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THE NEOCORTEX OF MACACA MULATTA. G. VON BONIN E P. BAILEY

ANÁLISES DE LIVROS

THE NEOCORTEX OF MACACA MULATTA. G. VON BONIN E P. BAILEY. Um volume com 163 páginas, 62 pranchas microfotográficas, 40 figuras e uma carta em policremia. The University of Illinois Press, Urbana, Illionois, U. S. A., 1947. Preço. US$ 4,00.

No presente volume os autores, mestres de renome mundial, brindam ao neurofisiologista, ao estudioso da anatomia cerebral comparada e ao psiquiatra com farta messe de conhecimentos indispensáveis à especialidade. Ambos os autores acham-se ligados à escola de Dusser de Barenne, através de memoráveis contribuições para a fisiologia do córtex cerebral. E é mesmo, a nosso ver, o fato de se ter tornado necessária ante as experiências de fisiologia cerebral o que imprime à presente investigação o principal característico: o de empreendimento inadiável. O único mapa completo até agora existente em relação ao córtex cerebral do macaco era o de Brodmann, referente ao cercopíteco; este mapa, entretanto, apresenta numerosos erros e referências confusas, como o revelam von Bonin e Bailey, o que tornou imperiosa a árdua tarefa efetuada pelos citados cientistas.

Como acentuam na Introdução, os autores sentiram a necessidade de representar mais exatamente as variações dos campos arquitetônicos de transição e, por outro lado, a de reconstituir um mapa comparável ao do córtex humano para efeito de homologia dos resultados experimentais e clínicos. Assim, os autores foram levados a por de parte a tipologia numérica de Brodmann e adotar o sistema de abreviações alfabéticas de Economo e Koskinas. Ao mesmo tempo, utilizam a representação cromática para o mapa arquitetônico resultante das próprias investigações e não a clássica assinalagem dos campos celulares mediante símbolos. Mantêm-se, porém, dentro do critério de Brodmann ao descrever os vários campos arquitetônicos: o de variações estruturais e não o da situação topográfica.

Após considerações gerais, em relação ao pêso do cérebro do macaco e a causas de erro na apreciação desse fator (o que é feito no capítulo 2) descrevem, no capítulo 3, o aspecto externo através do arranjo dos sulcos, fazendo-o com clareza, método, e principalmente com elevado critério de anatomia comparada. O capítulo 4 apresenta a descrição, área por área. das variações regionais verificadas pelos autores no neocórtex do macaco rhesus (Macaca mulatta): ao todo 27 campos, somente no córtex em estudo, isto é, no neopálio. Como estruturas heterotípicas descrevem 4 campos agranulares (FA, FB, FBA, LA) e 3 coniocorticais (OC, TC, PB); as demais estruturas neocorticais, homotípicas, correspondem a áreas frontais (FD, FD δ FD γ, FC, FCBm, FF, FL), 8 parietotemporais (PC, PE, PG, LC, TA, TG, IA, IB) e 5 occipitotemporais (OA, OB, TE, TF, TH). Como de praxe em tais pesquisas, a arquitetonia foi examinada em cortes de finura adequada (20 micra), que constituiam série ininterrupta no número total de 2200. O capítulo seguinte traz a descrição feita em tais cortes seriados a fim de servir de contraprova ao estudo dos fragmentos selecionados para a ilustração dos achados e cujas microfotos correspondem às excelentes pranchas de I a LXII.

É dedicado o capítulo 6 à descrição de conjunto do novo mapa neocertical do macaco e, em seguida, ao estudo comparado entre este e o dos principais autores que precederam a von Bon'n e Bailey. Não se limitam, perém, a essa oportuna comparação entre critérios de investigação estrutural e resultados colhidos por meio dêles. Como legítimos pesquisadores da fisiologia cerebral e da experimentação em sentido funcional, passam em revista - no capítulo 7 - as correlações entre as diversas áreas individuais dêsse mapa arquitetônico. Dessa maneira, os dados objetivos da chamada neuroniografia fisiológica, os quais deram origem ao atual estudo, como assinalámos, permitem revelar de que modo as diferentes zonas do pálio cerebral se subordinam e se entreharmonizam segundo connexões específicas. Só este capitulo, de per si. valeria a obra em análise: ventila questões ainda obscuras para a maioria dos autores em neurofisiclogia e que só têm sido devidamente apreendidas pela escola de Dusser de Barenne e pelos pesquisadores que a ela se ligam.

No epílogo dizem os autores: "Entretanto, o que causa maior impressão é a semelhança de organização cortical entre macaco e homem, pelo menos naquilo em que esta pode ser reconhecida anatomicamente. Isso confirma o conceito de disposição comum aos primatas, emitido recentemente por Bonin (1945). Os estudos de Krieg sôbre o córtex do rato (1946) indicariam que o arranjo estrutural da organização cortical poderia ser essencialmente o mesmo em todos os mamíferos. De fato, a função do córtex, como mecanismo estimulante e regulador, permanece em essência o mesmo para todos os mamíferos. Unicamente varia, em relação a ambos os aspectos, o grau de eficiência".

Extensa e completa seleção bibliográfica termina a parte do texto. Seguem-se as pranchas microfotográficas, valioso repositório sòmente comparavel aos preciosos atlas publicados pelo Instituto dos Vogt.

ANÍBAL SILVEIRA

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    11 Fev 2015
  • Data do Fascículo
    Jun 1949
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