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Síndrome metabólica em motoristas profissionais de transporte de cargas da rodovia BR-116 no trecho Paulista-Régis Bittencourt

Metabolic Syndrome in professional truck drivers who work on Highway BR-116 within the area of São Paulo City - Régis Bittencourt

Resumos

O objetivo deste estudo foi determinar a prevalência da síndrome metabólica e identificar variáveis relacionadas a motoristas profissionais em trânsito na Rodovia BR-116. Foram avaliados 258 motoristas com medida do índice de massa corporal (IMC), circunferência abdominal, pressão arterial, triglicérides, colesterol total e frações e proteína C reativa. Avaliou-se a síndrome metabólica de acordo com a I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica. O nível de significância adotado foi p < 0,05. Foram utilizadas as análises uni e multivariadas. Verificou-se que a idade dos motoristas foi de 37,5 ± 10,1 anos, 82% tinham IMC > 25 kg/m², 58% circunferência abdominal > 94 cm, 9% colesterol total > 240 mg/dL, 10% LDL-c > 160 mg/dL; 23% HDL-c < 40 mg/dL, 22% triglicérides > de 200 mg/dL, 7% glicemia > 110 mg/dL e 19% proteína C reativa > 0,5 mg/dL. A prevalência da hipertensão arterial foi de 37%, 9% apresentaram médio/alto escore de risco de Framingham e 24% com síndrome metabólica. A análise de regressão logística indicou a associação independente da síndrome metabólica para as variáveis: IMC (OR = 1,4007 IC 95% 1,192-1,661), hábito de verificar o colesterol (OR = 0,1020 IC 0,017-0,589) e escore de risco de Framingham (OR = 26,3 IC 2,520-276,374). Verificou-se presença expressiva de fatores de risco cardiovasculares e da síndrome metabólica na população estudada.

Fatores de riscos; Síndrome metabólica; Escore de risco de Framingham


The objective of this study was to determine the Metabolic Syndrome prevalence as well as identify variables related in truck drivers who work on Highway BR-116 (São Paulo, Brazil). A total of 258 truck drivers were assessed and the variables studied were: body mass index, waist circumference, blood pressure, triglycerides, total and fraction cholesterol, glycemia and C reactive protein. Cardiovascular disease risk was evaluated by Framingham's risk score whereas the Metabolic Syndrome based on the First Brazilian Guideline for Diagnosis and Treatment of the Metabolic Syndrome. The significance level adopted was p< 0.05 and univariate and multivariate analysis were applied. The average age was of 37.5±10.1. According to the anthropometric data, it was observed body mass index >25 kg/m² in 82%, waist circumference >94 cm in 58%, total cholesterol >240mg/dL in 9%, LDL-c >160mg/dL in 10%; HDL-c <40mg/dL in 20%, triglycerides >200mg/dL in 22%, glycemia >110mg/dL in 7%, and C reactive protein >0.5 mg/dL in 19%. Hypertension prevalence was 37%, 9% were identified at the highest/medium Framingham's risk score and 24% showed Metabolic Syndrome. The logistical regression analysis indicated independent association of the Metabolic Syndrome for the following variables (OD odds ratio, CI confidence interval at 95%): body mass index (OR = 1.4007 CI 95% 1.192-1.661), use to check cholesterol (OR = 0.1020 CI 0.017-0.589) and Framingham's risk score (OR = 26.389 CI 2.520-276.374). As a conclusion, it was observed a quite expressive prevalence of cardiovascular risk factors as well as Metabolic Syndrome in truck drivers.

Risk factors; Metabolic syndrome; Framingham's risk score


ORIGINAL

Síndrome metabólica em motoristas profissionais de transporte de cargas da rodovia BR-116 no trecho Paulista-Régis Bittencourt

Metabolic Syndrome in professional truck drivers who work on Highway BR-116 within the area of São Paulo City - Régis Bittencourt

Luciane Cesira CavagioniI; Isabela M. BensenõrII; Alfredo HalpernIII; Angela M. G. PierinIV

IPrograma de Pós-Graduação Enfermagem na Saúde do Adulto da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (EE-USP), SP, Brasil

IIDisciplina de Atenção Básica da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), SP, Brasil

IIIHospital das Clínicas da FMUSP, SP, Brasil

IVEE-USP, SP, Brasil

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Angela M. G. Pierin Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 419 - Jardim América 05403-000 São Paulo, SP E-mail: pierin@usp.br

RESUMO

O objetivo deste estudo foi determinar a prevalência da síndrome metabólica e identificar variáveis relacionadas a motoristas profissionais em trânsito na Rodovia BR-116. Foram avaliados 258 motoristas com medida do índice de massa corporal (IMC), circunferência abdominal, pressão arterial, triglicérides, colesterol total e frações e proteína C reativa. Avaliou-se a síndrome metabólica de acordo com a I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica. O nível de significância adotado foi p < 0,05. Foram utilizadas as análises uni e multivariadas. Verificou-se que a idade dos motoristas foi de 37,5 ± 10,1 anos, 82% tinham IMC > 25 kg/m2, 58% circunferência abdominal > 94 cm, 9% colesterol total > 240 mg/dL, 10% LDL-c > 160 mg/dL; 23% HDL-c < 40 mg/dL, 22% triglicérides > de 200 mg/dL, 7% glicemia > 110 mg/dL e 19% proteína C reativa > 0,5 mg/dL. A prevalência da hipertensão arterial foi de 37%, 9% apresentaram médio/alto escore de risco de Framingham e 24% com síndrome metabólica. A análise de regressão logística indicou a associação independente da síndrome metabólica para as variáveis: IMC (OR = 1,4007 IC 95% 1,192-1,661), hábito de verificar o colesterol (OR = 0,1020 IC 0,017-0,589) e escore de risco de Framingham (OR = 26,3 IC 2,520-276,374). Verificou-se presença expressiva de fatores de risco cardiovasculares e da síndrome metabólica na população estudada.

Descritores: Fatores de riscos; Síndrome metabólica; Escore de risco de Framingham

ABSTRACT

The objective of this study was to determine the Metabolic Syndrome prevalence as well as identify variables related in truck drivers who work on Highway BR-116 (São Paulo, Brazil). A total of 258 truck drivers were assessed and the variables studied were: body mass index, waist circumference, blood pressure, triglycerides, total and fraction cholesterol, glycemia and C reactive protein. Cardiovascular disease risk was evaluated by Framingham's risk score whereas the Metabolic Syndrome based on the First Brazilian Guideline for Diagnosis and Treatment of the Metabolic Syndrome. The significance level adopted was p< 0.05 and univariate and multivariate analysis were applied. The average age was of 37.5±10.1. According to the anthropometric data, it was observed body mass index >25 kg/m2 in 82%, waist circumference >94 cm in 58%, total cholesterol >240mg/dL in 9%, LDL-c >160mg/dL in 10%; HDL-c <40mg/dL in 20%, triglycerides >200mg/dL in 22%, glycemia >110mg/dL in 7%, and C reactive protein >0.5 mg/dL in 19%. Hypertension prevalence was 37%, 9% were identified at the highest/medium Framingham's risk score and 24% showed Metabolic Syndrome. The logistical regression analysis indicated independent association of the Metabolic Syndrome for the following variables (OD odds ratio, CI confidence interval at 95%): body mass index (OR = 1.4007 CI 95% 1.192-1.661), use to check cholesterol (OR = 0.1020 CI 0.017-0.589) and Framingham's risk score (OR = 26.389 CI 2.520-276.374). As a conclusion, it was observed a quite expressive prevalence of cardiovascular risk factors as well as Metabolic Syndrome in truck drivers.

Keywords: Risk factors; Metabolic syndrome; Framingham's risk score

INTRODUÇÃO

A síndrome metabólica pode ser definida como o transtorno complexo caracterizado pelo conjunto de fatores de risco cardiovascular relacionado à deposição central de gordura e à resistência à insulina. Sua associação com a doença cardiovascular é inegável, elevando a mortalidade geral em torno de 1,5 vez e a cardiovascular 2,5 vezes (1). Inicialmente, foi descrita por Reaven (2) e denominada síndrome X e, por meio dos anos, outros componentes foram sendo acrescidos e a definição inicial foi sendo modificada, passando a ser denominada síndrome plurimetábolica ou quarteto mortal. Em 1998, um grupo de consultores da Organização Mundial da Saúde (OMS) propôs a denominação síndrome metabólica (3).

Duas principais definições da síndrome metabólica foram apresentadas: a primeira pela OMS e a outra pelo Third Report of the National Cholesterol Education Program's Adult Panel (ATP-III). A definição da OMS privilegia a presença dos fatores de risco e é caracterizada pela resistência à insulina ou pela alteração do distúrbio do metabolismo da glicose. Os critérios da ATP-III apresentam maior aplicabilidade na prática clínica, pois não necessitam de teste oral de tolerância à glicose, como o da OMS, sendo adotados pela I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica (1). Dessa forma, o diagnóstico é determinado pela presença de três ou mais dos seguintes componentes: circunferência abdominal maior que 102 cm em homens e 88 cm em mulheres; níveis pressóricos > 130 ou 85 mmHg; glicemia de jejum > 110 mg/dL, HDL-c < 40 mg/dL para homens e < 50 mg/dL para mulheres e triglicérides > 150 mg/dL. A prevalência da síndrome metabólica varia, dependendo dos critérios utilizados, faixa etária e sexo, de 12% a 38% em homens e de 10% a 40% em mulheres (4,5).

Os motoristas de caminhão que trafegam pelas rodovias podem estar mais expostos aos riscos cardiovasculares em razão das características peculiares de sua profissão. Em geral, alimentam-se em restaurantes próximos às estradas, consumindo alimentos de alto valor calórico e baixo valor nutritivo, e as jornadas de trabalho são extensas, com predomínio de sedentarismo. Diante desse contexto, o presente estudo teve por objetivos determinar a freqüência da síndrome metabólica nesses profissionais e identificar as variáveis relacionadas.

MÉTODOS

Trata-se de estudo transversal, realizado com 258 motoristas, que dirigem acima de 50 km por dia e trafegavam pela Rodovia BR-116 no trecho paulista-Régis Bittencourt.

Os critérios para inclusão no estudo foram: concordância do motorista por meio da assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, estar dirigindo um caminhão e possuir Carteira Nacional de Habilitação nas categorias C, D ou E, de acordo com o artigo 143 do Código de Trânsito Brasileiro (categoria C - condutor de veículo motorizado utilizado em transporte de carga, cujo peso bruto total exceda a 3.500 quilogramas; categoria D - condutor de veículo motorizado utilizado no transporte de passageiros, cuja lotação exceda a oito lugares, excluído o do motorista; e categoria E - condutor de combinação de veículos em que a unidade tratora enquadre-se nas categorias B, C ou D, e cuja unidade acoplada, reboque, semi-reboque ou articulada tenha 6 mil quilogramas ou mais de peso bruto total, ou cuja lotação exceda a oito lugares, ou, ainda, seja enquadrado na categoria trailler). O estudo foi avaliado e aprovado pelo comitê de ética da Faculdade de Enfermagem da Universidade de São Paulo.

O cálculo da amostra foi realizado para uma variável dicotômica em estudo descritivo, no qual a proporção de casos esperados era de 20%, com precisão de 0,10 (0,5 acima e 0,5 abaixo) a nível de confiança de 99%, chegando-se ao resultado de 250 pessoas.

O estudo foi realizado em três postos de gasolina localizados ao longo da Rodovia Régis Bittencourt, no município de Juquitiba, SP. Os locais foram selecionados por serem utilizados pelos motoristas, que se dirigem para às regiões sul e centro-oeste, para descanso e por oferecerem boas condições para pernoite, alimentação e abastecimento. Como grande parte dos motoristas faz uma parada para descanso na volta da viagem, após a entrega da carga, optou-se pela coleta dos dados naqueles que trafegavam predominantemente no sentido sul do País.

Todos os motoristas que estacionavam seu veículo para repouso, higienização ou abastecimento foram, de maneira aleatória, convidados, por um dos profissionais do grupo de estudo, a participar da investigação. Os dados foram coletados em todos os dias da semana no período das 19 h às 22 h, no posto de gasolina do km 321 (sentido norte), no período de 1º a 31 de agosto de 2005, no km 323 (sentido sul) no período de 1º a 30 de setembro e no km 319 (sentido sul) no período de 1º a 30 de outubro do mesmo ano. Aproximadamente 30% dos motoristas convidados concordaram em participar do estudo. As causas mais freqüentes de recusa foram pressa para retornar ao local de origem para transporte de nova carga, monitorização do tempo de viagem que impedia parada e falta de disponibilidade para ficar 12 horas em jejum para coleta dos exames de sangue.

A entrevista consistia de interrogatório realizado pelo entrevistador das variáveis socioeconômicas: idade (em anos completos, variáveis categóricas), cor da pele (dicotômica branco/não-branco autodeclarada), escolaridade (< 8 anos ou > 8 anos), estado civil (com companheiro ou sem companheiro), distância percorrida diariamente (km/dia), tabagismo (qualquer quantidade de cigarro diária) ou não fumante (foram considerados, como fumantes ativos os que pararam há menos de 12 meses), consumo de bebidas alcoólicas: bebedores (qualquer bebida alcoólica consumida na última semana, pelo menos, 30 mL ao dia) ou não bebe (foi considerada abstinência, como 12 meses sem ingerir bebidas alcoólicas), atividade física (sendo considerados ativos os que realizavam, pelo menos 30 minutos de atividade física de maneira contínua ou acumulada, três ou mais vezes por semana) e antecedentes pessoais para hipertensão, diabetes e hipercolesterolemia (sim/não).

Após a entrevista, a aferição das medidas antropométricas foi realizada. A medida da pressão arterial foi feita com aparelho automático validado (OMROM HEM 705CP), usando manguito de acordo com a circunferência braquial do participante, três verificações consecutivas conforme o procedimento determinado pelas V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão (6). Para a análise estatística, foram considerados a média das duas últimas aferições e os níveis pressóricos dos participantes classificados em hipertensos naqueles com pressão sistólica > 140 mmHg e/ou pressão diastólica > 90 mmHg ou referência de uso de medicamentos anti-hipertensivos.

O peso (em quilogramas) e a altura (em metros) foram determinados por meio de uma balança antropométrica mecânica, de 150 kg e precisão de 0,5 kg que foi previamente aferida por representante do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (InMetro). Para a determinação do peso, solicitou-se ao motorista que permanecesse com roupas leves, descalço, de costas para o mostrador da balança e com o olhar fixo no horizonte. Após a aferição do peso, realizou-se a verificação da altura com régua metálica (graduada a cada 0,5 cm) da balança antropométrica para cálculo do índice de massa corporal (IMC), cuja fórmula é a razão entre peso em quilogramas e o quadrado da altura em metros (peso/altura2). De acordo com o valor do IMC, os motoristas foram classificados conforme os critérios da OMS, em saudável (< 25 (kg/m2), sobrepeso (25 a 29,9 kg/m2) e obeso (> 30 kg/m2). Na determinação da circunferência abdominal, solicitou-se ao motorista que permanecesse em pé, respirando normalmente e que levantasse suas vestes localizadas na região do abdome, localizando-se a circunferência abdominal no ponto médio entre o rebordo costal e a crista ilíaca, com uso de fita métrica de 1,50 m graduada a cada 0,5 cm, não distensível, porém flexível. A classificação da circunferência abdominal também foi feita, consoante os critérios da OMS, que indicam valores > 94 cm como risco aumentado para eventos cardiovasculares e > 102 cm risco muito aumentado no sexo masculino (7).

Para a coleta de exames laboratoriais usou-se o sistema de vacutainer, sendo colhidos 10 ml de sangue após a confirmação de jejum por 12 horas, e encaminhados ao laboratório. No laboratório, o sangue foi processado pelo aparelho automático denominado Vitros 950, sendo as dosagens do colesterol total e triglicérides realizadas pelo método enzimático, o HDL-c pelo método de precipitação com sulfato de dextrano e cloreto de magnésio, o LDL-c estimado pela fórmula de Friedewald [LDL-c = TC- (HDL-c +TG/5)], para valores de triglicérides < 400 mg/dL, a glicemia pelo método de oxidação da glicose pela glicose oxidase para formar o peróxido de hidrogênio e glucanato e a proteína C reativa foi avaliada pelo método de imunoensaio heterogêneo em sanduíche (mg/dL).

Após a obtenção dos resultados laboratoriais, os participantes foram classificados, conforme seu perfil lipídico, níveis da glicemia de jejum e da proteína C reativa (em quartis, < 0,1/0,1 - 0,3/0,3 - 0,5/ > 0,5 mg/dL). O perfil lipídico foi avaliado, segundo critérios estabelecidos pelas III Diretrizes Brasileiras de Dislipidemias e Diretriz de Prevenção da Aterosclerose (8) e os níveis glicêmicos pelos critérios do Consenso Brasileiro de Diabetes (9). Na avaliação do nível de proteína C reativa, foram desconsiderados sete exames (quatro participantes estavam recebendo antiinflamatórios, dois com valores maiores que 10 mg/dL e um com história de doença reumatológica ativa (10). A síndrome metabólica foi caracterizada consoante os critérios da ATP-III e sua presença foi confirmada com, pelo menos, três das seguintes características: circunferência abdominal > 102 cm, triglicérides > 150 mg/dL, HDL-c < 40 mg/dL, pressão arterial > 130 × 85 mmHg e glicose > 110 mg/dL.

A média de risco cardiovascular de cada indivíduo foi calculada de acordo com o escore de Framingham, considerando as variáveis: sexo, faixa etária, pressão arterial sistólica, colesterol total, HDL-c, diabetes melito e tabagismo. Classificou-se o risco absoluto para eventos coronarianos em dez anos como baixo risco < 10%, moderado > 10% e < 20% e alto risco > 20% (11).

Para a análise estatística foi usado o software Statistical Package for Social Sciences (SPSS) versão 7.5. As variáveis classificatórias descritivas estão apresentadas em tabelas contendo freqüências absoluta (n) e relativa (%) e os dados contínuos em média e desvio-padrão. As variáveis categóricas foram analisadas pelo teste qui-quadrado; para a análise dos grupos nas variáveis contínuas o teste t de Student, teste U de Mann-Whitney e teste Kruskal-Wallis, quando pertinentes. Para a comparação das médias dos dados contínuos, utilizou-se a análise de variância. O valor de p < 0,05 foi considerado estatisticamente significativo. Na análise bivariada, a associação entre as variáveis classificatórias foi realizada pelos testes qui-quadrado e exato de Fisher. As variáveis que apresentaram significância estatística na análise univariada foram utilizadas no ajuste do modelo de regressão logística.

RESULTADOS

Foram avaliados 258 homens, motoristas de rota longa, sendo a maioria composta de brancos (91%), com ensino fundamental (74%), casados (73%) e com Carteira Nacional de Habilitação na categoria E (72%). A maior parte, com renda salarial na faixa de 1.000 a 1.900 reais (46%) e, em relação a idade, predominou a da terceira década (37,5 ± 10,1 anos). Quanto aos hábitos de vida pouco mais da metade referiu ingestão de bebida alcoólica (55%), apenas 20% eram tabagistas e a maioria (74%) não realizava atividade física regularmente (Tabela 1).

A análise do IMC mostrou predomínio expressivo de sobrepeso ou obesidade (82%) e a circunferência abdominal alterada ou muito alterada em pouco mais da metade (58%). Destaca-se que a prevalência de hipertensão arterial foi de 37% e entre os que citaram uso de anti-hipertensivos, 80% apresentavam seus níveis pressóricos não-controlados (> 140/90 mmHg). Em relação ao perfil lipídico, pouco mais de um terço mostrou níveis de colesterol total (33%) e triglicérides (38%) na faixa limítrofe ou alterada. Para as frações do colesterol, na maioria (84%), o HDL-c foi menor que 60 mg/dL e o LDL-c maior que 130 mg/dL em 22%. A glicemia de jejum apresentou-se alterada em 7% dos motoristas avaliados (Tabela 2).

As recomendações da ATP-III foram empregadas para determinar a freqüência das características demográficas e clínicas dos participantes em relação à presença de síndrome metabólica, encontrando-se a prevalência de 24%. Os níveis pressóricos alterados contribuíram com mais da metade (59%) para o diagnóstico da síndrome, seguidos pelo nível de triglicérides (38%) e pela circunferência abdominal (31%), e em menor freqüência, o HDL-c (23%). A glicemia foi o componente com menor (7%) influência no diagnóstico da síndrome metabólica (Tabela 3).

A análise univariada evidenciou associação estatisticamente significante (p < 0,05) entre a presença de síndrome metabólica e maiores níveis de renda salarial, idade, tempo de ingestão de bebida alcoólica, IMC, circunferência abdominal, glicemia, colesterol total, triglicérides, proteína C reativa e pressão arterial sistólica e diastólica. Em relação ao HDL-c, observou-se que nos motoristas que apresentaram síndrome metabólica, os níveis foram mais baixos. Verificou-se, ainda, que a presença de síndrome metabólica relacionou-se com o conhecimento de que a hipertensão arterial não tem cura e que o tratamento não-medicamentoso da hipertensão inclui reduzir o peso corporal e o hábito de verificar os níveis de colesterol. Houve, também, associação estatisticamente significante (p < 0,05) entre os motoristas que relataram interrupção do tabagismo, não praticar atividade física, hipertensão arterial referida e médio ou alto risco de Framingham com a presença da síndrome metabólica (Tabela 4).

Os resultados da análise de regressão logística mostraram que a presença de síndrome metabólica associou-se com as variáveis IMC, hábito de verificar os níveis de colesterol total e risco de Framingham. Assim, para o aumento de cada unidade no IMC (1 kg/m2), a probabilidade de apresentar a síndrome metabólica aumenta em 40%. Em relação ao hábito de verificar o colesterol total, observou-se que o efeito foi protetor (< 1) para presença de síndrome metabólica. No que se refere ao escore de risco de Framingham alterado (médio ou alto), que avalia a possibilidade de apresentar evento cardíaco em dez anos, o risco foi de 26,38 vezes para a síndrome metabólica (Tabela 5).

DISCUSSÃO

O estudo da síndrome metabólica tem sido dificultado pela falta de unanimidade de definições e pontos de corte de seus componentes. Na presente investigação, foram usados os critérios estabelecidos pelo National Cholesterol Educational Program Adult Treatment Panel III (11), também, incorporados pela I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica (1). Vale ressaltar que tal definição não é totalmente isenta de críticas, sobretudo, no que se relaciona aos pontos de corte de seus componentes, advindos de estudos com populações caucasianas, não refletindo, necessariamente, as características multiétnicas da população brasileira.

A prevalência de 24% para a síndrome metabólica nos motoristas estudados é um achado coincidente ao do estudo internacional que incluiu várias etnias e ambos os sexos (12). Os pesquisadores do estudo verificaram, ainda, que houve aumento da síndrome metabólica de 23% para 27% nos Estados Unidos, entre 1988 e 2000 (13). Outros dois estudos de base populacional, realizados no México e na Itália, identificaram prevalências da síndrome metabólica de 27% e 29%, respectivamente (14,15). Por outro lado, índice menor, de 16%, foi obtido em indivíduos do sexo masculino da região sudeste da Coréia, e vale destacar que, em relação, à circunferência abdominal, quando o ponto de corte foi reduzido de 102 cm para 90 cm, a prevalência da síndrome metabólica aumentou para 29% (16). Por outro lado, a investigação realizada no Brasil evidenciou prevalência de 19% (IC 95% 17,1- 20,9) usando o mesmo critério do presente estudo (17). Em outro estudo de base populacional realizado na cidade de Vitória, ES, a prevalência geral foi de 29,8% (IC 95%, 28-32%), sem diferença entre os sexos. Mas, na faixa de 25 a 34 anos, a prevalência foi 15,8%, alcançando 48,3% na faixa de 55 a 64 anos (18). Salienta-se que a média de idade dos motoristas estudados manteve-se na terceira década; supõe-se que em idades mais elevadas provavelmente a prevalência da síndrome metabólica seria mais alta. Portanto, considera-se que a prevalência da síndrome metabólica pode ser influenciada, especialmente, pelos grupos étnicos estudados, faixa etária e pontos de corte utilizados em seus parâmetros, indicando a necessidade de se realizar estudos no Brasil que mais bem representem as características da população brasileira.

Ao se caracterizar os diferentes componentes da síndrome metabólica, destaca-se a alta freqüência de pressão arterial elevada (37%), inclusive maior do que outros achados nacionais, como os do estudo de base populacional no sul do País, com 30% de prevalência (19). Prevalências mais baixas, também, foram identificadas no estudo do município de Bambuí, MG, com 27% de hipertensão auto-referida e de 23% para a aferida (20). Apesar de não se contar com estudo populacional que realmente represente a prevalência da hipertensão arterial no Brasil, considera-se que cerca de 30% dos adultos sejam hipertensos, podendo dobrar na faixa dos idosos (6).

O IMC também caracterizou-se pela alta freqüência de níveis alterados representados pelo sobrepeso e pela obesidade, perfazendo o total de 82% de motoristas acima do peso ideal, achados que superam os de outros estudos transversais nacionais, como o realizado na região metropolitana de Belo Horizonte, MG, com prevalência de sobrepeso de 31% em ambos os sexos e de obesidade de 6% nos homens (21). Nessa mesma linha, estudo na cidade de Pelotas, RS, verificou que 15% dos indivíduos do sexo masculino estavam obesos (22). Em relação à circunferência abdominal, a freqüência de 27% acima dos níveis desejáveis também superou a de outros estudos (23-25). Acrescenta-se, a esse cenário, a falta de prática regular de atividade física, achado que só ratifica os de outros estudos no Brasil (23,26).

A avaliação do perfil lipídico mostrou que mais de um terço dos motoristas tinha níveis de colesterol nas faixas limítrofe e alta (33% > 200 mg/dL) e para o triglicérides (38% > 150 mg/dL) os dados foram superiores a de outros estudos (27-29). Estes achados não devem ser considerados isoladamente, pois sua expressividade aumenta quando aliados à média de idade da amostra, evidenciando alteração lipídica precoce. Em face dos aspectos discutidos, é inegável a influência dos fatores estruturais, perfil lipídico e glicemia na presença de síndrome metabólica, fato confirmado pela associação estatisticamente significante.

Salienta-se, ainda, a associação estatisticamente significante encontrada entre a proteína C reativa e a presença da síndrome metabólica, evidenciando a importância da presença dos fatores de risco na amostra estudada, fato já evidenciado em outros estudos (30,31). Outro aspecto verificado, no que se refere aos motoristas que apresentaram a síndrome metabólica, foi que quando indagados sobre a cura e o controle da hipertensão arterial relataram que ela não tem cura e que se deve reduzir o peso corpóreo para o seu controle. Acrescenta-se, ainda, que esses motoristas citaram medir regularmente a pressão arterial e o perfil lipídico, demonstrando razoável conhecimento sobre essas doenças e até preocupação em relação à própria saúde. Porém, esta preocupação não é acompanhada de mudanças no estilo de vida e nos hábitos alimentares. Dessa forma, devem ser estimulados a adotar alimentação equilibrada, prática regular de atividades físicas e estímulo para perda de peso. Evidências científicas mostram que modestas intervenções no estilo de vida têm impacto na diminuição do risco de desenvolver a síndrome metabólica, sempre considerando que tais modificações devem ser realizadas de maneira gradual e com metas alcançáveis. A tal contexto são associados o tabagismo e o etilismo, com destaque para a referência de que mais da metade dos motoristas indicou ingestão de bebida alcoólica que, além de constituir fator de risco cardiovascular, tem o agravante de expor outras pessoas a riscos de acidentes nas rodovias.

O presente estudo mostrou que a maioria dos motoristas encontrava-se no escore de baixo risco de Framingham, o que se deve provavelmente à maior presença de pessoas na faixa etária de 30 a 40 anos. Entretanto, o uso desse escore pode não identificar indivíduos de baixo risco em curto prazo, com estilos de vida que, a longo prazo, os predisporiam a desenvolver doenças cardiovasculares, o que justificaria mais ainda os esforços objetivando intervenções nos fatores de risco modificáveis para doenças cardiovasculares (32).

Apesar de muitas variáveis terem se associado com a presença de síndrome metabólica, a análise multivariada revelou que apenas três mantiveram-se no modelo de regressão logística. A presença do IMC no modelo reflete a importância que essa variável representou na amostra, evidentemente, por todas as alterações fisiológicas resultantes do sobrepeso e da obesidade. A presença da associação entre síndrome metabólica e escore de risco de Framingham é compreensível, pois na caracterização da síndrome metabólica estão incluídos alguns fatores de risco que não estão contemplados no risco de Framingham. A presença do hábito de verificar o colesterol total, como fator protetor para o surgimento da síndrome metabólica, pode ser reflexo da postura dos motoristas mais preocupados com sua saúde ou daqueles que já apresentavam alterações nos níveis do colesterol total.

No tocante à limitação do estudo, há de se destacar a possibilidade de viés por ocasião da solicitação dos motoristas para compor a amostra, considerando os que concordaram em participar do estudo, foram motivados pela preexistência de antecedentes patológicos e maior preocupação com sua condição de saúde. Ao comparar a prevalência referida de hipertensão arterial que foi de 25% com a identificada de 37%, observou-se aumento considerável. Ao analisar, da mesma forma, a presença de hipercolesterolemia, a diferença entre o referido e o identificado apresenta magnitude mais acentuada, passou de 14% para 33%, respectivamente. Estes dados aliados à justificativa dos motoristas para não participação no estudo em razão da impossibilidade de aguardar 12 horas em jejum por causa de horário e data de entrega da carga transportada indicam que a possibilidade de viés pode ter sido amenizada.

CONCLUSÃO

Os resultados evidenciaram alta freqüência de fatores de riscos cardiovasculares nos motoristas profissionais de transporte de cargas, em especial, a hipertensão arterial, sobrepeso, obesidade e sedentarismo. Ressalta-se que, embora a freqüência da síndrome metabólica verificada nos motoristas, que é uma população específica, apresente-se semelhante a alguns estudos internacionais, confirmou-se a necessidade de serem realizados estudos populacionais brasileiros para determinação da sua real freqüência. Em especial, a população estudada deve ser encorajada a adotar e manter padrões de vida sadios e estimulada a tomar decisões preventivas que modifiquem seu comportamento de risco, objetivando melhorar suas condições de saúde.

Recebido em 19/9/2007

Aceito em 26/5/2008

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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      17 Set 2008
    • Data do Fascículo
      Ago 2008

    Histórico

    • Recebido
      19 Set 2007
    • Aceito
      26 Maio 2008
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