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Consolidando Nosso Conhecimento Sobre Dosagens Hormonais e Sobre o Valor do Laboratório no Diagnóstico Endocrinológico

editorial

Consolidando Nosso Conhecimento Sobre Dosagens Hormonais e Sobre o Valor do Laboratório no Diagnóstico Endocrinológico

José Gilberto H. Vieira

Professor do Curso de Pós-Graduação

em Endocrinologia da

UNIFESP/EPM e Responsável

pelo Setor de Endocrinologia do

Fleury, Centro de Medicina

Diagnóstica, São Paulo, SP

Quando meu velho (no bom sentido) amigo Claudio me convidou para ser Editor de um número especial dos Arquivos sobre Diagnóstico Laboratorial em Endocrinologia, confesso que tive sentimentos conflitantes. Se por um lado seria uma honra e um prazer coordenar um conjunto de textos sobre um assunto de que gosto, ao qual na realidade dediquei grande parte de minha vida profissional, por outro lado ganharia mais uma carga de trabalho. Com o passar dos anos a gente sente a necessidade de parar de procurar trabalho extra, mas só os mais sábios conseguem esta proeza.

No entanto, talvez dentro de minha falta de sabedoria, senti a solicitação como uma espécie de obrigação, não tanto pelo meu envolvimento com o assunto, mas muito mais pelo envolvimento de todo um grupo de endocrinologistas com o assunto. Além do que é um assunto maduro e que merecia uma revisão geral, um marco.

Nós brasileiros somos muito críticos conosco mesmos. Quantas vezes comparecemos a Congressos ou Encontros Internacionais e nos perguntamos porque não estamos nós (ou alguém que conhecemos no Brasil) a falar sobre o assunto em questão? No caso específico da relação entre a medida dos hormônios circulantes e o diagnóstico endocrinológico somos especialmente bem dotados. Tive o cuidado de focalizar o assunto principalmente nas dosagens hormonais, pois se incluíssemos as novas metodologias baseadas em técnicas de Biologia Molecular este número não seria suficiente, além do que, na prática diária, a maior parte destas ainda é exceção, não regra. Este conjunto de artigos tem, neste aspecto, o condão de se tornar uma espécie de divisor de águas: até onde chegamos em termos de diagnóstico laboratorial clássico. Onde vamos chegar com novas metodologias, em especial de Biologia Molecular, não sabemos, só intuímos.

Durante a elaboração das pautas a serem desenvolvidas, minha idéia foi ser o mais prático possível, os assuntos abordados são os encarados pelos Endocrinologistas em seu dia-a-dia. E aí mais uma vez me deparei com nossa riqueza em pessoas capazes de discorrer sobre os diferentes assuntos. A escolha foi pessoal e baseada em longas convivências e respeito pelo trabalho dessas pessoas, desses grupos. Não que não reconheça o trabalho de outros não convidados, mas o espaço era limitado. Agradeço sinceramente o trabalho de todos, a boa vontade, a disposição em doar seu trabalho e conhecimento. Essa é outra faceta típica brasileira, que muitos podem encarar como falta de profissionalismo, mas que eu encaro como excesso de idealismo. Será que vamos conseguir que esta cultura única sobreviva?

Os textos aqui apresentados são dignos de "primeiro mundo" - conceito em voga - mas, a meu ver, absolutamente relativo. O Brasil é um mundo à parte, é um mundo em transformação, é um mundo dentro de um só país. Os textos são um exemplo de nossa parte de "primeiro mundo", e são uma experiência única no sentido de que estes conhecimentos podem ser aplicados diretamente aos nossos menos favorecidos. Poucos lugares têm esta possibilidade, é o mundo dentro de um país. Talvez seja esta uma das motivações de nossos colaboradores. Qualquer que seja a motivação, mais uma vez muito obrigado. Muito obrigado também ao Claudio pela confiança. Espero ter me saído a contento.

Um abraço a todos.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Dez 2006
  • Data do Fascículo
    Fev 2002
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