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Anomalias induzidas da percepção

REGISTRO DE CASOS

Livre-docente de Psiquiatria da Faculdade Fluminense de Medicina

Até os leigos sabem que os fatores afetivos podem determinar erros sensoriais. Fatos correntes encontradiços em todas as regiões documentam a chamada crendice popular - o homem que, à noite, no cemitério, foi perseguido pelo fogo fátuo e por vozes; o cavaleiro que, à noite, teve sua montada "empacada" por algo que só o cavalo ou ambos, cavalo e cavaleiro viam ou pressentiam, as casas mal-assombradas, etc. são de todos os tempos e lugares.

As alterações da percepção, ora têm explicação banalíssima - a catatimia - ora desafiam toda classe de interpretação (Quercy, Monakow e Mourgue, Henry Ey). Principalmente as alucinações visuais mostram-se dificilmente acessíveis ao estudo: inúmeras vezes não conseguimos apurar se há realmente "percepção sem objeto" ou se há interpretação delirante, ilusão, falsificação da memória ou se falamos de mundo diverso, do mundo em que vive o doente (alucinações nas esquizofrenias). Enfim, duvida-se mesmo que, fora das desordens mentais nítidas, existam alucinações visuais.

Jaspers procurou obviar algumas dessas dificuldades e estabeleceu umas quantas caraterísticas das percepções. Visava principalmente distingui-las das representações. Para Jaspers, as percepções se caracterizam por terem o caráter de corporeidade e de objetividade; aparecerem no espaço exterior objetivo; terem contorno determinado, serem completas e nos apresentarem todos os detalhes; terem plena vlvacidade sensorial os elementos particulares da sensação (por exemplo, as cores brilham); serem constantes e poderem conservar facilmente a mesma forma; serem independentes da vontade, não podendo ser criadas à vontade nem mudadas; aceitamo-las com sentimento de passividade. Por outro lado, as representações têm o caráter de imagem, de subjetividade; aparecem no espaço interno subjetivo; têm contornos indeterminados, são incompletas e com detalhes isolados; certos elementos podem ser idequados aos elementos da percepção, mas a maior parte são inadequados (por exemplo, tudo é cinzento); as representações se "eparpillent", "escoam" e devem ser criadas de novo; as representações dependem da vontade, podem ser criadas e transformadas à vontade; produzimo-las com sentimento de atividade.

Coligimos duas observações que nos parecem merecer menção. Pertencem a uma categoria que poderíamos chamar "alucinações induzidas". O fenômeno do contágio psíquico é banal, mas em uma das observações as conseqüências já não foram tão banais. No último caso, é de relevo a

vivacidade sensorial da alucinação em ambos os pacientes. Este caraterístico foi por Jaspers chamado de "frescor sensorial". Há semelhanças com os célebres exemplos de Kandinsky e de Johannes Muller.

Numa prisão militar, em 1936, existiam vários oficiais, presos políticos, entre os quais 3 comunistas. Deles, um apresentava típicos traços paranóicos que supusemos constitucionais e, portanto, fixos: a tudo o que ocorria o oficial emprestava um sentido de perseguição - o diálogo mais trivial continha "ciladas e testes"; a sua crença espírita era, a seu ver, prova de sua incompatibilidade com o fascismo; os empregados da prisão eram espiões lá colocados para delatarem o que ouviam; olhares dos oficiais em serviço tinham significados de advertência. Ao lado de sua convicção doutrinária, ostentava paradoxalmente grande orgulho de seu tronco originário, de sua linhagem ilustre, sua capacidade mental e profissional.

Certa noite na prisão ocorreu-lhe que, no forro da casa, em pleno recinto militar, "ouvira ruídos, como se alguém desusasse cautelosamente". Afirmou tratar-se de investigadores da polícia civil. Deve-se notar que na prisão militar (fortaleza de Sta. Cruz) não interferia a polícia civil; tratava-se de assunto sobre o qual os militares são extremamente ciosos - a autonomia da autoridade militar. Ouvindo as suspeitas do companheiro, o fato foi, no dia imediato, discutido à mesa do almoço. Contestaram-no em geral: não era admissível que a espionagem policial, onipresente no país inteiro naquela época, se houvesse estendido até a fortaleza e sobretudo utilizado a tática novelesca de ouvir, do forro da prisão, conversas de 3 militares, já presos por motivos políticos. Seria mais simples a adoção de outro método, então em plena voga - o interrogatório direto dos acusados e, se necessário fosse, a tortura.

Noites seguidas, os oficiais se punham de sobreaviso. Numa delas, alguns aceitaram como reais os "nítidos ruídos de deslizamento" no forro da prisão. Sobressaltados, os militares cercaram a casa, alçaram-se ao forro, devassaram-no em todas as direções e nem siquer vislumbraram vestígios de corpos ou partes de corpos humanos, na poeira ali amontoada. Renovaram-se os ruídos em certas ocasiões e, afinal, os presos levaram o fato ao conhecimento do comandante da fortaleza que, pessoalmente, "foi resolver o fato com seus amigos da polícia civil". Alguns oficiais contestavam fracamente a realidade do fato. Alguns dos mais crédulos - justamente os que mais temiam as investigações policiais - permaneceram convictos até a noite crítica da devassa, quando então se convenceram da inexatidão do que "ouviram". Após a intervenção do comandante, desapareceu em todos (no paranóico apenas abalou-se um tanto a convicção), a crença de estarem sendo espionados.

Soubemos mais tarde pelo próprio comandante da prisão que não fora tomada providência alguma na polícia, que o próprio comandante não as pedira porque sabia impossível a ingerência da polícia na fortaleza. Prometera intervir para "aliviar a tensão" existente na prisão.

O mais curioso é que o pivot do episódio, o paranóico típico, 4 anos após a absolvição e liberdade, foi por nós abordado. Quase não o reconhecíamos do ponto de vista oaracterológico: eufórico, animoso, risonho, afetuoso, negligente nas precauções, desmentia que a "personalidade fosse predisposta às reações paranóicas". Tratava-se dum sintônico de estrutura corporal pícnica com a caracterología também comum ao pícnico. Não era de presumir que tal personalidade pudesse ser protagonista duma reação paranóica, a não ser aceitando o que nos ensina Specht quando estabelece nexos entre paranóia e círculo maníaco-depressivo. Ao menos neste caso, o pícnico tinha tal afinidade paranóica.

Temos outro exemplo documentado pelas próprias declarações dos observados. Trata-se duma "alucinação induzida reciprocamente" em dois estudantes. Não pudemos completar o estudo do episódio alucinatório com o estudo da personalidade dos observados, porque um deles (mais induzido que indutor) esquivou-se a solicitações reiteradas de comparecimiento ao exame. Motivos de discreção também impedem maiores relatos sobre a personalidade do indutor. Pode-se afirmar, entretanto, tratar-se dum indivíduo com eretismo emotivo.

O interesse da observação cinge-se à nitidez sensorial das alucinações visuais, à indução mais ou menos perfeita delas ao lado da ausência de psicose. Os depoimentos de ambos foram obtidos com semanas de diferença. Sabe-se quanta deformação sofrem os testemunhos nestas condições. Apesar disso, é curioso o confronto. Para exato estudo parece-nos preferível a comparação pari-passu entre os dois relatos.

"Na madrugada de 4 de novembro de 1945, estando a estudar questões relativas ao câncer, fui convidado para uma refeição por um colega de pensão, no quarto do qual conversamos sobre os mais variados assuntos, principalmente sobre política, assunto na ordem do dia. A noite era clara e muito quente. Na natureza tudo era quietude e silêncio. Falamos da alma e suas correlações com o espírito, da inteligência, da memória e do raciocínio. Num dado instante, fomos surpreendidos pela passagem de numerosos transeuntes que, apressados, buscavam, por certo, os seus lares. Contrastando com os primeiros, um outro marchava em "câmera lenta", diante do portão principal do edifício, que fica na extremidade de uma reta de 30 metros tirada da porta do quarto do meu colega. Nesse momento, repetidas vezes gritei-lhe bem alto que "podia entrar, pois o portão estava aberto", sem obter a menor resposta. Sei que trajava-se de branco, que estava penteado, que usava sapato preto, que a gravata não estava bem apertada ao colarinho, que o pano da roupa dava a impressão de ser brim e de que estva, na expressão popular, "enxovalhada".

Diante da impossibilidade de tal personagem em hora avançada da madrugada, sugeri ao colega que fossemos até ao portão, o que negou peremptòriamen-te. alegando ser natural o seu temor, pois não sabia de quem se tratava. Em face disso, esperamos calados a decisão do "importuno", o que não tardou a ocorrer com seu desaparecimento, que se efetuou por afundamento, como se no chão se enterrasse. Tal quadro e a perspectiva de que poderia ser "alguém do outro mundo" aterrorizou horrivelmente nosso colega.

Depois nos retiramos para o interior do quarto, onde apanhamos mais um pouco de nossa refeição, e voltamos à porta, onde continuávamos a conversar à procura duma explicação para o sucedido. Num dado momento, observei forte e estranha luminosidade na metade inferior do portão e, no hemi-portão direito, surgiu um lenço de laquê branco acenando vivamente para nós. Ao lado disso, uma faixa vermelha, como se fôra um tubo de "Neon", fazia movimentos de vai-e-vem entre a trave inferior do portão e o batente de mármore. Tendo eu observado isso primeiro, chamei a atenção de meu colega e perguntei-lhe se ele via alguma cousa de estranho no portão. Respondeu-me afirmativamente, descrevendo o que via, o que coincidiu com o acima descrito. A perspectiva de cousas extra-terrenas tinha chegado ao auge, quando, brandamente, este quadro desaparece e desenha-se, nitidamente, no portão, um busto humano forte, de pele "bem queimada pelo sol", em cuja face se destacava um riso sardónico que nos fazia arrepiar. Ao lado disso, apresentava viva movimentação, como se estivesse ao sabor das ondas. Tendo permanecido por mais de um minuto na nossa presença, tive temno de mandar meu colega buscar uma cadeira para trepar e verificar se, além do busto, tinha essa aparição mais alguma cousa, pois, sendo o quarto de nível inferior à calçada, não visualizamos em toda a sua extensão; foi esclarecido, assim, que o mesmo (busto) não se prolongava além do que nosos olhos, antes, viram. Indaguei também do colega se não se tratava da cúpula de um pé de cróto avermelhado que existia na casa da frente, ao que êle respondeu negativamente. Ao terminar estas interrogações, o busto, de frente para nós, acenou com a mão e perdeu-se pelo lado direito do portão. Nenhum de nós dois procurou mais explicações. Cada qual se dirigiu para o seu leito e procurou dormir. Eram, precisamente. 3 horas da manhã".

"No dia 3 de novembro de 1945, como de costume, iniciei os meus estudos às 21 horas. Às 24 horas, aproximadamente, estando um pouco fatigado, descansei um pouco, reiniciando os estudos à 2 hora da manhã do dia 4. Eram mais ou menos 2,45 quando, sentindo fome, fui até ao quarto do A., a fim de chamá-lo para comer comigo um pouco de pão com açúcar que tinha no meu quarto. Meu quarto está situado bem em frente do portão de entrada do qual dista aproximadamente 20 metros. O quarto é iluminado por uma só lâmpada presa à parede, provida de um quebra-luz de papel vermelho, projetando luz somente sobre a minha mesa de estudo. Como a lâmpada está sobre a parede em que foi aberta a porta e como esta, sendo composta de duas peças, um das quais, a do lado da lâmpada, eu mantinha sempre fechada, não havia possibilidade da projeção de sombras na parte externa. Devido a ser muito tarde, tanto as luzes da pensão como a da casa vizinha estavam todas apagadas. As únicas luzes eram as da rua, as do quarto do A. e a do meu. O portão de entrada é fechado por uma grade de ferro que deixa na sua parte inferior um intervalo de uns 4 ou 5 centímetros.

Chegando ao meu quarto, o A. e eu pegamos cada um um pedaço de pão com açúcar e fomos comê-lo na porta, ficando ele tomando toda a porta e eu um pouco para dentro, mas podendo apreciar tudo o que se passasse do lado de fora. Enquanto comíamos, pudemos observar algumas pessoas passarem pela calçada em passo normal de indivíduos retardatarios, isto é, um pouco apressado. Pouco depois observamos um indivíduo que absolutamente não estava com pressa de chegar em casa, pois andava muito devagar. Estranhamos isto e o A. observou: "Que será que este sujeito quer?". Isto foi dito em tom de cochicho, que no máximo seria perceptível a dois metros de distância. Porém, apesar disso, o indivíduo, que nesse instante tinha chegado à altura do portão, parou e voltou-se para nós. Pude imediatamente reconhecer que não se tratava de nenhuma sombra, pois quando ele se voltou percebi distintamente o reflexo da luz de um dos postes de iluminação no nariz do sujeito. Este vestia uma roupa de fazenda bem clara, quase branca, camisa branca e gravata preta. Era um pouco magro, e, como só era visível a partir de um pouco acima do tornozelo, deduzi que êle devia estar entre os trilhos do bonde e o meio fio. O A. então gritou: "ó, você aí, quê é que você quer? Se quiser alguma cousa empurre o portão e entre". Então, o que parecia ser um homem começou a desaparecer, não como todos os fantasmas, isto é, volatilizando-se, mas enterrando-se, ao que me parecia, verticalmente, no solo. Ficamos naturalmente um bocado intrigados com o acontecido, mas nada comentamos. Comecei a comer outro pedaço de pão e voltei à porta. Neste momento, o A. me chamou a atenção para uma espécie de chama que corria sob o portão. Para se ter melhor idéia de como era esta chama, comparei-a com uma lámpada fluorescente ao acender-se, sendo porém de cor vermelha. A intervalos regulares, desta chama se levantava uma outra chama parecida com o fogo do álcool, porém de cor rosa. Nisto chamei a atenção do A. para um pano branco que o A. achou parecido com um lenço de setim branco brilhante seguro por uma de suas pontas, porém não se via mão nenhuma. Esta segunda cena durou uns cinco minutos mais ou menos e depois bruscamente desapareceu. Fizemos alguns comentários, atacamos outro pedaço de pão e voltamos à porta. Vimos então um indivíduo completamente nu, somente visível da altura do estômago, mais ou menos, para cima, forte, muito musculoso e queimado pelo sol como se tivesse passado um dia na praia. Sobre esse busto havia uma faixa de luz branca e brilhante, enquanto a chama vermelha voltava a correr sob o portão. De tudo, o que mais me impressionou foi o sorriso malvado desta aparição. Senti um bocado de medo e o pão ficou amargo em minha boca. No entanto, não me convenci que aquela cousa que não tinha pernas e balançava de modo tal que, conforme disse o A., parecia estar apoiado sobre um prato que boiava em águas agitadas realmente não possuísse os membros inferiores. Para me certificar, coloquei uma cadeira atrás do A. e nela subi. Nestas condições eu podia observar qualquer cousa até o nível da calçada. Mas apenas consegui avistar somente até a cintura do sujeito e relatei isso ao A.. Desci da cadeira e continuei as observações. O sujeito balançou para um lado, atravessou o portão em toda a sua largura, voltou e sumiu, não mais voltando. Como a minha coragem tinha diminuído sensivelmente, convidei o A. para se retirar e, mal êle saiu, tranquei a porta e fui dormir.

Até hoje não encontrei uma explicação plausível do que sucedeu naquela madrugada. Alguns me disseram que devia se tratar de telepatia, transmissão de pensamentos devido ao que estávamos lendo no momento. Isto eu acho que posso refutar completamente, pois eu estava estudando cálculo integral e o A., tumores do útero. E acho que foi só isso.

O interesse do caso é manifesto, quer no aspecto teórico, quer no prático. Estudando as desordens da percepção, verificamos freqüentemente que os autores: a) ou pretendem distinguir as alucinações das demais alterações da percepção (sobretudo das pseudo-alucinações), com esquematismo exagerado, onde se percebe que o esforço didático mutila, deforma e violenta os fatos; b) ou promovem uma análise finíssima dos fenômenos, perdendo-se em detalhes, sem qualquer diferenciação precisa entre uns e outros distúrbios.

Desde logo queremos dar relevo ao fato de que, quando estudamos as pseudo-alucinações em autores alemães, deparamos quase infalivelmente com as autodescrições de Kandinsky e de Johannes Muller. Parecem muito escassos os depoimentos de pseudo-alucinações. Como o nosso caso assemelha-se tanto às pseudo-alucinações como às alucinações, aos escassos depoimentos dos autores acrescentamos um outro muito nítido que, aos estudiosos, oferecerá novo documento importante. Acresce que se trata, aqui, de um distúrbio induzido, da esfera visual, em indivíduos não alienados nem sujeitos a hetero-intoxicações (sem dúvida, havia fadiga e, talvez, fome).

Para classificar os distúrbios da percepção em nossos observados, lembraremos seus caracteres: a) a percepção era nítida e seus contornos precisos; b) havia vivacidade sensorial e corpcreidade; c) houve mobilidade do percebido; d) inicialmente, o "julgamento de realidade" não se impunha; o primeiro estudante diz que "queria provocar medo" no seu companheiro. Mas, depois, também se convenceu de que "aquilo que estava vendo, existia, mas não era deste mundo, era sobrenatural"; e) tratava-se de percepção "extrajetada", isto é, achava-se no "campo externo da visão"; f) o percebido não obedeceu à influência da vontade; g) não se pôde afirmar a ausência total de objetos ou estímulos verdadeiros (objetos mal iluminados, complicando jogo de luzes e de sombras) cuja percepção fora alterada ou deformada.

Comparando estes dados com o que se encontra nas ilusões, representações, pseudo-alucinações e alucinações, concluiremos que o distúrbio da percepção apresentado por nossos pacientes pode ser classificado como alucinação, apesar da fixidez (que deveria ser apreciável) não ser absoluta e de, inicialmente, haver certa oscilação no "julgamento de realidade".

Duas palavras mais sobre o estado mental de um dos estudantes, o único que conhecemos pessoalmente: é tímido, sugestionável, excitável, "nervoso". Já foi vítima de outra experiência alucinatória: uma mão fria roçou-lhe o rosto, ao mesmo tempo que sentiu um sopro na face. Também este episódio ocorreu à noite, em local isolado de uma fazenda, em condições favoráveis ao advento do medo.

Do ponto de vista prático, nossas observações demonstram a existência de alucinações fora das doenças mentais declaradas. Há alucinações induzidas.

Trabalho entregue para publicação em 6 março 1947.

Hospital Militar - Salvador - Bahia

  • Anomalias induzidas da percepção

    Nelson Pires
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      20 Fev 2015
    • Data do Fascículo
      Jun 1947
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