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El Vertigo. Estudio fisiopatológico. Adolfo Azoy

ANÁLISES DE LIVROS

El Vertigo. Estudio fisiopatológico. Adolfo Azoy. Um volume com 193 páginas, 27 figuras e XIV quadros. Manuel Marín, edit., Barcelona, 1948

O A. estuda a evolução histórica do conceito de vertigem, definida por Ewald como obnubilação da consciência estática. São referidas várias classificações. Entre as formas clínicas, o A. distingue o icto, a forma atenuada e crônica, a forma com desequilíbrio e desorientação espacial, o enjoo, a forma cefalálgica. O restante do capítulo I é dedicado aos fundamentos anátomo-fisiológicos da vertigem. Em relação aos canais semicirculares, o A. realça o papel funcional do septum transversum. na fisiologia macular, aceita o ponto de vista de Quix (contrário ao de Magnus), para quem a excitação se deve à pressão exercida pelos otolitos. Outros pormenores salientados pelo A. são: a comunicação do saco endolinfático com a fossa infratentorial, e do espaço perilinfático com a região subaracnóidea; a existência, no gânglio de Scarpa, de um contingente magnocelular (que é sede, tanto de fibras maculares, como ampulares) e outro parvocelular (aonde vão ter somente as fibras provindas das máculas). É importante a relação entre os sistemas vestibular e neurovegetative: os fenômenos da série vagotônica são concomitantes habituais da excitação máculo-ampular.

No capítulo II, o A. detém-se especialmente nos fenômenos vertiginosos e neurovegetativos produzidos pelas provas vestibulares, realçando o valor destas para o estudo da semelhança entre as reações experimentais e a vertigem espontânea. Tratando da vertigem fisiológica, o A. estuda detidamente o enjôo, marítimo e aeronáutico, no qual é posta em ação, principalmente, a função vegetativa do labirinto. A secção dedicada ao enjôo aeronáutico é extensa; o A. considera a ação das várias acrobacias sôbre o aparelho vestibular, bem como as otopatias peculiares aos aviadores. Passando à vertigem patológica, o A. estuda-a como sofrimento, como sintoma e como sinal; na semiologia da vertigem, devem ser investigadas as causas, que podem residir nos órgãos periféricos ou ser devidas a processos gerais ou metastáticos, especialmente a intoxicações exógenas.

O A. dedica um capítulo à enfermidade de Menière, entidade nosológica independente. Anátomo-patologicamente, verifica-se uma hidropsia endolinfática, com alteração de sua composição bioquímica. No mecanismo patogênico, segundo Kobrak, o fator circulatório teria máximo valor; entretanto, a lesão essencial consiste na deficiência de excreção e absorção dos sistemas endolinfáticos. Os estímulos patogênicos reconhecem origem alérgica (reação antígeno-anticorpo devida a focos sépticos, ou reação do tipo histamínico), distúrbios metabólicos (hipersodiemia, hidratação) ou endocrinovegetativos. Na exploração labiríntica, o A. acentua o valor diagnóstico e prognóstico da audiometria. O equilíbrio deve ser investigado cuidadosamente, sendo freq&uumlentes os distúrbios da marcha (que é, geralmente, em balista). Nistagmo espontâneo só é encontrado na crise e na posição ótima, sendo mais comum o horizontal, seguindo-se o rotatório; o A. nunca observou nistagmo vertical. Sinais centrais não existem na verdadeira enfermidade de Menière. Em relação aos estímulos irritativos, observa-se o seguinte: prova rotatória - nistagmo em geral de curta duração e bilateral, devido à compensação; a prova calórica revela hiporreflexia, havendo, habitualmente, disreflexia cruzada ao frio e ao calor.

São estudadas, a seguir, as síndromes menieriformes. No capítulo final, são feitas considerações sobre o tratamento. Na crise vertiginosa, indicam-se: repouso, silêncio, sedativos, nitritos, regime desidratante. Fora da crise, deve ser tentada, primeiramente, a terapêutica medicamentosa: antialérgica (remoção de focos, regime alimentar, dieta hipossódica, histamina), sedativos, derivados da teobromina, tônicos neurovegetativos, hormônios, diuréticos e diaforéticos, vitamina B1 e ácido nicotinico. Se fracassar o tratamento conservador, indica-se a cirurgia: ressecção do saco endolinfático (Portmann), ou secção do ramo vestibular (Dandy).

Livro útil e criterioso, que nos coloca ao par e procura fornecer-nos soluções adequadas para todos os problemas somáticos e afetivos com que a vertigem se apresenta.

H. Canelas

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    11 Fev 2015
  • Data do Fascículo
    Mar 1949
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