Acessibilidade / Reportar erro

Análises de livros

Análises de livros

HISTONOMY OF THE CEREBRAL CORTEX. S. T. Bok. Um volume com 434 páginas, 173 figuras e 35 tabelas. Elsevier Publishing Co., Amsterdam-Londres-Nova York-Princeton, 1959.

A utilização de métodos permitindo a medição exata dos elementos celulares não tem sido valorizada suficientemente, embora constitua uma das rotas mais promissoras no desenvolvimento da Histologia, especialmente no tocante à citoarquitetura cerebral. O autor deste livro, portador de credenciais de alto mérito - Diretor do Instituto Holandês para Pesquisas no Cérebro, Professor de Neurologia na Universidade de Amsterdam, ex-Professor de Histologia na Universidade de Leyden e membro da Real Academia de Ciências da Holanda - vem trabalhando, há 25 anos, no estudo morfológico dimensional do córtex cerebral, aperfeiçoando constantemente a metódica que lhe permitiu chegar a conclusões de alto interêsse para melhorar os conhecimentos sobre a estruturação fina dos tecidos vivos e, em particular, do tecido cerebral. Medindo detalhes morfológicos dos neurônios à custa de minuciosos estudos microscópicos, analisando os dados obtidos por métodos estatísticos rigorosos e comparando as medidas dos neurônios das várias camadas do córtex em várias regiões do cérebro, tanto no homem como em animais de laboratório, Bok deduziu as regras quantitativas a que se subordina a variabilidade dimensional dos neurônios; baseado nestas relações quantitativas, desenvolveu a teoria de que o sistema nervoso desempenha papel primordial na gênese da estruturação das espécies animais.

Bok está convencido de que a aplicação de métodos de medida transformará a Histologia de hoje na Histonomia do futuro, assim como a antiga astrologia, usando a simples descrição do firmamento estelar, deu lugar à moderna astronomia que é uma ciência exata, baseada em medidas e da qual está resultando uma visão mais ampla sôbre as fôrças que regem o universo. A Histonomia será um complemento precioso para os métodos morfológicos atuais no sentido de esclarecimento de alguns problemas biológicos que até agora não tiveram resolução satisfatória; ela nada mais é do que a aplicação, à Histologia, de recursos que estão sendo amplamente utilizados pela física e pela química, cujo desenvolvimento é devido, sem dúvida, à introdução de medidas exatas permitindo estabelecer relações dimensionais e deduzir conclusões mais importantes do que aquelas fornecidas até agora pelos métodos meramente descritivos.

Analisando quantitativamente a espessura relativa das camadas do córtex cerebral, explicando as razões físicas das diferenças da espessura dessas camadas nos giros e nos sulcos cerebrais, mostrando porque em certas regiões há mais fibras dispostas horizontalmente ao passo que em outras predominam as fibras horizontais, comentando os motivos das distorções sofridas pelas células nervosas nas várias camadas do córtex e das diferenças nas direções dos capilares sangüíneos, Bok pôde chegar a conclusões que infirmam hipóteses - como a de Ariéns Kappers, segundo o qual as camadas celulares das circunvoluções teriam funções aferentes e eferentes, ao passo que os elementos celulares dos sulcos teriam preferencialmente funções associativas - e assertivas que pareciam inabaláveis, como as de Brodman que considerava as zonas constitutivas dos sulcos cerebrais como sub-áreas dependentes das áreas situadas nas circunvoluções.

Estas conclusões citadas como exemplo e deduzidas dos fatos expostos no primeiro capítulo dão idéia do valor dêste livro, no qual o autor resuma, com fidelidade e probidade, sua experiência haurida em longos anos dedicados a meticulosas e pacientes pesquisas. O conteúdo do livro não pode ser analisado, aqui, com os detalhes que seriam necessários para a avaliação de seu justo valor. Julgamos que a simples enumeração dos títulos gerais dos demais capítulos - Relações quantitativas entre o corpo celular e o núcleo; Morfologia da árvore dendrltica; Distribuição dos neurônios nas camadas corticais de acôrdo com as dimensões relativas de seus elementos componentes; Relações entre as dimensões dos neurônios e os campos arquitetônicos; Relações entre as dimensões do corpo animal e. a estruturação do córtex cerebral; Relações entre as dimensões do corpo animal e a extensão do córtex cerebral; Densidade relativa da rede fibrilar; Morfologia, disposição e dimensões dos vacúolos interfibrilares - dará elementos para uma apreciação quanto à importância dêste livro, cuja leitura é recomendada a todos aquêles que se defrontam com problemas atinentes às funções do córtex cerebral. E, para os que se interessam pelo progresso da Neurologia e da Psiquiatria e ciências afins, o conhecimento do conteúdo dêste livro terá grande importância, pois, sòmente depois de sua leitura, será possível compreender a teoria que Bok elaborou para explicar o funcionamento de uma faculdade tão delicada e difícil de explicar como seja a memória, para a exteriorização da qual atuariam especialmente as modificações sofridas pelos espaços interfibrilares, dando margem à ocorrência de sinapses de funcionamento condicionado. Só lendo o livro e conhecendo as várias etapas do trabalho realizado e seu encadeamento será possível compreender as bases dos conceitos de Bok, que lhe permitiram chegar a hipóteses que, em outras circunstâncias, seriam consideradas como revolucionárias, senão utópicas.

O. Lange

LECTURES ON EPILEPSY. A. M. Lorentz de HAAS. Um volume com 172 páginas, 10 figuras e 25 tabelas. Elsevier Publishing Co., Amsterdam-Londres-Nova York-Princeton, 1958.

Este livro, editado por Lorentz de Haas, contém quatro conferências feitas durante a reunião comemorativa do 75º aniversário do Centro Holandês contra a Epilepsia (Clínica "Meer en Bosch", Heemstede).

Na primeira - Considerações sôbre a epilepsia do lobo temporal e seu tratamento cirúrgico - M. David e M. B. Dell, depois de analisarem as características das crises epilépticas originadas em focos temporais e de comentarem os resultados das várias técnicas cirúrgicas empregadas por vários autores, defendem a tese de que a cirurgia de tais crises, como as leucotomias frontais na chamada psicocirurgia, deve ter caráter funcional no sentido de visar a Interrupção de circuitos que estejam em disfunção; partindo desta idéia básica os autores expõem os critérios que devem nortear o neurocirurgião na seleção dos casos a serem operados; de suma importância para esta seleção é o estudo electrencefalográfico mediante a implantação de eléctrodos na profundidade do lobo temporal. Para os autores a electrocorticografia durante a operação tem pouca ou nenhuma importância para o tratamento cirúrgico da epilepsia do lobo temporal.

Na segunda conferência, H. Vislie e G. F. Henriksen, baseados em revisão da literatura e em 162 casos pessoais, estudam as características dos distúrbios psíquicos que ocorrem em pacientes epilépticos; o material é analisado quanto à duração da doença, quanto à incidência e ao tipo das crises, quanto às características electrencefalográficas, quanto à sede da lesão, sendo considerados, especialmente, os distúrbios psíquicos dos períodos intercríticos. O estudo é complexo e os resultados não são passíveis de síntese; salientaremos que, apesar de se tratar de 162 casos em que a doença tinha longa duração, só foram registrados sintomas considerados como enquadráveis no chamado "psiquismo epiléptico" em apenas 11 pacientes, ou seja, menos de 10% dos casos.

Na terceira conferência (H. Landoet) foram apresentados os resultados obtidos por investigações electrencefalográficas seriadas durante episódios psicóticos ocorrendo em pacientes epilépticos - comparativamente com pesquisas feitas em um grupo de esquizofrênicos; os resultados permitiram chegar a conclusões de interêsse na prevenção dêstes episódios psicóticos - alterações mentais mais prolongadas no tempo que as crises epilépticas e mais breves que as desordens psíquicas comumente encontradas nos pacientes epilépticos - demonstráveis pela electrencefalografia seriada e que podem ser eliminados pelo doseamento exato da medicação.

Na última conferência desta série, A. M. Lorentz de Haas e O. Magnus apresentam, baseados em vultosa casuística (849 casos selecionados durante um ano), os resultados de observações clínicas e registros electrencefalográficos em pacientes epilépticos apresentando distúrbios da consciência e desordens mentais de variada natureza (estados disfóricos e estados psicóticos); os autores salientam, mais uma vez, a necessidade da cooperação entre o clínico e o electrencefalografista para a elucidação de condições psicopatológicas ligadas às epilepsias.

O. Lange

LE SINDROMI NEUROPSICHICHE DA CARENZA ALIMENTARE. GIUSEPPE PINTUS, Alberto Muratorio e Aldo Giannini. Um volume com 289 páginas. Edizioni Omnia Medica, Pisa, 1959.

Os autores, após revisão da literatura acêrca dos estudos clínicos, patológicos e experimentais da carência alimentar, e, mais especificamente, das deficiências de vitaminas, estudam com detalhes as desordens neurológicas e, de modo perfuntório, as manifestações psíquicas de tais estados carenciais. O livro se compõe de cinco capítulos assim distribuídos: introdução, metabolismo do sistema nervoso e papel bioquímico de algumas proteínas, fatores antivitamínicos, manifestações neurológicas no curso das avitaminoses experimentais e neuropatía carencial humana. Os capítulos de II a V se baseiam em extensa revisão da literatura, contando-se mais de 500 citações bibliográficas. No capítulo II, os autores resumem o ciclo de Krebs, o papel das vitaminas do complexo B - particularmente das vitaminas B1 e B2, da nicotilamida e do ácido pantotênico - nos diversos sistemas enzimáticos indispensáveis aos processos metabólicos do sistema nervoso. Ê salientada a importância da vitamina B1 na síntese da acetilcolina e a carência de B6 como fator convulsivante. No capítulo III são feitas considerações acêrca das principais vitaminas cuja carência provoca alterações neuropsíquicas - B1, B2, B6, nicotilamida, acido pantotênico e vitamina E - sendo ressaltadas as ações competitivas e antivitamínicas propriamente ditas. São analisadas as diversas síndromes carenciais observadas mediante trabalhos experimentais em animais e em patologia humana. No capítulo IV os autores descrevem a sintomatologia decorrente das avitaminoses A, E, B1 B2, B6 e da carência de ácido pantotênico, nos animais e no homem. No capitulo V são descritas as várias formas clínicas das neuropatías carenciais humanas, na seguinte ordem: béribéri, polioencefalite superior hemorrágica de Wernicke, neuropatía carencial sensitiva (pé urente, ataxia, ambliopia e surdez), pelagra, encefalopatia de Jolliffe, neuropatías da avitaminose B6 e da avitaminose B12, polineuropatia alcoólica, síndrome neuropsíquica da doença da fome (Kwashiorkor) e paralisia espástica espinal.

Trata-se, pois, de livro em que se encontram atualizados os problemas clínicos, patológicos e experimentais acêrca das avitaminoses, baseado em extensa revisão da literatura sôbre o assunto, o que o torna sobretudo útil para os que se interessarem em conhecer mais profundamente os problemas ligados aos estados carenciais e, mais particularmente, às deficiências de vitaminas. Infelizmente foi omitido o importante papel desempenhado pelos minerais na patologia neurológica carencial.

J. Lamartine de Assis

MENTAL SYMPTOMS IN TEMPORAL LOBE EPILEPSY AND TEMPORAL LOBE GLIOMAS, WITH SPECIAL REFERENCE TO LATERALITY OF LESION AND THE RELATIONSHIP BETWEEN HANDEDNESS AND BRAINEDNESS. ToRSTEN Bingley. Monografia com 151 páginas e 19 tabelas. Suplemento n? 120 de Acta Psychiatrica et Neurológica Scandinavica. Ejnar Munksgaard, Copenhague, 1958.

Criticando os conceitos que estabelecem identidade entre as denominações "epilepsia psicomotora" - de sentido âuramente semiológico - e "epilepsia do lobo temporal" - de sentido anátomo-fisiológico - o autor mostra que é errado utilizar a primeira para designar certos tipos electrofisiológicos de epilepsia, como ainda o fazem eminentes especialistas. Em casuística compreendendo 90 casos de epilepsia do lobo temporal, selecionados entre os registrados nas Clínicas Neurológica e Neurocirúrgica do Serafimerlasarettet (Estocolmo - Suécia), bem documentados seja do ponto de vista electrencefalográfico (eléctrodos de profundidade), como cirúrgico, Torsten Bingley estudou a correlação entre os sintomas mentais e a localização do foco convulsígeno, mostrando que tais sintomas ocorrem preferencialmente quando a lesão orgânica ou o distúrbio funcional aparecem no hemisfério dominante; esta verificação o levou a minucioso estudo complementar para estabelecer a correlação exata entre hemisfério dominante e dominância da habilidade manual, estudo do qual resultaram bases seguras para a verificação do dextrismo ou do sinistrismo e considerações de grande interesse para explicar as afasias cruzadas, isto é, aquelas devidas a lesão do hemisfério erradamente suposto como não dominante. Entre outras contribuições extremamente valiosas para o estudo das epilepsias do lobo temporal, das mais importantes é a conclusão do autor de que as lesões do lobo temporal dominante mostram forte tendência a determinar sintomas mentais, especialmente déficit intelectual; assim a importância do lobo temporal dominante para o exercício de funções altamente intelectualizadas não se limita à linguagem em senso estrito.

O. Lange

STUDIES IN SCHIZOPHRENIA. Hilde Bruch. Monografia (16x24) com 48 páginas. Suplemento 130 de Acta Psychiatrica et Neurológica Scandinavica. Ejnar Munksgaard, Copenhague, 1959.

Êste suplemento contém duas conferências proferidas perante a Associação de Psiquiatria Infantil de Copenhague, em maio de 1957. Na primeira - Progressos no acesso à esquizofrenia infantil - a autora analisa os critérios para o diagnóstico de esquizofrenia na infância, citando os trabalhos de Lauretta Bender e Leo Kanner, os quais concentraram sua atenção num grupo de crianças com um quadro peculiar de desordens autistas e incapacidade para contactuar afetivamente. A seguir, discute conceitos de autores com formação psicanalítica, como Mahler, relatando os estudos de Bergmann e Escalona e de Szurek, comentando, afinal, as pesquisas que estão sendo realizadas sob a direção de William Goldfarb. Tais pesquisas abordam o problema sob todos os aspectos, em moldes novos e sistemáticos. Os que a elas se dedicam procuram diferenciar o que denominam de criança intacta e criança não intacta, considerando as possibilidades de diversos defeitos fetais relacionados com ameaças de abortamento, hemorragias no curso da gravidez, toxemia e anoxemia na época do nascimento, fatôres que puderam ser evidenciados em mais de 50% dos casos. Consideram, a seguir, as crianças fisiològicamente intactas, nas quais a doença estruturou-se em resposta a deficiências de ambiente e, em terceiro plano, o significado sócio-psicológico do manejo de crianças bizarras que provocam respostas ambientais particulares. A autora cita exemplos de como estão sendo realizadas as investigações e as áreas de comportamento psicológico abordadas: isolamento entre os pais, grau de hostilidade no ambiente familiar, falta de espontaneidade dos familiares e graus de diferença no trato das crianças por parte dos familiares. Outras investigações verificaram a maneira como a criança percebe o mundo, qual o grau de orientação e de percepção, quais são suas reações à dor, qual é o padrão da linguagem da criança, inclusive quanto a aspectos relativos à entonação e à fonética; este último fator propicia bases para uma teoria mais compreensiva da esquizofrenia infantil. Por várias razões, que parecem relacionadas com dificuldades inatas ou grave confusão emocional, essas crianças falham precocemente em estabelecer meios comuns para perceber o mundo e com êle contactuar. A base do distúrbio estaria na falência da capacidade para estabelecer diretrizes ao pensamento conceituai, advindo daí a ausência de normas consistentes para agir no meio ambiente.

A segunda conferência aborda a Psicoterapia de esquizofrênicos. Segundo a autora, o acesso psicoterapêutico à esquizofrenia repousa sobre uma série de suposições: 1) que a etiologia da doença está relacionada com experiencias psicológicas que determinam processos simbólicos aberrantes, com distorções na percepção, na significação e na lógica; 2) que o psiquiatra deve compreender o significado da alteração do comportamento, das atitudes e da verbalização dos pacientes esquizofrênicos, o que lhe permite comunicar-se com os mesmos; 3) que seja estabelecida uma relação médico-paciente duradoura que permitirá ao paciente experimentar novas maneiras de relacionar-se com os seus semelhantes e torná-lo acessível a um "insight" curativo de sua própria deficiência e das causas dinâmicas de sua doença. A autora admite que tais suposições são contrárias aos conceitos clássicos da Psiquiatria e da Psicanálise. Entretanto, considera que a abordagem psicológica não se opõe à existência simultânea dos desvios orgânicos ou fisiológicos, fatôres que tornam um indivíduo mais suscetível às forças traumáticas ambientais, essenciais para a manifestação da doença. Hilde Bruch comenta as contribuições da Psiquiatria norte-americana no conhecimento psicológico dos psicóticos, analisando as alterações da técnica psicanalítica e o desafio a conceitos psicanalíticos tradicionais exigidos pela psicoterapia de esquizofrênicos. A psicoterapia de esquizofrênicos está longe de ser um processo imples, exigindo grandes qualificações dos recursos e capacidades inatas do paciente, bem como habilidade, paciência e tolerância do pessoal de enfermagem e da sensibilidade, intuição e segurança pessoal do médico.

Roberto Tomchinsky

THE ANANCASTIC SYNDROME AND ITS RELATION TO PERSONALITY ATTITUDES. Gunnar Skoog. Monografia (16x24) com 208 páginas e 92 tabelas. Suplemento 134 de Acta Psychiatrica et Neurológica Scandinavica. Ejnar Munksgaard, Copenhague, 1959.

Esta monografia resultou de investigações sôbre a síndrome anancástica (obessiva) e suas relações com os traços de personalidade. Após ligeira recapitulação histórica, os autores expõem as diretrizes da investigação e estudam as variações da personalidade na síndrome anancástica, analisando os tipos astênico, histeróide, sintônico, psico-infantil, esquizotímico, assim como a relação entre a capacidade intelectual e os traços psicológicos dos anancásticos, salientando a necessidade de um estudo multidimensional na apreciação dos traços da personalidade na síndrome em apreço. A seguir, o autor relata os dados obtidos em 251 pacientes com síndrome anancástica predominante.

Entre as conclusões destacam-se as seguintes: a) os traços de personalidade astênica ocorrem com maior freqüência nos pacientes anancásticos do que naqueles que não o são, sendo a síndrome mais comum nos portadores de traços astênicos secundários ou adquiridos do que nos tipos primários ou constitucionais; b) nos indivíduos com traços histeróides, a síndrome anancástica caracteriza-se por crises vegetativas, despersonalização e tendência à reação panfóbica; c) nos sintônicos, as motivações obsessivas são de natureza moral, surgindo como fobias de tipo agressivo e pensamentos contrários à ética, de repercussão penosa; d) os tipos de personalidade psico-infantil aproximam-se mais da síndrome anancástica, prevalecendo o quadro sintomático do questionário obsessivo e tendência à perseveração; e) nos pacientes com deficiência intelectual ocorrem sintomas predominantemente fóbicos, ao passo que, nos pacientes melhor dotados intelectualmente, predomina o medo na estrutura anancástica; f) nos anancásticos há tendência habitual à perseveração; g) a síndrome anancástica não constitui quadro uniforme, sendo variável conforme os traços de personalidade.

Roberto Tomchinsky

A FOLLOW-UP STUDY OF 270 PATIENTS WITH ACUTE AFFECTIVE PSYCHOSES. C. Astrup, A. Fossun e B. Holmboe. Monografia (16x24) com 65 páginas e 22 tabelas. Suplemento 135 de Acta Psychiatrica et Neurológica Scandinavica. Ejnar Munksgaard, Copenhague, 1959.

Esta investigação visou determinar em que extensão as psicoses reativas e as psicoses maníaco-depressivas assemelham-se ou diferem entre si e com as psicoses esquizofrênicas; ao mesmo tempo os autores procuraram precisar o significado prognóstico dos vários elementos clínicos. O estudo abrange o seguimento de 270 pacientes com períodos que variaram de 7 a 19 anos a partir do início da doença; em todos os casos a duração da doença antes da internação era inferior a 6 meses.

Segundo os autores, quando as psicoses maníaco-depressivas assumem aspecto esquizofrênico, quando a sintomatologia é atípica ou quando existam fatores genéticos da linhagem esquizofrênica, o prognóstico é desfavorável; são elementos de bom prognóstico o tipo leptosômico, o sexo masculino, o início agudo e o fato de serem as crises pouco numerosas. Os casos de psicose maniaco-depressiva, em contraposição às esquizofrenias e psicoses reativas, possuíam tipos de personalidade sintónica e bem integrada. A doença parece relacionar-se à instabilidade psíquica, dependendo mais de distúrbios funcionais das estruturas subcorticais do que de fatores psicodinâmicos.

Entre os 135 casos de psicoses reativas não foram encontrados sintomas indicadores de processo esquizofrênico, sendo mencionados como elementos favoráveis para o prognóstico o longo período de observação, o início agudo, a precipitação por moléstia somática, por parto e por conflitos sexuais prolongados, a personalidade pré-psicótica harmônica, as síndromes de excitação e confusionais, a excitação psicomotora ou o estupor, a ansiedade, a ocorrência de idéias de culpa e de inferioridade, a incoerência. Como elementos desfavoráveis foram assinalados o tipo leptossômico, a personalidade pré-psicótica intensamente neurótica e auto-afirmativa, os conflitos prolongados de natureza não sexual, os traumatismos psicológicos agudos e as intoxicações alcoólicas, os quadros clínicos com traços paranóides, as crises nervosas prévias, a despersonalização, a ausência de alucinações, a recorrência dos episódios psicóticos. Nas psicoses reativas, os fatores psicogênicos estão geralmente combinados a stress somático.

Roberto Tomchinsky

LIVROS RECEBIDOS

Nota da Redação - A notificação dos livros recentemente recebidos não implica em compromisso da Redação da revista quanto à publicação ulterior de uma apreciação. Todos os livros recebidos são arquivados na biblioteca do Serviço de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Eritroenzimopatie ed Anemie Emolitiche. Ugo Carcassi. Monografia com 376 páginas, 55 figuras e 71 tabelas. Edições Omnia Médica, Pisa, 1959.

Introdução ao Estudo da Deficiência Mental. Clóvis de Faria Alvim. Monografia com 212 páginas. Editora Atalaia, Belo Horizonte, Minas Gerais, 1958.

Histonomy of the Cerebral Córtex. S. T. Bok. Um volume (16x24) com 434 páginas, 173 figuras e 35 tabelas. Elsevier Publishing Co., Amsterdam-Londres-Nova York-Princeton, 1959. Preço: Dfl 37,50 ou £3.12.00.

Essential Tremor. A Clinicai and Genetic Population Study. Tage Larsson e Torsten Sjõgren. Monografia (16x24) com 175 páginas, 41 tabelas e 6 figuras. Suplemento m 144 da Acta Psychiatrica et Neurológica Scandinavica. Ejnar Munksgaard, Copenhague, 1960.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Dez 2013
  • Data do Fascículo
    Jun 1960
Academia Brasileira de Neurologia - ABNEURO R. Vergueiro, 1353 sl.1404 - Ed. Top Towers Offices Torre Norte, 04101-000 São Paulo SP Brazil, Tel.: +55 11 5084-9463 | +55 11 5083-3876 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revista.arquivos@abneuro.org