Acessibilidade / Reportar erro

Estudo Clínico e laboratorial do tracoma em escolares de Joinville, Santa Catarina, Brasil* * Prêmio Conselho Brasileiro de Oftalmologia - XXIX Congresso Brasileiro de Oftalmologia - 6 de setembro de 1997. Goiânia (GO).

Clinical and laboratory study of trachoma in shcool children in Joinville, Santa Catarina, Brazil* * Prêmio Conselho Brasileiro de Oftalmologia - XXIX Congresso Brasileiro de Oftalmologia - 6 de setembro de 1997. Goiânia (GO).

RESUMO

Objetivo:

Avaliar características clínicas do tracoma e verificar a possibilidade de utilização de testes laboratoriais para confirmação da doença em população escolar de Joinville.

Métodos:

O exame ocular externo foi feito em 1697 indivíduos com idade variando de 5 a 16 anos. O tracoma foi avaliado de acordo com o esquema de gradação da OMS. Amostras de material conjuntival foram colhidas de crianças portadoras de tracoma folicular e crianças clinicamente normais e submetidas à pesquisa de Chlamydia trachomatis (imunofluorescência direta, testes imunoenzimáticos Chlamydiazyme®, Surecell Chlamydia® e Clearview Chlamydia®, reação em cadeia da polímerase (PCR) e cultura), adenovírus e herpes simples vírus (cultura) e bactérias aeróbias e fungos (cultura).

Resultados:

A prevalência de tracoma folicular (TF) foi 4,95% e a de tracoma cicatrial (TS) foi 0,65%. A imunofluorescência direta foi inconclusiva e os outros exames laboratoriais para pesquisa de Chlamydia trachomatis foram negativos em crianças com tracoma folicular e em crianças normais, assim como a cultura de adenovírus e herpes simples vírus. A cultura de bactérias e fungos foi positiva em 55% dos espécimes conjuntivais analisados e os bacilos gram-negativos (41,7%) e cocos-gram positivos (35%) foram os mais identificados.

Conclusões:

A população estudada tem baixa prevalência de tracoma, com quadros inflamatórios brandos. O diagnóstico da doença foi clínico uma vez que os testes laboratoriais específicos foram negativos ou inconclusivos. Embora vários tipos de bactérias aeróbias e fungos tenham sido isolados, eles não puderam ser relacionados à ocorrência do tracoma pois tiveram maior prevalência em crianças clinicamente normais.

Palavras-chave:
Tracoma; Conjuntivite; Chlamydia trachomatis

SUMMARY

Purpose:

To assess clinical aspects of trachoma and to verify the possibility of using laboratory tests for confirmation of the disease in a school population in Joinville, SC, Brasil.

Methods:

External eye examination was performed in 1697 children aged 5 to 16 years. Clinical findings were recorded according to the WHO grading system for trachoma. Conjunctival swabs were obtainedfrom children with follicular trachoma and normal children and submitted to laboratory investigation of Chlamydia trachomatis (direct fluorescent antibody test, enzyme immunoassay Chlamydiazyme®, Surecell Chlamydia® and Clearview Chlamydia®, polymerase chain reaction (PCR) and culture), adenovirus and herpes simplex virus (culture) and aerobic bacteria and fungi (culture).

Results:

Follicular trachoma (TF) prevalence was 4.95% and scarring trachoma (TS) prevalence was 0.65%. Direct fluorescent antibody test was unconclusive and the other laboratory examinations for detection of Chlamydia trachomatis were negative in children with follicular trachoma and normal children as well as adenovirus and herpes simplex virus cultures. Bacterial and fungal cultures were positive in 55% of the tested conjunctival samples and gram-negative rods (41.7%) and gram-positive cocci (35%) were the most common isolates.

Conclusion:

The assessed population has a low prevalence of trachoma with mild inflammatory aspects. The diagnosis of the disease was clinical beca use specific laboratory tests were negative or unconclusive. Although several types of aerobic bacteria and fungi were isolated, they could not be related to ocurrence of trachoma because they had a higher prevalence in clinically normal children.

Keywords:
Trachoma; Conjunctivitis; Chlamydia trachomatis

Texto completo disponível apenas em PDF.

  • *
    Prêmio Conselho Brasileiro de Oftalmologia - XXIX Congresso Brasileiro de Oftalmologia - 6 de setembro de 1997. Goiânia (GO).
  • Cada autor declara que não possui interesse financeiro no desenvolvimento ou marketing dos exames laboratoriais referidos no estudo.
  • Estudo realizado em parte graças ao suporte financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Brasil.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • 1
    Darougar S, Jones BR. Trachoma. Br Med Bull 1983;39:117-22.
  • 2
    Potter AR. Combating blinding trachoma. Br Med J 1993,307:213-4.
  • 3
    Scarpi MJ, Plut RCA, Arruda HO. Prevalência de tracoma no povoado de Mocambo, Estado do Ceará, Brasil. Arq Bras Oftalmol 1989;52:117-9.
  • 4
    Medina NH, Luna E, Oliveira M, Barros O, West S, Taylor H. Epidemiology of trachoma in São Paulo, Brazil. Invest Ophthalmol Vis Sci 1988;29:359. (ARVO abstracts).
  • 5
    Scarpi MJ. Aspectos do tracoma em três povoados do Estado da Bahia. Tese apresentada à Escola Paulista de Medicina para a obtenção do Título de Doutor em Medicina. São Paulo, 1989.
  • 6
    Scarpi MJ, Silva RJM, Ferreira IA, Barbosa RAC, Plut RCA. Prevalência de tracoma em bairro do município de Palmares, Estado de Pernambuco, Brasil. Arq Bras Oftalmol 1990;53:171-4.
  • 7
    Campos CEG, Scarpi MJ, Giudugli T. Prevalence of trachoma among children from 2 to 7 years old in the slums of the northern region of São Paulo. Invest Ophthalmol Vis Sci 1991;32:985. (ARVO abstracts).
  • 8
    Luna EJA, Medina NH, Oliveira MB, Barros OM, Vranjac A, Melles HHB, West S, Taylor HR. Epidemiology of trachoma in Bebedouro, State of São Paulo, Brazil: prevalence and risk factors. Int J Epidemiol 1991;20:169-77.
  • 9
    Scarpi MJ, Baruzzi RG, Machado M, Giudugli T. The preva1ence of trachoma among the amazonian indians of Xingú, Brazil. Invest Ophthalmol Vis Sci 1992;33:1324. (ARVO abstracts).
  • 10
    Moreira ATR, Prevalência do tracoma em pré-escolares e escolares das regiões sul, norte e oeste do Estado do Paraná, Brasil, 1990-1991. Tese apresentada à Escola Paulista de Medicina para a obtenção do Título de Mestre em Oftalmologia. Curitiba 1993.
  • 11
    Nóbrega MJ, Bonomo PPO, Scarpi MJ, Giudugli T, Campos CEG, Juliano Y, Novo NF. Prevalência de tracoma em crianças pré-escolares e escolares da periferia da cidade de Joinville, Estado de Santa Catarina, Brasil. Arq Bras Oftalmol 1993;56:13-7.
  • 12
    Couto Jr. AS. Prevalência de tracoma em pré-escolares e escolares do município de Duque de Caxias, Rio de Janeiro. Tese apresentada à Universidade Federal do Rio de Janeiro para a obtenção do Título de Mestre em Medicina. Rio de Janeiro 1995.
  • 13
    Thylefors B, Dawson CR, Jones BR, West SK, Taylor HR. A simple system for the assessment of trachoma and its complications. Bull World Health Organ 1987;65:477-83.
  • 14
    Wilson MC, Millan-Velasco F, Tielsch J, Taylor HR. Direct-smear fluorescent antibody citology as a field diagnostic tool for trachoma. Arch Ophthalmol 1986,1 04:688-90.
  • 15
    Schachter J, Moneada J, Dawson CR, Sheppard J, Courtright P, Said ME, Zaki S, Hafez SF, Lorincz A. Non-culture methods for diagnosing chlamydial infection in patients with trachoma: a clue to the pathogenesis of the disease? J infect Dis 1988;158:1347-52.
  • 16
    Taylor HR, Siler JA, Mkocha HA, Muñoz B, Velez V, Dejong L, West S. Longitudinal study of the microbiology of endemic trachoma. J Clin Microbiol 1991;29:1593-5.
  • 17
    Dean D, Pant CR, O'Hanley P. Improved sensitivity of a modified polymerase chain reaction amplified DNA probe in comparison with serial tissue culture passage for detection of Chlamydia trachomatis in conjunctival specimens from Nepal. Diagn Microbiol Infect Dis 1989;12:133-7.
  • 18
    Hayes LJ, Bailey RL, Mabey DCW, Clarke In, Pickett MA, Watt PJ, Ward ME. Genotyping of Chlamydia trachomatis from a trachoma-endemic village in the Gambia by a nested polymerase chain reaction: identification of strain variants. J Infect Dis 1992;166:1173-7.
  • 19
    Taylor-Robinson D, Thomas BJ. Laboratory techniques for the diagnosis of chlamydial infections. Genitourin Med 1991;67:256-66.
  • 20
    Hammerschlag MR, Chlamydia trachomatis in children. Pediatric Annals 1994;23:349-53.
  • 21
    Thejls H, Gnarpe J, Gnarpe H, Larsson P-G, Platz-Christensen J-J, Östergaard L, Victor A. Expanded gold standard in the diagnosis of Chlamydia trachomatis in a low prevalence population: diagnostic efficacy of tissue culture, direct immunofluorescence, enzyme immunoassay, PCR and serology. Genitourin Med 1994;70:300-3.
  • 22
    Darougar S, Woodland RM, Walpita P. Value andcost effectiveness of double culture tests for diagnosis of ocular viral and chlamydial infections. Br J Ophthalmol 1987;71:673-5.
  • 23
    Vastine DW, Dawson CR, Daghfous T, Messadi M, Hoshiwara I, Yoneda C, Nataf R. Severe endemic trachoma in Tunísia. I Effect of topical chemotherapy on conjunctivitis and ocular bacteria. Br J Ophthalmol 1974;58:833-42.
  • 24
    Mannis MJ. Bacterial conjunctivitis. In: Tasman W, Jaeger EA, eds. Duane's Clinical Ophtalmology. Philadelphia: Lippincott-Raven 1990; 4(5).
  • 25
    Campos MS, Campos e Silva LQ, Rehder JR, Lee MB, O'Brien T, Mc Donnel PJ. Anaerobic flora of the conjunctival sac in patients with AIDS and with anophthalmia compared with normal eyes. Acta Ophthalmol 1994;72:241-5.
  • 26
    Mondino BJ, Pleyer U. Host defense against bacterial and fungal disease. In: Tasman W, Jaeger EA, eds. Duanes's Foundations of Clinical Ophthalmology. Philadelphia: Lippincott-Raven 1995;2(45).
  • 27
    Costa ML, Galvão PG, Lage J. Flora micótica de indivíduos normais. Rev Bras Oftalmol 1975;34:675-82.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Oct 1998
Conselho Brasileiro de Oftalmologia Rua Casa do Ator, 1117 - cj.21, 04546-004 São Paulo SP Brazil, Tel: 55 11 - 3266-4000, Fax: 55 11- 3171-0953 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: abo@cbo.com.br