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Homenagem ao Dr. Celso Pereira da Silva

Homenagem ao Dr. Celso Pereira da Silva

Há menos de um ano a morte interrompeu a vida vigorosa e fecunda de Celso Pereira da Silva. Seus colegas e companheiros resolveram publicar, honrando sua memória, um número de Arquivos de Neuro-Psiquiatria contendo trabalhos a êle consagrados. Nenhuma outra lembrança poderia ser mais adequada.

Celso Pereira da Silva desapareceu aos 50 anos de idade, em plena pujança de sua capacidade realizadora na especialidade a que votara sua vida: a Neuro-radiologia. A neuro-radiologia contrastada teve nêle o seu divulgador em nosso meio; à custa dos mais penosos sacrifícios, vencendo obstáculos e dificuldades que a outros pareciam insuperáveis, conseguiu introduzi-la em São Paulo, como meio rotineiro de diagnóstico, tornando possível o surto de progresso da neurocirurgia, que hoje tão alto diz das escolas neurológicas paulistas.

Graças ao espírito de equipe de que era dotado, Celso Pereira da Silva integrou-se rápida e profundamente na escola neurológica formada pelos discípulos do saudoso mestre Enjolras Vampré. Ali encontrou seu clima e novas inspirações para o idealismo dinâmico e construtor que era o elan vital de sua personalidade; ali pode contribuir valiosamente para o aprimoramento da pesquisa em Neurologia. À sua operosidade devemos verdadeira coordenação de conhecimentos neuro-radiológicos, permitindo metodização e padronização de modelares relatórios nos quais deixou êle bem gravadas a sua capacidade de trabalho e as suas aspirações de eficiência e perfectibilidade, não raro completa e brilhantemente realizadas; autoridade em Neuro-radiologia, seus relatórios eram paradigmas de clareza, concisão, minuciosidade e exatidão; dir-se-ia que saídos das mais ricas e requintadas clínicas modernas. Entretanto, Celso era pobre e nem sequer conseguira adquirir sua própria aparelhagem. Nunca tivera tempo para juntar dinheiro apesar de trabalhar com afinco. Atingido por moléstia fatal, tributo que pagou à própria profissão, e tendo sofrido duas grandes intervenções cirúrgicas, trabalhou bravamente enquanto pôde ter-se de pé.

Como médico era a bondade, o desprendimento e a dedicação; como pesquisador, a acuidade, a tenacidade e o método; como trabalhador, incansável; como companheiro era a solidariedade, a lealdade, a sinceridade. Afável e lhano no trato era, entretanto, um lutador destemido e pugnaz. Assim o conhecemos através de longos anos de cotidiano convívio. Celso Pereira da Silva amava a luta pela luta, o trabalho pelo trabalho, a Medicina pela Medicina.

Paulino W. Longo

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    09 Dez 2013
  • Data do Fascículo
    Dez 1959
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