Acessibilidade / Reportar erro

A SBEM, o endocrinologista e a sociedade

editorial

A SBEM, O Endocrinologista e A Sociedade

João Hamilton Romaldini

Presidente da SBEM

durante o Biênio 1999-2000

DIRIGIR UMA SOCIEDADE COM POUCOS RECURSOS é bastante difícil e mesmo impossível, sem a colaboração de todos os seus membros. Ao término do período como presidente da SBEM, eu gostaria de externar o meu reconhecimento e agradecer o apoio e a colaboração de todos os colegas que permitiram que nossa Sociedade alcançasse um maior engrandecimento. A diretoria conseguiu manter e ampliar os esforços daquelas anteriores e, deste modo, assegurar o crescimento da Sociedade com o aumento de sócios efetivos e titulados, além de reafirmar o reconhecimento da Endocriniologia Brasileira pelas Sociedades Internacionais de Endocrinologia.

A iniciativa dos "Arquivos" em publicar uma edição com os trabalhos do Departamento de Endocrinologia Básica, gerados em laboratórios brasileiros, deve ser assinalada como um marco importante dentro da nossa Sociedade. Devemos também congratular os membros da SBEM que fazem parte do projeto internacional do genoma.

Além da Folha da SBEM, surgiram os Informes elaborados por algumas regionais. Estes Informes, todos contendo excelentes matérias, contribuíram para abrilhantar as discussões sobre aspectos específicos das doenças endocrinológicas, e trouxeram problemas que são muitas vezes relegados a um segundo plano, além de oferecer soluções aparentemente regionais que se revelaram de grande utilidade e atualidade para todos os membros da SBEM.

Dentre as atividades das regionais, podemos citar o esforço desenvolvido pela SBEM - Paraíba, quando realizou, com enorme sucesso, o primeiro Curso Unificado de Atualização da SBEM, em Campina Grande. A regional de Brasília, uma das que mais cresceram nestes anos recentes, vem desenvolvendo um trabalho pioneiro de divulgação da SBEM junto a população, aos órgãos de impressa e aos colegas de outras especialidade. Foi em Brasília que foram realizadas as campanhas da Conexão T (Tiróide e seus sintomas relacionados com a reposição hormonal) e da Obesidade como doença endócrina, com grande repercussão. Esta iniciativa foi seguida por outras regionais.

Sob nosso ponto de vista, é necessária uma visão holística dos processos da saúde, e o endocrinologista tem que estar consciente de que a produção da ciência e a promoção da saúde são distintas de acordo com os contextos, mesmo neste processo de globalização da economia, que é um fato incontestável. A rapidez das comunicações faz com que a difusão da ciência e do progresso tecnológico se faça com grande velocidade, gerando uma lógica de que há uma única ciência legitimada pelos principais centros de produção; deste modo, a sua utilização seria a mesma diante de pacientes americanos, europeus ou brasileiros.

Na organização da política de saúde, a fim de incorporar tecnologia moderna e o acesso dos pacientes a estas tecnologias em certas regiões dentro do Brasil, pode-se exigir o consumo de recursos que nem sempre são levados em consideração. Segundo o Professor Francisco de Campos, da Universidade Federal de Minas Gerais, devemos buscar um equilíbrio entre os aspectos tecnológicos e as condições efetivas de saúde. Não devemos nos sujeitar aos simples conceitos de custo-efetividade, sem a preocupação com a qualidade, gerando uma medicina pobre para gente pobre.

A iniciativa da regional de Minas Gerais foi de todo muito oportuna, e com o apoio da diretoria nacional, iniciou um trabalho perante os planos de saúde, abrindo caminho para a discussão em defesa da nossa especialidade, valorizando o endocrinologista dentro da classe médica, enfrentando as organizações de medicina de grupo e as cooperativas médicas. Muito oportuna a abertura desta discussão, principalmente neste momento em que assistimos a uma investida de varias empresas de seguro (contando com o aval das autoridades governamentais), tentando implantar no Brasil o sistema de "managed care", já desacreditado em países mais desenvolvidos.

O endocrinologista em particular e o médico em geral estão sendo esmagados por montanhas de normas e regulamentos discriminatórios, interferência direta dos governos e dos planos de saúde e organizações de seguros médicos. Isto vem impedir a liberdade de exercer a profissão, tanto no diagnóstico como na orientação do uso de novas drogas, onde a nossa especialidade está melhor qualificada para administrá-las.

A nova direção da SBEM deverá dar continuidade a estes trabalhos das nossas regionais e desenvolver diretrizes para o melhor atendimento e tratamento dos pacientes, e servir como referência para a defesa de nossos endocrinologistas.

Ao novo presidente e à sua diretoria, desejo um período pleno de grandes realizações.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    05 Out 2005
  • Data do Fascículo
    Dez 2000
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Rua Botucatu, 572 - conjunto 83, 04023-062 São Paulo, SP, Tel./Fax: (011) 5575-0311 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: abem-editoria@endocrino.org.br