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Francisco José Gomes de Santa Rosa: experiências de um mestre pedreiro pardo e pernambucano no Oitocentos

Resumos

O artigo explora as experiências do mestre pedreiro e homem pardo Francisco José Gomes de Santa Rosa, que viveu entre os anos de 1810 e 1861. Por meio de livros de associações de artífices especializados e de seu inventário, entre outros documentos, que foram compulsadas nos mais diferentes arquivos recifenses, observamos que o trabalhador foi homem livre, pernambucano, casado, proprietário de alguns imóveis e ganhou destaque em duas organizações dedicadas aos profissionais de seu ofício. Por conta de suas redes de clientela, de seu destaque junto à classe artística e do reconhecimento público de sua perícia, José Francisco Gomes de Santa Rosa alcançou alguma instrução, acumulou cabedal e constituiu uma boa rede de relações. No final de sua vida, contudo, por conta de uma doença crônica e da manutenção de seu padrão de vida (à custa do esgotamento de seus recursos), o artesão de pele escura deixou sua família materialmente desamparada.

artesão; mutualismo; irmandade


The article explores the experiences of a brown-skinned master mason named Francisco José Gomes de Santa Rosa, who lived from 1810 to 1861. By means of specialized craftsmen associations' books and his inventory, among other documents, which were scrutinized in the various files in Recife, we observed that he was a free man from the state of Pernambuco, married, owner of a few pieces of real estate and gained prominence in two organizations dedicated to the professionals of his craft. On account of his network of customers, of his prominence with the artistic class and the public acknowledgement of his skill, Francisco José Gomes de Santa Rosa achieved a certain level of education, accumulated assets, and put together a good network of relations. At the end of his life, however, on account of a chronic disease and the maintenance of his living standards (at the cost of depleting his resources), the dark-skinned craftsman left his family materially deprived.

craftsman; mutualismo; brotherhood


  • 1
    1 Aqui, faço especial referência à contratação de uma companhia de operários na Alemanha, que foi responsável pela construção de equipamentos urbanos para o recreio das elites letradas e proprietárias pernambucanas. Ao mesmo tempo, segundo a ótica dos contratantes, enquanto trabalhassem, os estrangeiros ensinariam à mão de obra local tanto novas técnicas de construção quanto valores vinculados à moral do trabalho burguês. O projeto ganhou efetivo impulso durante o governo conservador do barão da Boa Vista, entre finais da década de 1830 e princípios da seguinte. Para saber mais, consultar: Gilberto Freyre, Um engenheiro francês no Brasil, Rio de Janeiro: José Olympio, 1940;
  • Guilherme Auler, A companhia de operários, 1839-1843: subsídios para o estudo da emigração germânica no Brasil, Recife: Arquivo Público Estadual, 1959;
  • Raimundo Arrais, O pântano e o riacho: a formação do espaço público no Recife do século XIX, São Paulo: Humanitas/FFLCH/USP, 2004;
  • 2 Para compreender as referidas mudanças demográficas, consultar: Marcus Joaquim Maciel de Carvalho, Liberdade: rotinas e rupturas do escravismo, Recife, 1822-1850, Recife: Editora Universitária UFPE, 1998;
  • Peter Louis Eisenberg, Modernização sem mudança: a indústria açucareira em Pernambuco, 1840-1910, Rio de Janeiro: Paz e Terra; Campinas: Editora da Unicamp, 1977;
  • Robert Slenes, "The Demography and Economics of Brazilian Slavery" (Tese de Doutorado, Stanford University, 1976).
  • Ao compararmos os censos pernambucanos dos anos de 1828, 1856 e 1872, percebemos que, nesse interregno, a população do Recife cresceu 248%. Em contrapartida, observamos que, proporcionalmente, a população cativa da cidade tendeu a diminuir sensivelmente. No censo de 1872, foi declarado que a capital pernambucana tinha pouco mais de 10% de cativos em seu perímetro urbano. Carvalho, Liberdade; José Antônio Gonsalves de Mello (org.), Diário de Pernambuco e a história social do Nordeste (1840-1889), v. 2 (Recife: Diário de Pernambuco, 1975, p. 643);
  • Marcelo Mac Cord, O Rosário de d. Antônio: irmandades negras, alianças e conflitos na história social do Recife, 1848-1872, Recife: FAPESP/Editora Universitária UFPE, 2005, pp. 29-30.
  • 3 Para saber mais sobre os conflitos entre protecionismo e liberdade no mercado das edificações recifenses, ver: Marcelo Mac Cord, Artífices da cidadania: mutualismo, educação e trabalho no Recife oitocentista, Campinas: Editora da Unicamp, 2012.
  • Para uma discussão mais ampliada sobre o mercado de trabalho nos tempos do Império do Brasil, consultar: Alexandre de Freitas Barbosa, A formação do mercado de trabalho no Brasil, São Paulo: Alameda, 2008, pp. 91-160.
  • 4 A categoria "costumes comuns" é fundamental para a reconstrução da trajetória de artífices especializados como Francisco José Gomes de Santa Rosa, que elaboraram suas identidades sociais por meio da convivência em associações de ofício e do compartilhamento de regras de conduta experimentadas no tirocínio artesanal - ou seja, nas oficinas, tendas e canteiros de obras. O trabalho artesanal de cunho mais tradicional, portanto, é indissociável de uma economia moral, nos moldes thompsonianos. Edward Palmer Thompson, Costumes em comum: estudos sobre a cultura popular tradicional São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
  • 5 No Recife, antes da outorga da Constituição de 1824, que extinguiu oficialmente as corporações de ofício no país, a Irmandade de São José do Ribamar tinha o privilégio de proteger os interesses e os mercados de pedreiros, carpinteiros, tanoeiros e calafates. A Irmandade de São Crispim e São Crispiniano regulava a vida profissional dos sapateiros. A Irmandade de São Elói, Bispo, defendia os interesses e protegia os ourives de ouro e prata matriculados em suas fileiras. Francisco Augusto Pereira da Costa, "Estudo histórico-retrospectivo sobre as Artes em Pernambuco", Revista do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, n. 54 (1900), pp. 33-4.
  • 6 Atentos aos problemas que envolveram a emancipação dos cativos nas Antilhas, a pretensa inépcia dos africanos para a liberdade e para o trabalho livre foi muito bem explorada por Frederick Cooper, Thomas C. Holt e Rebecca J. Scott (orgs.), Além da escravidão: investigações sobre raça, trabalho e cidadania em sociedades pós-emancipação (Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2005).
  • O defeito mecânico, por sua vez, ajudou a construir a discutível inferioridade social do artesão. Ao hierarquizar e classificar as especializações profissionais, Aristóteles distinguiu as artes mecânicas como "menores" porque mercenárias. Nessa perspectiva, elas somente objetivavam a especulação financeira e a desonestidade. Na Idade Média, por sua vez, o defeito mecânico se associou ao tabu da impureza cristão. Os trabalhos que exigiam esforços físicos foram entendidos como herança do pecado original. Wilson de Oliveira Rios, "A lei e o estilo: a inserção dos ofícios mecânicos na sociedade colonial brasileira (Salvador e Vila Rica, 1690-1750)" (Tese de Doutorado, Universidade Federal Fluminense, 2000).
  • Na perspectiva cristã, portanto, o defeito mecânico nos remete à maldição de Adão, que fez do trabalho manual um castigo de teor pedagógico. Ver Edward Palmer Thompson, A formação da classe operária inglesa: a maldição de Adão, v. 2, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001.
  • 7 Na primeira metade do século XIX, na Europa, observamos um fenômeno muito comum: a abertura de sociedades de auxílio-mútuo - ou de socorro mútuo ou mutuais. Entre outros objetivos, elas foram "formadas voluntariamente [para] promover auxílio financeiro a seus membros em caso de necessidade". Marcel van der Linden (ed.), Social Security Mutualism: the Comparative History of Mutual Benefit Societies (Bern: Lang), 1996, pp. 13-4.
  • 8 A problemática da reelaboração do repertório cultural corporativo pelas sociedades mutualistas foi muito bem analisada por Sewell Junior. Ao estudar o caso francês, o autor percebeu que os temas e os sentimentos compartilhados nas guildas fundamentaram a experiência organizativa de certos grupos de trabalhadores na primeira metade do Oitocentos. William H. Sewell Junior, Work & Revolution in France: the Language of Labor from the Old Regime to 1848, Nova York, Cambridge University Press, 1982.
  • Outros autores chegam a conclusões semelhantes, reforçando a importância das irmandades de ofícios na elaboração de sociedades mutualistas. Entre eles, podemos citar: André Gueslin, L'invention de l'économie sociale: idées, pratiques et imaginaires coopératifs et mutualistes dans la France du XIXe siécle, Paris: Economica, 1998, p. 146 ;
  • Michel Ralle, "A função da proteção mutualista na construção de uma identidade operária na Espanha", Cadernos AEL: sociedades operárias e mutualismo, v. 6, n. 10/11 (1999), pp. 20, 25 e 36.
  • 10 Ao finalizar minha tese, iniciei novas pesquisas para encontrar mais dados sobre alguns destacados artífices que passaram pela Irmandade e/ou Sociedade. É o caso, por exemplo, dos filhos do idealizador da Sociedade das Artes Mecânicas. Ver Marcelo Mac Cord, "Uma família de artífices 'de cor': os Ferreira Barros e sua mobilidade social no Recife oitocentista", Luso-Brazilian Review, v. 47, n. 2 (2010), pp. 26-48. Atualmente, tenho dedicado mais tempo à trajetória de um escultor pernambucano que havia sido escravo, conseguiu a alforria por causa de seu talento e foi estudar na Academia de Belas Artes da corte. Ver "Antonio Benvenuto Cellini: a trajetória de um escultor da escravidão à liberdade. Recife/Rio de Janeiro, século XIX", Comunicação apresentada no VI Encontro Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, UFSC, 15-18 de maio de 2013. Disponível em <http://labhstc.ufsc.br/files/2013/04/Marcelo-Mac-Cord-texto.pdf>, acessado em 7/5/2013.
  • 11 As tensões entre ação individual e condicionamento social são muito bem trabalhadas pelo marxista inglês, especialmente quando analisou, baseado em significativa pesquisa empírica, a formação da classe operária de seu país. Ver Thompson, A formação da classe operária inglesa, Apesar de fazer parte de outra tradição intelectual, sublinho a relevância da categoria "sociedade dos indivíduos" para a compreensão da trajetória do mestre de obras Francisco José Gomes de Santa Rosa. Forjada por Norbert Elias, ela faz um crítica aos estudiosos que propõem "sociedades sem indivíduos", cara aos marxistas mais ortodoxos, ou "indivíduos sem sociedade", bandeira dos liberais mais radicais. Ver Norbert Elias, A sociedade dos indivíduos, Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994.
  • 12 Caixa 118P, maço religião, Assembleia Legislativa de Pernambuco (doravante ALEPE), Recife, Divisão de Arquivo, Série Petições. Caixa Irmandade de São José do Riba Mar - recibos, correspondências recebidas - anos 1850-1854, 1856-1859, maço 1850, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (doravante IPHAN), Recife, Arquivo, Série Irmandade de São José do Ribamar. Compromisso ou Regulamento da Irmandade do Patriarcha o Senhor S. Jozé de Riba Mar, anno 1838, Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (doravante IAHGP), Recife, Setor de Documentos Manuscritos, Estante A, Gaveta 15. O referido compromisso foi um documento elaborado em 1838, mas somente aprovado pelas autoridades competentes dois anos depois. Francisco Augusto Pereira da Costa, Anais Pernambucanos: 1740-1794, v. 6, Recife: Fundarpe, 1985, pp. 96-7 e 145-6.
  • 13 Livro de Matrícula dos Sócios, 1841-1859, fls. 44-5, Universidade Católica de Pernambuco (doravante UNICAP), Recife, Biblioteca/Coleções Especiais, Série Liceu de Artes e Ofícios. Caixa 118P, maço organização social e civil, ALEPE, Recife, Divisão de Arquivo, Série Petições. Caixa 122P, maço educação, ALEPE, Recife, Divisão de Arquivo, Série Petições. Sobre a freguesia da Boa Vista, entre outros, consultar: Leonardo Dantas da Silva, Recife: uma história de quatro séculos, Recife: Prefeitura da Cidade do Recife/Secretaria de Educação e Cultura, 1975;
  • Orlando Parahym, Traços do Recife: ontem e hoje, Recife: Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco, 1978;
  • Flávio Guerra, "O Recife e o Conde da Boa Vista", in Arquivo Público Estadual de Pernambuco (org.), Um tempo do Recife (Recife: Editora Universitária UFPE, 1978);
  • Vanildo Bezerra Cavalcanti, "O Recife e a origem dos seus bairros centrais", in Arquivo Público Estadual de Pernambuco (org.), Um tempo do Recife
  • 14 Sobre o paternalismo brasileiro, consultar as seguintes obras clássicas: Richard Graham, Clientelismo e política no Brasil do século XIX, Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 1997;
  • Raymundo Faoro, Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro, São Paulo: Globo/Publifolha, 2000;
  • José Murilo de Carvalho, A construção da ordem: a elite política imperial; Teatro de sombras: a política imperial, Rio de Janeiro: Editora UFRJ/Relume-Dumará, 1996.
  • 17 Mac Cord, "Uma família de artífices 'de cor'". Respeitadas suas especificidades constitutivas, algumas pesquisas reforçam a relação entre mobilidade social ascendente, cor, liberdade, família e economia do favor nos tempos do escravismo brasileiro. Entre eles, consultar: Roberto Guedes, Egressos do cativeiro: trabalho, família, aliança e mobilidade social, Rio de Janeiro: Mauad, 2008;
  • Zephyr L. Frank, Dutra's World: Wealth and Family in Nineteenth-Century Rio de Janeiro, Albuquerque: University of New Mexico Press, 2004.
  • 19 Izabel Andrade Marson, O império do progresso: a Revolução Praieira em Pernambuco (1842-1855), São Paulo: Brasiliense, 1987, pp. 279-80.
  • 26 Antônio Santoni Rugiu, Nostalgia do mestre artesão, Campinas: Autores Associados, 1998;
  • João Tristão Vargas, "Qual é o liberalismo da Lei Chapelier? Seu significado para os contemporâneos e para a historiografia francesa dos séculos XIX e XX", Revista Mundos do Trabalho, v. 3, n. 5 (2011), pp. 213-32.
  • Disponível em <http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/mundosdotrabalho/article/viewFile/1984-9222.2011v3n5p213/19013>, acessado em 3/4/2012. Richard Stott, "Artisans and Capitalist Development", Journal of the Early Republic, v. 16, n. 2 (1996), pp. 257-71.
  • 31 Alguns artigos dos compromissos que regulavam a vida institucional das irmandades nem sempre eram respeitados pelo corpo confraternal. Geralmente, eram imposições das autoridades competentes, sem muita relação com o cotidiano organizacional das entidades leigas. Concorrentemente, muitas práticas cotidianas consagradas pelo costume não eram previstas por esse tipo de documento. Os processos de romanização da Igreja Católica expurgaram práticas consideradas pouco piedosas dos compromissos, mas os costumes foram mantidos apesar de formalmente silenciados. Ver João José Reis, "Identidade e diversidade étnicas nas Irmandades negras no tempo da escravidão", Tempo, v. 2, n. 3 (1996), pp. 7-33. Ver Mac Cord, O Rosário de d. Antônio
  • 34 Vera Lúcia Costa Acioli, A identidade da beleza: dicionário de artistas e artífices do século XVI ao XIX em Pernambuco, Recife: FUNDAJ/Massangana, 2008, pp. 220-1.
  • 35 Lino do Monte Carmello Luna, "Memória sobre os Montes Guararapes e a Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres, edificada em um delles, de que faz menção a acta supra", Revista do Instituto Archeologico e Geographico Pernambucano, n. 17 (1867), p. 275.
  • Fernando Pio, "Artistas dos séculos passados", Revista da Escola de Belas Artes de Pernambuco, v. 3, n. 2 (1959), p. 15.
  • 37 Entre outros autores que se debruçaram sobre o assunto, consultar: Carlos Gabriel Guimarães, "Bancos, economia e poder no Segundo Reinado: o caso da Casa Bancária Mauá, McGregor &Cia (1854-1866)" (Tese de Doutorado, USP, 1994);
  • Francisco Iglésias, "Vida política, 1848-1866", in Sérgio Buarque de Holanda (dir.), História geral da civilização brasileira: o Brasil Monárquico, t. 2, v. 5 (São Paulo: Bertrand Brasil, 2004), pp. 17-139.
  • Atenta ao Recife oitocentista, mas especificamente preocupada com a comunidade portuguesa envolvida com as mais diversas atividades comerciais, uma excelente pesquisa (com substancial base empírica) demonstra que a concessão de créditos e de empréstimos dependia de fortes relações pessoais. Ver Bruno Augusto Dornelas Câmara, "O 'retalho' do comércio: a política partidária, a comunidade portuguesa e a nacionalização do comércio a retalho, Pernambuco 1830-1870" (Tese de Doutorado, Universidade Federal de Pernambuco, 2012).
  • 39 "O bairro da Boa Vista e algumas palavras sobre a organização de uma correspondência predial nesta cidade", Diario de Pernambuco, 26 de outubro de 1857, FUNDAJ, Recife, Setor de Microfilmes.
  • 41 "O futuro dos nossos artistas mecânicos. A Companhia de Aprendizes Menores do Arsenal de Marinha", Diario de Pernambuco, 25 de janeiro de 1858, APEJE, Recife, Hemeroteca.
  • 44 Estratégias desse tipo foram muito comuns no Império do Brasil. Na corte, por exemplo, as dificuldades securitárias e a instabilidade no mercado de trabalho foram fatores que motivaram operários, artesãos e ex-escravos a buscar apoio em associações de auxílio mútuo. Ver Ronaldo Pereira de Jesus e David Patrício Lacerda, "Dinâmica associativa no século XIX: socorro mútuo e solidariedade entre livres e libertos no Rio de Janeiro Imperial", Revista Mundos do Trabalho, v. 2, n. 4 (2010), pp. 126-42.
  • Disponível em <http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/mundosdotrabalho/article/view/1984-9222.2010v2n4p126/17235>, acessado em 11/12/2010. Na Bahia, por sua vez, novos estudos indicam quadro semelhante ao observado no Rio de Janeiro, onde as sociedades mutualistas também foram formadas para a proteção dos subalternos. Ver Aldrin A. S. Castellucci, "A luta contra a adversidade: notas de pesquisa sobre o mutualismo na Bahia (1832-1930), Revista Mundos do Trabalho, v. 2, n. 4 (2010), pp. 40-77.
  • Disponível em <http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/mundosdotrabalho/article/view/1984-9222.2010v2n4p40/17220>, acessado em 11/12/2010. A importância securitária das sociedades de auxílio mútuo pode ser observada até as décadas de 1930 e 1940, quando se consolidam as lutas por direitos sociais mais amplos e por sólida legislação trabalhista. Ver Cláudia Maria Ribeiro Viscardi e Ronaldo Pereira de Jesus, "A experiência mutualista e a formação da classe trabalhadora no Brasil", in Jorge Ferreira e Daniel Aarão Reis (orgs.), A formação das tradições (1889-1945) (Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007), pp. 21-51.
  • 45 A compra de roupas, por exemplo, era fundamental para a classe operária francesa oitocentista. "A dignidade da classe operária passa pelo 'bom aspecto' [...] uma roupa conveniente permite que [os operários] se misturem sem vergonha à festa urbana". Ver Michelle Perrot, Os excluídos da História: operários, mulheres e prisioneiros, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988, p. 104. Outros exemplos reforçam essa questão. Na virada do século XIX para o XX, os caixeiros fluminenses procuravam se distinguir dos operários a partir do zelo com suas roupas. Ver Fabiane Popinigis, Proletários de casaca: trabalhadores do comércio carioca (1850-1911), Campinas: Editora da Unicamp, 2007, p. 46. Ainda na França de finais do século XIX, os trabalhadores militantes, para se distinguir dos demais, usavam la blouse et la casquette nas horas de lazer. Ver Eric J. Hobsbawm, Mundos do trabalho: novos estudos sobre história operária, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000, p. 285.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    16 Jul 2014
  • Data do Fascículo
    Jun 2014

Histórico

  • Aceito
    24 Jun 2013
  • Recebido
    24 Jan 2013
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