Acessibilidade / Reportar erro

Staphylococcus aureus e o perfil de sensibilidade à oxacilina em pessoas vivendo com HIV/aids hospitalizadas

Resumo

OBJETIVO

Analisar a colonização nasal por Staphylococcus aureus sensíveis e resistentes à oxacilina de pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA) no primeiro e no sétimo dia de internação hospitalar.

MÉTODO

Estudo prospectivo observacional realizado em um hospital do interior paulista. Foram coletadas e analisadas, por meio de identificação microbiológica, amostras de swab nasal no primeiro e no sétimo dia de internação hospitalar de PVHA, no período de agosto/2011 e janeiro/2014. A análise dos dados foi realizada por meio do IBM SPSS(r), versão 20.0.

RESULTADOS

Em 187 (50,1%) PVHA foram coletadas amostras de secreção nasal no primeiro e sétimo dia de internação. Destas, em 64 (34,2%) foi identificado Staphylococcus aureus.

CONCLUSÃO

No primeiro dia de internação observou-se 27 PVHA colonizadas por Staphylococcus aureus; em 27 PVHA houve a persistência da colonização por Staphylococcus aureus no primeiro e no sétimo dia; em 10 PVHA, somente no sétimo dia. Das 64 PVHA colonizadas por Staphylococcus aureus, em 25 o perfil de suscetibilidade do Staphylococcus aureus isolado foi resistente à oxacilina.

Descritores
Infecções por HIV; Hospitalização; Staphylococcus aureus; Oxacilina

Abstract

Objective

Analyze nasal colonization by oxacillin-sensitive and oxacillin-resistant Staphylococcus aureus in people with HIV/AIDS (PWHA) at days 1 and7 of hospitalization.

METHOD

A prospective observational study conducted in a hospital in the countryside of the state of São Paulo. Nasal swab samples were collected and analyzed through microbiological identification, at days 1 and 7 of hospitalization of PWHA, between August 2011 and January 2014. Data were analyzed via IBM SPSS(r), version 20.0.

RESULTS

Nasal secretion samples were collected from 187 (50.1%) PWHA at days 1 and 7 of hospitalization. Of these, Staphylococcus aureus was identified in 64 (34.2%) PWHA.

CONCLUSION

At day 1 of hospitalization, 27 PWHA were identified with Staphylococcus aureus; 27 PWHA presented colonization by Staphylococcus aureus at days 1 and 7, and 10 PWHA only at day 7. Of 64 PWHA colonized by Staphylococcus aureus, the susceptibility profile of isolated Staphylococcus aureus was oxacillin-resistant in 25 PWHA.

Descriptors
HIV Infections; Hospitalization; Staphylococcus aureus; Oxacillin

Resumen

OBJETIVO

Analizar la colonización nasal por Staphylococcus aureus sensibles y resistentes a la oxacilina de personas viviendo con VIH/Sida (PVVS) el primer y séptimo día de estancia hospitalizar.

MÉTODO

Estudio prospectivo observacional, realizado en un hospital del interior del Estado de São Paulo. Fueron recogidas y analizadas, mediante identificación microbiológica, muestras de swab nasal el primer y el séptimo día de estancia hospitalaria de PVVS, en el período de agosto/2011 a enero/2014. Se realizó el análisis de los datos mediante el IBM SPSS(r), versión 20.0.

RESULTADOS

En 187 (50,1%) PVVS, fueron recogidas muestras de secreción nasal el primer y séptimo día de estancia hospitalaria. De esas, en 64 (34,2%) fue identificado Staphylococcus aureus.

CONCLUSIÓN

El primer día de estancia se observó 27 PVVS colonizadas por Staphylococcus aureus; en 27 PVVS hubo la persistencia de la colonización por Staphylococcus aureus el primer y el séptimo día; en 10 PVVS, solo el séptimo día. De las 64 PVVS colonizadas por Staphylococcus aureus, en 25 el perfil de susceptibilidad del Staphylococcus aureus aislado fue resistente a la oxacilina.

Descriptores
Infecciones por VIH; Hospitalización; Staphylococcus aureus; Oxacilina

Introdução

Os seres humanos são reservatórios naturais de Staphylococcus aureus, uma bactéria que coloniza principalmente as narinas, vagina, faringe, e/ou superfícies da pele danificada11 Anstead GM, Cadena J, Javeri H. Treatment of infections due to resistant Staphylococcus aureus. Methods Mol Biol. 2014;1085:259-309.. Uma vez rompida a barreira de proteção natural, há a disponibilidade de acesso do microrganismo às camadas subjacentes e, em condições favoráveis, pode-se instalar uma infecção22 Van HSJ, Jensen SO, Vaska VL, Espedido BA, Paterson DL, Gosbell IB. Predictors of mortality in Staphylococcus aureus Bacteremia. Clin Microbiol Rev. 2012;25(2):362-86.-33 Weintrob A, Bebu I, Agan B, Diem A, Johnson E, Lalani T, et al. Randomized, double-blind, placebo-controlled study on decolonization procedures for Methicillin-Resistant Staphylococcus aureus (MRSA) among HIV-infected adults. PLoS One. 2015;10(5):e0128071.) .

O quadro clínico das infecções pode se tornar extremamente grave nos pacientes que apresentam imunocomprometimento, como os indivíduos que vivem com o vírus da imunodeficiência humana (HIV), grandes queimados e pacientes com câncer, elevando os índices de morbimortalidade, tempo de permanência no hospital e custos relacionados à assistência44 Lambert ML, Suetens C, Savey A, Palomar M, Hiesmayr M, Morales I, et al. Clinical outcomes of health-care-associated infections and antimicrobial resistance in patients admitted to European intensive-care units: a cohort study. Lancet Infect Dis. 2011; 11(1):30-8..

As infecções por Staphylococcus aureus têm sido apontadas como as grandes responsáveis pela morbimortalidade de PVHA, devido aos fatores de virulência desse microrganismo e pela sua resistência aos antibióticos. A resistência do Staphylococcus aureus à meticilina (MRSA) foi descrita pela primeira vez na Europa por Jevons em 1961 como um agente patogênico nosocomial. Desde então, a resistência microbiana configura-se como uma das grandes preocupações no âmbito da saúde pública, com sérias implicações econômicas, sociais e políticas que afetam os indivíduos de modo global, ultrapassando os limites ambientais e étnicos55 Reinato LAF, Pio DPM, Lopes LP, Pereira FMV, Lopes AER, Gir E. Nasal colonization with Staphylococcus aureus in individuals with HIV/AIDS attended in a Brazilian Teaching Hospital. Rev Latino Am Enfermagem. 2013;21(6):1235-9..

Pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA) apresentam maior colonização nasal por Staphylococcus aureus quando comparadas àquelas não infectadas44 Lambert ML, Suetens C, Savey A, Palomar M, Hiesmayr M, Morales I, et al. Clinical outcomes of health-care-associated infections and antimicrobial resistance in patients admitted to European intensive-care units: a cohort study. Lancet Infect Dis. 2011; 11(1):30-8.. Deste modo, a infecção pelo HIV é considerada um fator de risco para a colonização e infecção pelo Staphylococcus aureus meticilina resistente (MRSA)66 Kotpal R, Krishna PS, Bhalla P, Dewan R, Kaur R. Incidence and risk factors of nasal carriage of Staphylococcus aureus in HIV-infected individuals in comparison to HIV-uninfected individuals: a case-control study. J Int Assoc Provid AIDS Care. 2016;15(2):141-7.

7 Oliva A, Lichtner M, Mascellino MT, Iannetta M, Ialungo AM, Tadadjeu Mewamba S, et al. Study of methicillin-resistant Staphylococcus aureus (MRSA) carriage in a population of HIV-negative migrants and HIV-infected patients attending an outpatient clinic in Rome. Ann Ig. 2013;25(2)99-107.
-88 Lee LK, Win MK, Veeraraghavan MA, Wong CS, Chow AL, Leo YS. Short communication: risk factors for methicillin-resistant Staphylococcus aureus colonization among HIV patients at hospital admission. AIDS Res Hum Retroviruses. 2013;29(5):796-8..

Embora sejam notórios os avanços trazidos pela terapia antirretroviral no tratamento de pessoas infectadas pelo HIV, ainda são persistentes diversas situações clínicas indesejáveis que requerem a hospitalização desses indivíduos e que os expõem à microbiota nosocomial. Dentre as principais causas de hospitalização de PVHA estão: doenças gastrintestinais, infecções bacterianas e doenças cardiovasculares99 Crum-Cianflone NF, Grandits G, Echols S, Ganesan A, Landrum M, Weintrob A, et al. Trends and causes of hospitalizations among HIV-infected persons during the late HAART era: what is the impact of CD4 counts and HAART use? J Acquir Immune Defic Syndr. 2010;54(3):248-57..O processo de hospitalização demanda intervenções que contribuem para a alteração na microbiota natural da pessoa hospitalizada, seja por causa dos agravos à saúde, como doenças sistêmicas, seja pelo uso de medicamentos, seja por procedimentos invasivos ou pela contaminação local.

Pesquisa realizada na Irlanda comprovou que o efeito da detecção rápida de MRSA é uma forma que facilita o cumprimento das políticas de triagem e isolamento mais precoce de pacientes, o que consequentemente reduz a infecção cruzada1010 Creamer E, Dolan A, Sherlock O, Thomas T, Walsh J, Moore J, et al. The effect of rapidscreening for methicillin-resistant Staphylococcusaureus (MRSA) on the identification and earlier isolation of MRSA-positive patients. Infect Control Hosp Epidemiol. 2010;31(4):374-81.. Diante disso, a identificação da colonização por microrganismos mutirresistentes no ato da internação hospitalar de PVHA possibilita que manejos clínicos possam ser implementados, tais como: medidas de isolamento e descolonização, a fim de se evitar uma disseminação desses microrganismos e, consequentemente, evitar uma possível infecção.

É relevante o reconhecimento das particularidades que acometem as pessoas que vivem com HIV/aids (PVHA) na busca de uma individualização da assistência que lhes é prestada. O ambiente nosocomial pode influenciar diretamente na disseminação de microrganismos multirresistentes nesta população. Assim, o objetivo do presente estudo é analisar a colonização nasal por Staphylococcus aureus sensíveis e resistentes à oxacilina de PVHA no primeiro e no sétimo dia de internação hospitalar relacionando-a com os achados sociodemográficos e clínicos. Para tanto, parte-se da hipótese de que um período igual ou superior a 7 dias de hospitalização pode alterar a colonização nasal de PVHA em relação à presença ou não de Staphylococcus aureus sensíveis ou resistentes à oxacilina.

Método

Trata-se de um estudo prospectivo observacional realizado em duas unidades especializadas no cuidado a indivíduos com doenças infecciosas de um hospital universitário do interior paulista.

O projeto de pesquisa foi apreciado e aprovado pelo Comitê de Ética da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP, atendendo às recomendações da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (Protocolo nº 1304/2011).

A seleção da amostra foi por conveniência e incluiu todos os participantes que atenderam aos critérios de inclusão do trabalho: ter idade superior a 18 anos, ter ciência do diagnóstico de infecção pelo HIV/aids e obter a coleta no primeiro e no sétimo dia de internação hospitalar. Foram excluídas as pessoas que vivem com HIV/aids em uso de qualquer dispositivo ventilatório e/ou em qualquer outra condição clínica que impossibilitasse a coleta. Dentre os participantes que durante o período tiveram mais de uma internação hospitalar, foi considerada somente a primeira.

A seleção dos participantes foi realizada por auxiliares de coleta, que receberam um treinamento específico, durante o período compreendido entre agosto de 2011 e janeiro de 2014. No primeiro dia da internação hospitalar o paciente foi convidado a participar e recebeu as informações pertinentes aos preceitos éticos da pesquisa. Após a compreensão e o aceite do participante, procedeu-se à assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Foram coletados os dados sociodemográficos e clínicos por meio de entrevista individual e de acesso às informações do prontuário. A coleta da secreção nasal foi obtida com o auxílio do swab seco com meio Stuart estéril (marca COPAN(r)), friccionando em ambas as narinas, no primeiro dia de internação hospitalar visando identificar se a PVHA já estava colonizada pelo Staphylococcus aureus sensível ou resistente à oxacilina; e no sétimo dia de internação, com o intuito de identificar a presença ou não de Staphylococcus aureus sensíveis ou resistentes à oxacilina comparando-os com a condição identificada no primeiro dia. Os swabs foram mantidos em temperatura ambiente (30ºC), acondicionados em recipiente plástico com tampa e encaminhados para o laboratório de análise microbiológica no prazo máximo de 24 horas da coleta, onde foram semeados em meio ágar sangue e manitol.

O isolamento e a identificação fenotípica do Staphylococcus aureus foram realizados segundo método automatizado, com o auxílio de cartões do sistema Vitek(r) (BioMérieuxTM). A resistência aos antimicrobianos foi testada pela utilização do cartão AST-P585 (BioMérieuxTM). Quando confirmada a colonização nasal por Staphylococcus aureus dos participantes do estudo, a Comissão de Controle de Infecções Hospitalar (CCIH) era notificada e responsável por comunicar ao médico do paciente, o qual avaliava junto à CCIH a viabilidade da prescrição do protocolo de descolonização da instituição.

Os dados foram organizados em planilha do Microsoft Office Excel for Windows 7 mediante dupla digitação e validados posteriormente. A planilha definitiva foi transportada e analisada por meio do IBM SPSS(r), versão 20.0 for Windows, sendo realizadas as operações de criação de novas variáveis, categorizações e agrupamentos, procedendo-se à análise estatística descritiva e analítica dos dados, por meio do teste Qui-Quadrado, adotando-se o valor de p igual a 0,05.

Resultados

Dos 373 participantes abordados no período do estudo, 187 (50,1%) foram elegíveis e atenderam aos critérios de inclusão definidos, e em 123 (65,7%) as culturas foram negativas no sétimo dia (Tabela 1).

Tabela 1
Distribuição das PVHA segundo a colonização nasal por Staphylococcus aureus sensível e resistente à oxacilina no primeiro e no sétimo dia de internação hospitalar - Ribeirão Preto, SP, Brasil, 2011-2014.

Dos 64 (34,2%) que apresentaram culturas positivas para Staphylococcus aureus, em 27 (42,2%) houve a persistência desse microrganismo nos swabs nasais do primeiro e do sétimo dia, sendo que em três (4,7%) o perfil de sensibilidade à oxacilina foi diferente, pois no sétimo dia pôde-se observar a presença de Staphylococcus aureus resistente à oxacilina. Em sete (10,9%) participantes do estudo houve crescimento de Staphylococcus aureus somente no sétimo dia de hospitalização, contudo, o perfil de suscetibilidade demonstrou resistência à oxacilina por esses microrganismos.

No que tange à caracterização dos participantes, 59,4% eram do sexo masculino. A faixa etária predominante foi ≥ 40 e ≤ 59 anos com 49,7% da amostra. Quanto ao nível de escolaridade, 39,0% tinham o superior incompleto. O diagnóstico clínico da infecção pelo HIV em tempo inferior ou igual a 5 anos foi evidenciado 38,5% dos indivíduos; 77,0% receberam algum procedimento invasivo durante a hospitalização; 59,9% possuíam resultado de carga viral para o HIV detectável; 69,0% apresentaram contagem de linfócitos TCD4+ inferior ou igual a 350 cel/mm3; 72,2% estavam em uso de algum antimicrobiano; 58,8% não tinham a terapia com antirretrovirais prescrita durante a hospitalização (Tabela 2).

Tabela 2
Distribuição das PVHA após 7 dias de hospitalização segundo a colonização nasal por Staphylococcus aureus e as variáveis sociodemográficas e clínicas - Ribeirão Preto, SP, Brasil, 2011-2014.

Foi realizado o Teste Qui-Quadrado, sendo considerando o valor de p igual a 0,05, relacionado às variáveis sexo, presença de relação sexual nos últimos 6 meses, uso de antibioticoterapia na internação, terapia antirretroviral prescrita na internação e procedimento invasivo na internação com a variável colonização nasal por Staphylococcus aureus (Tabela 3).

Tabela 3
Associação das PVHA após 7 dias de hospitalização segundo a colonização nasal por Staphylococcus aureus e as variáveis comportamentais e clínicas - Ribeirão Preto, SP, Brasil, 2011-2014.

Discussão

O presente estudo teve como sítio de investigação da colonização por Staphylococcus aureus a mucosa nasal. Estudo caso-controle realizado em Cingapura, que buscou a identificação de MRSA em pessoas vivendo com HIV/aids, durante a admissão hospitalar, evidenciou que o maior sítio de colonização deste microrganismo eram as narinas dos participantes77 Oliva A, Lichtner M, Mascellino MT, Iannetta M, Ialungo AM, Tadadjeu Mewamba S, et al. Study of methicillin-resistant Staphylococcus aureus (MRSA) carriage in a population of HIV-negative migrants and HIV-infected patients attending an outpatient clinic in Rome. Ann Ig. 2013;25(2)99-107..

Evidencia-se o fato de que PVHA do sexo masculino tiveram um maior índice de colonização nasal por Staphylococcus aureus, assim como os achados do estudo realizado em Barcelona que visava investigar a prevalência de MRSA em pacientes com HIV/aids1111 Imaz A, Camoez M, Di Yacovo S, Gasch O, Dominguez MA, Vila A, et al. Prevalence of methicillin-resistant Staphylococcus aureus colonization in HIV-infected patients in Barcelona, Spain: a cross-sectional study. BMC Infect Dis. 2015; 15:243..

O monitoramento da disseminação do Staphylococcus aureus nessa população com HIV/aids contribui não apenas para a implementação de programas de prevenção e de controle das infecções, como também para a sua sobrevida55 Reinato LAF, Pio DPM, Lopes LP, Pereira FMV, Lopes AER, Gir E. Nasal colonization with Staphylococcus aureus in individuals with HIV/AIDS attended in a Brazilian Teaching Hospital. Rev Latino Am Enfermagem. 2013;21(6):1235-9., por isso, a empregabilidade de políticas de vigilância em pacientes considerados de risco para a colonização e infecção de microrganismos multidroga resistente é viável. Faz-se imprescindível a identificação da condição desse paciente no ato da sua admissão no serviço de saúde e o seu acompanhamento ao longo de sua institucionalização.

Os fatores de risco apontados como predisponentes à susceptibilidade dos indivíduos com HIV/aids ao MRSA são: contagem de linfócitos T CD4+ inferior a 500 cel/mm3, carga viral do HIV superior ou igual a 400 cópias/ml, uso de drogas injetáveis, idade avançada, internação hospitalar prévia, procedimentos invasivos77 Oliva A, Lichtner M, Mascellino MT, Iannetta M, Ialungo AM, Tadadjeu Mewamba S, et al. Study of methicillin-resistant Staphylococcus aureus (MRSA) carriage in a population of HIV-negative migrants and HIV-infected patients attending an outpatient clinic in Rome. Ann Ig. 2013;25(2)99-107.,1212 Vyas KJ, Shadyab AH, Lin CD, Crum-Cianflone NF. Trends and factors associated with initial and recurrent methicillin-resistant Staphylococcus aureus (MRSA) skin and soft-tissue infections among HIV-infected persons: an 18-year study. J Int Assoc Provid AIDS Care. 2014;13(3):206-13.. Assim, identificou-se que a maioria dos participantes do estudo apresentava grande parte dos fatores de risco apontados como predisponentes para a colonização por MRSA na população estudada.

No sétimo dia de internação hospitalar foi identificado Staphylococcus aureus em 10 (15,6%) participantes do estudo, dos quais em sete (70,0%) observou-se resistência à oxacilina, semelhante ao identificado por estudo com pacientes institucionalizados em longo prazo que tiveram uma maior prevalência de MRSA em comparação aos demais microrganismos multidroga resistentes1313 Lim CJ, Cheng AC, Kennon J, Spelman D, Hale D, Melican G, Sidjabat HE, Paterson DL, Kong DC, Peleg AY. Prevalence of multidrug-resistant organisms and risk factors for carriage in long-term care facilities: a nested case-control study. J Antimicrob Chemother. 2014;69(7):1972-80...

Outro fator relevante é que a maioria dos participantes não possuía medicamentos antirretrovirais prescritos na internação, mas a literatura aponta que uma das grandes causas das internações hospitalares de PVHA deve-se a não adesão ao tratamento antirretroviral prescrito, ocasionando uma maior exposição desses indivíduos ao ambiente nosocomial1414 Blatt CR, Citadin CB, Souza FG, Mello RS, Galato D. Avaliação da adesão aos anti-retrovirais em um município no Sul do Brasil. Rev Soc Bras Med Trop [Internet]. 2009 [citado 2016 fev. 05];42(2):131-6. Disponível em: Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v42n2/v42n2a07.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v42n2/v42...
-1515 Silva ACO, Reis RK, Nogueira JA, Gir E. Quality of life, clinical characteristics and treatment adherence of people living with HIV/AIDS. Rev Latino Am Enferm. 2014; 22(6):994-1000..

Há limitações do estudo em relação ao menor número de acompanhamento dos participantes realizado no sétimo dia de internação hospitalar, em comparação com o primeiro dia, devido às altas, recusas ou óbitos. Além disso, um estudo de prevalência e de fatores de risco para MRSA em pessoas vivendo com HIV/aids aponta a importância de se investigar vários sítios de possíveis colonização de Staphylococcus aureus nesta população, e não somente as narinas1313 Lim CJ, Cheng AC, Kennon J, Spelman D, Hale D, Melican G, Sidjabat HE, Paterson DL, Kong DC, Peleg AY. Prevalence of multidrug-resistant organisms and risk factors for carriage in long-term care facilities: a nested case-control study. J Antimicrob Chemother. 2014;69(7):1972-80.,1616 Farley JE, Hayat MJ, Sacamano PL, Ross T, Carroll K. Prevalence and risk factors for methicillin-resistant Staphylococcus aureus in an HIV-positive cohort. Am J Infect Control. 2015;43(4):329-35..

Conclusão

Dos 187 (100%) participantes que tiveram amostras de swab nasal coletadas no primeiro e no sétimo dia de internação, 64 (34,2%) apresentaram colonização nasal por Staphylococcus aureus, sendo 27 (14,4%) no primeiro dia, 10 (5,3%) no sétimo dia e 27 (14,4%) no primeiro e no sétimo dia, caracterizando persistência da colonização por Staphylococcus aureus.

A resistência à oxacilina foi observada em 25 (13,3%) participantes, dos quais em 10 (5,3%) foi constatada somente no sétimo dia de hospitalização.

Ressalta-se que a maioria dos participantes colonizados por Staphylococcus aureus era do sexo masculino, relatou não ter tido relações sexuais nos últimos 6 meses, estava em uso de antibiótico, não possuía terapia antirretroviral prescrita e recebeu algum tipo de procedimento invasivo durante a hospitalização.

References

  • 1
    Anstead GM, Cadena J, Javeri H. Treatment of infections due to resistant Staphylococcus aureus. Methods Mol Biol. 2014;1085:259-309.
  • 2
    Van HSJ, Jensen SO, Vaska VL, Espedido BA, Paterson DL, Gosbell IB. Predictors of mortality in Staphylococcus aureus Bacteremia. Clin Microbiol Rev. 2012;25(2):362-86.
  • 3
    Weintrob A, Bebu I, Agan B, Diem A, Johnson E, Lalani T, et al. Randomized, double-blind, placebo-controlled study on decolonization procedures for Methicillin-Resistant Staphylococcus aureus (MRSA) among HIV-infected adults. PLoS One. 2015;10(5):e0128071.
  • 4
    Lambert ML, Suetens C, Savey A, Palomar M, Hiesmayr M, Morales I, et al. Clinical outcomes of health-care-associated infections and antimicrobial resistance in patients admitted to European intensive-care units: a cohort study. Lancet Infect Dis. 2011; 11(1):30-8.
  • 5
    Reinato LAF, Pio DPM, Lopes LP, Pereira FMV, Lopes AER, Gir E. Nasal colonization with Staphylococcus aureus in individuals with HIV/AIDS attended in a Brazilian Teaching Hospital. Rev Latino Am Enfermagem. 2013;21(6):1235-9.
  • 6
    Kotpal R, Krishna PS, Bhalla P, Dewan R, Kaur R. Incidence and risk factors of nasal carriage of Staphylococcus aureus in HIV-infected individuals in comparison to HIV-uninfected individuals: a case-control study. J Int Assoc Provid AIDS Care. 2016;15(2):141-7.
  • 7
    Oliva A, Lichtner M, Mascellino MT, Iannetta M, Ialungo AM, Tadadjeu Mewamba S, et al. Study of methicillin-resistant Staphylococcus aureus (MRSA) carriage in a population of HIV-negative migrants and HIV-infected patients attending an outpatient clinic in Rome. Ann Ig. 2013;25(2)99-107.
  • 8
    Lee LK, Win MK, Veeraraghavan MA, Wong CS, Chow AL, Leo YS. Short communication: risk factors for methicillin-resistant Staphylococcus aureus colonization among HIV patients at hospital admission. AIDS Res Hum Retroviruses. 2013;29(5):796-8.
  • 9
    Crum-Cianflone NF, Grandits G, Echols S, Ganesan A, Landrum M, Weintrob A, et al. Trends and causes of hospitalizations among HIV-infected persons during the late HAART era: what is the impact of CD4 counts and HAART use? J Acquir Immune Defic Syndr. 2010;54(3):248-57.
  • 10
    Creamer E, Dolan A, Sherlock O, Thomas T, Walsh J, Moore J, et al. The effect of rapidscreening for methicillin-resistant Staphylococcusaureus (MRSA) on the identification and earlier isolation of MRSA-positive patients. Infect Control Hosp Epidemiol. 2010;31(4):374-81.
  • 11
    Imaz A, Camoez M, Di Yacovo S, Gasch O, Dominguez MA, Vila A, et al. Prevalence of methicillin-resistant Staphylococcus aureus colonization in HIV-infected patients in Barcelona, Spain: a cross-sectional study. BMC Infect Dis. 2015; 15:243.
  • 12
    Vyas KJ, Shadyab AH, Lin CD, Crum-Cianflone NF. Trends and factors associated with initial and recurrent methicillin-resistant Staphylococcus aureus (MRSA) skin and soft-tissue infections among HIV-infected persons: an 18-year study. J Int Assoc Provid AIDS Care. 2014;13(3):206-13.
  • 13
    Lim CJ, Cheng AC, Kennon J, Spelman D, Hale D, Melican G, Sidjabat HE, Paterson DL, Kong DC, Peleg AY. Prevalence of multidrug-resistant organisms and risk factors for carriage in long-term care facilities: a nested case-control study. J Antimicrob Chemother. 2014;69(7):1972-80.
  • 14
    Blatt CR, Citadin CB, Souza FG, Mello RS, Galato D. Avaliação da adesão aos anti-retrovirais em um município no Sul do Brasil. Rev Soc Bras Med Trop [Internet]. 2009 [citado 2016 fev. 05];42(2):131-6. Disponível em: Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v42n2/v42n2a07.pdf
    » http://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v42n2/v42n2a07.pdf
  • 15
    Silva ACO, Reis RK, Nogueira JA, Gir E. Quality of life, clinical characteristics and treatment adherence of people living with HIV/AIDS. Rev Latino Am Enferm. 2014; 22(6):994-1000.
  • 16
    Farley JE, Hayat MJ, Sacamano PL, Ross T, Carroll K. Prevalence and risk factors for methicillin-resistant Staphylococcus aureus in an HIV-positive cohort. Am J Infect Control. 2015;43(4):329-35.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Aug 2016

Histórico

  • Recebido
    08 Mar 2016
  • Aceito
    28 Jun 2016
Universidade de São Paulo, Escola de Enfermagem Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 419 , 05403-000 São Paulo - SP/ Brasil, Tel./Fax: (55 11) 3061-7553, - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: reeusp@usp.br