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Cartas do Daomé: uma introdução

  • 2a "Dois embaixadores africanos mandados à Bahia pelo rei do Dagomé. Carta de D. Fernando José de Portugal ao Exmo. Sr. Luís Pinto de Souza em 21/10/1795", Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro, v. 69, part. 1 (1895), p. 413.
  • Nina Rodrigues, Os africanos no Brasil, São Paulo: Companhia Editora Nacional (Brasiliana), 1977 [1906], p. 31;
  • José Vieira Fazenda, "Antiqualhas de memórias do Rio de Janeiro", Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, tomo 93, v. 147, 1927, pp. 473-75;
  • Viriato Corrêa, "Os embaixadores de Dagomé", in Terra de Santa Cruz: contos e crônicas da história brasileira, Rio de Janeiro, Livraria Castilho, 1921, pp. 77-86;
  • J. F. de Almeida Prado, "A Bahia e suas relações com o Daomé", in O Brasil e o colonialismo europeu, São Paulo: Companhia Editora Nacional (Brasiliana), 1956, pp. 136-37;
  • Clado Ribeiro de Lessa, Crônica de uma embaixada luso-brasileira à costa d'África em fins do século XVIII, incluindo o texto da Viagem de África em o reino de Dahomé escrita pelo padre Vicente Ferreira Pirea no ano de 1800 e até o presente inédita, São Paulo: Companhia editora Nacional (Brasiliana), 1957, pp. xxv-xxxii, 193;
  • I. A. Akinjogbin, Dahomey and its Neighbours 1708-1818, Cambridge: Cambridge University Press, 1967, pp. x, pp. 184-185, 188-89;
  • Pierre Verger, Fluxo e refluxo do tráfico de escravos entre o Golfo do Benin e a Bahia de todos os Santos, São Paulo: Corrupio, 1987 [1968], pp. 257-92.
  • Trabalhos posteriores a Verger tocaram também no assunto das embaixadas daomeanas, por exemplo: Sílvia Hunold Lara, "Uma embaixada africana na América portuguesa", in István Jancsó e Íris Kantor (orgs.), Festa: cultura e sociabilidade na América portuguesa (São Paulo: Edusp, 2000), pp. 151-65;
  • Alberto da Costa e Silva, Francisco Félix de Souza, mercador de escravos, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2004, p. 71, 74.
  • 3a Ana Lúcia Araújo, seguindo a indicação de John Thornton, também consultou os documentos do IHGB, e publicou um artigo com transcrições parciais dessas cartas: Ana Lúcia Araújo, "Dahomey, Portugal and Bahia: King Adandozan and the Atlantic Slave Trade", Slavery and Abolition, v. 33, n.1 (2012), pp. 1-19.
  • 4a O estereótipo de tirania e crueldade teria sido difundido pelos ingleses já durante o próprio reinado de Adandozan: Akinjogbin, Dahomey, pp. 190-92.
  • Para reiterações posteriores ver, por exemplo, Abbé Pierre Bertrand Bouche, Sept ans en Afrique occidentale: La Côte des Esclaves et Dahomey, Paris: E. Plon, Nourrit et Cie. Imprimeurs-Éditeurs, 1885, pp. 339-41.
  • Para a tentativa revisionista: Akinjogbin, Dahomey, pp. 193-94, 200-01.
  • Mais recentemente o romance de Kangni Alem, Escravos, Rio de Janeiro: Pallas, 2011 [2009]
  • 5a De Guezo se conhecem outras cartas dirigidas às autoridades inglesas, quando estas estavam negociando a abolição definitiva do tráfico atlântico: House of Commons Parlamentary Papers (HCPP), British Commissioners-Class A, 1851-52: incl 3, em n. 179, "Rei do Daomé à rainha da Inglaterra, 7/09/1851", p. 279;
  • British Commissioners-Class A, 1852-53: incl 2 e 3, em n. 72, "Rei do Daomé à rainha da Inglaterra, 12/01/1852 e 13/01/1853", pp. 88-89;
  • British Commissioners-Class B, 1852-53: incl 7, em n. 4, "Notificação do Rei do Daomé, 14/05/1851", p. 48;
  • incl 8, em n. 4, "Rei do Daomé a oficiais da Marinha, 14/05/1851", p. 48;
  • incl 9, em n. 4, "Rei de Daomé a rainha Victoria, 26/04/1851", p. 49.
  • 8a Em Uidá, são conhecidas as incursões em 7-8 de dezembro de 1794 e 17-20 de agosto de 1797: APEB, maço 193, "Francisco Antônio da Fonseca Aragão ao governador da Bahia, Uidá, 20/12/1794, 13/03/1795"; e "Manoel Bastos Varela Pinto Pacheco ao governador da Bahia, Uidá, 27/09/1797". Ver também Verger, Fluxo, pp. 229-33.
  • 9a APEB, maço 193, "Manoel Bastos Varela Pinto Pacheco ao governador da Bahia, Uidá, 27/09/1797". Verger, Fluxo, pp. 246-7.
  • 10a Após o falecimento do governador Lionel Abson, em 1803, não foi nomeado sucessor e assumiu as funções o cirurgião. Para o progressivo abandono de Fort Williams: Akinjogbin, Dahomey, pp. 190-3.
  • 11a Archibald Dalzel, The History of Dahomy, an inland kingdom of Africa, compiled from authentic memoirs, Londres: Frank Cass, 1967 [1793], p. 217ss
  • 12a Sobre a importância do tabaco baiano no comércio de escravos, ver: Verger: Fluxo, 19-31.
  • 13a APEB, maço 193, "Francisco Antônio da Fonseca Aragão ao governador da Bahia, Uidá, 4 e 13/09/1790".
  • 14a AHU, CU, Bahia, cx 83, doc. 16.143 (FCA-PRDH, CD 12) "Officio do governador D. Fernando José de Portugal para Luiz Pinto de Souza Coutinho no qual lhe participa ter recebido dois emissarios do Rei Dahomé [...] 21/10/1795".
  • Há uma cópia (interditada para consulta) no APEB, maço 135, f. 85. Carta também citada por Verger, Fluxo, pp. 265-7.
  • 15a Verger, Fluxo, pp. 265-7.
  • 17a Antes disso, Amaral foi empregado durante quinze anos na tropa de artilharia na Bahia, foi destacado duas vezes em Lisboa, e passou sete meses de guarda-costa no bergantim real: AHU, CU, Bahia, cx 84, doc. 16.486 (FCA-PRDH, CD 13), "Carta patente pela qual o governador D. Fernando Jose de Portugal nomeou Francisco Xavier Alvares do Amaral Tenente da Fortaleza de Ajudá, Bahia, 25/02/1790".
  • AHU, CU, Bahia, cx 111, doc. 21.885 (FCA-PRDH, CD 17), "Carta patente pela qual o governador D. Fernando José de Portugal nomeou José Ferreira de Araújo Tenente da Fortaleza de S. João de Ajudá, posto que vagara por falecimento de Francisco Xavier Álvares do Amaral, Bahia, 9/10/1799".
  • 18a Verger, Fluxo, pp. 265-67;
  • cf. APEB, maço 135, "Fernando José de Portugal a Luiz Pinto de Souza Coutinho, 21/10/1795" f. 85.
  • 19a APEB, maço 193, "Francisco Antônio da Fonseca e Aragão ao governador da Bahia, Uidá, 11/04/1795".
  • 20a APEB, maço 139, "Fernando José de Portugal a Rodrigo de Souza Coutinho, Bahia, 18/12/1799", f. 247.
  • 21a Verger, Fluxo, pp. 233-4.
  • 22a APEB, maço 193, "Francisco Antônio da Fonseca e Aragão ao governador da Bahia, Uidá, 28/05/1795".
  • 23a BNRJ II- 34, 2, 20, "Dom João (em nome de sua mãe d. Maria) ao rei Agonglo, Palácio de Queluz, 6 /01/1796".
  • 24a APEB, maço 193, "Francisco Antônio da Fonseca e Aragão ao governador da Bahia, Uidá, 11/04/1795";
  • Verger, Fluxo, p. 234, 266;
  • cf. APEB, maço 135, "Fernando José de Portugal a Luiz Pinto de Souza Coutinho, 21/10/1795", f. 85.
  • O governador da Bahia especifica que Luiz Caetano "foi cativo do Coronel Antonio Cardozo dos Santos". Após a sua missão de 1795, a rainha lhe concedeu a Ordem de São Tiago da Espada: Verger, Fluxo, p. 270;
  • cf. BNRJ, 563. Quando esteve em Lisboa, em 1795, ele foi um dos entrevistados por Mendes. Anos depois, em 1806, esse autor informava que Caetano tinha "retornando para Daomé, hoje é ainda vivo, está sendo intérprete dos portugueses perante o rei": Luiz Antonio de Oliveira Mendes, "Memória histórica sobre os costumes particulares dos povos africanos, com relação privativa ao reino de Guiné, e nele com respeito ao rei de Daomé, recitada, em 23 de maio de 1806, na Academia Real das Ciências de Lisboa", Afro-Ásia, n. 28 (2002), p. 281.
  • 25a AHU, CU, Bahia, cx 83, doc. 16.143 (FCA-PRDH, CD 12), "Officio do governador D. Fernando José de Portugal para Luiz Pinto de Souza Coutinho no qual lhe participa ter recebido dois emissarios do Rei Dahomé [...] 21/10/1795".
  • Também citado por Verger, Fluxo, p. 266.
  • Manoel de Bastos Varela Pinto Pacheco (Barca só aparece na correspondência inicial do governador) foi nomeado por decreto para o cargo de diretor da fortaleza de Ajuda em 15 de setembro de 1795: APEB, maço 94, "D. Rodrigo de Souza Coutinho, Palácio de Queluz, 17/02/1801", f. 9;
  • Verger, Fluxo, p. 253, n. 65.
  • 26a BNRJ II- 34, 2, 20, "Luiz Pinto de Souza ao governador da Bahia - D. Fernando José de Portugal, Palácio de Queluz, 5/01/1796.
  • 26a BNRJ II- 34, 2, 20, "Dom João (em nome de sua mãe d. Maria) ao rei Agonglo, Palácio de Queluz, 6/01/1796".
  • 28a APEB, maço 193, "Francisco Xavier Álvares do Amaral ao governador da Bahia, Uidá, 27/02/1797".
  • 29a Mendes, "Memória", p. 281.
  • 30a BNRJ II- 34, 2, 20, "Dom João (em nome de sua mãe d. Maria) ao rei Agonglo, Palácio de Queluz, 6/01/1796" (anexo).
  • 31a BNRJ II- 34, 2, 20, "Rainha d. Maria ao rei Agonglo, Palácio de Queluz,19/02/1796".
  • Verger, Fluxo, p. 269.
  • D. Manoel Constantino seria tio de Adandozan e, portanto, irmão de Agonglo: AHU, CU, Bahia, cx. 212, doc. 14.964 (FCA-PRDH, CD 13), "Carta do padre Vicente Ferreira Pires a d. Rodrigo de Sousa Coutinho, 20/01/1799".
  • 32a Sobre as pretendidas núpcias do embaixador, as dificuldades para achar um navio de volta e um acidente com o língua Luiz Caetano: Lesa, Viagem, pp. xxxix-xl;
  • Verger, Fluxo, pp. 270-71;
  • cf. APEB, maço 81 [interditado para consulta], "Carta do embaixador do rei do Dahome. Pedido para casar-se. Palácio de Queluz, 3/04/1796" f. 21;
  • AHU, CU, Bahia, cx. 86, doc. 16.780 (FCA-PRDH, CD 13) 31/12/1796. "Officio do governador D. Fernando José de Portugal para d. Rodrigo de Souza Coutinho, em que se refere as reparações da Fortaleza de Ajudá, aos embaixadores do Rei de Dagomé, as exigências e ao regresso ao seu país, Bahia, 31/12/1796".
  • 33a Pires, Viagem, p. 25.
  • Sobre o comportamento do embaixador após seu retorno: APEB, maço 193, "Manoel Bastos Varela Pinto Pacheco ao governador da Bahia, Uidá, 22/06/1797".
  • 34a Verger, Fluxo, p. 270;
  • 36a Varela traduz o termo como "nome que dão aos irmãos e tios do rei" e, efetivamente, o conspirador parece ter sido um irmão de Agonglo. Porém, etimologicamente, Pires (Viagem, pp. 85, 136) está
  • 37a Para relatos contemporâneos do envenenamento de Agonglo e a entronização de Adandozan: Pires, Viagem, pp. 77-80;
  • APEB, maço 193, "Manoel Bastos Varela Pinto Pacheco ao governador da Bahia, Uidá, 22/06/1797".
  • AHU, CU, Bahia, cx. 212, doc. 14.964 (FCA-PRDH, CD 13) "Carta do padre Vicente Ferreira Pires a d. Rodrigo de Sousa Coutinho, 20/01/1799".
  • 38a Ver Robin Law, "Religion, Trade and Politics on the 'Slave Coast': Roman Catholic Missions in Allada and Whydah in the Seventeenth Century", Journal of Religion in Africa, v. 21, n. 1 (1991), pp. 42-77.
  • 39a Pires, Viagem, pp. 121-122.
  • Pires também informa que o rei lhe entregou um pano para o príncipe. Para a morte do padre Sardinha: APEB, maço 193, "Manoel Bastos Varela Pinto Pacheco, Uidá ao governador da Bahia, 4/10/1797".
  • 40a APEB, maço 139, "Fernando José de Portugal a Rodrigo de Souza Coutinho, Bahia, 18/12/1799", f. 248;
  • Verger, Fluxo, pp. 238-9.
  • 41a Verger, Fluxo, pp. 240, 242-3.
  • Sobre o aspecto literário e gramatical de Pires ver Lessa, Viagem, pp. xvii-xviii.
  • 42a Contudo, Pires chegou em Lisboa em 7 de julho de 1799 (Lessa, Viagem, p. 147) e poderia ter sido encarregado com a produç
  • 43a Para a versão do padre: Pires, Viagem, pp. 122-23.
  • Para a versão do diretor: APEB, maço 193, "Manoel Bastos Varela Pinto Pacheco ao governador da Bahia, Uidá, 4/10/1797".
  • 44a Pires, Viagem, p. 138.
  • AHU , CU, Bahia, cx. 212, doc. 14.964 (FCA-PRDH, CD 13) "Carta do padre Vicente Ferreira Pires a d. Rodrigo de Sousa Coutinho, 20/01/1799".
  • 45a Devido à incongruência das datas, Verger (Fluxo, p. 241) duvida da viagem de Pires a Abomé
  • em setembro, mas a correspondência de Varela confirma tanto os ataques dos corsários franceses, seguida da revolta de alguns oficiais portugueses, como a viagem do padre a Abomé: APEB, maço 193, "Manoel Bastos Varela Pinto Pacheco ao governador da Bahia, Uidá, 27/09/1797; 4/10/1797".
  • Para a versão de Pires, Viagem, pp. 138-40.
  • 46a Pires, Viagem, p. 77.
  • 47a Lessa, Viagem, p. 157.
  • O governador Portugal sugere que o conflito de Adandozan com Varela talvez resultasse das intrigas do tenente Amaral e do padre Pires: Verger, Fluxo, pp. 242-43;
  • 48a APEB, maço 193, "José Joaquim Marques da Graça ao governador da Bahia, Uidá, 25/07/1799".
  • Marques da Graça também escrevia à rainha d. Maria informando da sua nomeação: AHU, CU, Bahia, cx 101, doc. 19.718 (FCA-PRDH, CD 15). A corveta Flores do mar consta na nova versão do banco de dados online (coordenado por David Eltis), The Slave Trade Database (doravante TSTD2), n. 51332. A expulsão de governadores europeus de Uidá tinha acontecido com o governador francês em 20 de julho de 1789: APEB, maço 193, "Francisco Antônio Alfonseca e Aragão ao governador da Bahia, Uidá, 7/08/1789".
  • 49a APEB, maço 193, "José Joaquim Marques da Graça ao governador da Bahia, Uidá, 5/09/1799".
  • 50a AHU, CU, Bahia, cx 111, doc. 21.885 (FCA-PRDH, CD 17), "Carta patente pela qual o governador d. Fernando José de Portugal nomeou José Ferreira de Araújo Tenente da Fortaleza de S. João de Ajudá, posto que vagara por falecimento de Francisco Xavier Álvares do Amaral, Bahia, 9/10/1799".
  • José Ferreira foi confirmado no posto em 18 de março de 1800. Batizado na Sé da Bahia em 27 de setembro de 1766, era filho de Luciano Ferreira de Araújo, ex-tenente da fortaleza (idem, doc. 21.887-21.893). Fez carreira militar e antes de virar tenente foi cabo e furriel do Regimento de Infantaria de Linha. A morte de Araújo aconteceu antes de setembro de 1801: AHU, CU, Bahia, cx 119, doc. 23.446 (FCA-PRDH, CD 19), "Carta patente pela qual o governador D. Fernando José de Portugal nomeou Joaquim Marques da Graça tenente da Fortaleza de S. João de Ajudá, posto que vagara por falecimento de José Ferreira de Araújo, Bahia, 5/09/1801".
  • 51a Verger, Fluxo, p. 244,
  • diz que José Ferreira de Araújo foi expulso, mas a carta 12 informa que ele faleceu no Daomé de "carneirada" (malária) e dos remédios ministrados pelo almoxarife e o novo cirurgião, chegado com o tenente no início de 1800. O cirurgião anterior, José Alves Souza, este sim fora expulso, em setembro de 1799: APEB, maço 193, "José Joaquim Marques da Graça ao governador da Bahia, Uidá, 5/09/1799".
  • 52a AHU, CU, Bahia, cx 119, doc. 23.446 (FCA-PRDH, CD 19), "Carta patente pela qual o governador d. Fernando José de Portugal nomeou Joaquim Marques da Graça tenente da Fortaleza de S. João de Ajudá, posto que vagara por falecimento de José Ferreira de Araújo, Bahia, 5/09/1801".
  • 54a AHU, CU, Bahia, cx 131, doc. 25.803 (FCA-PRDH, CD 21), "Oficio do governador Francisco da Cunha Menezes para o visconde de Anadia, em que participa ter o Rei de Dagomé expulsado o Diretor interino da Fortaleza de S. João de Ajudá José Joaquim Marques da Graça, e ter nomeado o Ajudante Jacinto José de Sousa para exercer o governo da mesma fortaleza. Bahia 20/02/1804".
  • Nessa carta se especifica a data da nomeação em 3 de fevereiro de 1804: Verger, Fluxo 245.
  • Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro (doravante ABNRJ), v. 97 (1977), p. 195, F.G. 4.430, cópia, letra do séc. XIX, f. 152. "1804 - Agosto 31- Bahia.
  • 55a Akinjogbin, Dahomey, p. 197;
  • Verger, Fluxo, p. 245;
  • Silva, Francisco, p. 19.
  • 56a A narrativa da carta 12 deixa claro que o ataque a Abomé Calavi foi anterior à guerra na praia de Badagri, que aconteceu no início de março de 1803 (ver nota 57). Segundo o TSTD2 (n. 51373), o capitão Félix da Costa Lisboa saiu da Bahia em 2 de agosto de 1802, ficando na Costa da Mina até o 18 de julho de 1803, o que situaria o ataque a Abomé Calavi entre o final de 1802 e o início de 1803. Outras versões falam de ataques anteriores: Akindele e Aguessy mencionam um ataque de Porto Novo a Godome (Jaquin) e Agbome-Kpevi (Abome Calavi) nos tempos do reis Gbenyon (1761-75) e Tegbessu (1740-1774): A. Akindele e C. Aguessy, "Contribution à l'étude de l'histoire de l'ancien royaume de Porto-Novo", Mémoire de l'Institut Français d'Afrique Noire, n. 25, Dakar, IFAN (1953), p. 72.
  • Person data um ataque entre 1798 e 1800, durante a suposta minoridade de Adandozan: Yves Person, "Chronologie du royaume gun de Hogbonu (Porto-Novo)", Cahiers d'études africaines, v. 15 n. 58 (1975), pp. 224-5.
  • 58a AHU, São Tomé (1804), cx. 37, doc. 29, fl. 12, "Rei Hypo a Dom João, Ardra 18/11/1804".
  • 59a APEB, maço 193, "Correspondência da diretoria de Ajudá, 20/12/1787, 4/01/1788".
  • 60a AHU, CU, Bahia, cx. 212, doc. 14.964 (FCA-PRDH, CD 13), "Carta do padre Vicente Ferreira Pires a d. Rodrigo de Sousa Coutinho, 20/01/1799".
  • 61a APEB, maço 142, "Governador da Bahia ao visconde de Anadia, 15/03/1805", f. 292v, 295.
  • 62a APEB, maço 142, "Relação dos portuguezes que se achão prezioneiros no territorio do Rey de Dagome na Costa da Mina", fl. 499;
  • idem, "Francisco Cunha Meneses governador da Bahia ao visconde de Analia, Salvador, 15/03/1805", fl. 296-296v.
  • A relação inclui: 1.- Inocêncio Marques Santana, pardo, da tripulação da corveta Diana; 2.- Manoel Luis, pardo, escravo do capitão do Diana; 3.- Manoel da Silva Jordão, branco, casado, piloto da corveta Socorro, aprisionado em Badagri; 4.- Manoel de Magalhães, pardo, casado, barqueiro do Socorro; 5.- Domingos Braga, crioulo, preso em Badagri; 6.- Gonçalo de Christo, crioulo, forro, que se entregou voluntariamente aquele rei; 7.- Luiz Lisboa, escravo do capitão Felix da Costa Lisboa, que também se entregou voluntariamente àquele rei. Uma nota final informa: "O mesmo intérprete que fez esta declaração asseverou mais haverem outros muitos portugueses ali aprisionados dos quais ignora o número e os nomes". Citado também por Verger, Fluxo, p. 273.
  • 63a APEB, maço 142, "Governador da Bahia ao visconde de Anadia, 15/03/1805", f. 296.
  • Verger, Fluxo, p. 272.
  • 64a BNRJ II- 34, 5, 4 "Visconde de Anadia ao [governador da Bahia], Palácio de Queluz, 31/07/1805, documentos anexos".
  • As despesas da estadia em Lisboa aumentaram a 1:619$861 reis. Eles regressaram a bordo do bergantim Aurora, do capitão Manoel Jorge Martins: Verger, Fluxo, p. 274.
  • 65a BNRJ II- 34, 5, 4, "Visconde de Anadia ao [governador da Bahia], Palácio de Queluz, 30/07/1805".
  • 68a Verger, Fluxo, p. 275, nota 46 p. 290-91.
  • Inocêncio foi nomeado capitão do 4º Regimento de Milícias dos Homens Pardos e se converteu em assessor do governador da Bahia para assuntos sobre a Costa da Mina: BNRJ II- 34, 5, 4, "Visconde de Anadia ao [governador da Bahia], Palácio de Queluz, 31/07/1805";
  • AHU, CU, Bahia, cx 138, doc 27.472 (FCA-PRDH, CD 23), "Francisco da Cunha ao visconde de Anadia, 16/10/1805".
  • Inocêncio acabaria se tornando proprietário de navios e comerciante de escravos: Verger, Fluxo, pp. 446-7.
  • 69a Akinjogbin, Dahomey, pp. 193-5.
  • 70a Verger, Fluxo, pp. 279-83;
  • 72a BNRJ II- 34, 5, 4, "Visconde de Anadia ao rei Adandozan, Palácio de Queluz, 30/07/1805".
  • 73a TNA, T70/1163, "Day Books for William's Fort, Uidá, 10/07/1809, 5/06, 22/10 e 31/12/1810" e a própria carta 13.
  • Ver também Akinjogbin, Dahomey, pp. 195-96.
  • 74a Verger, Fluxo, p. 280;
  • cf. APEB, maço 166, f. 237, "Conde dos Arcos-governador da Bahia ao rei do Daomé
  • 75a Pierre Verger, Os libertos. Sete caminhos na liberdade de escravos da Bahia no século XIX, São Paulo: Corrupio, 1992, pp. 73-83, 94-5, esp. p. 81.
  • Araujo, "Dahomey", p. 14.
  • 76a Para a sucessão de Adandozan e ascensão de Guezo ver, por exemplo: Edna Bay, Wives of the Leopard. Gender, Politics, and Culture in the Kingdom of Dahomey, Charlottesville & Londres: University of Virginia Press,1998, pp. 166-78.
  • 78a Paul Hazoumé, Le pacte de sang au Dahomey, Paris: Institut d'Ethnologie, 1937, pp. 29, nota 1 e 31-32.
  • Hazoume escreve, em 1931, sobre vinte anos de pesquisas anteriores. A memória da venda da rainha aos negreiros aparece registrada pela primeira vez no Daomé na década de 1910: Gavoy, "Note historique sur Ouidah", Études Dahoméennes, n. 13 (1955) [1913], p. 60.
  • Sobre Na Agotimé, ver ainda: Maurice Ahanhanzo Glélé, Le Daxomé. Du pouvoir Ajá à la nation Fon, Cotonou : Nubia, 1974, p. 109;
  • Bay, Wives, pp. 179-80,
  • Silva, Francisco, pp. 107-8.
  • 79a Melville Herskovits, Dahomey, an ancient West African kingdom, Nova York: J.J. Augustin Publisher, 1938, v. i, p. 14 e vol ii, p. 64;
  • idem, "A Footnote to the History of Negro Slaving", Opportunity: Journal of Negro Life, v. 11, n. 6 (1933), p. 181.
  • 80a A. D. Cortez da Silva Curado, Dahomé. Esbôço geographico, historico, ethnographico e politico, Lisboa: Typ. do Comercio de Portugal, 1888, p. 23;
  • Pierre Verger, "Le culte des vodun d'Abomey aurait-il eté apporté à Saint-Louis de Maranhon par la mère de Ghezo", in Les Afro-Américains. Mémoires de l'Institut Français d'Afrique Noire, n. 27, Dakar: IFAN, 1952, pp. 157-62;
  • 81a Carlos Eugenio Corrêa da Silva, Uma viagem ao estabelecimento portuguez de S. João Baptista de Ajudá na Costa da Mina em 1865, Lisboa: Imprensa Nacional, 1866, pp. 77-8.
  • Silva, Francisco, p. 78,
  • 82a Verger, Fluxo, p. 460;
  • cf. APEB, maço 142, f. 165.
  • 83a TNA, T70/1163, "Day Books for William's Fort, Uidá, 14/04/1808.
  • 84a Akinjogbin, Dahomey, p. 198.
  • 85a Silva, Francisco, p. 30, 31
  • 86a Robin Law, "A carreira de Francisco Félix de Souza na África Ocidental (1800-1849)", Topoi n. 2 (2001), p. 10.
  • 87a Sobre a atuação de Francisco Felix de Souza na fortaleza de Ajudá, ver ainda: Robin Law, "The Evolution of the Brazilian Community in Ouidah", in K. Mann e E. Bay (orgs.), Rethinking the African Diaspora: The Making of a Black Atlantic World in the Bight of Benin and Brazil, Londres: Frank Cass, 2001, pp. 24-26, 32-35;
  • Silva, Francisco, pp. 29-31, 85, 101;
  • Akinjogbin, Dahomey, p. 198.
  • 88a Numa das poucas cartas conservadas de d. João ao rei Agonglo, este é tratado de "nobre, e honrado rei de Dagomé" e "vossa nobre Pessoa": BNRJ II- 34, 2, 20, "Carta, relatório e outros docs. Relativos à visita dos Embaixadores do Rei de Dahomey 1796. 8 docs. nº 563 do cat.
  • 1 APEB, Secção Colonial, Correspondência recebida de autoridades diversas, maço 197, cx 76, doc. 1. Na parte superior do primeiro folio, em lápis, consta "31-3". 2 Dom Fernando José de Portugal e Castro, primeiro conde e segundo marquês de Aguiar (Lisboa, 4/12/1752 – Rio de Janeiro, 24/01/1817) era governador e capitão-general da Bahia, cargo que ocupou de 1788 a 1801. Da Bahia seguiu para o Rio, em 1801, onde atuou como vice-rei até 1806. Foi também ministro do príncipe-regente d. João entre 1807 e 1817. O fato do autor da carta desconhecer o nome certo não deixa de ser significativo. 3 Originalmente povoado por grupos hulas, Jaquin (Jakin, Jacquin, Jaquem, Jaqueen, Jakkein) estava localizado na região da atual Godomey, a oeste do lago Nokué. No século XVII foi, junto a Offra (Offer), o principal porto do reino de Allada. Com a conquista daomeana de Allada em 1724, Jaquin se submeteu ao rei Agaja e foi poupado da destruição. Porém, em 1732, após conspirações ali tramadas pelos holandeses e portugueses (Jose de Torres abriu um forte português em 1730), a cidade foi saqueada e incendiada pelas tropas daomeanas, deixando praticamente de existir. 4 Os intérpretes, ou "moços brancos", capazes de escrever nas línguas europeias, eram figuras chave no comércio com os daomeanos. Eles não eram necessariamente "brancos", mas designados com essa categoria, yovo, pelo fato de saberem falar e escrever língua de branco. Ver carta 2, nota 18 No reino de Uidá, havia chefes nativos associados a cada uma das nações europeias que ali comerciavam que dominavam as respectivas línguas. Também podiam ser utilizados prisioneiros portugueses como "línguas". Resultado das guerras nas praias de Porto Novo, desde pelo menos 1787, se prolongando até 1790, o rei Agonglo tinha vários desses prisioneiros: APEB, maço 193, "Francisco Antonio da Fonseca e Aragão ao governador da Bahia, Uidá, 20/12/1787; 04/01/1788, 16/08/1790".
  • 5 Os "portos de baixo" seriam aqueles situados a leste, ou sotavento, de Ajudá, incluindo Epé, Porto Novo, Apa, Badagri, Onim (Lagos) e Boni: APEB, maço 193, "Manoel Bastos Varela Pinto Pacheco ao governador da Bahia, Uidá, 02/09/1797".
  • 6 Ajudá (Judá) era o nome que os portugueses davam a Uidá (Fida, Ouidah, Whydah), aldeia situada a pouco menos de cinco quilômetros do litoral. A sua população original era hula e nos primeiros registros cartográficos do século XVII aparece como Fulaen, mas rapidamente acolheu grupos huedas que passaram a ser dominantes. Provavelmente Uidá é uma variação fonética do entônimo hueda, embora alguns pensem que seja uma variante de Ajudá. Em língua vernácula essa localidade é referida como Glehué (Grigues, Grégoué, Griwy, variantes de glexwe, literalmente "casa de campo") e era o principal entreposto comercial do reino de Savi (Xavier, Xabier, Sabée, Sabié). Lá foram levantadas feitorias que se tornariam o forte Williams dos ingleses (c. 1690s), o forte francês de Saint Louis de Gregory (1704) e o forte português de São João Baptista de Ajudá (1721). Em 1727, o reino de Savi foi conquistado pelas tropas do rei daomeano Agaja e Uidá passou a ser para o Daomé a principal abertura para o mar e para o comércio europeu. 7 Cabeceira é um termo português utilizado localmente para designar o chefe (em vernáculo gan). Traduzido pelos ingleses como caboceer 8 Migan era o "primeiro ministro" no Daomé. Mehu era o "segundo" do reino. Aboga é uma variante de yovogan, ou "chefe dos brancos", e exercia o papel de governador ou vice-rei no porto de Uidá. Para mais informação ver, por exemplo, A. Le Herisse, L'ancièn royaume du Dahomey: moeurs, religion, histoire, Paris: Emile Larose Ed., 1911, pp. 38-42.
  • 9 O uso da forma reflexiva "me pedem" sugere que o rei, no seu primeiro ano de mandato, seguia o conselho de seus assessores comerciais. 10 Provavelmente os armadores dos navios. 11 Francisco Antonio da Fonseca e Aragão, o diretor do forte português em Uidá, se queixava de roubos, desordens e abusos cometidos tanto pelas populações locais, como pelos próprios portugueses da fortaleza. Em agosto e setembro de 1790, poucos meses depois da garantia de segurança prometida pelo rei, continuavam os problemas em Uidá, "e este ano até chegarão a por fogo nas casas ou feitorias dos comerciantes para, debaixo do barulho de se apagar, melhor poderem furtar": APEB, maço 193, "Francisco Antonio da Fonseca e Aragão ao governador da Bahia, Uidá, 20/06/1788; 16/08/1790; 4/09/1790".
  • 12 A carta foi enviada através do "irmão de D. José", de quem nada sabemos. 13 Agonglo tinha o seu palácio privado, extramuros de Abomé, no bairro de Gbekon Huegbo, mas sua residência habitual era no palácio Abomé, situado no centro da capital. Fora as campanhas militares, o rei passava também períodos na cidade de Calamina, ou Cana, situada a aproximadamente onze quilômetros de Abomé. 14 Indicaria que a carta foi escrita em Uidá, mas se sabe que o rei de Daomé nunca viajava a Uidá, pois os reis do Daomé eram proibidos, por interdito ritual, de entrar em contato com o mar. 15 Dacome, Dagomê, da Gome, são grafias possíveis de Danxome ou Daomé, que em fon significa "sobre o ventre de Dan." Dan teria sido um chefe autóctone que acolheu aos recém-chegados alladahonu (habitantes provinentes de Allada), provavelmente no início do século XVII, mas vendo a insistência destes em obter cada vez mais terras, teria reclamado perguntando-lhes se queriam construir suas casas sobre o ventre dele. O chefe alladahonu Dacodonu, segundo algumas versões, ou Huegbaja, segundo outras, tomando a resposta por afronta, conquistou as terras de Dan e, fazendo do insulto profecia, construiu o novo palácio Danxome, sobre o cadáver ou ventre do rei Dan. A primeira versão registrada dessa narrativa é de Robert Norris, Memoirs of the Reign of Bossa Ahadee, King of Dahomy, Londres: Frank Cass [1789], 1968, p. xiv.
  • 16 Essa carta de 23/07/1790 não foi identificada. 17 BNRJ, II 34, 2,10. Ementa: "Ofício do Rei de Dahimey a D. Fernando José de Portugal 1795. 1 doc. nº 552 do cat.
  • ". Há uma cópia em: AHU, CU, Bahia, cx 83, doc. 16.145 (FCA-PRDH, CD 12) "Carta do Rei do Dahomé para o governador da Bahia, na qual lhe pede que todos os navios mercantes vão diretamente ao porto de Ajudá fazer o seu negócio, cujo resultado lhes garantia. Dahomé 20/03/1795. Cópia. (Annexa ao 16.143)".
  • Carta parcialmente transcrita por Pierre Verger, Fluxo e refluxo do tráfico de escravos entre o Golfo do Benin e a Bahia de todos os Santos, São Paulo: Corrupio, 1987 [1968], p. 265.
  • A antiga localização apontada por Verger é BNRJ, 552. 18 O intérprete ou língua Luiz Caetano de Assumpção, referido como "meu branco" pelo rei, era de fato um escravo mulato que tinha escapado do seu senhor, o diretor do forte português Antônio da Fonseca e Aragão, e se refugiado sob a proteção do rei do Daomé: APEB, maço 193, "Francisco Antônio da Fonseca e Aragão ao governador da Bahia, Uidá, 11/04/1795".
  • Ver também nota 4 19 Um dos embaixadores, batizado como d. Manoel Constantino Carlos Luiz, faleceu em Lisboa em fevereiro 1796. O outro, batizado como João Carlos de Bragança, teve por padrinho o príncipe d. João. Ver nesta edição de Afro-Ásia, Luis Nicolau Parés, "Cartas do Daomé: uma introdução" (doravante Introdução).
  • 20 A rainha d. Maria I de Portugal. 21 Sobre a muita importância do tabaco baiano no comércio de escravos, ver Verger: Fluxo, pp.19-31.
  • Em 1790, o diretor português se queixava da decadência do comércio baiano em Uidá, "pelo muito tabaco que os franceses e ingleses trazem de Lisboa, por cujas causas [têm] ido e irão os navios dessa cidade perdidos de negócio, e esta mesma abundância de tabaco faz os negros mais atrevidos e imodestos": APEB, maço 193, "Francisco Antônio da Fonseca e Aragão ao governador da Bahia, Uidá, 04/09/1790 e 13/12/1790".
  • Para a justificativa do governador da Bahia sobre o peso dos rolos de tabaco: AHU, CU, Bahia, cx 83, doc. 16.143 (FCA-PRDH, CD 12), "Officio do Governador d. Fernando José de Portugal para Luiz Pinto de Souza Coutinho no qual lhe participa ter recebido dois emissários do Rei Dahomé [...] 21/10/1795".
  • 22 Agonglo parece fazer a mesma solicitação de "sedas boas de ouro, e prata em obra" no "papel" sem assinatura que acompanhava a carta 3 dirigida à rainha de Portugal: BNRJ II- 34, 2, 20, "Dom João ao rei Agonglo, Palácio de Queluz, 06/01/1796".
  • Ver Introdução. 23 Após a palavra rei, vem o símbolo de uma cruz e em seguida Dagomê. 24 Não se conserva a resposta do governador da Bahia à carta 2. Há, porém, a resposta do príncipe d. João ao rei Agonglo com referência explícita à carta 3: BNRJ II- 34, 2, 20, "Dom João ao rei Agonglo, Palácio de Queluz, 06/01/1796".
  • Dando continuidade à resposta ao rei daomeano, há outra carta da rainha d. Maria ao rei Agonglo informando a morte de um dos embaixadores: BNRJ II- 34, 2, 20, "Rainha D. Maria ao rei Agonglo, Palácio de Queluz,19/02/1796".
  • 25 BNRJ II- 34, 2, 20. Ementa: "Carta, relatório e outros docs. relativos à visita dos Embaixadores do Rei de Dahomey 1796. 8 docs. nº 563 do cat.
  • " O número "6" consta escrito a lápis na carta. A transcrição de Verger, Fluxo, pp. 267-69,
  • está atualizada e muda diversas expressões. 26 Referência ao pai e antecessor de Agonglo, Kpengla, que reinou entre 1774 e 1789. 27 Embora a carta indique ter sido escrita em Abomé, há referência continuada a "este porto" aludindo a Uidá. 28 Francisco Antônio da Fonseca e Aragão nasceu por volta de 1748, em Viseu, filho de José da Fonseca Aragão e Maria Josefa de Almeida, casado com d. Teresa Maria de Jesus. Em 1781, com 33 anos, era sargento-mor do regimento da Ilha de São Tomé, onde morava. Ele veio da cidade da Bahia antes de 1778 e foi preso pela Inquisição de Lisboa em 10 de março de 1781, acusado de heresia e sacrilégio, ou seja, "por não ouvir missa nos dias de preceito [...] mandara abrir coroas de sacerdote a quatro pretos escravos de d. Joana Luis Coelho, e na mesma Ilha comia carne nos dias de jejum sem causa algua e tinha tão pouco respeito às igrejas, que dentro de huá dera huns bofetoens em quinta feira santa estando o Snr exposto, e na porta de outra fizera quebrar a carroça do seu cunhado o Padre Francisco de Alvr [Azua?] Teixeira, com tanta injuria e tanto escândalo nas palavras e açoens de que uzou que dahi resultara ser publicamente excomungado." O réu foi repreendido em Mesa em 12 de junho de 1781, mas sem sentença: ANTT: PT/TT/TSO-IL/028/11516; Tribunal do Santo Ofício, Inquisição de Lisboa, proc. n. 11516, "Sumário contra Francisco António da Fonseca Aragão [...] 10/03/1781 a 17/04/1784".
  • Outras fontes datam seu nascimento em 10/12/1745 e acrescentam que teve um filho, André Teixeira de Aragão, em 1773. Foi nomeado diretor da fortaleza de Ajudá por decreto de d. Maria I de 22 de julho de 1784. Foi Major: http://pagfam.geneall.net/0217/pessoas.php?id=1027161 Ele já ocupava o cargo de diretor da fortaleza de Ajudá em outubro de 1782, um ano depois de ser repreendido pela Inquisição e ficou em Uidá até sua morte, em 6 de fevereiro de 1797: AHU, CU, Bahia, cx 64, doc. 12.225 (FCA-PRDH, CD 9), "Oficio de Antonio Fonseca e Aragão ao governador da Bahia, Uidá, 20/10/1782".
  • Sobre o falecimento: APEB, maço 193, "Francisco Xavier Álvares do Amaral ao governador da Bahia, Uidá, 27/02/1795".
  • 29 Agonglo assumiu o trono em 1789, quando Francisco Antônio da Fonseca e Aragão já comandava a fortaleza portuguesa de Uidá. 30 O forte português tem dois bastiões orientados ao sul para a praia. Resulta notório o interesse estratégico do rei na fortaleza portuguesa como defesa para sua terra. Para um estudo sobre esse forte: Pierre Verger, "Le fort portugais de Ouidah" (3 partes), Etudes Dahoméènnes, n. 4, nouvelle série (1965), pp. 5-50; n. 5, nouvelle série (1965), pp. 5-50; e n. 6/7, nouvelle série (1966), pp. 5-45.
  • 31 O tenente era Francisco Xavier Álvares do Amaral. 32 O mal estado dos baluartes era uma preocupação do diretor da fortaleza e, em várias cartas à Bahia, ele solicitou ferramentas, material e carretas, como de fato reconhece Agonglo: APEB, maço 193, "Francisco Antônio da Fonseca e Aragão ao governador da Bahia, Uidá, 4/9/1790; 13/12/1790; 10/12/1791".
  • Amaral efetivamente trouxe da Bahia o material, mas foi depois de 1792: Verger, Fluxo, p. 286, n. 25;
  • cf. APEB, 156, f. 49v: "Governador da Bahia para diretor da fortaleza de Ajudá, 22/08/1793. Dom Fernando José de Portugal anuncia ao diretor que o tenente daquela fortaleza, Francisco Xavier Álvares (do Amaral), que se encontrava na Bahia, voltava para Ajudá com as mercadorias e o que fora pedido".
  • Porém, as obras não foram realizadas. Em 1796, d. João assumiu a responsabilidade de restaurar os baluartes: BNRJ II- 34, 2, 20, "Dom João ao rei Agonglo, Palácio de Queluz, 6/01/1796".
  • Também o secretário de estado solicita ao governador da Bahia que tome as providências necessárias: BNRJ II- 34, 2, 20, "Luiz Pinto de Souza ao governador da Bahia, Palácio de Queluz, 5/01/1796".
  • 33 Camada ou lâmina de tecido, "pedaço de pano, trapo", mas também o tecido que reveste o corpo humano (Houais). 34 Ou seja, desmastrearam. 35 Esse trecho sugere que até março de 1795, momento da escrita da carta, esse capitão continuava em Uidá com sua escravaria. 36 Os búzios, chamados bouges em francês, boesjies em holandês e akwue nas línguas locais, eram trazidos das Ilhas Maldivas e do oceano Índico. Constituíam a moeda principal no Daomé. Ver Marion Johnson, "The Cowrie Currencies of West Africa" (2 partes) Journal of African History, n. 11 (1970), pp. 17-49, 331-53.
  • O búzio do sul da Bahia, o zimbo, era geralmente levado para Congo e Angola, ver Luiz Felipe de Alencastro, O tratado dos viventes: formação do Brasil no Atlântico sul: séculos XVI e XVII, São Paulo, Companhia das Letras, 2000, p. 254.
  • 37 O diretor confirma que a maior parte dos escravos faleceu, "com epidemia das bexigas e escorbuto e outras rigorosas moléstias por não haver embarcações que os transportassem", mas sugere que foram os daomeanos que privaram de sustento a fortaleza: APEB, maço 193, "Francisco Antônio da Fonseca e Aragão ao governador da Bahia, Uidá, 13/03/1795".
  • 38 Para este ataque dos franceses, naquele momento em guerra com a Inglaterra, ver Verger, Fluxo, pp. 229-33.
  • Verger transcreve uma interessante carta do governador inglês, Lionel Abson, sobre os acontecimentos. Contudo Verger não apresenta as cartas do próprio diretor Fonseca e Aragão, que fornecem algumas informações complementares. Ele informa, por exemplo, coincidindo com Abson, que os cinco navios franceses arvoravam bandeiras inglesas, o que era comum entre os corsários em tempos de guerra. Informa das naves portuguesas: uma charrua de Lisboa de João Roque Jorge; uma galera da praça da Bahia, senhorio Pedro Gomes Ferreira; e um bergantim de Pascual Pereira de Mattos, o último prestes a partir com todo o seu carregamento. Abson acrescenta que a galera era comandada por João Silvério de Vilas Boas, e o bergantim, por Joaquim Setúbal. Os franceses fizeram passar todos os escravos e equipagem para a charrua de Lisboa, enquanto incendiavam as outras duas naves. A situação mais confusa diz respeito a reação dos daomeanos nos dias seguintes que, numa tentativa de controlar a desordem, instaram os três governadores europeus a providenciar um inventário de todos os bens preservados nas fortalezas. O diretor francês concordou, mas Fonseca e Aragão e Abson se negaram, passando seus respectivos fortes a sofrer um corte no abastecimento de alimentos e seus membros a ter o movimento proibido. O yovogan teria aprisionado temporariamente o diretor português. Ele argumenta que "por ser costume nesta costa que quanto vem às praias dela se apossa dele o gentio que as domina" o que teria dado sustento ao rumor de que o rei iria ficar com o carregamento e mercadorias das naus atacadas: APEB, maço 193, "Francisco Antônio da Fonseca e Aragão ao governador da Bahia, Uidá, 20/12/1794 e 13/03/1795".
  • 39 Os reis daomeanos eram conhecidos pela sua sofisticada rede de espiões, tanto entre os nativos como entre os europeus. 40 Ver carta 1, nota 4 41 Capitão-general, título dos governadores de capitanias no Brasil. 42 Ao final da carta consta a assinatura de Mario Gomes de [?] provavelmente o escrivão que copiou o original. 43 Existem duas versões desta missiva: APEB, Seção Colonial e Provincial, Ordens Régias 1799-1800, maço 89, f. 347, 347v;
  • e AHU, CU, Bahia, cx 107, doc. 20.936 (FCA-PRDH, CD 17), com a ementa: "Cartas (4) de Adanruzan, Rei do Dahomé, dirigidas ao Príncipe Regente D. João nas quaes se refere a expulsão do diretor da fortaleza de Ajudá Manuel de Bastos Varella Pinto Pacheco, a oferta de presentes e a encomenda de uma carruagem, armas polvora, cadeiras e um chapeo de sol. Bahia 29 de outubro de 1800 (annexa ao n. 20.928)".
  • A presente transcrição foi realizada a partir da cópia do APEB. Na parte superior, em lápis, consta "Doc 111B, 246". A transcrição de Verger, Fluxo, p. 239,
  • se ajusta bastante ao original, embora corrija algumas construções gramaticais e atualize a ortografia. 44 Trata-se de d. João VI, príncipe regente de Portugal e Algarves entre 15 de julho de 1799 e 20 de março de 1816, quando tornar-se-ia rei com a morte de sua mãe d. Maria I. 45 Os reis acumulavam diversos artefatos tecnológicos de origem europeia, entre eles, meios de transporte. Em 1773, Norris presenteou o rei Tegbesu com uma cadeira de arruar e um órgão: Robert Norris, Memoirs of the Reign of Bossa Ahadee, King of Dahomy, Londres, Frank Cass, [1789] 1968, p. 112.
  • Nos Costumes (ver carta 11, nota 116), no segmento conhecido como o "desfile das riquezas" do rei, em 1789, em tempos do rei Kpengla, Gourg fala da exibição de "duas pequenas carroças": Archives d'Outre-Mer (AOM), Aix-en-Provence, Fonds Ministeriels/ Depôt des Fortifications de Colonies, C6/26, doc. n. 110, Gourg, "Journal de mon voyage a Daumé pour assiter aux coutumes que fait le roy Dahomet et luy porter les presents d'usage", 22/01/1789", ff. 5, 10-1.
  • 46 Além da guerra, a pólvora era também usada para salvas de canhão. No forte inglês, por exemplo, se consumia 1/3 e 1/6 de barril de pólvora por cada salva ao rei e ao vice-rei, respectivamente. Entre 1796 e 1800, um barril custava 9 libras esterlinas. TNA, T70/1163, "Day Books for William's Fort, Uidá, 1788-1812".
  • 47 Junto com barris de aguardente, as peças de seda eram a principal mercadoria para presentear o rei durante os Costumes. Ver, por exemplo: APEB, maço 193, "Manoel Bastos Varela Pinto Pacheco ao governador da Bahia, Uidá, 16/06/1797".
  • 48 O uso de armas de fogo na região é conhecido desde a segunda metade do século XVII. Armas e pólvora eram outras das principais mercadorias no comércio negreiro: Robin Law, The Slave Coast of West Africa 1550-1750. The Impact of the Atlantic Slave Trade an African Society, Oxford: Clarendon Press, 2002 [1991], pp. 181, 202-3, 227-8.
  • 49 Os grandes chapéus "finos e de galões" eram artigos de prestígio que só o rei, os membros da família real, os grandes cabeceiras e os brancos podiam utilizar: P. Vicente Ferreira Pires, Viagem de África em o reino de Dahomé, São Paulo, Companhia Editora Nacional (introdução de Clado Ribeiro de Lessa), 1957 [1800], p. 112.
  • O diretor do forte português, Varela, em relação ao embaixador do Daomé, d. João Carlos de Bragança, recém-retornado da Bahia, comenta que ele "andou de maca [rede] e chapéu de sol pequeno (este só os pode trazer os brancos)": APEB, maço 193, "Manoel Bastos Varela Pinto Pacheco ao governador da Bahia, Uidá, 22/06/1797".
  • 50 Chifarote: espada curta e reta. Os bocais e ponteiras se referem provavelmente à bainha da espada, feitas de couro com extremidade de prata para proteger as pontas das espadas. 51 Ver nota 49 Chapéu de galão era um com enfeite de tira ou cadarço de tecido bordado ou de fios entrançados, no caso prateados e dourados. Para os chapéus enviados pelo rei de Portugal a tegbesu ver a carta 13. 52 Nota-se que, além de solicitar que a quantidade de pólvora seja grande, há um cuidado com o recipiente do produto, que deve ser de madeira boa, para resistir a umidade e outros riscos no transporte. O mesmo cuidado no contendor foi expresso na carta 7 em relação às pipas de aguardente. 53 Existem duas versões desta missiva: APEB, Seção Colonial e Provincial, Ordens Régias 1799-1800, maço 89, f. 348, 348v;
  • e AHU, CU, Bahia, cx 107, doc. 20.934 (FCA-PRDH, CD 17). Para a ementa, ver carta 4, nota 43 A presente transcrição foi realizada a partir da cópia do APEB. Na parte superior, em lápis, consta "Doc 111C, 247". A transcrição de Verger, Fluxo, pp. 239-40,
  • se ajusta ao original, embora atualize em algum caso a ortografia. Para uma discussão sobre sua autoria, ver Introdução. 54 Trata-se de Agonglo, que reinou entre 1789 e 1797. 55 Os padres Vicente Pires e Cipriano Sardinha chegaram ao Daomé em 8 de abril de 1797, junto com o embaixador dameano d. João Carlos de Bragança e o novo diretor da fortaleza, Manoel Bastos Varela Pinto Pacheco. 56 BNRJ II- 34, 2, 20, "Dom João (em nome de sua mãe d. Maria) ao rei Agonglo, Palácio de Queluz, 06/01/1796";
  • BNRJ II- 34, 2, 20, "Rainha d. Maria ao rei Agonglo, Palácio de Queluz,19/02/1796".
  • 57 Sobre as bexigas e a varíola na África ocidental ver, entre outros: Claude Lepine, "As metamorfoses de Sakpata, deus da varíola", in Carlos Eugênio Marcondes de Moura (org.), Leopardo dos Olhos de Fogo - Escritos sobre a religião dos orixás VI (São Paulo: Ateliê Editorial, 1998), pp. 119-44;
  • Elisee Soumonni: "Disease, Religion, and Medicine: Small Pox in Nineteenth Century Benin" (no prelo).
  • 58 O rei faleceu em 30 de abril de 1797. Para mais detalhes sobre a morte de Agonglo ver Introdução. 59 Adandozan se refere aqui ao projeto de batismo de Agonglo, truncado pela sua morte. Adandozan mostra sua reticência em dar continuidade à aproximação com o catolicismo e sua dependência do conselho de secretários e, certamente, seus sacerdotes. Sobre o histórico das diversas missões no Daomé: ver Robin Law, "Religion, Trade and Politics on the 'Slave Coast': Roman Catholic Missions in Allada and Whydah in the Seventeenth Century", Journal of Religion in Africa, v. 21, n. 1 (1991), pp. 42-77;
  • Jean Bonfils, La Mission catholique en République du Bénin, Paris: Karthala, 1999.
  • 60 Sobre o embaixador de Agonglo, D. João Carlos de Bragança, ver Introdução; sobre os problemas por ele causados na Bahia, ver também Introdução, nota 32 61 A referência à proteção devida aos oficiais da fortaleza reforçaria a hipótese de Verger de ser a carta ditada pelo tenente Francisco Xavier Álvares de Amaral. Ver Verger, Fluxo, p. 240,
  • e Introdução. 62 Provavelmente um tipo de pano da Costa. Num inventário post-mortem de 1830 há menção a "três panos da Costa de cores chamados 'alacar'": APEB, Judiciário. Talvez de "alaga", tecido de algodão muito usado na Turquia (Houaiss). Varela assinou um recibo ao padre Pires relativo a entrega desses presentes: APEB, maço 193, "Manoel Bastos Varela Pinto Pacheco ao governador da Bahia, Uidá, 4/10/1797".
  • Ver também, Pires, Viagem, p. 105.
  • Na carta 7 há também referência a presentes de panos de "alagarez" dirigidos ao governador da Bahia. 63 Existem duas versões desta missiva: APEB, Seção Colonial e Provincial, Ordens Régias 1799-1800, maço 89, f. 346;
  • e AHU, CU, Bahia, caixa 107, doc. 20.933, (FCA-PRDH, CD 17). Para a ementa ver carta 4, nota 43 A presente transcrição foi realizada a partir da cópia do APEB. Na parte superior, em lápis, consta "Doc 111A, 245". A transcrição de Verger, Fluxo, p. 240,
  • é bastante ajustada ao original, embora corrija algumas construções gramaticais e atualize a ortografia. Verger desconfia que essa carta tenha sido ditada pelo tenente Francisco Xavier Álvares de Amaral (ver Introdução). 64 Sobre o padre Pires e sua missão de catequese, ver Introdução. Sobre o costume de escravos ou outros indivíduos residentes no Daomé irem à corte de Abomé "dar a cabeça ao rei", ou seja, se colocar sob sua proteção e jurisdição, ver APEB, maço 193, "Manoel Bastos Varela Pinto Pacheco ao governador da Bahia, Uidá, 16/06/1797".
  • Pires, Viagem, p. 123,
  • teria solicitado ajuda ao avoga (yovogan) que o enviou para Abomé em 4 de setembro 1797. 65 Manoel de Bastos Varela Pinto Pacheco. 66 Para o confronto entre o padre Pires e o diretor Bastos Varela, ver Introdução. 67 Bastos Varela alega que se recusou apenas a pagar a passagem mais cara: APEB, maço 193, "Manoel Bastos Varela Pinto Pacheco ao governador da Bahia, Uidá, 4/10/1797".
  • O impedimento de embarque é mencionado por Lessa, Viagem, p. 156.
  • 68 O padre Cipriano Sardinha faleceu em 20 de julho de 1797. 69 No original "e me é preciso que o padre Vicente, e é que me leva todas as ordens a Vossa Alteza". As "ordens" são as cartas enviadas pelo rei (cartas 4, 5, 6) e os presentes de panos e marfim: ver carta 5, nota 62 70 Esse tipo de orientação reforça a ideia de a carta ter sido redigida para satisfazer os pedidos do padre Pires. 71 APEB, Secção Colonial, Correspondência recebida de autoridades diversas, maço 197, cx. 76, doc 2. Ementa, em lápis: "Rei de Dagomé 1794", data certamente errada, e "maço 197, Doc 02, 02 fls".
  • 72 D. João Carlos de Bragança, enviado a Lisboa pelo rei Agonglo em 1795. 73 Os padres Vicente Pires e Cipriano Sardinha, ver carta 5, nota 55 74 O cachimbo para fumar o tabaco importado da Bahia era um dos objetos mais requisitados no Golfo do Benim. Inicialmente eram importados, mas depois houve também produção local. Ver, entre outros, Brian Vivian, "On Tobacco Pipes in Asante", Journal des africanistes v. 75, n. 2 (2005), pp. 87-95;
  • Josette Rivallain, "Pipes européennes du littoral béninois", Cahiers du CRA, n. 8, (1994), pp. 9-24.
  • 75 Junto com as peças de seda, a aguardente era a outra principal mercadoria para presentear o rei durante os Costumes (ver carta 11, nota 116). A aguardente era consumida em todo encontro entre os europeus e os cabeceiras e devia ser distribuído entre os oficiais e seus assistentes. As libações eram gestos essenciais no protocolo africano e também na oferenda às divindades. 76 Este pano ofertado ao governador seria distinto daqueles enviados ao príncipe d. João: ver carta 5, nota 62 Fica a dúvida se era um pano bom, ou uns panos bons. 77 AHU, CU, Bahia, cx 107, doc. 20.935, (FCA-PRDH, CD 17). Para a ementa, ver carta 4, nota 43 Carta parcialmente transcrita por Verger, Fluxo, pp. 241-42.
  • Além da gramática ser bastante deficiente, a caligrafia é de difícil leitura. Agradeço a João Reis que contribuiu para decifrar algumas das partes mais confusas. A carta foi escrita antes de 25 de junho de 1799, pois, nessa data, o sucessor interino, o almoxarife Marques da Graça, escrevia ao governador da Bahia informando da expulsão de Bastos Varela, e à rainha d. Maria, informando da sua nomeação temporária por Adandozan como encarregado da fortaleza: APEB, maço 193, "José Joaquim Marques da Graça ao governador da Bahia, Uidá, 25/06/1799";
  • AHU, CU, Bahia, cx 101, doc. 19.718 (FCA-PRDH, CD 15). A carta 8 foi encaminhada a Lisboa pelo governador da Bahia em 18 de dezembro de 1799: APEB, maço 139, "Fernando José de Portugal a Rodrigo de Souza Coutinho, Bahia, 18/12/1799", f. 247.
  • O governador da Bahia respondeu ao rei Adandozan em 14 de dezembro de 1799, e fez referência à carta 8, "expondo a causa do reenvio para esta cidade da Bahia do atual diretor Manoel Bastos Varela": Verger, Fluxo, p. 244.
  • 78 Menção a duas cartas das quais só se conserva uma. 79 O medo do veneno dos nativos, especialistas em farmacopeia, era bastante difundido entre os europeus. Neste caso o quadro se inverte e é o branco que é temido pelo seu veneno, no caso provavelmente o rasalgar ou arsênico. 80 Sobre a acusação de adulteração da aguardente, ver carta 12. 81 Francisco Antônio da Fonseca Aragão. 82 Trata-se do tenente Francisco Xavier Álvares do Amaral e do capitão Felix da Costa Lisboa (ver Introdução e carta 12). 83 Sobre as dívidas e inventário dos bens de Francisco Antônio da Fonseca Aragão, ver: APEB, maço 193, "Francisco Xavier Álvares do Amaral ao governador da Bahia, Uidá, 27/02/1797", "Manoel Bastos Varela Pinto Pacheco ao governador da Bahia, Uidá, 16/06/1797".
  • O mehu (meû) era o segundo do rei, depois do migan ou "primeiro ministro". 84 Frase confusa com referência presumivelmente aos embaixadores de 1795 e às dívidas por eles geradas. Verger traduz "lanbras" por lembranças. Alternativamente, "canbras" poderiam ser cambraias, tecido de algodão ou de linho muito fino. 85 O que parece ser o original desta carta está depositado no AHU, CU, Bahia, cx 131, doc. 25.804 (FCA-PRDH, CD 21), sob a ementa: "Carta do rei de Dagomé para o governador da Bahia na qual lhe apresenta as suas queixas contra o governador da Fortaleza de S. João de Ajudá José Joaquim Marques da Graça, e lhe pede para enviar para ela um novo governador, s.d. (anexa ao n. 25.803)".
  • Há uma cópia no APEB, Seção Colonial e Provincial, Cartas do governo (a Sua Majestade) 1802-1805, maço 142, f. 498.
  • A transcrição de Verger, Fluxo, pp. 244-45,
  • inicia na segunda frase, atualiza o português e sintetiza frases que no original são bastante confusas e às vezes reiterativas. A presente transcrição foi realizada a partir do documento do AHU, com recurso à cópia do APEB para decifrar as partes rasuradas. Quanto à datação da carta, ela é anterior à expulsão do tenente Marques da Graça, retirado de Uidá pelo capitão Manoel Duarte da Silva (carta 12). Esse capitão tem registradas cinco viagens entre a Bahia e o Golfo do Benim, no período de 1798 a 1815. Apenas uma viagem, com chegada na Bahia em 29 de novembro de 1803 (TSTD2, n. 47745), corresponderia à data de sua expulsão (pois o sucessor foi nomeado em fevereiro de 1804). Calculando dois meses de viagem, podemos supor que Marques da Graça foi expulso por volta de setembro de 1803. 86 Na carta original o nome do destinatário está ilegível. O Christam da Cunha que consta na copia parece ser um erro em referência a Francisco da Cunha Menezes, governador e capitão-general da capitania da Bahia, de 5/10/1802 a 1805. Militar português, foi anteriormente governador e capitão-general da Índia de 1786 a 1794, e, no Brasil, governador e capitão-general da capitania de São Paulo, de 16 de março de 1782 a 1786. Em 1807 foi nomeado tenente-general. Faleceu em 1812. 87 Trata-se de José Joaquim Marques da Graça, antigo almoxarife da fortaleza portuguesa, que recebeu patente de tenente em 1801, quando assumiu o posto de diretor interino. 88 A ancora (anker em inglês) era uma medida de líquido correspondente a 10 ½ galões, No século XVIII, na Inglaterra, existia o "velho galão de vinho" (3,785 litros) e o galão imperial (4,546 litros). Talvez a distinção entre "ancorestinha pequena" e "ancora grande" esteja baseada na mensuração em um ou outro tipo de galão. 89 Como dito, o tenente Marques da Graça foi expulso por volta de setembro de 1803. Ver nota 85 e Introdução. 90 Na cópia do APEB, após o nome do rei, lê-se "assinado com cruz" e, na parte inferior, assina o escrivão Ignacio Jozè Aprigio da Fonseca Galvão. O mesmo também assina o fólio anexo (f. 499), com a lista de prisioneiros portugueses (ver Introdução, nota 62). 91 AHU, CU, Bahia, cx 136, doc. 27100 (FCA-PRDH, CD 22),"Carta do Rei de Dahomé para o governador da Bahia, na qual lhe recomenda os dois Embaixadores ao Rei de Portugal, Abaimé [sic], 14 de novembro de 1804. Cópia (Annexa ao n. 27.099)".
  • Carta parcialmente transcrita por Verger, Fluxo, pp. 286-7.
  • 92 O nome completo do "cativo" é Inocêncio Marques Santana, ver Introdução. 93 A expressão "mano", ainda mais coloquial que o "irmão" de outras cartas, aparece também na carta 11, dirigida a d. João, e indica que ambas foram ditadas, ou escritas, pela mesma pessoa. 94 Porém, não há menção de qualquer número de escravos entregues a Inocêncio Marques para o pagamento dos custos e a compra de presentes, como depois Adandozan vai reclamar na carta 12. 95 Desde pelo menos os tempos de Agonglo, o rei do Daomé tinha ao seu serviço, em Abomé, os artesãos da família Yémadjé, responsáveis exclusivos pelo trabalho de aplicação sobre tecido: Verger, Os libertos, p. 80.
  • Talvez o linho aqui referido fosse um desses trabalhos. Para a recorrência do envio de panos e linhos da fábrica real, ver carta 11, nota 131; carta 13, nota 310; e carta 14, nota 331 Para o envio de panos de alagares ver carta 5, nota 62, e carta 7, nota 76 96 AHU, São Tomé (1804), cx. 37, doc. 29, fls. 5-10 (números escritos a lápis na carta). Ementa: "Do Rei de Dagomé para S. A. R. com data de 20 de Novro de 1804".
  • No mesmo maço se conserva uma cópia dessa carta original (fls. A, B, C, D, 1, 2, 3, 4). O original do AHU utiliza uma ortografia sui generis sem qualquer uso de pontuação. A cópia do AHU (que talvez seja a primeira) atualiza a ortografia e utiliza vírgulas. A cópia da BNRJ parece ser uma réplica da cópia do AHU. Verger publicou na íntegra, Fluxo, pp. 287-89,
  • uma transcrição desta última. Há, porém, algumas discrepâncias de conteúdos entre original e cópias apontadas nas notas correspondentes. Para a presente versão foi tomada como referência a grafia e pontuação da cópia do AHU, mas respeitando os nomes próprios do original. 97 D. João Carlos de Bragança, ou d. João, príncipe regente de Portugal e Algarves 98 Ver carta 10, nota 93 99 Seriam "os Deos Voro poci", os deuses Vodò Kpòsi? Vodò refere-se ao país Mahi, lugar de origem do culto aos ancestrais reais de Abomé, conhecidos como Nesuhue. Kpòsì (esposa do leopardo) designa as favoritas do rei. Kpò (leopardo) refere-se a Agasu, ancestral dos alladahonu, dinastia real de Abomé, e por extensão ao rei. Alternativamente, koplí = ancestrais: R. P. B. Segurola e J. Rassinoux, Dictionnaire Fon-Français, Cotonu: Societé des Missions Africaines, 2000 [1963]
  • Na cópia do AHU a expressão é transformada em "os deozes Voropoci", e na cópia da BNRJ "os deozes Varopaci", termo reiterado por Verger, Fluxo, p. 287.
  • 100 Na cosmologia vodum, Legba é o princípio dinâmico que inicia qualquer ação, atua como mensageiro entre os deuses e os humanos, é tradutor e trickster Corresponde ao Elegba ou Exu dos nagôs. No Brasil, em 1741, aparece a sua primeira associação com o "Demônio" cristão: António da Costa Peixoto, Obra nova da língua geral de mina (manuscrito da Biblioteca Pública de Évora, publicado e apresentado por Luis Silveira em 1943), Lisboa: Agência Geral das Colônias, 1943-44 [1741], p. 32.
  • No Daomé, Pruneau de Pommegorge faz uma das primeiras referências a ele ao falar do "deus Príapo": Description de la Nigritie par M. P.D.P, Amsterdã/ Paris: Maradan, 1789, p. 201.
  • Mencionado por Pires, Viagem, p. 90.
  • 101 "Ao afronto" na transcrição de Verger. 102 O uso da palavra "sum" pode ser um erro do escrivão em lugar do artigo "hum" (i.e. um), embora não fique claro o substantivo a que faz referência. Alternativamente, pode tratar-se da palavra sùn que, em língua fon, significa lua, ou mês, ou seja, seria uma referência ao "tempo lunar" autóctone, diante do calendário mensal "pela conta dos estrangeiros". 103 Porto Novo era também chamado Arda (Ardra, Ardres, Arder), pois abrigou a dinastia de Allada [Arda] quando os daomeanos conquistaram esse reino em 1724. 104 "Palavra", no contexto africano, designa assembleias para discussões de interesse público, onde cada um dos participantes expressa sua opinião. Neste caso, a palavra parece ser sinônima de desentendimento. 105 Trata-se do pardo Inocêncio Marques Santana. Em vários momentos da missiva, o escrivão utiliza "c", em vez de "ç", para grafar o som "s". Nesse contexto, "vacala", muito provavelmente representa "vassalo". A captura de Inocêncio Marques Santana nesse incidente implica em que um dos três navios acima mencionados era o Diana: ver Introdução, especialmente nota 62 106 Nome dado aos cabeceiras ou capitães. Não achamos até agora uma etimologia convincente para "aquigones". 107 Cada rei tinha o seu Legba, com sua casa ou templo, geralmente com um legbasi, ou sacerdote de Legba, assistido por vários dependentes. No tempo de Tegbesu, o legbasi devia se suicidar após a morte do rei: AOM, ms 112, Anônimo, "Memoire sur Juda", 1778, f. 23-4.
  • 108 "3.000 soldados" na transcrição de Verger. 109 O rei preservava diversas bandeiras das nações europeias que eram utilizadas nos Costumes de Abomé. No tempo do rei Kpengla, ver, por exemplo, ilustração n. 5 em Dalzel, The History, pp. 146-7.
  • 110 A demonstração de patriotismo de Inocêncio Marques Santana pode ter recebido especial destaque na narrativa pela mediação do escrivão, um português preso havia mais de 23 anos. Ver nota 132 adiante. 111 No contexto da carta, poderia tratar-se de sacrifícios dirigidos a Agonglo para propiciar o sucesso da iminente campanha militar. O rei tinha o privilégio, e quase exclusividade, para a realização de sacrifícios humanos, sobretudo durante a celebração dos Costumes anuais (ver nota 116). As vítimas eram concebidas como mensageiros que levavam recados aos ancestrais ou aos voduns. A quantidade de sacrifícios humanos tem sido muito distorcida pelos viajantes europeus. Para uma discussão sobre o tema ver, por exemplo, Robin Law: "'My Head Belongs to the King': On the Political and Ritual Significance of Decapitation in Pre-Colonial Dahomey", The Journal of African History, v. 30, n. 3 (1989), pp. 399-415.
  • 112 Tratava-se de uma forma de suscitar o interesse e a cobiça comercial dos portugueses, pois não havia no Daomé minas de ouro. 113 Graças a essas cartas vindas de São Thomé, Inocêncio Marques persuadiu a corte de ser um embaixador de d. João: ver carta 12, notas 155 e 157 114 Sobre o escrivão, ver nota 132 115 Esses são os nomes dos embaixadores daomeanos na missão de 1805. O primeiro nome aparece como Moaci Jureth na cópia da BNRJ, e como Moaci Jurethe na transcrição de Verger. Pelo uso frequente deste escrivão da letra "c" para grafar o som "ç", o segundo nome talvez seja Vangaça ou Vangassa. 116 "Costume", significando hábito ou uso, era utilizado em Uidá e Jaquin para designar os tributos que os capitães europeus deviam pagar ao rei antes de iniciar as transações comerciais e a compra de escravos. Por extensão, os funerais reais, e seus aniversários, que tradicionalmente envolviam oferta de presentes (i.e. tributos) ao defunto ou ao seu sucessor, foram também chamados pelos europeus de "Costumes". No Daomé, existiam os Grandes Costumes celebrados após a morte de um rei, e os Costumes anuais, de porte menor, em que se evocava a memória e se sacrificava para os ancestrais reais. No contexto da carta, os "vários Costumes" poderiam indicar distintos rituais religiosos de entronização. 117 "Serem feitos pela voz do sucessor" = são feitos em nome do sucessor. 118 A expressão "já é completa a minha idade" foi interpretada por Akinjogbin como indicativa de que Adandozan teria assumido o trono, em 1797, ainda menor de idade, sob a regência dos seus ministros: Akinjogbin, Dahomey, p. 187.
  • Porém, outras duas fontes (a primeira de uma testemunha ocular) afirmam que ele tinha "vinte um anos" ou "menos de vinte anos": APEB, maço 193, "Bastos Varela Pinto Pacheco ao governador da Bahia, Uidá, 22/06/1797";
  • AOM C6/27, Denyau de la Garenne, Paris, 25 nivocê de l'an VII (1799); apud Verger, Fluxo, p. 254.
  • Isso permite supor que o completamento da idade aqui referida alude ao prazo exigido para a consecução de todos os rituais de entronização, em especial aquele que permitiria ao monarca administrar a justiça. Daí que "todos os casos que se fazem de justiça" se fazem "pela voz", ou seja, em nome do sucessor, sem que este seja ainda rei de direito. Em Uidá, por exemplo, para poder administrar a justiça (e.g. cortar cabeças), o rei precisava receber uma espada e um manto das mãos de "um rei das terras onde os negros de Juda tinham vivido": AOM, ms 104, Anônimo, "Relation", ca. 1708-14, f. 42.
  • Por outro lado, o rei do Daomé não assumia plena autoridade até realizar os Grandes Costumes pelo seu falecido pai, muito mais custosos que os anuais e que, por esse motivo, podiam demorar anos até sua celebração. Como sugere a carta, Adandozan provavelmente celebrou os Grandes Costumes para Agonglo em 1804, pois estes se alongaram em dois períodos, entre janeiro e fevereiro e entre junho e agosto: TNA, T70/1163, "Day Books for William's Fort, Uidá, 1788-1812".
  • Os Costumes, além de oferendas e sacrifícios humanos aos ancestrais, envolviam desfiles das riquezas do rei, paradas militares, palavras e muita festa. Para uma descrição dos Costumes anuais, no século XVIII, ver, por exemplo, Norris, Memoirs, pp. 86-126.
  • 119 Neste parágrafo, o rei justifica a expulsão dos diretores da fortaleza portuguesa (Bastos Varela em 1799, e Marques da Graça, em setembro de 1803), alegando que, embora tivesse sido realizada em seu nome, ele ainda não estava no pleno uso de sua autoridade: ver cartas 9, 12 e Introdução. 120 Referência a Inocêncio Marques Santana e as guerras com Porto Novo. 121 As canoas, geralmente tripuladas pelos negros minas (de São Jorge da Mina, ou Elmina), eram estratégicas para atravessar a barra que separava os navios da praia. 122 Uidá. De novo a solicitação de levar o comércio para Uidá, com a velada ameaça de que, caso contrário, a violência seria inevitável. 123 Levando em conta o uso do "c" do escrivão, Vucanim poderia ser uma transcrição de Vussanim. Seria outro nome de Huffon, rei de Hogbonu (Porto Novo) entre 1794 e 1807 (Akindele), entre 1800 e 1813 (Geay), ou entre 1800 e 1815 (Person): Yves Person, "Chronologie du royaume gun de Hogbonu (Porto-Novo)", Cahiers d'études africaines, v. 15 n. 58 (1975), p. 237.
  • Numa carta escrita dois dias antes desta carta 11, o rei de Porto Novo assinava como Hypo. Ver Introdução. 124 Ver nota 111 Neste caso, os sacrifícios dirigidos a Agonglo são para propiciar a vitória contra Porto Novo. 125 Ver nota 112 126 Para a solicitação de espingardas e pólvora, ver cartas 4, 12 e 13. Note-se que Adandozan solicita não apenas armas, mas um armeiro que pudesse fabricá-las. Na carta 13, nota 286, ele solicita um artilheiro para instruir sobre o uso de canhões. 127 A afeição à caça deixa entrever um lado mais pessoal de Adandozan. 128 Para a solicitação de chapéus, ver carta 4 e nota 49 129 Inocêncio Marques Santana. A carta deixa entender que outros pedidos que não foram registrados por escrito foram comunicados pessoalmente a Inocêncio. Sobre o escrivão, ver nota 132 130 No início da carta diz ter acampado com dez mil homens. Em vários momentos de sua campanha militar contra Porto Novo, Adandozan acampou em Allada, a meio caminho entre Abomé e Uidá: TNA, T70/1163, "Day Books for William's Fort, Uidá, 1804-1806".
  • Porém, cabe notar que a carta está datada como escrita em "Abomé". 131 Sobre os panos do rei, produzidos em Abomé, ver carta 10, nota 95 e carta 14, nota 331 132 O escrivão da carta, João Tathe, português, que manda este recado secreto ao príncipe regente de Portugal, teria sido preso pelos daomeanos em 1781. Ele se refere a Inocêncio Marques Santana como aquele que devia atuar de mensageiro, levando a carta dos embaixadores de Adandozan. Em 1781, Kpengla atacou Apee [Epe], Kitonne [Ketonou] e Gauza [?], "sob pretexto de que haviam participado das depredações cometidas pela gente de Badagris, na praça de Porto Novo": TNA, T70/33, Abson, Uidá, 13/10/1781, f. 24; apud Verger Fluxo, p. 219.
  • Em maio de 1786, o coke, segundo cabeceira de Uidá, capturou em Porto Novo 14 franceses e um português e oito canoeiros da Costa do Ouro, resgatados pelo governador francês Gourg: Richard Burton, A mission to Gelélé King of Dahome, Londres: Tinsley Brothers, 1864, vol 2, p. 394.
  • 133 IHGB, PADAB (Projeto Acervo Digital Angola-Brasil) – DVD 3 – pasta 616 (imagens 451-465). Ementa: "Dossiê sobre o Reino de Daomé contendo representação, relatório, ofícios e cartas entre o Rei de Daomé e o príncipe regente d. João, d. Maria I e o [5º] conde das Galveis [d. João de Almeida de Melo e Castro] a respeito da arrecadação de cativos, estabelecimento de comércio; furtos e roubos feitos por portugueses; irregularidades nos portos da região; substituição do diretor da Fortaleza de Ajudá; envio de emissários à Bahia; guerra nos sertões de Maquinez, de Nagós e Porto Novo; confirmação de laços de amizades entre Portugal e Daomé para facilitar o comércio de escravos; compra de produtos da terra sem tributação e pagamento de serviços de "jornaleiros" quando utilizados (originais e cópias de época). Local. Bahia, Palácio de Queluz, Bome." África/Daomé. ACP. Aurélio H. Leal DL.137, 62. 134 Sobre as guerras com o rei Huffon de Porto Novo ver carta 11 e Introdução. 135 O bastão, ou recade, era o emblema ou representação simbólica do rei carregado por seus embaixadores e mensageiros (lari). Era instrumento para as negociações diplomáticas e pressupunha imunidade e segurança para o carregador. 136 Apa (Aqua, Appab, Appee, Appa), entreposto comercial no litoral, às vezes identificado com Badagri, mas, de fato, uma aldeia independente. Alternativamente, poderia tratar-se de Ekpe (Epée, Apee, Appi, Epé), um dos entrepostos comerciais de Porto Novo ao sudeste do lago Nokué. Em 1743 o vice-rei da Bahia distingue claramente entre esses dois portos: "De cada três embarcações que sairão deste porto [Bahia], a primeira que chegara em Ajudá [Uidá] fará seu tráfico e as duas outras irão aos portos de Epé e Apá": Verger, Fluxo, p. 155;
  • cf. APEB, maço 41, f. 18, "Carta do vice-rei transmitindo a opinião da Meza do Negócio da Bahia, 14/09/1743".
  • 137 Sendo esse evento anterior ao apresamento do N. S. do Socorro, em março de 1803 (ver nota 143 abaixo), tratar-se-ia do tenente José Joaquim Marques da Graça, que permaneceu como diretor até setembro desse ano. 138 Para a "palavra" com o rei de Porto Novo, ver carta 11, nota 104 139 Em inglês utiliza-se a palavra "dashees" para significar "presentes". Para o "bastão" ver nota 135 140 Provavelmente se refere a Grande Popo, ao oeste de Uidá, onde tinha se refugiado a população hueda após a invasão daomeana em 1727. Alternativamente, seria Pequeno Popo (Aneho), a oeste de Grande Popo. 141 Felix da Costa Lisboa era um experiente capitão que navegava entre o Golfo do Benim e a Bahia desde 1781. Lisboa recebeu carta patente de capitão de mar e guerra da capitania da Bahia em 9 de setembro de 1790: ANTT, Registo Geral de Mercês de D. Maria I, liv.25, f. 309v.
  • A sua última viagem registrada no TSTD2 é de 1806. Ele teve vários negócios de compra e venda de escravos com o antigo diretor da fortaleza portuguesa Fonseca e Aragão, registrados no inventário deste último, levantado pelo tenente Amaral em 1797: APEB, maço 193, "Francisco Xavier Álvares do Amaral ao governador da Bahia, Uidá, 27/02/1797 e 16/06/1797".
  • A presença de Lisboa permite datar o ataque a Abomé Calavi entre o fim de 1802 e início de 1803: ver Introdução, nota 56 Um escravo do capitão Felix da Costa Lisboa, Luiz Lisboa, provavelmente nesse período, foi voluntariamente "entregar a cabeça" ao rei de Daomé, como forma de proteção: APEB, maço 142, "Relação dos portuguezes que se achão prezioneiros no territorio do Rey de Dagome na Costa da Mina", fl. 499.
  • 142 Abomé-Calavi, na margem ocidental do Lago Nokué. Afirma-se que os capitães, português e inglês, amunicionaram o rei de Porto Novo, seguindo uma dinâmica antiga dos europeus de armar os reinos africanos para seus interesses comerciais. Para a vingança de Adandozan por este ataque, com uma guerra em Agonsa, ver carta 13. 143 Trata-se do apresamento do bergantim (corveta) N. S. da Conceição do Socorro (TSTD2, n. 51379) que aconteceu no início de março de 1803, em Badagri (ver Introdução, notas 57 e 62). Como afirma Adandozan, no Socorro foram presos Manoel da Silva Jordão, branco, piloto, e Manoel de Magalhães, pardo, barqueiro, assim como Domingos Braga, crioulo: APEB, maço 142, "Relação dos portuguezes que se achão prezioneiros no territorio do Rey de Dagome na Costa da Mina", fl. 499.
  • 144 O N. S. do Socorro (TSTD2, n. 51393) realizou uma nova viagem com o capitão José de Souza Matos, saindo da Bahia em 13 de agosto de 1803, deixando a costa africana em 22 de novembro de 1803, e chegando a Bahia em 3 de janeiro de 1804. Portanto, os eventos narrados a seguir devem ser datados entre setembro e novembro de 1803. 145 Não identificado no TSTD2. 146 Para o apresamento do piloto Manoel da Silva Jordão, e do barqueiro Manoel de Magalhães, ver nota 143 Dessa informação de deprende que o embaixador Go viajou para a Bahia em 16 de março de 1803, com o capitão José da Silva Sena, e que deveria ser trazido de volta pelo capitão José de Souza Matos na viagem seguinte. Trata-se, portanto, de uma embaixada até agora não documentada. Souza Matos realizou uma nova viagem, no brigue Tália, para a Costa da Mina, em 20 de abril de 1805 (TSTD2, n. 51436). 147 Sentar em banco ou cadeira ao lado do rei era definitivamente um privilégio excepcional só concedido aos europeus e aos cabeceiras mais distinguidos. Sobre chapéus, ver carta 4, nota 49 148 Provavelmente de Porto Novo. 149 Não há registro dessa segunda viagem do capitão José da Silva Sena no TSTD2. 150 Inocêncio Marques de Santana, marinheiro do Diana, foi preso em Porto Novo em 7 de setembro de 1804 (ver carta 11 e Introdução). Manoel Luiz, pardo, escravo do capitão da mesma corveta, também foi apresado nessa ocasião, mas não há referência a João: APEB, maço 142, "Relação dos portuguezes que se achão prezioneiros no territorio do Rey de Dagome na Costa da Mina", fl. 499.
  • 151 Gaú (agaú no século XVIII) era o título do máximo chefe militar que comandava a ala direita do exército daomeano: Law, The Slave Coast, p. 271.
  • 172 O encontro com Adandozan é descrito pelo próprio Bastos Varela detalhando a entrega da carta do governador da Bahia, "e disse-lhe que era para o rei Dagome [e] como ele tinha sucedido ao seu pai em tudo lhe entregava. Meteu a carta entre as vestimentas para que visse como a estimava": APEB, maço, 193, "Manoel Bastos Varela Pinto Pacheco ao governador da Bahia, Uidá, 16/06/1797".
  • 173 O escrivão Manoel Camillo de Lelis Almeida foi quem acompanhou a agonia de Fonseca e Aragão: APEB, maço, 193, "Manoel Bastos Varela Pinto Pacheco ao governador da Bahia, Uidá, 16/06/1797".
  • 174 A cabeça pequena era composta de 2.000 búzios (1$000 reis) e a cabeça grande de 4.000 búzios (2$000 reis): Law, The Slave Coast, p. 49, n. 93.
  • 175 Fonseca e Aragão faleceu sem testamento. O tenente Amaral fez um inventário e leiloou alguns dos pertences. O inventário foi depois conferido por Bastos Varela, e os objetos pessoais do defunto foram enviados a Bahia com o capitão Felix da Costa Lisboa: APEB, maço 193, "Francisco Xavier Álvares do Amaral ao governador da Bahia, Uidá, 23/02/1797" e "Manoel Bastos Varela Pinto Pacheco ao governador da Bahia, Uidá, 16/06/1797".
  • O "moço" que informou ao rei talvez fosse um servente ou escravo do forte, mas talvez encubra alguém mais familiarizado com a vida interna da fortaleza. 176 Colocar caveiras nos muros do palácio como troféus e forma de intimidação era um costume conhecido dos reis do Daomé. A suposta imitação da prática local por parte do diretor português é significativa. Em tecelagem, cada lanço da urdideira é chamado "ramo", provavelmente daí a expressão "pano de três ramos". 177 Em 15 de abril de 1797, quando Bastos Varela chegou a Uidá, o almoxarife era o alferes Ignácio Ferreira de Araujo: Silva, Uma viagem, p. 77.
  • Dois anos depois, em outubro de 1799, o almoxarife era José Joaquim Marques da Graça (ver Introdução). Como o incidente da adulteração da aguardente foi no início do mandato de Bastos Varela, é provável que o almoxarife fosse Ignácio Ferreira de Araujo. 178 É provável que a estadia de Bastos Varela em Abomé correspondesse aos Costumes que aconteciam em janeiro e fevereiro, e, portanto, o embarque do escravo Antônio teria sido a partir de março de 1798. Do capitão Pedro José de Oliveira constam nove viagens entre 1792 e 1809. A de 1798, com a corveta NS do Monte Carmo e S. Francisco, com saída do Brasil em 12 de junho de 1797 e chegada na Bahia em 11 de agosto de 1798, encaixaria na cronologia: TSTD2, n. 51289. 179 O trecho ilustra bem o uso de bandeiras içadas na praia (ou na fortaleza, neste caso) para sinalizar a localização dos pontos de desembarque e para se comunicar com os navios. 180 Cabeceira da terra é uma expressão que aparece várias vezes na carta. Provavelmente se refere ao chefe local, o yovogan (avogan). Alternativamente, o segundo do yovogan era coke, "conselheiro do rei e seu mercador especial": Robin Law, Ouidah: The Social History of a West African Slaving Port, 1727-1892 Athens: Ohio University Press, 2005, pp. 99-103.
  • 181 O cirurgião no fim do governo de Bastos Varela era Jose Alves de Sousa: AHU, CU, Bahia, cx 101, doc. 19.718 (FCA-PRDH, CD 15). 182 Provavelmente Ignácio Ferreira de Araújo, mas talvez José Joaquim Marques da Graça. Ver nota 177 183 Referência à carta 11, de 1804, levada por Inocêncio Marques Santana. 184 Manoel Bastos Varela foi expulso do Daomé em 24 de junho de 1799 e com ele foi a carta 8. Esta carta 12 indica que quem o levou de volta para a Bahia foi o capitão João Carlos. Este seria, assim, o capitão da corveta Flores do Mar No TSTD2 (n. 51332) não consta o nome do capitão. 185 A transferência de poder ao almoxarife José Joaquim Marques da Graça está confirmada por carta que este enviou um dia depois da expulsão de Bastos Varela ao governador da Bahia e a rainha d. Maria: APEB, maço 193, "José Joaquim Marques da Graça ao governador da Bahia, Uidá, 25/07/1799";
  • AHU, CU, Bahia, cx 101, doc. 19.718 (FCA-PRDH, CD 15). 186 Refere-se ao governador da Bahia. Ver nota anterior 187 Nome do bairro que cresceu em volta do forte português e residência de vários agregados do mesmo. Ver carta 13, nota 277 188 O cirurgião Jose Alves de Sousa foi nomeado por Adandozan para desempenhar o lugar de almoxarife: AHU, CU, Bahia, cx 101, doc. 19.718 (FCA-PRDH, CD 15). 189 O cirurgião Jose Alves de Sousa foi expulso em setembro de 1799: APEB, maço 193, "José Joaquim Marques da Graça ao governador da Bahia, Uidá, 5/09/1799".
  • 190 Manoel Bastos Varela Pinto Pacheco. 191 Tenente José Ferreira de Araújo, "que fora fuzileiro do primeiro regimento de linha desta praça" da Bahia: APEB, maço 139, "Fernando José de Portugal a d. Rodrigo de Souza Coutinho, Bahia, 18/12/1799", f. 247.
  • Ver também Introdução, nota 50 192 O "costume" aqui se refere ao tributo pago ao rei. Ver carta 11, nota 116 193 O búzio era a moeda local. Ver, carta 12, nota 235 194 Malária. "Como aquele clima seja ardentíssimo e haja muitas e frequentes febres, e malignas, que, por serem contagiosas, com maior força em certa quadra e estação do ano, lhe chamam carneirada": Mendes, "Memória", p. 277.
  • 195 Francisco Xavier Rodrigues da Silva (almoxarife) assumiu com Francisco Felix de Souza (escrivão) em 1804 (ver Introdução, tabela 2). 196 José Joaquim Marques da Graça consegue a patente de tenente em 5 de setembro de 1801: AHU, CU, Bahia, cx 119, doc. 23.446 (FCA-PRDH, CD 19). Assim, ele pode ter assumido a diretoria da fortaleza antes do fim desse ano. No TSTD2 constam 13 viagens do capitão Caetano José da Rocha entre 1781 e 1804. Talvez aquela que chegou à Bahia em 26 de junho de 1799 (n. 51304) trouxesse da Costa da Mina a solicitação de Marques da Graça, às autoridades baianas, para ocupar o posto de tenente da fortaleza. 197 Trata-se do mesmo incidente denunciado na carta 9. 198 O capitão Manoel Duarte da Silva tem registradas cinco viagens entre a Bahia e o Golfo do Benim no período de 1798 a 1815. Há uma viagem, com chegada na Bahia em 29 de novembro de 1803 (TSTD2, n. 47745), que corresponderia àquela que trouxe José Joaquim Marques da Graça de volta a Bahia. Isso significaria que Marques da Graça foi expulso por volta de setembro de 1803. 199 Em 3 de fevereiro de 1804, Jacinto José de Souza, ajudante do 4º regimento de milícias da cidade da Bahia, após 49 anos passados no serviço real, foi nomeado por decreto o novo diretor da fortaleza de Ajudá. O fato de não ter chegado até o momento da escrita da carta 12, ou presumivelmente da escrita dessa parte da carta, a dataria aproximadamente antes de abril de 1804. Contudo, a primeira parte da carta faz referência ao regresso da embaixada em dezembro de 1805, portanto, esta missiva, ou memória, é uma colagem de duas partes. Ver Introdução. 200 Aqui finaliza a primeira parte da memória ou "carta" 12, havendo uma rubrica ilegível. No fólio seguinte inicia a segunda parte, com a mesma caligrafia, mas presumivelmente de autoria distinta daquela que ditou a primeira parte. Ver Introdução. 201 Neste comentário podem estar sendo aludidos capitães como Felix da Costa Lisboa, que supostamente ajudou o rei de Porto Novo (primeira parte desta carta 12) e os governadores do forte português Bastos Varela e Marques da Graça, expulsos do Daomé por Adandozan. O rei só poderia ter conhecimento dessas maledicências e "fofocas" através de alguém que tivesse circulado pela Bahia ou pela corte em Lisboa, como foi o caso dos embaixadores daomeanos em 1805. Como os embaixadores só regressaram por volta de dezembro desse ano, a "carta 12", só poderia ter sido escrita no fim de 1805 ou início de 1806. 202 A associação da escrita aos brancos já era um clichê comum entre os negros da Costa do Ouro no século XVII. Conforme narra Bosman: "contam-nos que Deus, tendo criado esses dois tipos de homens [brancos e negros], ofereceu dois tipos de presentes: o ouro e o conhecimento, ou a arte de ler e escrever. Ele deu aos negros a primeira escolha, e eles escolheram o ouro, e deixaram o conhecimento das letras para os brancos": William Bosman, A New and Accurate Description of the Coast of Guinea, London: Frank Cass & Co. Ltd., 1967 [1704], pp. 146-47.
  • 203 Interessante apologia da memória oral frente à escrita, por parte do monarca africano! 204 O trecho indica que os reis daomeanos tinham plena consciência do proveito que o tráfico de escravos representava para os europeus e as respectivas coroas, e era com base nesse saber que negociavam. 205 Os "portos de baixo" se referem aqueles situados a leste de Ajudá, incluindo Epé, Porto Novo, Apa, Badagri, Onim (Lagos) e Boni: ver carta 1, nota 5 206 Sobre a importância do tabaco no comércio da Costa da Mina ver carta 2, nota 21 O tabaco dito de refugo ou de 3ª qualidade, muito apreciado na Costa da Mina, era misturado com o melaço da cana de açúcar para não secar demais: Verger: Fluxo, 19-31.
  • 207 O caso do capitão José de Souza Mattos, referido na primeira parte desta carta 12, seria um exemplo dessa atitude comercial. Adandozan mandou a seus mercadores comprar o tabaco estragado do capitão. 208 Se os europeus se queixavam da esperteza e roubos realizados pelos africanos (carta 1, nota 11), os africanos tinham percepção semelhante dos europeus (ver ainda, carta 9). 209 Queixa referida em relação a Bastos Varela no segundo segmento da primeira parte desta carta 12. 210 Perspicaz observação de Adandozan. Frente ao suposto liberalismo mercantil do capitalismo europeu que defendia a não intervenção estatal nas dinâmicas da oferta e da demanda, o rei daomeano aponta para o controle que o rei português exercia através de seus agentes comerciais (governadores da fortaleza e capitães). 211 A mesma queixa era feita pelo diretor da fortaleza Fonseca e Aragão nos anos 1790s em relação a Uidá (carta 1, nota 11). Agora a mesma prática é utilizada para denunciar os vizinhos. 212 Badagri, entreposto comercial situado a leste de Apa, na desembocadura do rio Yewa. Provavelmente foi fundado pelo holandês Hendrik Hertogh, em 1736, após escapar de Jaquin, em 1732, e refugiar-se por um tempo em Apa: Silva: Francisco, pp. 23-7.
  • 213 Akram é o título do rei de Badagri. 214 No Daomé, os crânios dos inimigos eram ostentados publicamente como troféus, nos muros e nas portas dos palácios e dos templos, nos punhos dos sabres, nos tronos, nos guarda-sóis etc. As cabeças dos inimigos mais notórios eram preservadas em bacias: Law, "My Head", pp. 402-04.
  • Para uma ilustração: Frederick E. Forbes, Dahomey and the Dahomans, Being the Journals of Two Missions to the King of Dahomey, and Residence at His Capital, in the Years 1849 and 1850, Londres: Longman, 1851, vol ii, pp. 57-58.
  • 215 No TSTD2, aparece o capitão Manoel Vicente da Silva, com o bergantim São Lourenço, com três viagens completas a África centro-ocidental, em 1803, 1804 e a última chegando à Bahia no fim de 1805. Se efetivamente se tratar do mesmo capitão, a carta seria, como foi dito, posterior a 1805. 216 Provavelmente Apa, porto a leste de Porto Novo. Ver carta 12, nota 136 217 No TSTD2 consta apenas um João Pedro Viegas, capitão do mercante português Marques de Angeja, chegando à África em 1805, se desconhecendo sua sorte posterior (TSTD2, n. 900064). 218 Sobre a travessia da barra em canoas pilotadas pelos minas ver carta 11, nota n. 121 219 Provavelmente se refere às guerras com Porto Novo, iniciadas em 1803. Porém, a menção aos navios ingleses e franceses talvez indique as guerras napoleônicas que envolveram esses dois países. 220 Para outras solicitações de armas ver cartas 4 (nota 48), 11 (nota 126) e 13 (nota 286). 221 Pederneira: pedra muito dura, que produz faíscas, quando ferida com um fragmento de aço; sílex, pedernal, pedra-de-fogo. 222 Peça de metal formada de duas chapas unidas por um eixo comum, e sobre que gira a porta, janela etc.; bisagra, charneira, gonzo, mancal, dobradiça. 223 Sobre cachimbos ver carta 7, nota 74 224 Referência às contas de vidro, muitas delas manufaturadas em Veneza, comerciadas na Costa do Ouro e na Costa da Mina pelos holandeses e franceses. 225 Tecido de algodão azul, preto ou vermelho. 226 Sobre chapéus ver carta 4, nota 49 227 Ver nota 201, no início da segunda parte desta carta, para o fato de Adandozan estar preocupado com as maledicências dos portugueses. 228 Frase confusa, cujo significado geral parece indicar que o rei se faz responsável absoluto da carga daquele navio que traga as mercadorias solicitadas. 229 Os navios ancorados em Uidá eram imaginados como navios do rei do Daomé, sobre os quais este detinha todos os direitos comerciais. O rei Agaja, que abriu o comércio atlântico para o Daomé, na década de 1720, tinha por emblema heráldico um navio europeu. 230 Sob sua responsabilidade. Metonímia com a expressão "entregar a cabeça" para significar subordinação ao rei. 231 Frase confusa; parece querer dizer que o rei só venderá bons cativos, e não velhos, pois estes podem ser ocupados nos serviços locais. 232 Manoel Bastos Varela Pinto Pacheco, diretor da fortaleza de Ajudá, expulso por volta de setembro de 1799. 233 Axaraes talvez seja uma deformação fonética de acqueras. Os acqueras eram serviçais escravos que recebiam soldo no forte francês e que não podiam ser vendidos. Para as primeiras menções no início do século XVIII e sua origem étnica: Law, The Slave Coast, pp. 189-90;
  • idem, Ouidah, p. 39.
  • Na fortaleza portuguesa, além dos oficiais portugueses, moravam alguns nativos, soldados, intérpretes e seus filhos, mas, até onde sabemos, não eram referidos com esse termo. A frase parece sugerir que os responsáveis pela fortaleza, a partir de 1805, o almoxarife e o escrivão (ver carta 13 e Introdução), com ordem de pagar os soldos dos axaraes, estavam sendo omissos em suas funções. 234 Se a última vez que foram pagos os soldos foi antes de Bastos Varela ser expulso no fim de 1799, e se passaram quatro ou cinco anos, a data da escrita desta parte da carta seria 1804 ou 1805. 235 O búzio era a moeda local e se contava em toques, galinhas e cabeças. Um toque se compunha de 40 búzios e correspondia a 20 réis. Uma galinha se compunha de cinco toques, ou 200 búzios, e correspondia a 100 réis. Uma cabeça pequena era composta de 10 galinhas (2.000 búzios ou 1$000 réis) e a cabeça grande de 20 galinhas (4.000 búzios ou 2$000 réis). Para a correlação com o valor em réis, no início do século XIX: Mendes, "Memória", p. 280.
  • Para uma análise da inflação do valor do búzio nos séculos XVII e XVIII: Law, The Slave Coast, pp. 49, 51-58.
  • Em 1850, o soldo para um carregador livre era de dois toques (80 búzios) por dia e uma garrafa de rum por semana: Frederick Forbes, Dahomey and the Dahomans, Being the Journals of Two Missions to the King of Dahomey, and Residence at His Capital, in the Years 1849 and 1850, Londres: [1851] 1966, v 1, p. 122.
  • 236 Frase confusa cujo sentido geral parece indicar que os "governadores" da fortaleza (naquele momento o almoxarife e o escrivão) pagavam valores menores aos soldos devidos, ficando com o resto por benefício. Também não fica claro do que o rei seria "zelador", da fortaleza portuguesa? Para o final abrupto da "carta", ver Introdução. 237 O mesmo selo ou carimbo, com a assinatura "Rey.D.Agomé" dentro de uma forma oval, aparece no fim das cartas 13 e 14. 238 IHGB, PADAB (Projeto Acervo Digital Angola-Brasil) DVD 3 pasta 616 (imagens 472-488). Para a ementa ver carta 12, nota 133 As cartas 12 e 13 apresentam a mesma caligrafia sugerindo serem cópias transcritas pelo mesmo escrivão. 239 O visconde de Anadia respondia à carta do rei Adandozan, enviada com a embaixada de 1805, em 30 de julho de 1805: BNRJ, II-34, 5, 4, "Visconde de Anadia ao rei Adandozan, Palácio de Queluz, 30/07/1805".
  • 240 Referência aos eventos de 1807-1808. Em novembro de 1807, d. João abandonou Lisboa em direção a Bahia ante a iminente invasão de Portugal pelas tropas de Napoleão. O fato de Adandozan receber notícias de que a família real tinha sido presa junto ao rei de Espanha pelos franceses sugere o nível de distorção das informações que chegavam à Costa da Mina através dos capitães e da tripulação dos navios europeus. 241 Em 22 de janeiro de 1808, d. João e sua família chegaram a Salvador. A corte foi transferida para o Rio de Janeiro em março desse ano. 242 D. Miguel Caetano Álvares Pereira de Mello (1765-1808) quinto duque de Cadaval. Abandonou Lisboa com d. João em novembro de 1807, mas sua embarcação se afastou da esquadra, aportando em Paraíba. Faleceu em 14 de março de 1808, na Bahia, após agravamento de doenças contraídas em Lisboa. Entre outras funções militares, foi marechal de campo dos reais exércitos e, no fim da vida, mordomo-mor da rainha d. Maria I. 243 A pretensa solidariedade do rei daomeano com seu "irmão", o rei de Portugal, é significativa. A referência a impossibilidade de se deslocar por terra firme pode estar aludindo, para além da grande distância geográfica, à proibição ritual dos reis daomeanos de se aproximar do mar. 244 Os povos "maquinos" ou mahis (maki, maqui), situados ao norte de Abomé, por cima do rio Zou, foram território de repetidas incursões do exército daomeano ao longo de todo o século XVIII e uma das principais regiões para aprovisionar de escravizados os navios europeus. Os povos nagôs, de língua iorubá, sob a influência do reino de Oyó, estavam localizados também ao norte (i.e. Save, entre os mahis) e a leste do Daomé, e constituíam igualmente presa recorrente do exército daomeano. Sobre os mahis ver, entre outros: J.A.M.A.R. Bergé, "Etude sur le Pays Mahi (1926-1928)", Bulletin du Comité d'Etudes Historiques et Scientifiques de l'Afrique Occidentale Française, v. 11, n. 4 (1928), pp. 708-755.
  • Sem uma cronologia muito clara, Akinjogbin (Dahomey, pp. 187-8) comenta as incursõ
  • es de Adandonzan em território mahi e nas cidades nagôs de Fita, Jaluku-Jalumo e Govie. Sobre o sucesso dessas batalhas, ver também: Edouard Dunglas, "Contribution à l'histoire du Moyen-Dahomey (Royaumes d'Abomey, de Kétou et Ouidah)", Études Dahoméennes, n. 20 (1957), pp. 36-7.
  • 245 Na carta 11, Adanzozan se refere ao "pequeno Dagome", mas aqui a "terra minha pequena" se refere a algum território fronteiriço subsidiário do Daomé, objeto de um ataque de Oyó. 246 Referência ao poderoso e vizinho reino de Oyó, a quem o Daomé estava obrigado a pagar tributo anualmente na cidade de Cana. Para as incursões de Oyó no Daomé na primeira metade do século XVIII: Law, The Slave Coast, pp. 287-95, 318-24.
  • A historiografia atribui a libertação do jugo de Oyó ao rei Guezo. 247 Os treze dias parecem ser o período que o exército daomeano levou para atravessar e "destruir" as sete terras ou reinos que separavam Abomé do território invadido por Oyó. A distância entre Oyó e Abomé era de aproximadamente 200 milhas ou 320 quilômetros. Em 1819, Bowdich, (pp. 208-10) calculava o tempo para percorrer essa distância em sete dias. No século XVIII calculava-se, com exagero, em trinta dias ou 300 léguas [900 milhas]: Robin Law, "Contemporary Source Material for the History of the Old Oyo Empire, 1627-1824", Ibadan: The Institute of African Studies, University of Ibadan, 1993;
  • cf. carta anônima, provavelmente de Dupetitval, diretor do forte francês em Uidá, 20/05/1728 [AN: C.6/25]. 248 O espírito bélico do Daomé e a tradição estabelecida por Huegbaja de que cada rei deveria aumentar as fronteiras do reino são bem conhecidos. De todo modo, aqui, Adandozan parece fazer justiça a sua fama de rei "violento e sanguinário". 249 Provavelmente Agonsa, "terra de palmeiras". Adandozan menciona (mais adiante nesta carta 13) que foram os de Agonsa os que mostraram o caminho de Abomé Calavi para os de Porto Novo. A guerra de Adandozan contra Porto Novo era uma retaliação pelo ataque deste reino contra Abomé Calavi em 1802-1803, e dava continuidade à incursão de setembro de 1804 (cartas 11, 12). Person ("Chronologie", p. 225) diz que os tofinus – moradores nas margens do lago Nokué – estiveram envolvidos num ataque contra Abomé Calavi. Uma hipótese é que Agonsa estivesse localizado ao oeste de Porto Novo, em direção a Abomé Calavi, em alguma das ilhas formadas no lago Nokué, em território tofinu. 250 Se a escrita for uma transcrição literal da expressão de quem ditava, "dagome" aparece como autoidentificação nacional ou étnica. 251 Dangogi ou Adangogi (no manuscrito aparece grafado "a Dangogi") era o gaú (ou agaú), ou seja, o general do exército de Porto Novo. O mesmo título era utilizado pelo general do Daomé. 252 Os daomeanos se orgulhavam de seus truques, ardileza e estratagemas para conseguir as vitórias militares. 253 Para as cabeças como troféus de guerra, ver carta 12, nota 214 Essas são as vítimas que aparecem representadas no tecido preservado no Museu Nacional do Rio de Janeiro: ver nota 310 254 O porto é Uidá. O capitão é Felix da Costa Lisboa, acusado na carta 12 de ter subministrando munição ao rei de Porto Novo, no fim de 1802 ou início de 1803. Depois de 1803, Lisboa tem registradas apenas duas viagens no NS da Piedade e S Jose (Correio da Guine). A primeira (TSTD2, n. 51420) teve início em 30 de abril de 1804, com principal destino em Uidá, saída da África em 30 de novembro de 1805, e chegada na Bahia em 2 de fevereiro de 1806. A segunda (TSTD2, n. 51479) teve início em 30 de setembro de 1806, mas não constam mais informações. Isso indicaria que o ataque a Agonsa, quando Lisboa estava em Uidá, teria acontecido em 1805 ou, se foi durante a segunda viagem, no fim de 1806 ou início de 1807. O fato de que o rei quisesse mostrar as cabeças ao capitão Felix, não deixa de ser significativo. 255 Sobre o ataque a Abomé Calavi, acontecido entre o fim de 1802 e o início de 1803, com o apoio de Felix da Costa Lisboa, ver a carta 12, nota 141 256 Era costume no Daomé criar "nomes fortes" ou "títulos" com alusão metafórica a eventos gloriosos do rei. Como fica explicado, a porca seria Porto Novo, e o filho Agonsa, e vencendo em Agonsa ao general de Porto Novo, matava dois pássaros com um tiro. 257 Os cativos eram decapitados e depois expostos, às vezes empalados ou pendurados, na feira. Essa prática era comum com as vítimas dos sacrifícios humanos nos Costumes e, em Abomé, o mercado era geralmente o Adjahi. 258 Trata-se de outro título honorífico, provavelmente em língua iorubá: Constant Fortné Legonou, comunicação pessoal, 6/07/2012. O sentido geral fica explicado pelo autor. 259 O duque de Cadaval faleceu em março de 1808 (ver nota 242). Em outubro desse ano, ou seja, em período incomum para os Costumes, celebrava-se em Abomé um "costume do pequeno milho": TNA, T70/1163, "Day Books for William's Fort, Uidá, 23/10/1808".
  • Para Akinjogbin, essa celebração responderia a uma tentativa de promover a economia agrícola em tempos de carestia: Dahomey, p. 188, 193.
  • Porém, talvez houvesse alguma relação com os rituais funerários da mãe de Adandozan. A memória dela não foi preservada pela história oficial, apenas conserva-se o nome Kentobasin: Edna Bay, Wives of the Leopard. Gender, Politics, and Culture in the Kingdom of Dahomey, Charlottesville & London: University of Virginia Press,1998, p. 49.
  • As kpojito, ou rainhas-mãe, eram postos simbólicos e não necessariamente correspondiam a mãe biológica. Detinham um poder complementar ao do rei. Sobre as kpojito: Bay, Wives 260 O rei Agonglo. Entre 1791 e 1795, esse rei realizou diversas campanhas contra o país Mahi, sendo vitorioso na campanha de maio-agosto de 1795: Akinjogbin, Dahomey, pp. 180-1;
  • cf. Adm. I/2131, "S. Mackenzie to Sec. of Admiralty, 15/08/1795". 261 Maquino, ou maquinu, é uma variante de mahi. O sufixo "nu" significa "gente de", ou seja, habitante mahi. Não foi identificado o rei Sapê, embora a leste do país Mahi estivesse localizado o reino nagô de Savé (Tchave). Sobre as campanhas de Adandozan no país Mahi, ver nota 244 262 Um novo nome alegórico, ou "verso", significando que o Daomé haveria de sofrer do mesmo modo que ele [o rei Mahi] sofreu com a morte da sua mãe. 263 Aê ou Oaê, localidade não identificada. A narrativa sugere que o rei Sapê se refugiou numa terra relativamente protegida, talvez as montanhas do país Mahi, mas isso não foi suficiente para salvar sua população do exército daomeano. 264 Nome não identificado. 265 Ofereceu alguns dos cativos em sacrifícios humanos para sua mãe, empalando alguns e utilizando os ossos como ornamento de portas. Ver carta 12, nota 214 266 Ver notas 240-242, no início da carta, sobre o conflito franco-português. 267 Ketu? O reino de Ketu estava localizado a leste de Abomé e ao norte de Porto Novo. Porém, a referência a uma serra sugere tratar-se da região montanhosa do país Mahi. 268 Manoel Bastos Varela Pinto Pacheco, expulso em junho de 1799, ver Introdução. 269 Os dois tenentes eram José Ferreira Araújo (1799-1801) e Jacinto José de Souza (1804). Adandozan, porém, omite o nome do ex-almoxarife José Joaquim Marques da Graça (1801-1803) que foi expulso. 270 O "almoxarife" seria Francisco Xavier Rodrigues da Silva e o "escrivão" Francisco Felix de Souza (ver Introdução). 271 Esses eram os cargos mais importantes da fortaleza, secundados, em 1797, por 53 soldados nativos e vários escravos e agregados moradores no bairro em volta da fortaleza: Silva, Uma viagem, p. 77.
  • Após a corte abandonar Lisboa, em 1807, a coroa portuguesa esqueceu seus domínios em Uidá sem nomear oficialmente nenhum outro governador, até 1844. 272 Adandozan tinha conhecimento da ordem promovida em Lisboa, após a embaixada de 1805, de manter os embaixadores africanos retidos na Bahia (BNRJ II- 34, 5, 4, "Visconde de Anadia ao [governador da Bahia], Palácio de Queluz, 30/07/1805"),
  • antes, inclusive, de isso acontecer, em 1811, com a embaixada que levava a carta 13. Mais uma vez, o fato demonstra a sofisticada rede de informação de que dispunha o rei. 273 Sobre Francisco Felix de Souza e suas atividades em Popo ver Introdução. Esta informação é original. 274 Sobre a tática de se comunicar com os navios por bandeiras ver carta 12 nota 179 O tratado anglo-português de 1810 permitia a continuação do tráfico no porto de Uidá, enquanto era interditado em Aneho (Pequeno Popo), Porto Novo, Badagri e Lagos, o que revitalizou os interesses escravistas daomeanos. Calcula-se que 45 barcos baianos comerciavam em Uidá em 1812: Akinjogbin, Dahomey, p. 193.
  • 275 Francisco Xavier Rodrigues da Silva. 276 Sobre as queixas de que os escravos vendidos pelo rei eram velhos, ver carta 12, nota 231 277 O "sarame português" em Uidá era o bairro em volta da fortaleza: Silva, Uma viagem, p. 77.
  • Talvez aqui utilizado como sinônimo de bairro. 278 O rápido recrutamento de todos os escravos disponíveis para depois monopolizar sua venda aos capitães europeus, sem deixar opção aos mercadores do rei, que tradicionalmente tinham o privilégio de abrir o comércio, parece ter sido uma estratégia efetiva. Em combinação com a tentativa de vender como escravos os soldados indígenas do forte, a mobilidade entre Uidá e Popo Pequeno, e o não ressarcimento do crédito recebido, explicariam a rápida acumulação de capital de Francisco Felix de Souza. Para essa questão ver também: Silva, Francisco, pp. 85-86.
  • A sugestão de que Francisco Felix de Souza mantinha contatos com as autoridades da Bahia não está comprovada. 279 Note-se a invocação de "Deus Nosso Senhor", aparentemente referindo-se ao deus cristão, em oposição à invocação do "meu Deus Legba", na carta 11, de 1804. 280 Inocêncio Marques Santana, intérprete e condutor dos embaixadores em 1804. A entrega desses escravos é mencionada na carta 12, nota 166 Aqui, porém, especifica seu número. 281 Referência à embaixada de 1795 e a morte, em Lisboa, do embaixador d. Manoel Constantino Carlos Luiz. Ver Introdução. 282 Referência a embaixada de 1805. Ver Introdução. Os embaixadores partiram da Bahia para Uidá em 14 de outubro de 1805 a bordo do bergantim Aurora, capitão Manoel Jorge Martins (TSTD2, n. 51445). Verger, Fluxo, p. 274.
  • Das cartas enviadas para o Daomé em 1805 conhecemos a do secretário de Estado, mas não a do príncipe regente: BNRJ II- 34, 5, 4, "Visconde de Anadia ao rei Adandozan, Palácio de Queluz, 30/07/1805".
  • 283 Os incêndios, provocados pelos raios e rapidamente propagados pelos tetos de palha das casas, eram dos acidentes mais comuns e devastadores. Daí o interesse nas bombas de água. Em 1824, também o rei Ajan de Benim (Onim) fazia um pedido de "uma bomba de incêndio de tipo grande": Verger, Fluxo, p. 284.
  • 284 A solicitação de pessoal (missionários e pedreiros) e material para levantar uma capela é significativa e parece uma estratégia para persuadir o rei português das suas boas intenções e fidelidade. Desde o século XVII houve diversas tentativas de conversão dos reis de Allada, Uidá e Daomé. Para um histórico detalhado das missões católicas em Uidá e Allada, ver: Law, "Religion". A mais recente missão cristã foi a dos padres Pires e Sardinha, em 1797, pouco antes da morte de Agonglo (ver Introdução). A vontade de conversão expressa por Adandozan nesta carta contrasta com sua atitude na carta 11, de 1804, quando louvava seu grande Deus Legba. Cabe notar que quando Pires partiu, em 1797, deixou na capela da fortaleza portuguesa "duas imagens do Senhor crucificado aparelhadas de prata, 4 cálices de estanho, 2 pares de gavetas, cálice, batina, dois frontais e dois ornamentos de dizer missa, com todos os seus pertences": APEB, maço 193, "Manuel Bastos Varela Pacheco ao governador da Bahia, Uidá, 4/10/1797".
  • 285 A solicitação de uma capela não o impede pedir outros objetos de poder (relíquias, ou "fetiches") com funções mágicas de proteção. O talismã para proteção na guerra formava parte de uma longa tradição na África ocidental. 286 Além de armas, o rei solicita um artilheiro especializado no cálculo da relação entre inclinação dos canhões e a distância dos projéteis, que pudesse treinar suas tropas. Ver também carta 11, nota 126 287 A espingarda era uma arma de fogo, portátil, de cano longo. Colubrina era uma antiga arma de fogo de artilharia naval para tiro a longa distância: Antonio Lopes da Costa Almeida, Compendio theorico-pratico de artilharia naval, Lisboa: 1829.
  • 288 Sobre a solicitação de armas, ver cartas 4, 11 e 12. O risco de explosão da pólvora na espingarda era alto, causando muitos acidentes Aqui, porém, pelo número solicitado, parece se referir a canhões (ou colubrinas). 289 Ao que parece, Adandozan tinha-se afeiçoado pela enologia e conhecia bem a variedade espirituosa oferecida pelo Portugal. 290 A solicitação de animais de estimação como cachorros e pássaros é uma novidade no repertório de presentes solicitados. O pardavão seria o pardal, ave passeriforme, ploceídea (Passer domesticus), da região paleártica, de coloração bruno-parda com tonalidades ferrugíneas (cf. Aurelio). O cão d'água português é uma raça de cães originária do Algarve e era utilizada pelos pescadores, daí talvez o seu nome. 291 Nos Costumes anuais havia um segmento ritual conhecido como "costume de Huegbaja", cerimônia normalmente realizada no início do ciclo cerimonial, representando o estado do Daomé prévio ao contato europeu, em que o rei aparecia vestido com folhas e utilizando apenas arco e flecha: Dalzel, The History, p. 219;
  • TCRL, CA2/016, "From the Journal of Mr. Dawson, 1862", f. 7.
  • Porém, no caso do Costume mencionado na carta, poderia ser também uma série de cerimônias sacrificiais em honra de Huegbaja. Este rei é aqui descrito como o fundador do reino do Daomé, sem menção de Dakodonu. Dalzel considera Huegbaja o "terceiro rei" da dinastia (Akaba). 292 O ataque a Agonsa teria acontecido por volta de 1805, 1806. Ver notas 249 e 254 293 A terra Daçô (Dançó, Danço, Dançou) era fronteiriça com a de Ayonu, Oyonu, da "gente de Oyó", mas, como se diz mais adiante, "pertencia" ou estava sob o domínio do Daomé. Existe uma aldeia chamada Dasso (Dasa no mapa de Le Herisse, L'ancièn), ao sul de Ketu (portanto vizinha da terra ayonou) e ao norte de Porto Novo. A relativa proximidade de Dasso com Agonsa permitiria uma divisão do exército daomeano em duas colunas e justificaria a referência ao vizinho reino de Ouemé, no mesmo conflito. 294 Rio Ouemé, o mais importante da região, que grosso modo marcava a fronteira oriental do Daomé. 295 Saxe seria o nome do rei do reino de Ouemé. Nesta carta 13, nota 261, há referência ao rei "Sapê maquino". Seria o mesmo? 296 Frase confusa. Não foi obtida informação sobre o chefe militar de Porto Novo, Pendô. Damesê pode ser uma transcrição de Dé Mèse, o quinto rei de Porto Novo que, segundo Person, reinou entre 1775 e 1790, com uma guerra atestada contra Ouemé em 1786. Para outras datações desse reinado: Person "Chronologie", p. 237.
  • 297 Zogbodómè, feira próxima de Aglime, um dos quatro mercados da região de Abomé, e nome da aldeia onde se celebra essa feira. Por extensão, na cultura fon, Zogbodó é o nome de um dos dias da semana de quatro (Zogbodo, Adjahi, Houndjolo, Adokoui) 298 Esta informação é original. Sobre sacrifícios humanos, ver carta 11, nota 111 299 Uma nova grafia para o nome do geral de Porto Novo, Dangogi ou Adangogi. 300 A exibição das cabeças dos inimigos depositadas em bacias constituía um dos troféus de guerra mais apreciados. Ver carta 12, nota 214 301 Em junho de 1810, em Uidá, há menção a uns "Grandes Costumes [celebrados] por conta das razões pestilentas": TNA, T70/1163, "Day Books for William's Fort, Whydah, 5/06/1810".
  • Ver também Akinjogbin, Dahomey, p. 195-6.
  • 302 O bisavô de Adandozan foi Tegbesu, que reinou entre 1740 e 1774. "Daxa," do inglês dashee, significando presente. O rei português seria d. José I (1750-1777). Sobre os chapéus de sol ver carta 4, nota 49 303 Sandália sem salto que se prende ao pé por tiras de couro ou de pano; loré. No Daomé, o uso de sandálias era privilégio exclusivo do rei e do agasunon (o sacerdote do vodun Agasu). 304 Escravos moleques, provavelmente capturados na guerra de Agonsa. Destes, só um foi recebido pelo governador da Bahia: Verger, Fluxo, p. 280;
  • cf. APEB, maço 166, f. 237, "Governador da Bahia Conde de Arcos ao rei do Daomé, Bahia, 1811".
  • 305 O banzo era a nostalgia mortal que atacava aos negros trazidos escravizados da África. O uso na sua forma verbal resulta peculiar. 306 Este seria o trono conservado no Museu Nacional do Rio de Janeiro. Ver fotografia em Verger, Os libertos, p. 73;
  • Araujo, "Dahomey", p. 14.
  • Ver também Introdução. 307 No Museu Nacional do Rio de Janeiro se conserva um suporte para o cachimbo, ver imagem: Araujo, "Dahomey", p. 15.
  • 308 Sobre a epidemia de 1810, ver acima, nota 301 309 Cachaporra ou cachamorra se refere a um cacete ou pedaço de pau com uma das pontas mais grossa que a outra, instrumento às vezes utilizado para executar as vítimas dos sacrifícios humanos. Porém, no pano conservado no Museu Nacional do Rio de Janeiro (ver nota seguinte) só aparece uma espada e duas alfanjes: Verger, Os libertos, p. 79.
  • 310 Este seria a "bandeira com motivos alegóricos de poder" inventariada em 1844 no Museu Nacional. Com certeza, trata-se de uma peça da família Yémadjé, responsáveis exclusivos do trabalho de aplicação sobre tecido em Abomé: Verger, Os libertos, p. 79, 80.
  • Ver ainda carta 10, nota 95 A carta 13 fornece informação original ao identificar as personagens históricas representadas no pano descoberto no Museu Nacional por Verger. Dangogi era o chefe militar de Porto Novo derrotado em Agonsa por volta de 1806. Nada sabemos de Gorumapô e Thofuião. 311 Uma nova solicitação de imagens para a capela. Ver nota 284 312 Efetivamente, o 9 de outubro de 1810 era uma terça feira. Interessante o uso do calendário semanal latino, e não o da semana local de quatro dias. 313 IHGB, PADAB (Projeto Acervo Digital Angola-Brasil) – DVD 3 – pasta 616 (imagens 503-504). Para a ementa ver carta 12, nota 133 314 Como foi dito na Introdução, a identidade deste mensageiro dificilmente corresponderia à de Dossuyovo, ou a do migan Atindebako, conforme sustenta a tradição oral. Estes embaixadores, ao contrário, teriam sido enviados por Adandozan em 1810. 315 A captura de marinheiros do Socorro, em Badragri, aconteceu em março de 1803 e a do Diana, em Porto Novo, em 7 de setembro de 1804 (carta 12). Se se tratasse de algum desses prisioneiros, a carta poderia ser datada por volta de 1821. 316 Guezo recorre à linguagem do parentesco, mesmo depois da deposição de Adandozan. Como vimos, o termo "irmão" também era utilizado por Adandozan com o príncipe d. João, o que não permite aventurar parentesco consanguíneo. A tradição oral sustenta que os dois reis africanos eram meio-irmãos por parte de pai (Agonglo), mas poderiam ter pertencido a linhagens distintas: Akingogbin, Dahomey, p. 199.
  • Ver também: Le Herissé, L'ancien, pp. 311-12;
  • Dunglas, "Contribution", pp. 35-36, 38.
  • 317 O estereótipo de Adandozan como cruel e tirano começa a ser promovido pelo próprio Guezo. 318 Alusão à carta do visconde de Anadia em que se refere a "vários Portugueses que tomastes violentamente nas terras de outro Potentado": BNRJ II- 34, 5, 4, "Carta do visconde de Anadia ao rei Adandozan, Palácio de Queluz, 30/07/1805".
  • 319 A carta confirma a atividade de escrivão de Francisco Felix de Souza na fortaleza portuguesa. Ver Introdução e carta 13 para os protestos de Adandozan contra Francisco Felix de Souza enquanto escrivão. 320 Interessante eufemismo para um golpe de estado. De algum modo, Guezo se desresponsabiliza da iniciativa dessa ação política. 321 Não foi possível achar informação sobre esse incidente. O capitão Fortunato Luis Pinto realizou uma viagem ao Golfo do Benim entre 1810 e 1811 (TSTD2, n. 49235) e o capitão Luis Pinto uma outra em 1816 (TSTD2, n. 7403). 322 Curiosa forma de Guezo bajular ao rei de Portugal colocando-se como "filho dos brancos". 323 A informação sobre o estado da fortaleza por volta de 1820, com apenas um oficial, é original. 324 Ver carta 12 para a expulsão do diretor Bastos Varela e o tenente Marques da Graça. 325 O "oficial" da fortaleza é identificado aqui como "comandante", provavelmente Francisco Felix de Souza. 326 Acima, menciona prisioneiros portugueses retidos durante 18 anos. Aqui parece se referir aos soldados (geralmente nativos) e escravos da fortaleza, provavelmente mantidos sob o controle real. Na carta 13 há referência à tentativa da venda desses soldados como escravos por parte de Francisco Felix de Souza. 327 Um moço meu por nome Intrépido? Ou um moço meu por intérprete? 328 Ignácio Felix de Souza, aqui referido como irmão de Francisco Felix de Souza, é geralmente reconhecido como um dos seus filhos. Porém, não está claro se, por volta de 1820, Ignácio já estava envolvido no tráfico negreiro, como seria o caso no fim da década de 1840: Law, "A Carreira", p. 28;
  • Silva, Francisco, pp. 140, 158.
  • 329 Alusão ao título de chacha, ou vice-rei, conferido por Guezo a Francisco Felix de Souza para controlar as relações comerciais em Uidá, como fizera no passado o yovogan. O reconhecimento explícito de Guezo ao papel Francisco Felix de Souza como facilitador comercial e responsável pela restituição dos prisioneiros portugueses, além da solicitação de maiores relações comerciais para Uidá, sugere a participação de Francisco Felix de Souza na escrita desta missiva, sendo que ele mesmo bancou com as despesas da embaixada. 330 Para o envio de "moleques" como presentes, ver carta 13, nota 304 331 Mais um trabalho da família Yémadjé, responsáveis exclusivos do trabalho de aplicação sobre tecido: Verger, Os libertos, p. 80.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    14 Maio 2013
  • Data do Fascículo
    2013
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