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Papel dos lipídeos da dieta na nefropatia diabética

Role of dietary lipids in diabetic nephropathy

Resumos

O objetivo do presente manuscrito foi revisar o possível papel dos lipídeos dietéticos na nefropatia diabética (ND), considerando as alterações do perfil lipídico associadas e a interação entre aspectos dietéticos e genéticos. Os lipídeos dietéticos podem ter um papel importante no desenvolvimento e na progressão da ND. A composição das gorduras da dieta tem sido associada com a ND, particularmente à microalbuminúria e às anormalidades lipídicas e de função endotelial. Entretanto, ainda não está comprovado o benefício da modificação da ingestão de gorduras em pacientes com ND, em especial sobre desfechos definitivos, como incidência e progressão da ND, insuficiência renal e morte. Além disso, a resposta do perfil lipídico à ingestão de gorduras pode ser influenciada por fatores genéticos. A identificação de polimorfismos genéticos específicos associados a essa interação poderá permitir a individualização de estratégias nutricionais na ND.

Nefropatias diabéticas; albuminúria; lipídeos na dieta; ácidos graxos; lipoproteínas; dislipidemia


The aim of the present study was to review the possible role of dietary lipids in diabetic nephropathy (DN), taking into account associated abnormalities of serum lipids and interaction of dietary and genetic aspects. Dietary lipids may have an important role in the development and progression of DN. The fat diet composition has been associated with DN, particularly with microalbuminuria, serum lipids abnormalities, and endothelial function. However, the beneficial effect of fat intake modification for these patients is not fully established, especially regarding hard outcomes, such as DN incidence and progression, kidney failure, and death. Moreover, genetic factors may influence the response of serum lipids to fat intake. The identification of specific genetic polymorphisms associated with this interaction could allow adoption of individual nutritional strategies in DN.

Diabetic nephropathies; albuminuria; dietary fats; fatty acids; lipoproteins; dyslipidemia


REVISÃO

Papel dos lipídeos da dieta na nefropatia diabética

Role of dietary lipids in diabetic nephropathy

Jussara C. de Almeida; Vanessa D. de Mello; Luis H. Canani; Jorge L. Gross; Mirela J. de Azevedo

Serviço de Endocrinologia, Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS, Brasil

Correspondência para Correspondência para: Mirela J. de Azevedo Serviço de Endocrinologia do HCPA Rua Ramiro Barcelos, 2.350, prédio 12, 4º andar 90035-003 - Porto Alegre, RS, Brasil mirelaazevedo@terra.com.br

RESUMO

O objetivo do presente manuscrito foi revisar o possível papel dos lipídeos dietéticos na nefropatia diabética (ND), considerando as alterações do perfil lipídico associadas e a interação entre aspectos dietéticos e genéticos. Os lipídeos dietéticos podem ter um papel importante no desenvolvimento e na progressão da ND. A composição das gorduras da dieta tem sido associada com a ND, particularmente à microalbuminúria e às anormalidades lipídicas e de função endotelial. Entretanto, ainda não está comprovado o benefício da modificação da ingestão de gorduras em pacientes com ND, em especial sobre desfechos definitivos, como incidência e progressão da ND, insuficiência renal e morte. Além disso, a resposta do perfil lipídico à ingestão de gorduras pode ser influenciada por fatores genéticos. A identificação de polimorfismos genéticos específicos associados a essa interação poderá permitir a individualização de estratégias nutricionais na ND.

Descritores: Nefropatias diabéticas; albuminúria; lipídeos na dieta; ácidos graxos; lipoproteínas; dislipidemia

ABSTRACT

The aim of the present study was to review the possible role of dietary lipids in diabetic nephropathy (DN), taking into account associated abnormalities of serum lipids and interaction of dietary and genetic aspects. Dietary lipids may have an important role in the development and progression of DN. The fat diet composition has been associated with DN, particularly with microalbuminuria, serum lipids abnormalities, and endothelial function. However, the beneficial effect of fat intake modification for these patients is not fully established, especially regarding hard outcomes, such as DN incidence and progression, kidney failure, and death. Moreover, genetic factors may influence the response of serum lipids to fat intake. The identification of specific genetic polymorphisms associated with this interaction could allow adoption of individual nutritional strategies in DN.

Keywords: Diabetic nephropathies; albuminuria; dietary fats; fatty acids; lipoproteins; dyslipidemia

INTRODUÇÃO

A nefropatia diabética (ND) acomete até 40% dos pacientes com diabetes melito (DM) e, além de estar associada a uma mortalidade cardiovascular aumentada, é considerada a principal causa de insuficiência renal crônica naqueles pacientes que ingressam em programa de tratamento para a substituição renal (1).

A ND é definida pelo aumento da excreção urinária de albumina na ausência de outras doenças renais e tem sido classificada em estágios. O estágio denominado de microalbuminúria, ou de nefropatia incipiente, caracteriza-se por valores de excreção urinária de albumina de 30 a 299 mg/24 horas. No estágio de macroalbuminúria, ou nefropatia clínica, os valores correspondentes de excreção urinária de albumina são > 300 mg/24 horas. Já no estágio de microalbuminúria, ocorre aumento de mortalidade, em especial cardiovascular, e um risco aumentado de progressão para insuficiência renal (1).

Para o diagnóstico da ND, a American Diabetes Association recomenda que seja também estimada a taxa de filtração glomerular (TFG), independente dos valores de excreção urinária de albumina (2). Alguns pacientes com DM podem apresentar diminuição da TFG na presença de valores normais de excreção urinária de albumina. Esses pacientes normoalbuminúricos e com TFG < 60 mL/min apresentam hipertrigliceridemia e síndrome metabólica com mais frequência quando comparados com aqueles com valores superiores de TFG (3). Deve ser também lembrado que valores elevados de excreção urinária de albumina em pessoas com diabetes melito tipo 2 (DMT2) podem também estar relacionados à presença de hipertensão arterial, frequentemente observada nesses pacientes.

A hiperglicemia e o aumento dos níveis de pressão arterial, associados à predisposição genética, são os principais fatores de risco para o desenvolvimento da ND. A obtenção de um controle glicêmico próximo à normalidade, o tratamento rigoroso da hipertensão arterial, o uso de drogas bloqueadoras do sistema renina-angiotensina-aldosterona e, possivelmente, o tratamento da dislipidemia têm sido medidas utilizadas para a prevenção e desaceleração da progressão da ND (1). No entanto, ainda há um número considerável de pacientes que desenvolvem ND, e sua progressão não é completamente evitada com os tratamentos disponíveis atualmente. Portanto, é necessário que outros fatores associados à ND, como o tipo de dieta, sejam mais bem estudados para otimizar a prevenção e o tratamento dessa complicação crônica.

No final da década de 1990, estudos observacionais em pacientes com DM sugeriram que a quantidade (4) ou o tipo (5) de proteína estavam associados à microalbuminúria. Também o conteúdo de gordura (6-10) consumido na dieta usual parece ser um fator de risco para o desenvolvimento e progressão da microalbuminúria. De fato, em pacientes com DMT2, já foi demonstrado que quando é utilizada carne branca em substituição à vermelha, a consequente modificação do conteúdo de ácidos graxos poli-insaturados (AGPIs) e saturados (AGSs) da dieta reduz a excreção urinária de albumina e melhora o perfil lipídico (11-12). É improvável que tal efeito seja devido a modificações nos aminoácidos plasmáticos, pois esses não se modificam após três semanas de dieta à base de carne de galinha (13). Postula-se que esses efeitos ocorram por causa da alteração dos ácidos graxos (AGs) séricos ou, ainda, pela absorção intestinal modificada de AGs dietéticos. Deve ser lembrado, entretanto, que as alterações nos lipídeos séricos que influenciam o curso clínico da ND podem ocorrer independente da dieta (14).

A dislipidemia está presente em pacientes com ND desde a fase de microalbuminúria. É possível que essas alterações nos AGs séricos estejam associadas às alterações inflamatórias e de função endotelial, como já descrito em pacientes sem DM (15). Recentemente, em pacientes com DMT2, os AGSs séricos se correlacionaram com os valores de endotelina-1 (16). Reforça essa observação a associação positiva entre excreção urinária de albumina e endotelina-1 em pacientes com DMT2 (17). As anormalidades dos AGs séricos podem contribuir para a elevada mortalidade cardiovascular observada em pacientes com DM microalbuminúricos. Deve ser ainda considerada a possibilidade de interação entre fatores ambientais dietéticos e genéticos na promoção de condições favoráveis para o desenvolvimento da ND.

DISLIPIDEMIA E NEFROPATIA DIABÉTICA

A associação entre um perfil lipídico aterogênico e a excreção urinária de albumina tem sido observada em pacientes com diabetes melito tipo 1 (DMT1) (18) e DMT2 (14,19). As associações positivas dos lipídeos séricos com a ND foram descritas em relação aos valores de colesterol total, colesterol LDL (low-density lipoprotein), triglicerídeos, VLDL (very low-density lipoprotein) e apolipoproteína B, além de alterações no tamanho das partículas de LDL (19). AGs séricos foram também associados à microalbuminúria no DM. Pacientes com DMT2 e microalbuminúria apresentaram um percentual sérico menor de AGPIs e maior de AGSs na fração triglicerídeo, quando comparados aos pacientes normoalbuminúricos (14). É possível que o tipo de anormalidade lipídica seja distinto em diferentes fases da ND. Em pacientes com DMT1, a progressão da ND foi associada com o colesterol não esterificado (forma livre) da LDL nos pacientes normoalbuminúricos; com os triglicerídeos das VLDL e IDL (intermediary-density lipoprotein) nos microalbuminúricos; e com o menor tamanho das partículas de LDL nos pacientes macroalbuminúricos (18).

É provável que as alterações lipídicas precedam o desenvolvimento da micro ou macroalbuminúria - e não o contrário - embora esse tópico não esteja completamente esclarecido. Em um estudo no qual 133 pacientes com DMT2 foram acompanhados por um período de cinco anos, a presença de microalbuminúria foi um fator de risco para desenvolvimento de hipertrigliceridemia e valores diminuídos de HDL (high-density lipoprotein) (19). Entretanto, em fases mais avançadas da ND, os valores elevados de colesterol sérico parecem ser determinantes para a perda de função renal em pacientes com DM (20).

Um dos prováveis mecanismos pelo qual a dislipidemia contribui para o desenvolvimento e progressão da ND pode estar relacionado ao efeito nefrotóxico dos lipídeos séricos. O aumento da permeabilidade de macromoléculas no mesângio, incluindo lipídeos, levaria à progressão da lesão glomerular inicial para glomerulosclerose. Na ND, outro aspecto interessante em relação ao mecanismo de ação dos lipídeos, em especial o colesterol, é a semelhança histológica e imunoistoquímica entre a lesão glomerular progressiva e o desenvolvimento de estrias gordurosas no processo de aterosclerose. É possível que a patogênese de ambos os processos seja compartilhada (21).

A resistência à insulina, presente, de maneira geral, nos pacientes com DMT2, está também entre os prováveis mecanismos relacionados às alterações lipídicas séricas em pacientes com ND. A redução do efeito da insulina em situações de hiperglicemia favorece a mobilização dos AGs livres do tecido adiposo que, por sua vez, estimula a síntese hepática de apolipoproteína B, principal componente proteico das VLDL, com consequente aumento da produção dessas lipoproteínas que são ricas em triglicerídeos (22). Além disso, a resistência à insulina pode inibir a atividade da enzima lipase lipoproteica (LLP), responsável pela conversão de lipoproteínas ricas em triglicerídeos em AGs livres (23). Como consequência, os valores de colesterol HDL (22) e a depuração de VLDL ficam reduzidos (23).

Tais achados sugerem que as anormalidades lipídicas observadas em pacientes com ND precedam o desenvolvimento da própria ND, em especial em sua fase inicial. Os possíveis mecanismos relacionados à dislipidemia na ND incluem a resistência à insulina e a redução da atividade da enzima LLP. As anormalidades lipídicas resultantes teriam efeito nefrotóxico contribuindo para a patogênese da ND.

EFEITOS DOS LIPÍDEOS DA DIETA SOBRE O PERFIL LIPÍDICO SÉRICO

Os efeitos dos lipídeos da dieta sobre o perfil lipídico sérico são atribuídos especialmente aos AGs, de acordo com seus graus de saturação. Esses efeitos são distintos e independem da presença da DM. Na tabela 1 estão resumidas as principais gorduras da dieta, suas respectivas fontes alimentares e seu impacto sobre os lipídeos séricos, além dos componentes inflamatórios e de coagulação. O colesterol, os AGSs e os AGs insaturados trans-isômeros provenientes da dieta desempenham papel importante nas anormalidades lipídicas, principalmente na elevação de colesterol total e LDL séricos. Os AGMIs, por sua vez, têm um efeito hipocolesterolêmico ao substituírem os AGSs da dieta. A ingestão de AGPIs, em especial os AGs ω-3, além de reduzir os valores de colesterol e triglicerídeos séricos, promove efeitos benéficos nos processos inflamatórios (25), assim como um efeito antitrombogênico (28).

A redução da resistência à insulina e da atividade inflamatória está entre os mecanismos benéficos da modificação do perfil lipídico causada pela quantidade e qualidade de gordura da dieta. Os AGPIs de cadeia muito longa, principalmente o AG docosa-hexaenoico (DHA), diminuem a expressão das moléculas de adesão endotelial, assim como reduzem as interações entre as células do sistema imunológico e as células do endotélio (29). Também já foi demonstrado que a suplementação oral de eicosapentaenoico (EPA) e DHA diminuiu a produção de citoquinas pró-inflamatórias pelas células mononucleares periféricas (30).

Uma maior proporção de AGs insaturados de cadeia longa e uma menor proporção de AGSs na dieta estão associadas à melhora da ação da insulina (31). Os mecanismos associados aos efeitos dos AGs sobre a resistência à insulina são possivelmente relacionados à composição de AGs nas membranas celulares. Na membrana, os AGs influenciariam a sensibilidade à ação da insulina por meio de alteração na afinidade desta com seu receptor, na permeabilidade da membrana à insulina e nos processos de sinalização celular (31). Em pacientes obesos com resistência à insulina, os AGSs apresentaram associação positiva com marcadores inflamatórios séricos (interleucina-6, proteína C reativa), enquanto para os AGPIs a associação foi negativa (15). Além disso, o papel benéfico dos AGPIs de cadeia muito longa tem sido confirmado em revisões sistemáticas (32-34). A suplementação de EPA e DHA, AGPIs de cadeia muito longa, foi capaz de reduzir a mortalidade geral e cardiovascular (32). Em pacientes com DMT2, a suplementação de EPA e DHA (~4,3 g/dia) por cerca de nove semanas reduziu em cerca de 25% os triglicerídeos séricos e em 38% o VLDL, e aumentou em 25% o fator VII de coagulação quando comparado com placebo (33,34).

A adoção de uma dieta rica em AGMIs, semelhante à de países mediterrâneos, é uma estratégia primária para a redução de mortalidade por todas as causas (35) e de eventos cardiovasculares (36). Na dieta mediterrânea, há um consumo abundante de vegetais, óleo de oliva (principal fonte de gordura dessa dieta) e pequena quantidade de lácteos e carne vermelha. Frango e peixes são as fontes proteicas mais consumidas. Ovos estão presentes no máximo quatro unidades por semana, e o vinho tinto é consumido em quantidade moderada (37). O seguimento de dietas do tipo mediterrâneo reduz o colesterol total, LDL e apolipoproteína B e está associado à melhora da função endotelial (38). Este último efeito pode estar relacionado à oferta aumentada de AGPIs ω-3 decorrente do consumo de peixes e óleo de canola (com redução da razão AGPIs ωs-6:3 e menor atividade inflamatória) (39) e à presença de polifenóis antioxidantes oriundos do vinho e do óleo de oliva (40). A presença do AG oleico na dieta mediterrânea, um AGMI, já foi relacionada à melhora da função endotelial, por promover o deslocamento seletivo de AGSs das membranas celulares - efeito de menor magnitude do que o dos AGPIs (41). Uma ação antitrombogênica da dieta mediterrânea foi demonstrada em um ensaio clínico que durou dois meses e foi realizado em pacientes com DMT2. Quando o AG linoleico (ω-6) foi substituído pelo AG oleico (AGMI), ocorreu uma redução de resistência à insulina e restauração da vasodilatação endotélio-dependente (42).

Com base nessas observações, a American Diabetes Association elaborou recomendações em relação à ingestão de gorduras na dieta para pacientes com DM (2). Resumidamente: limitar o consumo de AGSs em até 7% das calorias ingeridas e de colesterol da dieta em até 200 mg ao dia; consumir o mínimo de AGs insaturados trans-isômeros e AGSs e consumir duas ou mais porções de peixe por semana para fornecer AGPIs ω-3. Tais recomendações são semelhantes às preconizadas para tratamento de dislipidemia na população em geral (43).

EFEITOS DOS LIPÍDEOS DA DIETA SOBRE A FUNÇÃO RENAL

A ingestão de gorduras, induzindo modificações no perfil dos lipídeos séricos e dos possíveis efeitos desses sobre a função renal (ver tópico anterior), pode atuar como um fator associado ao desenvolvimento e progressão da ND. Dietas habituais, com diferentes composições de gorduras, podem representar proteção ou risco para a ND. Modificações do conteúdo de gordura da dieta, por meio de substituição de alimentos ou de suas fontes, de nutrientes específicos ou ainda de suplementos já demonstraram efeitos benéficos sobre a albuminúria em pacientes com DM.

O efeito deletério dos AGSs da dieta na função renal pode ser mediado, em parte, pela consequente elevação do colesterol sérico após o aumento de sua ingestão com concomitante redução da ingestão de AGPIs. A hipercolesterolemia atuaria como fator de risco para o desenvolvimento da ND (20). Além disso, os AGSs podem também induzir diretamente à disfunção endotelial (15,16), que, por sua vez, está associada à microalbuminúria (17). De fato, a função endotelial é modulada diretamente por fatores dietéticos, especialmente pelos AGPIs ω-3 (29) que têm potencial efeito benéfico sobre a doença cardiovascular. Além disso, a gordura da dieta, tanto o tipo quanto a quantidade, podem influenciar processos inflamatórios (27) e estados de doença a eles relacionados (44).

Na revisão sobre os efeitos da gordura da dieta sobre a função renal em pacientes com ND foram encontrados ensaios clínicos e estudos observacionais selecionados no MedLine e Lilacs (língua portuguesa, inglesa e espanhola), além de publicações específicas da área médica e de nutrição até fevereiro de 2008 (descritores utilizados: lipid, fat, fatty acid, diet OR dietary AND diabetic nephropathy, microalbuminuria OR renal disease AND diabetes). Foram selecionados artigos que avaliaram efeitos sobre a ND de: lipídeos da dieta, suplementação de lipídeos ou dietas com alimentos com composição lipídica diferenciada. Não foram incluídos estudos que avaliaram exclusivamente efeitos de restrição proteica na ND. Entre os 15 estudos selecionados, cinco foram de associação de lipídeos dietéticos com albuminúria, um foi de associação com hiperfiltração glomerular e oito foram ensaios clínicos (Tabelas 2 e 3).

Estudos de associação

Na tabela 2, em ordem cronológica de publicação, estão descritas as principais características dos estudos observacionais nos quais foi demonstrada a associação de lipídeos dietéticos com o desenvolvimento e/ou progressão da ND. A maioria foi realizada em pacientes com DMT1 com normo e microalbuminúria (6-8,45), sendo três estudos transversais, um estudo de casos e controles e dois estudos prospectivos. Apenas dois estudos incluíram pacientes com DMT2 (9,10), sendo que o estudo prospectivo incluiu pacientes macroalbuminúricos (9). Os instrumentos de avaliação de consumo alimentar foram: históricos alimentares, recordatórios com ou sem pesagem de alimentos, diários alimentares ou questionários de frequência alimentar. Somente três estudos avaliaram o impacto da dieta no perfil lipídico sérico dos pacientes (7,9,10).

No final da década de 1980, foi descrita uma associação positiva de ingestão de gorduras totais com a microalbuminúria (6). Posteriormente, foi também demonstrada uma associação do maior consumo de AGSs com a presença de microalbuminúria (7), em especial com o ácido mirístico (8). Recentemente, a ingestão diminuída de AGPIs foi associada com microalbuminúria (10). Também a ingestão aumentada de AGPIs e diminuída de AGSs foi associada à regressão para estágios menos avançados da ND em um estudo prospectivo (9). A maior ingestão de gorduras totais e de AGSs foi associada à hiperfiltração glomerular ( > 137 mL.min-1) (45), sendo o aumento da TFG considerado um possível fator de risco para a ND (1).

Ensaios clínicos

Na tabela 3, em ordem cronológica de publicação, estão resumidos oito ensaios clínicos randomizados que avaliaram os efeitos da modificação da ingestão de lipídeos sobre a ND. Além da modificação do tipo de gordura consumida (tipo de óleo para o preparo dos alimentos e coberturas para passar no pão) (46-48), foram incluídos estudos nos quais a manipulação da gordura ocorreu pela substituição do tipo de carne (carne vermelha por carne de galinha) (12-14) ou ainda pela suplementação na dieta usual com AGPIs ω-3 (49,50). O tempo médio de intervenção dietética dos estudos variou de três semanas a 24 meses, e, quando o delineamento foi um ensaio clínico randomizado cruzado (11-13), o período de washout entre as dietas foi de três a quatro semanas.

Efeitos benéficos sobre a ND com redução da excreção urinária de albumina foram demonstrados com a adoção de dieta vegetariana pobre em gordura (47), com substituição de óleos ricos em triacilgliceróis por diacilgliceróis (48) e com substituição da carne vermelha da dieta por carne de galinha (11,12) e suplementação com AGPIs ω-3 (49,50). Com a dieta baseada em carne de galinha foi também observado um efeito benéfico sobre a hiperfiltração glomerular (13). Alguns autores demonstraram também uma melhora concomitante no perfil lipídico, tanto em pacientes com microalbuminúria (11,47) quanto naqueles com macroalbuminúria (12,48). Em um único estudo, após o acréscimo da ingestão de ácido linoleico (ω-6), a excreção urinária de albumina aumentou em 58%, embora tenha ocorrido uma melhora do perfil lipídio sérico (46). Uma explicação para esse resultado não esperado sobre a excreção urinária de albumina seriam os efeitos distintos dos AGPIs ω-6 e ω-3 no organismo, já que os AGs ω-3 reduzem a excreção urinária de albumina (49,50).

Em relação aos efeitos benéficos da redução de gorduras da dieta sobre a excreção urinária de albumina, a influência da diminuição concomitante de proteínas não pode ser desconsiderada. Como exemplo há o estudo sobre a adoção de dieta vegetariana pobre em gordura (47). Entretanto, é provável que a gordura da dieta, em especial os AGs, tenha um papel independente sobre a função renal. Reforça essa afirmação a demonstração de que, em pacientes com DMT2, uma dieta à base de carne de galinha, sem restrição de proteínas, reduz a albuminúria mais do que a dieta com restrição proteica (12).

Conclui-se que, de maneira geral, a manipulação de gorduras específicas da dieta é capaz de trazer benefícios sobre a excreção urinária de albumina, idealmente em associação com uma melhora do perfil lipídico. Entretanto, deve ser lembrado que os estudos que mostram esses efeitos são de curta duração, avaliam um número de paciente relativamente limitado e que não há evidências contundentes de benefícios sobre desfechos clínicos definitivos como a falência renal e/ou morte. Não existem ainda recomendações definitivas para manipulação das gorduras da dieta com vistas à proteção da função renal na ND.

INTERAÇÃO GENÉTICA: GORDURAS DA DIETA E PERFIL LIPÍDICO

A influência de fatores genéticos na presença da ND tem sido demonstrada (51). É provável que a suscetibilidade genética para a presença de valores anormais de albuminúria e de TFG (doença renal terminal) seja distinta (52). Aspectos genéticos relacionados à patogênese da ND podem também estar associados a fatores dietéticos que levem às alterações nos aos lipídeos séricos. Polimorfismos genéticos explicariam a variabilidade interindividual da resposta de lipoproteínas aos componentes dietéticos (53).

Para a revisão de artigos relacionados a polimorfismos possivelmente associados à dislipidemia ou aos lipídeos da dieta na ND, foram utilizados o MedLine e o Lilacs (língua portuguesa, inglesa e espanhola), além de publicações específicas da área até fevereiro de 2008. Os descritores utilizados foram: "polymorphism" AND "diabetic nephropathy", "microalbuminuria" OR "renal disease" AND "diabetes". Quinze estudos foram selecionados: um sobre o gene que modula a proteína intestinal carreadora de AGs (I-FABP, intestinal fatty acid binding protein), nove estudos sobre as variações do gene da apolipoproteína E (apoE) e quatro sobre o gene que modula o receptor ativado por proliferadores do peroxissoma (PPARγ2, peroxisome proliferator-activated receptor-γ2). Dois estudos foram transversais, 11 de casos e controles e um prospectivo (4,5 anos de acompanhamento). Os estudos foram realizados em diferentes populações, com pacientes com DM T1 (54,55) e com DMT2 (56-67). A maioria deles observou uma associação positiva com a ND (54,56,57,59,60,62,63). As descrições das características gerais dos polimorfismos genéticos associados aos lipídeos em estudos com pacientes com ND estão resumidas na tabela 4.

Os seguintes polimorfismos foram associados com a presença e/ou progressão da ND: o Ala54Thr do gene do FABP2 (62) e o polimorfismo da apoE (alelo ∈ 2) (54,56,57). Já uma associação negativa, portanto representando uma provável proteção, foi demonstrada para o polimorfismo Ala12Pro do gene do PPARγ2, tanto para microalbuminúria (58) quanto para estágios mais avançados de ND (61,67). No caso do polimorfismo da apoE, a associação com a ND ainda é controversa quando o alelo presente for o ∈ 4 (55,63-65).

Em conclusão, as alterações genéticas parecem modificar os efeitos das gorduras da alimentação sobre o perfil lipídico e, assim, influenciar o desenvolvimento e a progressão da ND. Entretanto, quase todos os estudos de associação são transversais. São necessários mais estudos de coorte para analisar a evolução da doença renal e dieta. Idealmente, deveriam ser realizados ensaios clínicos para avaliar a resposta à ingestão de gordura em pacientes com diferentes genótipos de risco para ND.

COMENTÁRIOS FINAIS

As evidências disponíveis sugerem que os lipídeos dietéticos e séricos podem ter papel importante no desenvolvimento e na progressão da ND. Um perfil lipídico sérico desfavorável (valores aumentados de colesterol total, de triglicerídeos, de apolipoproteína B e de colesterol LDL - além de partículas mais densas - com valores diminuídos de colesterol HDL), incluindo alterações de AGs, provavelmente precede à instalação da ND. Essas alterações lipídicas estão relacionadas à ingestão de gorduras. De fato, a composição dos AGs séricos associa-se à microalbuminúria, à disfunção endotelial e a um padrão alimentar rico em AGSs e pobre em AGPIs. Tal tipo de dieta provavelmente representa um fator de risco para a ND, além do já estabelecido aumento de risco cardiovascular. Embora as evidências atuais sugiram fortemente que a manipulação de gorduras da dieta seja capaz de reduzir a excreção urinária de albumina com concomitante melhora do perfil lipídico, não existe, até o presente momento, uma recomendação específica nesse sentido para prevenção ou tratamento de ND.

Finalmente, cabe salientar a existência da interação entre fatores alimentares e genéticos na resposta intraindividual do perfil lipídico à ingestão de gorduras. A identificação de pacientes com risco aumentado para desenvolvimento ou progressão da ND pela presença de polimorfismos genéticos específicos e suas inter-relações permitirá a adoção de estratégias nutricionais individualizadas.

Agradecimentos: este trabalho foi apoiado parcialmente pelo Ministério de Ciência e Tecnologia, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (MCT/CNPq # 502050/2005-5).

Declaração: os autores declaram não haver conflito de interesse científico neste artigo.

Recebido em 27/Mar/2008

Aceito em 19/Nov/2008

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  • Correspondência para:
    Mirela J. de Azevedo
    Serviço de Endocrinologia do HCPA
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    prédio 12, 4º andar
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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      11 Set 2009
    • Data do Fascículo
      Jul 2009

    Histórico

    • Aceito
      19 Nov 2008
    • Recebido
      25 Mar 2008
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