Acessibilidade / Reportar erro

A epilepsia na neurocisticercose

The epilepsy in neurocysticercosis

Resumos

Foram estudados 131 casos de epilepsia com etiologia cisticercótica comprovada. A idade variou de 2 a 68 anos; 75 pacientes eram de sexo masculino e 56 de sexo feminino; 117 eram brancos, 10 pardos, três pretos e um amarelo. A idade de início da doença predominou na primeira década. O estudo foi feito em relação ao tipo de epilepsia, ao tempo decorrido após a primeira crise, à freqüência das crises e ao eletrencefalograma relativamente às epilepsias em geral. Investigação foi feita também em relação à cefaléia, aos achados neurológicos, liquóricos, radiológicos simples e contrastados e anátomo-patológicos. A análise dos resultados permitiu aos autores as seguintes conclusões: 1) No grupo de neurocisticercose o início da doença predominou na primeira e a partir da quarta década em relação às epilepsias em geral. 2) Dentre as manifestações clínicas predominaram as formas convulsivas da doença (61%), sendo as crises bravas-jacksonianas as menos freqüentes (4%); quando comparadas com as epilepsias em geral, verifica-se incidência menor das convulsões generalizadas na neurocisticercose. 3) Quanto ao tempo de doença, verifica-se predomínio das formas de duração mais curta (um ano ou menos) na neurocisticercose. 4) A severidade da epilepsia, traduzida pela freqüência das crises, foi menor no grupo com neurocisticercose. 5) Excluídos os casos com anormalidades eletrencefalográficas contínuas, foram encontrados maiores índices percentuais de EEG normal na neurocisticercose que nas epilepsias em geral. 6) A cefaléia estava presente em 68% dos casos, assumindo caráter paroxístico na maior parte (78%); em 67% dos casos com cefaléia paroxística não havia concomitantemente sinais de hipertensão intracraniana; nos casos com cefaléia contínua, em apenas dois (13%) esses sinais não estavam presentes. 7) Na maior parte dos casos (62%) as manifestações epilépticas se apresentaram isoladamente, sem sinais neurológicos focais ou sinais de hipertensão intracraniana.


One hundred and thirty one cases of epilepsy with neurocysticercosis were studied. The investigation was made in regard to the type of epilepsy, the disease duration, the frequency of seizures and the electroencephalographic pattern regarding the epilepsies in general. The study was also done concerning the headache, the neurological findings, the cerebrospinal fluid, plain and contrasted radiologic examination and histopathology. The author draw the following conclusions: 1) In the neurocysticercosis group the onset of disease predominate in the first decada and from the fourth decada. 2) Concerning the type of seizures, the convulsions predominate; the Jacksonian fits were the less frequent. 3) Concerning the duration of disease the epilepsy with short duration (one year or less) predominate in the neurocysticercosis group. 4) The severity of epilepsy (frequency of seizures) was smaller in the neurocysticercosis group. 5) Excluding the cases with continuous EEG abnormalities, there were more normal EEG in neurocysticercosis group than in epilepsies in general. 6) The headache was present in 68% of cases, with paroxysmal pattern in the greater number (78%); in 67% of cases with paroxysmal headache the intracranial hypertension signs were absent; in the cases with continuous headache these signs were not present in only two cases (13%). 7) In the greater number (62%) th3 patients have presented only epileptic manifestations without focal neurological signs or intracranial hypertension.


A epilepsia na neurocisticercose

The epilepsy in neurocysticercosis

Luís Marques-AssisI; Luiz Ortiz F.II

IClínica Neurológica (Prof. H. M. Canelas) do Departamento de Neuropsiquiatria da Fac. Med. Univ. São Paulo: Médico assistente

IIClínica Neurológica (Prof. H. M. Canelas) do Departamento de Neuropsiquiatria da Fac. Med. Univ. São Paulo: Médico estagiário

RESUMO

Foram estudados 131 casos de epilepsia com etiologia cisticercótica comprovada. A idade variou de 2 a 68 anos; 75 pacientes eram de sexo masculino e 56 de sexo feminino; 117 eram brancos, 10 pardos, três pretos e um amarelo. A idade de início da doença predominou na primeira década.

O estudo foi feito em relação ao tipo de epilepsia, ao tempo decorrido após a primeira crise, à freqüência das crises e ao eletrencefalograma relativamente às epilepsias em geral. Investigação foi feita também em relação à cefaléia, aos achados neurológicos, liquóricos, radiológicos simples e contrastados e anátomo-patológicos.

A análise dos resultados permitiu aos autores as seguintes conclusões: 1) No grupo de neurocisticercose o início da doença predominou na primeira e a partir da quarta década em relação às epilepsias em geral. 2) Dentre as manifestações clínicas predominaram as formas convulsivas da doença (61%), sendo as crises bravas-jacksonianas as menos freqüentes (4%); quando comparadas com as epilepsias em geral, verifica-se incidência menor das convulsões generalizadas na neurocisticercose. 3) Quanto ao tempo de doença, verifica-se predomínio das formas de duração mais curta (um ano ou menos) na neurocisticercose. 4) A severidade da epilepsia, traduzida pela freqüência das crises, foi menor no grupo com neurocisticercose. 5) Excluídos os casos com anormalidades eletrencefalográficas contínuas, foram encontrados maiores índices percentuais de EEG normal na neurocisticercose que nas epilepsias em geral. 6) A cefaléia estava presente em 68% dos casos, assumindo caráter paroxístico na maior parte (78%); em 67% dos casos com cefaléia paroxística não havia concomitantemente sinais de hipertensão intracraniana; nos casos com cefaléia contínua, em apenas dois (13%) esses sinais não estavam presentes. 7) Na maior parte dos casos (62%) as manifestações epilépticas se apresentaram isoladamente, sem sinais neurológicos focais ou sinais de hipertensão intracraniana.

SUMMARY

One hundred and thirty one cases of epilepsy with neurocysticercosis were studied. The investigation was made in regard to the type of epilepsy, the disease duration, the frequency of seizures and the electroencephalographic pattern regarding the epilepsies in general. The study was also done concerning the headache, the neurological findings, the cerebrospinal fluid, plain and contrasted radiologic examination and histopathology.

The author draw the following conclusions: 1) In the neurocysticercosis group the onset of disease predominate in the first decada and from the fourth decada. 2) Concerning the type of seizures, the convulsions predominate; the Jacksonian fits were the less frequent. 3) Concerning the duration of disease the epilepsy with short duration (one year or less) predominate in the neurocysticercosis group. 4) The severity of epilepsy (frequency of seizures) was smaller in the neurocysticercosis group. 5) Excluding the cases with continuous EEG abnormalities, there were more normal EEG in neurocysticercosis group than in epilepsies in general. 6) The headache was present in 68% of cases, with paroxysmal pattern in the greater number (78%); in 67% of cases with paroxysmal headache the intracranial hypertension signs were absent; in the cases with continuous headache these signs were not present in only two cases (13%). 7) In the greater number (62%) th3 patients have presented only epileptic manifestations without focal neurological signs or intracranial hypertension.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Clínica Neurológica — Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo — Caixa Postal 8461 — 01000 São Paulo, SP — Brasil.

Trabalho realizado na Clínica Neurológica (Prof. H. M. Canelas) do Departamento de Neuropsiquiatria da Fac. Med. Univ. São Paulo e apresentado no V Congresso Brasileiro de Neurologia e III Congresso Brasileiro de Eletrencefalografia e Neurofisiologia Clínica, São Paulo, 12-15 de julho de 1972

  • 1. BROTTO, W. Aspectos neurológicos da cisticercose. Arq. Neuro-Psiquiat. (Săo Paulo) 5:258, 1947.
  • 2. CANELAS, H. M. Neuroclsticercose: incidęncia, diagnóstico e formas clínicas. Arq. Neuro-Psiquiat. (Săo Paulo) 20:1, 1962.
  • 3. CANELAS. H. M. & CRTIZ, O. R. Neuroclsticercose: formas clínicas pouco freqüentes. I Formas hemiplégicas. Arq. Neuro-Psiquiat. (Săo Paulo) 20: 89, 1962.
  • 4. CANELAS, H. M.; CRUZ, O. R. & TENUTO, R. Neuroclsticercose: formas clínicas pouco freqüentes. II Formas do ângulo ponto-cerebelar. Arq. Neuro-Psiquiat. (Săo Paulo) 20:102, 1962.
  • 5. FU YA-KO. Clinical analysis of 416 cases of epilepsy. Clin. J. Neurol. Psychiat. 2:173, 1956. Resumo em Epilepsy Abstr , 1Ş Parte, n.° 1605, 1947/1967.
  • 6. HEINZ, H. J. & KLINTWORTH, G. K. Cysticercosis in the aetiology of epilepsy. S. Afr. J. med. Sci. 30:32, 1956. Resumo em Epilepsy Abstr., 1.Ş Parte, n.° 2306, 1947/1967.
  • 7. LOMBARDO, L. & MATEOS, J. H. Cerebral cysticercosis in Mexico. Neurology (Minneapolis) 11:824, 1961.
  • 8. LONGO, P. W.; PUPO, P. P.; ZUKERMAN, E.; LONGO, R. H.; MOREIRA, M. H. F. R.; JORDY, C; LIMA, J. G. C. & ZORLINI, G. Aspectos eletren-cefalográficos da cisticercose encefálica. Arq Neuro-Psiquiat. (Săo Paulo) 17: 357, 1959.
  • 9. MARQUES-ASSIS, L. Tratamento medicamentoso de 1217 pacientes epilépticos: estudo em relaçăo ao tipo de epilepsia e ao eletrencelograma. Arq. Neuro-Psiquiat. (Săo Paulo) 27:312, 1989.
  • 10. MARQUES-ASSIS, L. Tratamento medicamentoso de 1217 pacientes epilépticos: estudo em relaçăo ŕ idade de início, ao tempo de doença e ŕ freqüęncia das crises. Arq. Neuro-Psiquiat. (Săo Paulo) 28:44, 1970.
  • 11. MARQUES-ASSIS, L. & ABDALLA, H. O líquido cefalorraqueano nas epilepsias. Arq. Neuro-Psiquiat. (Săo Paulo) 21:279, 1963.
  • 12. MARQUES-ASSIS, L. & MORAIS Jr., L. C. Estudo clínico de 84 pacientes epilépticos com líquido cefalorraqueano alterado. Arq. Neuro-Psiquiat. (Săo Paulo) 29:55, 1971.
  • 13. PAWELL, S. J.; PROCTOR, E. M.; WILMOT, A. J. & MAC LEOD, I. N. Cysticercosis and epilepsy in Africans: a clinical and serologic study. Ann. trop. Med. Parasit. 60:152, 1966. Resumo em Epilepsy Abstr., 1Ş Parte, n.° 2382, 1947/1967.
  • 14. PUPO, P. P. Cysticercosis of the nervous system. Rev. Neuro-Psiquiat. (Lima) 27:70, 1964.
  • 15. TRELLES, J. O. & ROEDENBERG, S. D. Estudios sobre neurocisticercosis. III Formas clínicas poco frecuentes de cisticercosis. Rev. Neuro-Psiquiat. (Lima) 17:15, 1954.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    18 Abr 2013
  • Data do Fascículo
    Dez 1972
Academia Brasileira de Neurologia - ABNEURO R. Vergueiro, 1353 sl.1404 - Ed. Top Towers Offices Torre Norte, 04101-000 São Paulo SP Brazil, Tel.: +55 11 5084-9463 | +55 11 5083-3876 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revista.arquivos@abneuro.org