Resumos
Os autores estudam a idade óssea de 30 crianças portadoras de paralisia cerebral. Verificaram haver atraso da idade óssea em relação à idade cronológica (mais evidente no sexo masculino), o que não impediu que continuasse a existir regressão entre os dois dados. Relacionando a idade óssea à altura e o pêso, verificaram que as crianças portadoras de paralisia cerebral têm idade óssea superior à esperada, mas só foi possível estabelecer regressão entre idade óssea e altura em crianças do sexo masculino. Estudos de função tireóidea em 10 casos mostraram normalidade em praticamente todos êles. Os dados sugerem: 1) atraso da idade óssea de crianças com paralisia cerebral, proporcional ao atraso somático geral, possivelmente em função da desnutrição que tais crianças apresentam; 2) perturbação das relações de proporcionalidade entre idade óssea e pêso para o sexo masculino e entre idade óssea e pêso e idade óssea e altura para o sexo feminino, possivelmente na dependência da própria paralisia cerebral; 3) a ação desorganizadora da paralisia cerebral não deve depender de um componente de hipotireóidismo; 4) as alterações verificadas são mais intensas no sexo masculino.
The skeletal age of thirty children with cerebral palsy was studied and related to the chronologic age, height and weight. In 10 cases the thyroid function was evaluated. The results allow the following suggestions: 1) the skeletal age and the somatic development were proportionally delayed and both probably related to the poor nutritional state of the children; 2) the proportionality between skeletal age and weight among the male children, and between the skeletal age and weight as well as height among the female children, were altered; 3) the disorganizing action of the cerebral palsy should not depend on hypothyroidism; 4) the noted alterations are more conspicuous among the male children.
Idade óssea em crianças com paralisia cerebral
Skeletal age in children with cerebral palsy
Eduardo MarcondesI; Maria Irmina ValenteII; Francisco F. de FioreIII; Antonio da Silva Coelho NetoIV
IProfessor Catedrático Substituto da Clínica Pediátrica; Trabalho realizado na Clínica Pediátrica (Prof. Substituto Eduardo Marcondes), Clínica Neurológica (Prof. Adherbal Tolosa) e 1.° Clínica Médica (Prof. A. B. Ulhoa Cintra) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
IIAssistente do Grupo de Neuro-pediatria da Clínica Neurológica; Trabalho realizado na Clínica Pediátrica (Prof. Substituto Eduardo Marcondes), Clínica Neurológica (Prof. Adherbal Tolosa) e 1.» Clínica Médica (Prof. A. B. Ulhoa Cintra) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
IIIAssistente, Chefe do Ambulatório da Clínica Pediátrica; Trabalho realizado na Clínica Pediátrica (Prof. Substituto Eduardo Marcondes), Clínica Neurológica (Prof. Adherbal Tolosa) e 1.» Clínica Médica (Prof. A. B. Ulhoa Cintra) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
IVAssistente do Grupo de Nutrição da 1» Clínica Médica; Trabalho realizado na Clínica Pediátrica (Prof. Substituto Eduardo Marcondes), Clínica Neurológica (Prof. Adherbal Tolosa) e 1.» Clínica Médica (Prof. A. B. Ulhoa Cintra) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
RESUMO
Os autores estudam a idade óssea de 30 crianças portadoras de paralisia cerebral. Verificaram haver atraso da idade óssea em relação à idade cronológica (mais evidente no sexo masculino), o que não impediu que continuasse a existir regressão entre os dois dados. Relacionando a idade óssea à altura e o pêso, verificaram que as crianças portadoras de paralisia cerebral têm idade óssea superior à esperada, mas só foi possível estabelecer regressão entre idade óssea e altura em crianças do sexo masculino. Estudos de função tireóidea em 10 casos mostraram normalidade em praticamente todos êles. Os dados sugerem: 1) atraso da idade óssea de crianças com paralisia cerebral, proporcional ao atraso somático geral, possivelmente em função da desnutrição que tais crianças apresentam; 2) perturbação das relações de proporcionalidade entre idade óssea e pêso para o sexo masculino e entre idade óssea e pêso e idade óssea e altura para o sexo feminino, possivelmente na dependência da própria paralisia cerebral; 3) a ação desorganizadora da paralisia cerebral não deve depender de um componente de hipotireóidismo; 4) as alterações verificadas são mais intensas no sexo masculino.
ABSTRACT
The skeletal age of thirty children with cerebral palsy was studied and related to the chronologic age, height and weight. In 10 cases the thyroid function was evaluated. The results allow the following suggestions: 1) the skeletal age and the somatic development were proportionally delayed and both probably related to the poor nutritional state of the children; 2) the proportionality between skeletal age and weight among the male children, and between the skeletal age and weight as well as height among the female children, were altered; 3) the disorganizing action of the cerebral palsy should not depend on hypothyroidism; 4) the noted alterations are more conspicuous among the male children.
Texto completo disponível apenas em PDF.
Full text available only in PDF format.
8. MARCONDES, E. - Dados não publicados.
Nota dos autores - Agradecemos a colaboração prestada pelo Dr. Afonso Vitule Filho, do Serviço de Radiologia do Hospital das Clínicas.
Clínica Pediátrica. Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - Caixa Postal 22067 - São Paulo, SP, Brasil
- 1. ABBOT, O. D.; TOWSEND, R. O.; FRENCH, R. B. & AHMANN, C. F. - Carpal and epiphyseal development: another index of nutritional status of rural school children. Am. J. Dis. Child. 79:69-81, 1950.
- 2. BRUSA, P. & MENGHI, P. - Sulla valutazione dell'eta scheletrica nei bambini distrofici. Minerva pediat. 6: 649-651, 1954.
- 3. GREULICH, W. W. & PYLE, S. I. - Radiographic Atlas of Skeletal Development of the Hand and Wrist. Stanford Univ. Press, Stanford, 1950.
- 4. GREULICH, W. W. - The growth and development status of guamanian schol children in 1947. Am. J. Phys. Anthrop. 9:55-70, 1951.
- 5. GREULICH, W. W.; CRISMON, C. S. & TURNER, M. F. - The physical growth and development of children who survived the atomic bombing of Hirochima and Nagasaki. J. Ped. 43:121-145, 1953.
- 6. MACHADO, E. M.; CHAMMAS, F.; COELHO, H. da S.; SILVA, J. A. da; GOUVEIA, F. P. de; NEVES Filho, F. de P. & CONCEIÇÃO, J. A. N. - Estudo sôbre idade óssea, cálcio, fósforo e atividade da fosfatase alcalina em crianças em meio sócio-econômico inferior: resultados em lactentes. Rev. Hosp. Clin. 15:81-91, 1960.
- 7. MACHADO, E. M.; CHAMMAS, F.; NEVES Filho, F. de P.; COELHO, H. da S. & SILVA, J. A. da - Estudo sôbre idade óssea, cálcio, fósforo e atividade da fosfatase alcalina em crianças em meio sócio-econômico inferior: resultados em pré-escolares. Rev. Paulista Med. 58:163-172, 1961.
- 9. PHILLIPS, H. T. - Some social and ethnic variations in the physique of South African nursery school children. Arch. Dis. Child. 28:226-231, 1953.
- 10. SALBER, E. J. - The effect of sex, birth rank and birth weight on growth in the first year of life. Human Biology, 29:194-213, 1957.
- 11. TROWELL, H. C; DAVIES, J. N. P. & DEAN, R. F. A. - Kwashiorkor: clinical picture, pathology and differential diagnosis. Brit. M. J. 2:798-801, 1952.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
15 Ago 2013 -
Data do Fascículo
Jun 1965