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As variações da forma do sifão carotídeo na arteriografia cerebral: estudo sobre 120 casos não tumorais

Resumos

O estudo de 120 arteriogramas de pacientes em que foi comprovada a inexistência de lesão que ocupa espaço intracraniano, permitiu o reconhecimento de várias formas de sifão carotídeo normal. Foi assim possível fazer uma classificação anatômica dos vários tipos e concluir que a forma do sifão não permite, sozinha, fazer o diagnóstico topográfico de tumores intracranianos. É importante reconhecer exatamente os limites do sifão, a fim de localizar, precisamente, os aneurismas da carótida interna. Do exposto podemos tirar duas ordens de conclusões: 1) Conclusões anatômicas - O sifão carotídeo normal não apresenta grande número de variações de forma, podendo ser reconhecidos dois tipos básicos: angulados e arredondados. Os primeiros subdividem-se em angulados com ramos oblíquos (ângulo agudo ou ângulo obtuso) e angulados com um ramo horizontal (superior ou inferior). Os segundos (arredondados) dividem-se em três subtipos: semi-elíptico, em alça (horizontal ou oblíquo) e em S (superior, inferior ou duplo). Nos grupos e subgrupos cada segmento do sifão pode apresentar variação no comprimento e espessura, como é evidente à observação dos esquemas. 2) Conclusões neurocirúrgicas - A existência de grande número de formas consideradas como normais de sifão carotídeo leva à conclusão de que não é possível basear o diagnóstico de tumor, ou melhor, de lesão que ocupa espaço intracraniano, exclusivamente pela imagem arteriográfica do sifão. As variações fisiológicas do sifão, somadas às das artérias do grupo silviano e da cerebral anterior, trazem dificuldades diagnosticas que obrigam o neurocirurgião a procurar o maior número de indícios para fazer a interpretação correta do exame. Assim sendo, na rotina neurocirúrgica é aconselhável que os arteriogramas sejam feitos pelo menos em duas posições: perfil e ântero-posterior. E' importante reconhecer bem os limites do sifão para se estabelecer com exatidão a topografia dos aneurismas. Com efeito, os aneurismas da carótida interna na sua porção intracraniana são relativamente freqüentes e sua localização e relações são importantes para a avaliação do prognóstico e êxito do tratamento cirúrgico.


The study of 120 arteriograms of patients with the proved nonexistence of intracranial space-occupying lesions, permitted to recognize various forms or normal carotid syphon. It was thus possible to make an anatomic classification of the various types and conclude that the syphon's form alone does not permit the topographical diagnosis of intracranial tumours. It is important to recognize exactly the syphon's form in order to locate precisely the internal carotid aneurysms.


RESUMO E CONCLUSÕES

O estudo de 120 arteriogramas de pacientes em que foi comprovada a inexistência de lesão que ocupa espaço intracraniano, permitiu o reconhecimento de várias formas de sifão carotídeo normal. Foi assim possível fazer uma classificação anatômica dos vários tipos e concluir que a forma do sifão não permite, sozinha, fazer o diagnóstico topográfico de tumores intracranianos. É importante reconhecer exatamente os limites do sifão, a fim de localizar, precisamente, os aneurismas da carótida interna.

Do exposto podemos tirar duas ordens de conclusões:

1) Conclusões anatômicas - O sifão carotídeo normal não apresenta grande número de variações de forma, podendo ser reconhecidos dois tipos básicos: angulados e arredondados. Os primeiros subdividem-se em angulados com ramos oblíquos (ângulo agudo ou ângulo obtuso) e angulados com um ramo horizontal (superior ou inferior). Os segundos (arredondados) dividem-se em três subtipos: semi-elíptico, em alça (horizontal ou oblíquo) e em S (superior, inferior ou duplo). Nos grupos e subgrupos cada segmento do sifão pode apresentar variação no comprimento e espessura, como é evidente à observação dos esquemas.

2) Conclusões neurocirúrgicas - A existência de grande número de formas consideradas como normais de sifão carotídeo leva à conclusão de que não é possível basear o diagnóstico de tumor, ou melhor, de lesão que ocupa espaço intracraniano, exclusivamente pela imagem arteriográfica do sifão.

As variações fisiológicas do sifão, somadas às das artérias do grupo silviano e da cerebral anterior, trazem dificuldades diagnosticas que obrigam o neurocirurgião a procurar o maior número de indícios para fazer a interpretação correta do exame. Assim sendo, na rotina neurocirúrgica é aconselhável que os arteriogramas sejam feitos pelo menos em duas posições: perfil e ântero-posterior.

E' importante reconhecer bem os limites do sifão para se estabelecer com exatidão a topografia dos aneurismas. Com efeito, os aneurismas da carótida interna na sua porção intracraniana são relativamente freqüentes e sua localização e relações são importantes para a avaliação do prognóstico e êxito do tratamento cirúrgico.

SUMMARY

The study of 120 arteriograms of patients with the proved nonexistence of intracranial space-occupying lesions, permitted to recognize various forms or normal carotid syphon. It was thus possible to make an anatomic classification of the various types and conclude that the syphon's form alone does not permit the topographical diagnosis of intracranial tumours. It is important to recognize exactly the syphon's form in order to locate precisely the internal carotid aneurysms.

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BIBLIOGRAFIA

Trabalho apresentado no Departamento de Neuro-Psiquiatria da Associação Paulista de Medicina, em 5 dezembro 1953.

  • 1. Almeida Lima - Cerebral Angiography. Oxford Medical Publ., London, 1950.
  • 2. Fischer, E. - Die arteriographische Diagnostik der Stirnhirn und oralen Stammganghengeschwülste. Zentralbl. f. Neurochir., 4:72-97 (abril) 1939.
  • 3. Moniz, E. - Die cérébrale Artériographie und Phlebographie. In Bumke, O.; Foerster, O.: Handbuch der Neurologie, série 2. Springer, Leipzig, 1940.
  • As variações da forma do sifão carotídeo na arteriografia cerebral. Estudo sobre 120 casos não tumorais

    A. Mattos Pimenta; P. Mangabeira Albernaz Filho
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      15 Abr 2014
    • Data do Fascículo
      Jun 1954
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