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Estimulação visual na criança: a intervenção dos profissionais de terapia ocupacional

CARTAS AO EDITOR

Estimulação visual na criança: a intervenção dos profissionais de terapia ocupacional

É com muita satisfação que observo o crescimento da assistência à criança visualmente deficiente nos vários cantos deste país. Outrora, observava-se apenas uns grupos de profissionais da área da reabilitação espalhados pelo eixo São Paulo - Rio de Janeiro - Minas Gerais.

Ao ler os artigos publicados na edição de agosto dos Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, chamou-me a atenção a publicação do estudo realizado pela Fundação Altino Ventura, em Recife, sobre desempenho funcional de crianças com deficiência visual, atendidas no Departamento de Estimulação Visual da Fundação Altino Ventura(1). Além de ser um grupo de estimada competência, são profissionais que ampliam sua assistência com outros profissionais da área da saúde, que, com certeza só fazem crescer aqueles a quem estão assistindo.

A inclusão da Terapia Ocupacional na equipe clínica da referida Fundação, denota o interesse pelo crescimento científico, além de apresentar aos leitores dos Arquivos o belo trabalho que vem sendo realizado no Nordeste do Brasil. Atualmente, na assistência à criança visualmente deficiente, podemos conhecer trabalhos realizados por estes profissionais em Recife, Salvador e Fortaleza.

O terapeuta ocupacional quando se dedica à assistência ao deficiente visual abrange na sua intervenção conhecimentos sobre desenvolvimento visual e infantil. Montilha et al., afirmam que a intervenção terapêutica ocupacional após avaliação oftalmológica contribui para a compreensão pelos pais, das possibilidades de desenvolvimento dos seus filhos, apesar da dificuldade apresentada por eles(2).

O trabalho desenvolvido por esta categoria profissional, aos visualmente incapacitados em Recife, tem crescido de maneira a apresentar dados concretos sobre a importância e necessidade deste tipo de intervenção para esta clientela. É importante que se comente sobre a necessidade de ampliação das equipes clínicas para assistência visual, visto que o desenvolvimento do conhecimento científico aponta para a atuação de profissionais das áreas afins.

Meu desejo é que outros estudos, com esta finalidade possam ser registrados e que os Arquivos Brasileiros de Oftalmologia possam continuar a ser o caminho para a divulgação destes trabalhos.

REFERÊNCIAS

1. Malta J, Endriss D, Rachel S, Moura T, Ventura L. Desempenho funcional com deficiência visual, atendidas no Departamento de Estimulação Visual da Fundação Altino Ventura. Arq Bras Oftalmol. 2006;69(4):571-4.

2. Montilha RCI de, Nobre MIRS, Gagliardo HGR. Atuação terapêutico-ocupacional junto a pacientes com transtornos da visão. In: De Carlo MMR do P, Luzo MC de M. Terapia ocupacional: reabilitação física e contextos hospitalares. São Paulo: Roca; 2004. p.276-91.

Raquel Costa Albuquerque

Docente do Curso de Terapia Ocupacional e Doutoranda em Saúde Materno Infantil da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE - Recife (PE) - Brasil

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Av. Ipiranga, 3377 - Apto. 903 Porto Alegre (RS) CEP 90610-001. E-mail: lucianopbellini@yahoo.com.br

Caro Editor,

Escrevo esta carta para comentar o relato de caso publicado por Farias et al.(1). Primeiramente, elogio os autores pelo artigo e por estimularem a discussão sobre o aperfeiçoamento das rotinas para o rastreio de cirurgias refrativas nos doadores de córneas.

No artigo publicado(1), os autores mencionam os resultados preliminares de Terry e Ousley(2) sobre o uso do Orbscan para o rastreamento de cirurgias refrativas em doadores de córneas. Além daquele estudo, Ousley e Terry(3) avaliaram, posteriormente, as diferenças regionais dos dados paquimétricos e dos mapas de curvatura, gerados pelo Orbscan, conseguindo detectar 40% das córneas previamente submetidas à cirurgia refrativa, ao analisar a paquimetria isoladamente. Empregando apenas os mapas de curvatura, o índice de acerto foi o mesmo. A associação dos dois métodos, por sua vez, aumentou o índice de acerto para 70%, melhorando a sensibilidade do método. Ainda baseados no princípio das diferenças regionais, os mesmos autores avaliaram o uso de um topógrafo portátil, obtendo resultados animadores, ampliando as possibilidades desta tecnologia como método de rastreio(4).

Outra técnica sugerida consiste no emprego da tomografia de coerência óptica (OCT). Utilizando este equipamento, Priglinger et al., detectaram a interface entre o flap corneano e o estroma residual em todas as córneas examinadas, em diferentes profundidades de ablação(5). Ulteriormente, o mesmo grupo confirmou a capacidade da OCT em detectar alterações induzidas pelo LASIK na avaliação postmortem imediata e durante o período de preservação(6).

Por último cabe mencionar um estudo(7) que comparou a biomicroscopia (BM) e a microscopia especular (ME) como métodos de rastreio, avaliando 26 córneas com LASIK prévio e 26 controles. Com a BM foi possível encontrar o flap em 84,6% das córneas com LASIK prévio, enquanto a ME identificou corretamente 88% das córneas (p<0,001 em relação aos controles). Assim, a associação da ME com a BM parece ser uma opção para ajudar na detecção de córneas previamente submetidas ao LASIK.

REFERÊNCIAS

1. Farias RJM, Parolim A, Sousa LB. Transplante de córnea com uso inadvertido de córnea de doador previamente submetido à cirurgia refrativa – relato de caso. Arq Bras Oftalmol. 2005;68(2):266-9.

2. Terry MA, Ousley PJ. New screening methods for donor eye-bank eyes. Cornea 1999;18(4):430-46.

3. Ousley PJ, Terry MA. Objective screening methods for prior refractive surgery in donor tissue. Cornea. 2002;21(2):181-8.

4. Ousley PJ, Terry MA. Use of a portable topography machine for screening donor tissue for prior refractive surgery. Cornea. 2002;21(8):745-50.

5. Priglinger SG, Neubauer AS, May CA, Alge CS, Wolf AH, Mueller A, et al. Optical coherence tomography for the detection of laser in situ keratomileusis in donor corneas. Cornea. 2003;22(1):46-50.

6. Wolf AH, Neubauer AS, Priglinger SG, Kampik A, Welge-Luessen UC. Detection of laser in situ keratomileusis in a postmortem eye using optical coherence tomography. J Cataract Refract Surg. 2004;30(2):491-5.

7. Mootha VV, Dawson D, Kumar A, Gleiser J, Qualls C, Albert DM. Slitlamp, specular, and light microscopic findings of human donor corneas after laser-assisted in situ keratomileusis. Arch Ophthalmol. 2004;122(5):686-92.

Luciano P. Bellini

Médico Oftalmologista. Fellow em Córnea e Doenças Externas no Hospital de Clínicas de Porto Alegre - HCPA - Porto Alegre (RS) - Brasil. Pós-Graduando nível Doutorado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS - Porto Alegre (RS) - Brasil

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    Av. Ipiranga, 3377 - Apto. 903
    Porto Alegre (RS) CEP 90610-001.
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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      31 Jan 2007
    • Data do Fascículo
      Dez 2006
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