura teórica e empírica, bem como estudos com diferentes abordagens metodológicas(55 Whittemore R, Knafl K. The integrative review: updated methodology. J Adv Nurs. 2005;52(5):546-53.).
Na elaboração da presente revisão, foram utilizadas as seguintes etapas: seleção da questão de estudo, estabelecimento dos critérios para a seleção da amostra e busca na literatura, definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados, avaliação dos estudos incluídos na revisão, interpretação dos resultados e apresentação da revisão(55 Whittemore R, Knafl K. The integrative review: updated methodology. J Adv Nurs. 2005;52(5):546-53.).
Inicialmente, definiu-se a questão que norteou o estudo que consistiu em: Qual o conhecimento científico produzido sobre trauma em idosos por acidentes de trânsito, nas publicações da área de saúde?
Para seleção das publicações a serem incluídas na revisão adotou-se como critérios de inclusão: estudos primários, publicados no período de janeiro 2003 a agosto 2013, nos idiomas português, inglês e espanhol, realizados com pessoas de 60 anos ou mais. Foram excluídos capítulos de livros, teses de doutorado, dissertações de mestrado, relatórios técnicos e estudos relativos a outros tipos de acidentes, assim como referentes a outras faixas etárias.
Realizou-se busca nas bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Electronic Library Online (SciELO), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (PubMed) e Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL), utilizando os descritores controlados: ferimentos e lesões (wounds and injuries) e acidentes (accidents).
O levantamento foi realizado no mês de agosto de 2013, obtendo-se 616 estudos na base de dados PubMed, 366 na LILACS, 79 na CINAHL e 45 na SciELO, totalizando 1.106 publicações. A seguir executou-se a seleção, considerando-se, a princípio, como potencialmente elegíveis, os estudos cujos títulos e resumos informaram ter como sujeitos pessoas com 60 anos ou mais; nesta etapa 58 publicações foram eleitas e delas realizou-se leitura integral. Após esta análise, 12 estudos foram excluídos, cinco por se tratar de revisão da literatura e sete por abordarem lesões específicas decorrentes de outros tipos de acidentes, não relacionadas a acidente de trânsito, permanecendo então 46 estudos. Desse total, 14 publicações encontravam-se repetidas nas bases de dados, e foram consideradas somente uma vez, selecionando-se ao final 32 estudos, sendo 12 na base de dados PubMed, 10 na LILACS, cinco na CINAHL e cinco na SciELO, os quais foram incluídos na amostra desta revisão. O processo de seleção das publicações foi desenvolvido por duas revisoras de forma independente e está representado na Figura 1.
Para a extração dos dados utilizou-se um formulário de coleta de dados elaborado para este fim pelas autoras do estudo, contendo informações sobre autores e ano de publicação do estudo; base de dados e periódicos; local de realização e idioma da publicação; objetivos, resultados e conclusões dos estudos.
A síntese final desenvolveu-se na forma descritiva, no que se refere aos objetivos, resultados e conclusões obtidos de cada um dos estudos. Tais dados foram agrupados por semelhança e organizados em categorias temáticas. Por fim realizou-se a última etapa, que correspondeu à elaboração do documento com a descrição completa das etapas percorridas.
Resultados
O Quadro 1 apresenta a síntese dos estudos incluídos na revisão, os quais constituíram o corpus do estudo e representaram a essência para a elaboração dos resultados, discussão e respectiva conclusão sobre a temática do trauma por acidentes de trânsito no idoso.
Verificou-se que a maior parte dos estudos foi publicada no ano de 2010, correspondendo a um total de sete (22%). Em relação ao periódico, observaram-se 19 periódicos diferentes, destacando-se a Revista Ciência & Saúde Coletiva, que publicou cinco artigos e os periódicos internacionais Injury Prevention e Annual proceedings of the Association for the Advancement of Automotive Medicine, que publicaram três estudos cada um.
Síntese dos estudos incluídos sobre trauma por acidentes de trânsito no idoso - Teresina, PI, 2013
Das publicações analisadas, 14 (43,7%) são estudos brasileiros(77 Broska Junior CA, Folchini ABD, Ruediger RR. Estudo comparativo entre o
trauma em idosos e não idosos atendidos em um Hospital Universitário de Curitiba. Rev
Col Bras Cir [Internet]. 2013 [citado 2013 ago. 30];40(4):281-6. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rcbc/v40n4/v40n4a05.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rcbc/v40n4/v40n...
8 Rodrigues J, Ciosak SI. Elderly victims of trauma: analysis of the risk
factors. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2012 [cited 2013 Aug 6];46(6):1400-5.
Available from: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v46n6/en_17.pdf
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v46n6/en...
-99 Luz TCB, Malta DC, Sá NNB, Silva MMA, Lima-Costa MF. Violências e
acidentes entre adultos mais velhos em comparação aos mais jovens: evidências do
Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA), Brasil. Cad Saúde Pública
[Internet]. 2011 [citado 2013 ago. 6];27(11):2135-42. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/csp/v27n11/07.pdf
http://www.scielo.br/pdf/csp/v27n11/07.p...
,1212 Lima MLC, Souza ER, Acioli RML, Bezerra ED. Análise dos serviços
hospitalares clínicos aos idosos vítimas de acidentes e violências. Ciênc. Saúde
Coletiva [Internet] 2010 [citado 2013 ago. 6];15(6):2687-97. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a07v15n6.pdf
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a07v1...
13 Lima MLC, Souza ER, Lima MLLT, Barreira AK, Bezerra ED,. Acioli RML
Assistência à saúde dos idosos vítimas de acidentes e violência: uma análise da rede
de serviços SUS no Recife (PE, Brasil). Ciênc. Saúde Coletiva [Internet] 2010 [citado
2013 ago. 6];15(6):2677-86. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a06v15n6.pdf
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a06v1...
14 Mello ALSF, Moysés SJ. Análise diagnóstica do atendimento pré-hospitalar
para acidentes e violências contra idosos em Curitiba (PR, Brasil). Ciênc Saúde
Coletiva. [Internet]. 2010 [citado 2013 ago. 6];15(6):2709-18. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a09v15n6.pdf
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a09v1...
15 Parreira JG, Soldá SC, Perlingeiro JAG, Padovese CC, Karakhanian WZ,.
Assef JC Análise comparativa das características do trauma entre pacientes idosos e
não idosos. Rev Assoc Med Bras [Internet]. 2010 [citado 2013 ago. 6];56(5):541-6.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ramb/v56n5/v56n5a14.pdf
http://www.scielo.br/pdf/ramb/v56n5/v56n...
16 Santos ER, Souza ER, Ribeiro AP, Souza AMM, Lima RTS. Cenário do
atendimento aos agravos provocados por acidentes e violência contra idosos na rede
SUS de Manaus (AM, Brasil). Ciênc. Saúde Coletiva [Internet] 2010 [citado 2013 ago.
6];15(6):2741-52. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a12v15n6.pdf
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a12v1...
17 Ribeiro AP, Barter EACP. Atendimento de reabilitação à pessoa idosa
vítima de acidentes e violência em distintas regiões do Brasil. Ciênc. Saúde Coletiva
[Internet] 2010 [cited 2013 ago. 6];15(6):2729-40. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a11v15n6.pdf
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a11v1...
-1818 Biazin DT, Rodrigues RAP. Profile of elderly patients who suffered
trauma in Londrina - Paraná. Rev Esc Enferm USP. 2009;43(3):602-8.,2222 Katz M, Okuma MAA, Santos ALG, Guglielmetti CLB, Sakaki MH, Zumiotti AV.
Epidemiologia das lesões traumáticas de alta energia em idosos. Acta Ortop Bras
[Internet]. 2008 [citado 2013 ago. 6];16(5):279-83. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/aob/v16n5/v16n5a05.pdf
http://www.scielo.br/pdf/aob/v16n5/v16n5...
,3030 Mathias TAF, Mello Jorge MHP, Andrade OG. Morbimortalidade por causas
externas na população idosa residente em município da região sul do Brasil. Rev
Latino Am Enfermagem [Internet]. 2006 [citado 2013 ago. 6];14(1):17-24. Disponível
em: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v14n1/v14n1a03.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rlae/v14n1/v14n...
,3535 Gawryszewski VP, Mello Jorge MHP, Koizumi MS. Mortes e internações por
causas externas entre os idosos no Brasil: o desafio de integrar a saúde coletiva e a
atenção individual.. Rev Assoc Med Bras [Internet] 2004 [citado 2013 set.
6];50(1):97-103. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/ramb/v50n1/a44v50n1.pdf
http://www.scielo.br/pdf/ramb/v50n1/a44v...
,3737 Souza RKT, Soares DFPP, Mathias TAF, Andrade OG, Santana RG. Idosos
vítimas de acidentes de trânsito: aspectos epidemiológicos e impacto na sua vida
cotidiana. Acta Sci Health Sci [Internet]. 2003 [citado 2013 ago. 6];25(1):19-25.
Disponível em:
http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciHealthSci/article/view/2247/1467
http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/A...
). Destes, seis foram desenvolvidos
por pesquisadores do Centro Latino-Americano de Estudos da Violência e Saúde Jorge
Careli (CLAVES) da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca(99 Luz TCB, Malta DC, Sá NNB, Silva MMA, Lima-Costa MF. Violências e
acidentes entre adultos mais velhos em comparação aos mais jovens: evidências do
Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA), Brasil. Cad Saúde Pública
[Internet]. 2011 [citado 2013 ago. 6];27(11):2135-42. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/csp/v27n11/07.pdf
http://www.scielo.br/pdf/csp/v27n11/07.p...
,1212 Lima MLC, Souza ER, Acioli RML, Bezerra ED. Análise dos serviços
hospitalares clínicos aos idosos vítimas de acidentes e violências. Ciênc. Saúde
Coletiva [Internet] 2010 [citado 2013 ago. 6];15(6):2687-97. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a07v15n6.pdf
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a07v1...
13 Lima MLC, Souza ER, Lima MLLT, Barreira AK, Bezerra ED,. Acioli RML
Assistência à saúde dos idosos vítimas de acidentes e violência: uma análise da rede
de serviços SUS no Recife (PE, Brasil). Ciênc. Saúde Coletiva [Internet] 2010 [citado
2013 ago. 6];15(6):2677-86. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a06v15n6.pdf
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a06v1...
-1414 Mello ALSF, Moysés SJ. Análise diagnóstica do atendimento pré-hospitalar
para acidentes e violências contra idosos em Curitiba (PR, Brasil). Ciênc Saúde
Coletiva. [Internet]. 2010 [citado 2013 ago. 6];15(6):2709-18. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a09v15n6.pdf
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a09v1...
,1616 Santos ER, Souza ER, Ribeiro AP, Souza AMM, Lima RTS. Cenário do
atendimento aos agravos provocados por acidentes e violência contra idosos na rede
SUS de Manaus (AM, Brasil). Ciênc. Saúde Coletiva [Internet] 2010 [citado 2013 ago.
6];15(6):2741-52. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a12v15n6.pdf
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a12v1...
-1717 Ribeiro AP, Barter EACP. Atendimento de reabilitação à pessoa idosa
vítima de acidentes e violência em distintas regiões do Brasil. Ciênc. Saúde Coletiva
[Internet] 2010 [cited 2013 ago. 6];15(6):2729-40. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a11v15n6.pdf
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a11v1...
). Outro
país que apresentou uma alta porcentagem de estudos foram os Estados Unidos, com um
total de nove publicações (28,1%)(6,11,19,26-27,31-34).
Quanto ao método adotado nos estudos selecionados, cinco (15,6%) fundamentaram-se nos princípios da triangulação de métodos e os demais são estudos observacionais transversais (56,2%) e de coorte prospectivo (15,6%) e retrospectivo (12,6%).
A análise dos objetivos, resultados e conclusões dos 32 estudos selecionados permitiu o agrupamento em três categorias: dados epidemiológicos dos acidentes de trânsito com idosos, os acidentes de trânsito com idosos pedestres e o atendimento ao idoso traumatizado.
Dados epidemiológicos dos acidentes de trânsito com idosos
Em virtude do acidente de trânsito constituir um problema de saúde pública mundial, encontraram-se estudos de diferentes países abordando essa temática.
Nos Estados Unidos, identificou-se aumento na mortalidade e morbidade por lesões traumáticas entre os americanos com 65 anos ou mais, verificando-se que a mortalidade por lesão não intencional aumentou 3% entre 2000 e 2006, enquanto a morbidade aumentou 7% entre 2001 e 2007. Destacou-se o aumento de 145% na taxa de mortalidade decorrente de acidente de moto e, em relação à taxa de morbidade, os acidentes de moto e de bicicleta aumentaram 86% e 24%, respectivamente(1111 Hu G, Baker SP. Recent increases in fatal and non-fatal injury among people aged 65 years and over in the USA. Inj Prev. 2010;16(1):26-30.).
Outro estudo norte-americano com dados de acidentes fatais e não fatais analisou
os riscos dos motoristas idosos partilharem as vias com outros usuários e
verificou que, em relação aos acidentes fatais, o impacto foi o aumento nas taxas
de mortalidade entre os ocupantes na condição de passageiros, os quais também eram
idosos. Nos acidentes não fatais, os motoristas com 75 anos ou mais apresentaram
um risco relativo de 1,1 para envolvimento em colisões com ferimentos nos
ocupantes dos outros veículos em comparação com os motoristas mais
jovens(3434 Braver ER, Trempel RE. Are older drivers actually at higher risk of
involvement in collisions resulting in deaths or non-fatal injuries among their
passengers and other road users? Inj Prev [Internet]. 2004 [cited 2013 Sept
6];10(1):27-32. Available from:
http://injuryprevention.bmj.com/content/10/1/27.full.pdf+html.
http://injuryprevention.bmj.com/content/...
).
Em Singapura, um estudo com idosos traumatizados para identificar os padrões de
lesão, fatores de risco específicos e as necessidades desses acidentados,
constatou que os acidentes de trânsito foram a segunda causa do trauma naquela
população(2020 Yeo YYC, Lee SK, Lim CY, Quek LS, Ooi SBS. A review of elderly injuries
seen in a Singapore emergency department. Singapore Med J [Internet]. 2009 [cited
2013 Sept 6];50(3):278-83. Available from:
http://smj.sma.org.sg/5003/5003a6.pdf
http://smj.sma.org.sg/5003/5003a6.pdf...
).
Investigação realizada na Índia para avaliar a incidência de intervenção maxilo-facial entre os idosos traumatizados mostrou que 79,4% das lesões decorreram de acidentes de trânsito e os idosos de 60 a 69 anos feriram-se com mais frequência do que os mais velhos(2424 Gowing R, Jain MK. Injury patterns and outcomes associated with elderly trauma victims in Kingston, Ontario. Can J Surg. 2007;50(6):437-44.).
No Brasil, os acidentes de transporte no ano 2000 lideraram a mortalidade por causas externas nos indivíduos com 60 anos e mais, representando 27,5% do total de vítimas fatais. Tal proporção foi maior do que a calculada para a população geral, em que essas causas responderam por 17,4% dos óbitos por causas externas nesse mesmo ano no país(2323 Subhashraj K, Ravindran C. Maxillofacial intervention in trauma patients aged 60 years and older. Indianas J Dent Res. 2008;19(2):109-11.).
Outro estudo brasileiro que avaliou 121 idosos de 60 a 74 anos e seus cuidadores em Londrina evidenciou que 25,6% dos traumas sofridos foram causados por acidentes de transporte. Como consequência dos traumas, ocorreram de uma a três lesões, sendo que 9,1% dos idosos foram a óbito(1818 Biazin DT, Rodrigues RAP. Profile of elderly patients who suffered trauma in Londrina - Paraná. Rev Esc Enferm USP. 2009;43(3):602-8.).
Considerando a localização das lesões, estudo transversal realizado em 2006 com idosos suecos com o objetivo de estudar a epidemiologia das lesões não intencionais e comparar com a incidência verificada duas décadas antes observou que a taxa de lesão e fratura por 1.000 indivíduos aumentou cerca de 40 a 50%, principalmente nos grupos etários mais velhos, sendo as fraturas de extremidades as lesões mais comuns(1010 Saveman BI, Björnstig U. Unintentional injuries among older adults in northern Sweden - a one-year population-based study. Scand J Caring Sci. 2011;25(1):185-93.).
De maneira semelhante, a caracterização das lesões em idosos canadenses traumatizados em acidentes em um período de três anos, analisando também as complicações, constatou que as fraturas foram as lesões mais comuns, sendo as infecções urinárias e pneumonias aspirativas as complicações mais frequentes(2424 Gowing R, Jain MK. Injury patterns and outcomes associated with elderly trauma victims in Kingston, Ontario. Can J Surg. 2007;50(6):437-44.).
No México, estudo transversal com 799 idosos no período de junho de 2004 a agosto
de 2005, para identificar fatores relacionados com a notificação de lesões
acidentais, verificou que as extremidades superiores e inferiores foram as regiões
mais afetadas pelo trauma(2121 González MGR, Snyder NS. Lesiones accidentales en adultos mayores: un
reto para los sistemas de salud. Salud Pública Méx [Internet]. 2008 [citado 2013 ago.
6];50(6):463-71. Disponible en:
http://www.scielosp.org/pdf/spm/v50n6/07.pdf
http://www.scielosp.org/pdf/spm/v50n6/07...
).
No Brasil, os dados de traumas e lesões decorrentes de acidentes de transporte,
obtidos por meio da análise de 13.383 óbitos e de 87.177 internações hospitalares
por causas externas em pessoas com 60 anos e mais no Sistema Único de Saúde no ano
2000, evidenciou que as fraturas foram a maior parte (45,0%), localizadas
principalmente em membros inferiores (29,2%), com ênfase para as fraturas de fêmur
(19,3%), seguidas por traumatismos cranianos (14,4%), por fraturas de membros
superiores (12,1%) e por múltiplas (11,9%)(3535 Gawryszewski VP, Mello Jorge MHP, Koizumi MS. Mortes e internações por
causas externas entre os idosos no Brasil: o desafio de integrar a saúde coletiva e a
atenção individual.. Rev Assoc Med Bras [Internet] 2004 [citado 2013 set.
6];50(1):97-103. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/ramb/v50n1/a44v50n1.pdf
http://www.scielo.br/pdf/ramb/v50n1/a44v...
).
Nos Estados Unidos, investigação sobre a ocorrência de lesão em função da idade,
para os ocupantes que utilizavam cinto de segurança, no período de 1997 a 2003,
identificou que nas colisões frontais e laterais, o tórax foi a região corporal
mais lesada em ocupantes idosos. Recomendou-se que projetos de segurança para
idosos incluíssem cintos de segurança com baixos limites de força, distribuindo a
carga sobre o peito mais uniformemente(3131 Augenstein J, Digges K, Bahouth G, Dalmotas D, Perdeck E, Stratton J.
Investigation of the performance of safety systems for protection of the elderly.
Annu Proc Assoc Adv Automot Med [Internet]. 2005 [cited 2013 Sept 6];49:361-9.
Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3217455/
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles...
).
Da mesma forma, a determinação do padrão das lesões em idosos australianos
envolvidos em colisões automobilísticas em um período de dois anos evidenciou que
os traumatizados tiveram uma maior taxa de lesões no tórax, encontrando-se nesta
região do corpo os três ferimentos mais comuns, correspondendo a 23,5% de fraturas
de costela, 9,5% de tórax instável e 5,9% de fraturas do esterno. A taxa de
mortalidade total verificada no grupo idoso foi quase o dobro da encontrada no
grupo mais jovem(2929 Yee WY, Cameron PA, Bailey MJ. Road traffic injuries in the elderly.
Emerg Med J [Internet]. 2006 [cited 2013 Sept 6];23(1):42-6. Available from:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2564127/
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles...
).
O traumatismo cranioencefálico foi outra lesão presente nos artigos levantados. As
taxas dessa lesão entre os idosos internados no Instituto Australiano de Saúde e
Bem-Estar aumentaram 1,4 vezes de 1998 a 1999 e de 2004 a 2005, constatando que os
idosos de 85 anos e mais tiveram 10,8 vezes a taxa encontrada entre os que
possuíam idade entre 60 e 64 anos(2525 Jamieson LM, Roberts-Thomson KF. Hospitalized head injuries among older
people in Australia, 1998/1999 to 2004/2005. Inj Prev [Internet]. 2007 [cited 2013
Sept 6]; 2(13):243-7. Available from:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2598353/pdf/243.pdf
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles...
).
Em Singapura, o traumatismo cranioencefálico continua a ser um importante problema
de saúde pública e uma condição indicativa de morbimortalidade significativa,
sendo os acidentes de trânsito e as quedas os principais causadores desse tipo de
lesão naquele país(2828 Lee KK, Seow WT, Ng I. Demographical profiles of adult severe traumatic
brain injury patients: implications for healthcare planning. Singapore Med J
[Internet]. 2006 [cited 2013 Sept 6];47(1):31-6. Available from:
http://www.sma.org.sg/smj/4701/4701a4.pdf
http://www.sma.org.sg/smj/4701/4701a4.pd...
).
No Brasil, estudo realizado na região sudeste visando a definir as características
do trauma em idosos pela comparação das variáveis entre este grupo e o de
traumatizados não idosos observou que algumas lesões foram mais frequentes nos
idosos, como os hematomas subdurais, as hemorragias subaracnoideas e as contusões
cerebrais(1515 Parreira JG, Soldá SC, Perlingeiro JAG, Padovese CC, Karakhanian WZ,.
Assef JC Análise comparativa das características do trauma entre pacientes idosos e
não idosos. Rev Assoc Med Bras [Internet]. 2010 [citado 2013 ago. 6];56(5):541-6.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ramb/v56n5/v56n5a14.pdf
http://www.scielo.br/pdf/ramb/v56n5/v56n...
).
Em relação à vulnerabilidade do idoso aos acidentes de trânsito, estudos
internacionais afirmam que o aumento da idade e a gravidade da lesão são
preditoras para complicações e mortalidade. O aumento da idade reduz a tolerância
ao choque na colisão, e a fragilidade ou um problema de saúde preexistente pode
representar um risco de morte até 50% maior no grupo mais velho(1919 Kent R, Trowbridge M, Lopez-Valdes FJ, Ordoyo RH, Segui-Gomez M. How
many people are injured and killed as a result of aging? Frailty, fragility, and the
elderly risk-exposure tradeoff assessed via a risk saturation model. Ann Adv Automot
Med [Internet]. 2009 [cited 2013 Sept 6];53:41-50. Available from:
gov/pmc/articles/PMC3256801/pdf/file19_final.pdf
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles...
,2424 Gowing R, Jain MK. Injury patterns and outcomes associated with elderly
trauma victims in Kingston, Ontario. Can J Surg. 2007;50(6):437-44.,3232 Kent R, Henary B, Matsuoka F. On the fatal crash experience of older
drivers.. Annu Proc Assoc Adv Automot Med [Internet] 2005 [cited 2013 Sept
6];49:371-91. Available from:
http://europepmc.org/backend/ptpmcrender.fcgi?accid=PMC3217450&blobtype=pdf
http://europepmc.org/backend/ptpmcrender...
).
Nas publicações selecionadas, os acidentes com pedestres idosos foram bastante abordados e tornou-se imperativo descrevê-los, para que se possa questionar sobre mudanças sociais e ambientais necessárias à redução dessas ocorrências.
Os acidentes de trânsito com idosos pedestres
Estudo norte-americano que examinou os acidentes ocorridos com pedestres no período de 2000 a 2010, objetivando caracterizar a população e o padrão de lesão, observou que 18,7% das vítimas eram idosos e destes 39% tinha 80 anos e mais de idade, sendo que a taxa de mortalidade para pacientes idosos foi mais que o dobro de pacientes não idosos(66 Mcelroy LM, Juern JJ, Bertleson A, Xiang Q, Szabo A, Weigelt J. A single urban center experience with adult pedestrians struck by motor vehicles. WMJ. 2013;112(3):117-22.).
No Brasil, o perfil dos eventos por causas externas no idoso difere em alguns
aspectos do que ocorre entre os mais jovens, apresentando uma maior
vulnerabilidade aos atropelamentos, chamando a atenção para a elevada proporção de
mortes por esta causa (48,2%)(77 Broska Junior CA, Folchini ABD, Ruediger RR. Estudo comparativo entre o
trauma em idosos e não idosos atendidos em um Hospital Universitário de Curitiba. Rev
Col Bras Cir [Internet]. 2013 [citado 2013 ago. 30];40(4):281-6. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rcbc/v40n4/v40n4a05.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rcbc/v40n4/v40n...
,99 Luz TCB, Malta DC, Sá NNB, Silva MMA, Lima-Costa MF. Violências e
acidentes entre adultos mais velhos em comparação aos mais jovens: evidências do
Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA), Brasil. Cad Saúde Pública
[Internet]. 2011 [citado 2013 ago. 6];27(11):2135-42. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/csp/v27n11/07.pdf
http://www.scielo.br/pdf/csp/v27n11/07.p...
,3535 Gawryszewski VP, Mello Jorge MHP, Koizumi MS. Mortes e internações por
causas externas entre os idosos no Brasil: o desafio de integrar a saúde coletiva e a
atenção individual.. Rev Assoc Med Bras [Internet] 2004 [citado 2013 set.
6];50(1):97-103. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/ramb/v50n1/a44v50n1.pdf
http://www.scielo.br/pdf/ramb/v50n1/a44v...
).
Considerando esta questão, pesquisa realizada em Maringá relacionou como fatores
responsáveis pelos acidentes limitações próprias do envelhecimento como a
mobilidade mais restrita, falta de atenção, dificuldades visuais e auditivas,
entre outras deficiências próprias da idade, assim como o tempo dos semáforos nas
vias, que nem sempre permite a conclusão da travessia no período programado.
Porém, uma parcela dos idosos atropelados atribuiu a ocorrência do acidente à
falta de cuidado dos motoristas(3737 Souza RKT, Soares DFPP, Mathias TAF, Andrade OG, Santana RG. Idosos
vítimas de acidentes de trânsito: aspectos epidemiológicos e impacto na sua vida
cotidiana. Acta Sci Health Sci [Internet]. 2003 [citado 2013 ago. 6];25(1):19-25.
Disponível em:
http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciHealthSci/article/view/2247/1467
http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/A...
).
Investigação realizada no Brasil para analisar a morbimortalidade por causas
externas em idosos residentes em município do sul do país verificou que na faixa
de 60 a 64 anos os atropelamentos tiveram coeficiente de 22,7 óbitos por 100.000
habitantes para os homens e de 5,6 óbitos por 100.000 habitantes para as mulheres.
Entretanto, entre os idosos de 85 anos e mais esse valor foi de 3,2 óbitos para
cada 100.000 habitantes do sexo masculino(3030 Mathias TAF, Mello Jorge MHP, Andrade OG. Morbimortalidade por causas
externas na população idosa residente em município da região sul do Brasil. Rev
Latino Am Enfermagem [Internet]. 2006 [citado 2013 ago. 6];14(1):17-24. Disponível
em: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v14n1/v14n1a03.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rlae/v14n1/v14n...
).
Outro estudo nacional, realizado em São Paulo para determinar a epidemiologia das
lesões decorrentes de trauma de alta energia na população idosa e analisar as
características específicas ligadas ao trauma, assim como a evolução ao longo do
tratamento, constatou que o mecanismo de trauma mais prevalente foi o
atropelamento, resultando, principalmente, em fraturas de membros inferiores. O
tempo de internação foi superior ao de pacientes de faixas etárias mais jovens e
90% dos casos apresentaram algum tipo de complicação clínica após a cirurgia
ortopédica, sendo que a idade agiu isoladamente como fator preditivo positivo para
a ocorrência das complicações nos politraumatizados(2222 Katz M, Okuma MAA, Santos ALG, Guglielmetti CLB, Sakaki MH, Zumiotti AV.
Epidemiologia das lesões traumáticas de alta energia em idosos. Acta Ortop Bras
[Internet]. 2008 [citado 2013 ago. 6];16(5):279-83. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/aob/v16n5/v16n5a05.pdf
http://www.scielo.br/pdf/aob/v16n5/v16n5...
).
O atendimento ao idoso traumatizado
O aumento do número de idosos na população e a vida mais ativa por eles
desenvolvida, inclusive com a realização de atividade profissional, tem
proporcionado maior exposição e, consequentemente, possibilitado o aumento da
ocorrência de trauma por acidente de trânsito neste grupo(99 Luz TCB, Malta DC, Sá NNB, Silva MMA, Lima-Costa MF. Violências e
acidentes entre adultos mais velhos em comparação aos mais jovens: evidências do
Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA), Brasil. Cad Saúde Pública
[Internet]. 2011 [citado 2013 ago. 6];27(11):2135-42. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/csp/v27n11/07.pdf
http://www.scielo.br/pdf/csp/v27n11/07.p...
,1212 Lima MLC, Souza ER, Acioli RML, Bezerra ED. Análise dos serviços
hospitalares clínicos aos idosos vítimas de acidentes e violências. Ciênc. Saúde
Coletiva [Internet] 2010 [citado 2013 ago. 6];15(6):2687-97. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a07v15n6.pdf
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a07v1...
,2222 Katz M, Okuma MAA, Santos ALG, Guglielmetti CLB, Sakaki MH, Zumiotti AV.
Epidemiologia das lesões traumáticas de alta energia em idosos. Acta Ortop Bras
[Internet]. 2008 [citado 2013 ago. 6];16(5):279-83. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/aob/v16n5/v16n5a05.pdf
http://www.scielo.br/pdf/aob/v16n5/v16n5...
).
Estudos nacionais e internacionais afirmam que a ocorrência de fatores comuns ao
envelhecimento, tais como fragilidade, comorbidades, polifarmácia e limitações
funcionais, físicas e cognitivas tornam a prevenção de lesões traumáticas mais
complicadas entre os idosos. Por esta razão, os protocolos de avaliação do trauma
entre as pessoas com mais de 60 anos precisam ser considerados com especial
atenção, uma vez que as lesões podem estar ocultas, aumentando o risco de desfecho
fatal(77 Broska Junior CA, Folchini ABD, Ruediger RR. Estudo comparativo entre o
trauma em idosos e não idosos atendidos em um Hospital Universitário de Curitiba. Rev
Col Bras Cir [Internet]. 2013 [citado 2013 ago. 30];40(4):281-6. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rcbc/v40n4/v40n4a05.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rcbc/v40n4/v40n...
,2121 González MGR, Snyder NS. Lesiones accidentales en adultos mayores: un
reto para los sistemas de salud. Salud Pública Méx [Internet]. 2008 [citado 2013 ago.
6];50(6):463-71. Disponible en:
http://www.scielosp.org/pdf/spm/v50n6/07.pdf
http://www.scielosp.org/pdf/spm/v50n6/07...
-2222 Katz M, Okuma MAA, Santos ALG, Guglielmetti CLB, Sakaki MH, Zumiotti AV.
Epidemiologia das lesões traumáticas de alta energia em idosos. Acta Ortop Bras
[Internet]. 2008 [citado 2013 ago. 6];16(5):279-83. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/aob/v16n5/v16n5a05.pdf
http://www.scielo.br/pdf/aob/v16n5/v16n5...
,2626 Pressley JC, Barlow B, Quitel L, Jafri A. Improving access to
comprehensive injury risk assessment and risk factor reduction in older adult
populations. Am J Public Health [Internet]. 2007 [cited 2013 Sept 6];97(4):676-8.
Available from:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1829339/pdf/0970676.pdf
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles...
-2727 Scheetz LJ, Zhang J, Kolassa JE. Using crash scene variables to predict
the need for trauma center care in older persons. Res Nurs Health [Internet]. 2007
[cited 2013 Sept 6];30(4):399-412. Available from:
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/nur.20203/pdf
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.10...
,3333 Scheetz LJ. Relationship of age, injury severity, injury type, comorbid
conditions, level of care, and survival among older motor vehicle trauma patients.
Rev Nurs Health [Internet]. 2005 [cited 2013 Sept 6];28(3):198-209. Available from:
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/nur.20075/pdf.
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.10...
,3636 Liberman M, Mulder DS, Sampalis JS. Increasing volume of patients at
level I trauma centres: is there a need for triage modification in elderly patients
with injuries of low severity? Can J Surg[Internet] . 2003 [cited 2013 Sept
6];46(6):446-52. Available from:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3211761/.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles...
).
No Canadá, estudo que investigou os registros de trauma em um período de sete anos
e analisou a natureza dos ferimentos e a necessidade de modificação dos protocolos
de triagem em idosos acidentados recomendou avaliação geriátrica especializada e
adequação desses documentos para realização de encaminhamento adequado aos centros
apropriados(3636 Liberman M, Mulder DS, Sampalis JS. Increasing volume of patients at
level I trauma centres: is there a need for triage modification in elderly patients
with injuries of low severity? Can J Surg[Internet] . 2003 [cited 2013 Sept
6];46(6):446-52. Available from:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3211761/.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles...
).
Nesse sentido, estudos nacionais relatam ocorrer problemas no diagnóstico precoce
das lesões nos idosos traumatizados e consideram indispensável a presença de
profissionais com formação em gerontologia nas equipes de atendimento ao trauma,
recomendando capacitação urgente dos profissionais dos serviços especializados
para a identificação, atuação, encaminhamento e acompanhamento adequado destes
casos(1212 Lima MLC, Souza ER, Acioli RML, Bezerra ED. Análise dos serviços
hospitalares clínicos aos idosos vítimas de acidentes e violências. Ciênc. Saúde
Coletiva [Internet] 2010 [citado 2013 ago. 6];15(6):2687-97. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a07v15n6.pdf
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a07v1...
,1414 Mello ALSF, Moysés SJ. Análise diagnóstica do atendimento pré-hospitalar
para acidentes e violências contra idosos em Curitiba (PR, Brasil). Ciênc Saúde
Coletiva. [Internet]. 2010 [citado 2013 ago. 6];15(6):2709-18. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a09v15n6.pdf
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a09v1...
-1515 Parreira JG, Soldá SC, Perlingeiro JAG, Padovese CC, Karakhanian WZ,.
Assef JC Análise comparativa das características do trauma entre pacientes idosos e
não idosos. Rev Assoc Med Bras [Internet]. 2010 [citado 2013 ago. 6];56(5):541-6.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ramb/v56n5/v56n5a14.pdf
http://www.scielo.br/pdf/ramb/v56n5/v56n...
).
No ano de 2009 realizou-se uma análise diagnóstica em serviços hospitalares
clínicos de urgência e emergência de cinco capitais brasileiras para atendimento a
idosos traumatizados, tendo como referência algumas políticas públicas, como a
Política Nacional de Redução de Morbimortalidade por Acidentes e Violências, a
Política Nacional de Atenção às Urgências, a Portaria nº 2.048-GM/MS20, o Estatuto
do Idoso e a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. Os resultados
demonstraram que nenhuma das capitais estudadas cumpriu todos os requisitos
recomendados pelas políticas, apresentando deficiências quanto à estrutura e
organização para manter um acompanhante, falhas nos encaminhamentos para serviços
de referência, nos protocolos clínicos específicos, nas fichas de notificação, no
suporte aos idosos, na capacitação profissional e na definição do fluxo para tal
população(1212 Lima MLC, Souza ER, Acioli RML, Bezerra ED. Análise dos serviços
hospitalares clínicos aos idosos vítimas de acidentes e violências. Ciênc. Saúde
Coletiva [Internet] 2010 [citado 2013 ago. 6];15(6):2687-97. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a07v15n6.pdf
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a07v1...
).
Estudo realizado em Curitiba, focalizando as condições gerais de infraestrutura,
planejamento e apoio na atenção pré-hospitalar móvel e fixa para atendimento ao
idoso vitimado por acidente e violência, concluiu que esse atendimento ainda tem
tratamento incipiente nas ações desenvolvidas nos 14 serviços pesquisados naquela
cidade. Os autores observaram não haver um plano específico nem definição de
fluxos de atendimento ao idoso que se encontra nessa situação, faltando protocolos
com abordagem preventiva, ocorrendo também deficiência nos registros de
casos(1414 Mello ALSF, Moysés SJ. Análise diagnóstica do atendimento pré-hospitalar
para acidentes e violências contra idosos em Curitiba (PR, Brasil). Ciênc Saúde
Coletiva. [Internet]. 2010 [citado 2013 ago. 6];15(6):2709-18. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a09v15n6.pdf
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a09v1...
).
Em Recife, outra análise diagnóstica baseada nas diretrizes da Política Nacional
de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violência e na Política Nacional de
Saúde da Pessoa Idosa mostrou que essas diretrizes são contempladas apenas
parcialmente, sendo o atendimento deficiente em relação a diversos aspectos, como
protocolos clínicos, notificação, suporte aos idosos, cuidadores e vitimizadores e
capacitação profissional(1313 Lima MLC, Souza ER, Lima MLLT, Barreira AK, Bezerra ED,. Acioli RML
Assistência à saúde dos idosos vítimas de acidentes e violência: uma análise da rede
de serviços SUS no Recife (PE, Brasil). Ciênc. Saúde Coletiva [Internet] 2010 [citado
2013 ago. 6];15(6):2677-86. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a06v15n6.pdf
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a06v1...
).
Da mesma forma, o atendimento à população idosa vítima de acidente e violência em
Manaus revelou ocorrer escassez de leitos hospitalares e de unidades de terapia
intensiva para tratamento do idoso. Evidenciou-se também a necessidade de
capacitação dos profissionais e de especialidades médicas para o acompanhamento
desses idosos internados por trauma(1616 Santos ER, Souza ER, Ribeiro AP, Souza AMM, Lima RTS. Cenário do
atendimento aos agravos provocados por acidentes e violência contra idosos na rede
SUS de Manaus (AM, Brasil). Ciênc. Saúde Coletiva [Internet] 2010 [citado 2013 ago.
6];15(6):2741-52. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a12v15n6.pdf
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a12v1...
).
Em relação ao atendimento de reabilitação ao idoso, vítima de acidentes e
violência, investigação realizada em cinco capitais brasileiras, com base na
Política Nacional de Redução de Morbimortalidade por Acidentes e Violências, no
Estatuto do Idoso e na Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, apontou que
esse atendimento mostra fragilidades na implantação das políticas públicas
consideradas. Poucas unidades têm recursos para responder às especificidades das
pessoas idosas vitimadas por esses agravos(1717 Ribeiro AP, Barter EACP. Atendimento de reabilitação à pessoa idosa
vítima de acidentes e violência em distintas regiões do Brasil. Ciênc. Saúde Coletiva
[Internet] 2010 [cited 2013 ago. 6];15(6):2729-40. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a11v15n6.pdf
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a11v1...
).
Discussão
Os estudos selecionados sobre o trauma por acidente de trânsito no idoso foram, em sua maior parte, originários do Brasil. Acredita-se que a relevância dada ao tema pelo CLAVES tenha contribuído com esse fato, uma vez que dos estudos brasileiros selecionados, seis foram desenvolvidos por esse grupo de estudo e discutem os acidentes e as violências com os idosos baseando-se em políticas públicas instituídas no país, demonstrando a preocupação desses pesquisadores com o problema da violência e dos acidentes nessa faixa etária no Brasil. Quanto ao número de publicações norte-americanas, o Comitê de Trauma, criado em 1922 pelo Colégio Americano de Cirurgiões, reconheceu esse evento como agravo e passou a propor ações de prevenção e controle, em busca de melhoria da assistência.
Quanto ao delineamento, a maioria dos estudos foi observacional, principalmente do
tipo transversal, utilizando exclusivamente informações de bancos de dados de trauma,
o que demonstra a importância do registro adequado do trauma para análise dos dados
epidemiológicos desses eventos. Porém, destaca-se que uma dificuldade dos estudos
transversais é o estabelecimento de relações causais. Talvez por esta razão haja
carência de estudos identificando fatores de risco capazes de prevenir o trauma em
idosos(88 Rodrigues J, Ciosak SI. Elderly victims of trauma: analysis of the risk
factors. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2012 [cited 2013 Aug 6];46(6):1400-5.
Available from: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v46n6/en_17.pdf
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v46n6/en...
).
Baseado nos principais resultados e conclusões dos estudos evidenciaram-se aspectos similares relativos ao trauma por acidente de trânsito envolvendo idosos em diferentes países, dentre eles o aumento da incidência, a localização das lesões mais prevalentes, a gravidade dos atropelamentos com crescimento da mortalidade e de complicações.
Quanto ao aumento na incidência das lesões decorrentes do trânsito na população
idosa, observa-se que mesmo em um país desenvolvido como os Estados Unidos houve
aumento nos acidentes de trânsito, especialmente naqueles envolvendo motocicletas,
mostrando uma realidade semelhante à encontrada no Brasil. Com isso confirma-se a
necessidade de investigação de causas, para planejamento e implementação de
intervenções mais rigorosas a fim de controlar e prevenir esses agravos nos
diferentes países. Constata-se, assim, que os acidentes com idosos são eventos
importantes devido à maior vulnerabilidade dessa parcela da população, o que pode
resultar em traumas de gravidade variável(3030 Mathias TAF, Mello Jorge MHP, Andrade OG. Morbimortalidade por causas
externas na população idosa residente em município da região sul do Brasil. Rev
Latino Am Enfermagem [Internet]. 2006 [citado 2013 ago. 6];14(1):17-24. Disponível
em: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v14n1/v14n1a03.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rlae/v14n1/v14n...
).
Considerando os tipos de lesão mais prevalentes entre os idosos vitimados no trânsito, destacaram-se as lesões de extremidades. Ressalta-se assim a importância dessas lesões, pois embora isoladamente possam não apresentar risco de vida para os acidentados, por outro lado, são responsáveis por grande parte das imobilizações e, consequentemente, da perda da independência funcional dessas pessoas, mesmo que temporárias.
Outros tipos de lesões apontadas com frequência nas publicações levantadas foram os traumas de tórax e cranioencefálicos, os quais se mostraram significativos por relacionarem-se à maior mortalidade, assim como por aumentarem a permanência dos idosos nas unidades de terapia intensiva. Pelas discussões, percebe-se que os idosos, embora não sejam o grupo mais vitimado pelos acidentes de trânsito, representam o de maior gravidade, tanto pelas alterações fisiológicas que ocorrem no envelhecimento quanto pela gravidade das lesões provocadas por esses eventos. Em razão do exposto, faz-se necessário que se investigue sobre os fatores causadores e as possibilidades de prevenção na população em questão.
Estudo realizado em Manaus, com a população idosa vítima de acidente e violência,
verificou que pouco tem sido feito no campo da prevenção, ressaltando que o registro
de dados e a notificação apareceram como pontos mais frágeis nos três níveis de
atenção(1616 Santos ER, Souza ER, Ribeiro AP, Souza AMM, Lima RTS. Cenário do
atendimento aos agravos provocados por acidentes e violência contra idosos na rede
SUS de Manaus (AM, Brasil). Ciênc. Saúde Coletiva [Internet] 2010 [citado 2013 ago.
6];15(6):2741-52. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a12v15n6.pdf
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a12v1...
).
Os dados epidemiológicos levantados demonstraram a importância dos acidentes de trânsito para a população idosa, possibilitando inferir a gravidade que tais eventos representam para o alcance de uma velhice saudável, constatando-se a existência de aspectos similares nos diferentes países, como o aumento da mortalidade por esta causa entre os idosos, principalmente entre os mais velhos, chegando, em alguns países, a equiparar-se ao número de ocorrências encontradas entre os jovens.
Verificaram-se, ainda, outros fatores agravantes, como o convívio do idoso com
deficiências permanentes após o acidente e a dificuldade de prevenção dessas
ocorrências, em virtude da natureza multicausal do evento. A pessoa idosa, em
decorrência do acidente, pode sofrer um comprometimento na sua qualidade de vida, com
possibilidade de agravamento em decorrência das alterações próprias do
envelhecimento, uma vez que o impacto do acidente na vida cotidiana tende a reduzir a
integração na sociedade. Também, por conta da vulnerabilidade, as possibilidades de
custos econômicos nessa fase da vida são ainda maiores, determinados pela
probabilidade de maior tempo de internação hospitalar, com maior possibilidade de
complicações(3737 Souza RKT, Soares DFPP, Mathias TAF, Andrade OG, Santana RG. Idosos
vítimas de acidentes de trânsito: aspectos epidemiológicos e impacto na sua vida
cotidiana. Acta Sci Health Sci [Internet]. 2003 [citado 2013 ago. 6];25(1):19-25.
Disponível em:
http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciHealthSci/article/view/2247/1467
http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/A...
).
A vulnerabilidade do idoso ao acidente de trânsito é incontestável e na condição de
pedestre isto se acentua pela maior exposição da vítima no momento da colisão.
Entretanto, as medidas de proteção nesse sentido são tímidas e limitadas(3737 Souza RKT, Soares DFPP, Mathias TAF, Andrade OG, Santana RG. Idosos
vítimas de acidentes de trânsito: aspectos epidemiológicos e impacto na sua vida
cotidiana. Acta Sci Health Sci [Internet]. 2003 [citado 2013 ago. 6];25(1):19-25.
Disponível em:
http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciHealthSci/article/view/2247/1467
http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/A...
), e até o momento nenhum país requer
que a frente do veículo seja projetada para minimizar lesões nos
atropelamentos(33 Peden M, Scurfield R, Sleet D, Mohan D, Hyder A, Jarawan E, et al.
Informe mundial sobre prevención de los traumatismos causados por el tránsito.
Washington: OPAS; 2004.).
Os artigos discutiram também questões ligadas ao atendimento a esses pacientes, o qual apresenta especificidades. Nesse sentido, estudos brasileiros de análise diagnóstica situacional em serviços de atenção a acidentes e violências, tomando como base as políticas instituídas no país constataram que os serviços não atendem integralmente às medidas recomendadas.
Estudo que abordou a inserção do tema violência contra a pessoa idosa nas políticas
públicas brasileiras de atenção à saúde afirma que os primeiros anos do presente
século têm se apresentado como um período de criação, articulação, integração e
consolidação de planos e redes de proteção e garantia dos direitos das pessoas
idosas, uma população que cresce aceleradamente e requer acompanhamento para que
tenha vida longa e saudável(44 Souza ER, Minayo MCS. Inserção do tema violência contra a pessoa idosa
nas políticas públicas de atenção à saúde no Brasil. Ciênc. Saúde Coletiva [Internet]
2010 [citado 2013 set. 6];15(6):2659-2668. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a02v15n6.pdf
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a02v1...
).
Nesse sentido destaca-se a importância da participação efetiva da enfermagem no cuidado aos idosos - tanto na atenção básica por meio da promoção de comportamentos e de ambientes seguros e saudáveis e no estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de informações de caráter educativo acerca dos aspectos biopsicossociais do envelhecimento -, quanto no atendimento pré-hospitalar e intra-hospitalar aos idosos vitimados por acidentes e violências, monitorando essas ocorrências e participando do cuidado interdisciplinar e intersetorial às vítimas, com profissionais capacitados nas áreas de geriatria e gerontologia e de prestação de serviços.
Acredita-se que os aspectos elencados acerca desse atendimento evidenciaram a gravidade do problema, principalmente por considerar que essa população já vivencia cotidianamente outras perdas, ligadas ao envelhecimento. Portanto, o planejamento e a execução de ações dirigidas à valorização dos idosos são urgentes e necessárias, considerando o crescimento populacional da faixa, como também sua importância para a economia do país.
Conclusão
Os dados epidemiológicos dos acidentes de trânsito envolvendo idosos evidenciaram aumento da incidência do trauma por esta causa, na maioria dos países estudados, nos últimos dez anos. Tais estudos mostraram que grande parte das vítimas de acidentes de trânsito é pedestre e os idosos representam o grupo mais vulnerável, principalmente os mais velhos.
Atualmente o trânsito nas cidades encontra-se mais arriscado, consequentemente os idosos pedestres tornam-se mais vulneráveis em decorrência das limitações próprias do envelhecimento, como também devido à falta de atenção dos motoristas e à inadequação do planejamento urbano, dentre outros fatores. Assim sendo, urge investir em esforços para prevenir e reduzir as mortes e lesões por acidentes neste grupo populacional, criando-se estratégias adequadas para minimizar tais ocorrências.
É premente a construção de um espaço urbano mais amigo das pessoas idosas, assim como o investimento na cultura da solidariedade, pensando em uma sociedade para todos. Deslocar-se com segurança é um direito fundamental e, para que seja assegurado, algumas medidas precisam ser discutidas, como semáforos adequados, principalmente nas vias de maior movimento; pontos de ônibus protegidos e que possibilitem o acesso na entrada e saída dos transportes coletivos; informações acessíveis e legíveis, considerando as limitações visuais próprias do envelhecimento; uma fiscalização mais rigorosa no trânsito, em relação aos limites de velocidade; e a adoção de medidas educativas e punitivas, visando a combater esses acidentes e proteger os usuários vulneráveis das vias públicas.
No contexto geral, os resultados chamaram atenção para as possibilidades de prevenção, considerando que os acidentes de trânsito podem ser evitados com utilização de medidas simples, representando um desafio para os enfermeiros na promoção da saúde por meio de programas de orientação e de autocuidado para idosos e seus familiares.
As publicações analisadas discutiram ainda o atendimento ao idoso traumatizado, evidenciando a necessidade de adequação de protocolos e a presença de profissionais com formação em gerontologia nos serviços especializados de atendimento ao trauma. Os estudos de análise diagnóstica realizados no Brasil demonstraram que o atendimento ao idoso traumatizado apresentou deficiências, não sendo seguidos os preceitos recomendados pelas políticas públicas estabelecidas no país. Portanto, é essencial a capacitação dos recursos humanos para esse atendimento, destacando o preparo dos enfermeiros para a realização do acolhimento com classificação de risco aos idosos acidentados atendidos nos serviços de urgência do país e seu consequente acompanhamento.
Dessa forma, verifica-se a necessidade de envolvimento da sociedade em geral, incluindo empenho de gestores e profissionais, instituições formadoras e entidades de classe da área de saúde, assim como dos órgãos de segurança e comunicação para que o idoso seja visto em suas especificidades e fragilidades, sendo reconhecido como vulnerável aos acidentes de trânsito, principalmente na condição de pedestre.
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Extraído da tese "Trauma por acidente de trânsito no idoso: fatores de risco e consequências", Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, 2013
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
Jan-Feb 2015
Histórico
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Recebido
10 Jan 2014 -
Aceito
03 Nov 2014