Resumos
São analisados 551 eletrencefalogramas de 387 pacientes com traumatismo crânio-encefálico. Os achados eletrencefalográficos são correlacionados aos seguintes dados clínicos: idade, tempo após o trauma, duração da perda de consciência, presença de sinais focais ao exame neurológico, existência de traumatismo crânio-encefálico aberto ou hematoma, líquido cefalorraqueano hemorrágico ou fratura de crânio e aparecimento de convulsões. O autor chega às seguintes conclusões: 1 — há nítida correlação entre as anormalidades eletrencefalográficas e o grau de lesão cerebral, caracterizado pelo tempo de perda de consciência, presença de sinais focais ao exame neurológico, presença de líquido cefalorraqueano hemorrágico e epilepsia pós-traumática; 2 — as anormalidades lentas contínuas focais parietoccipitais são mais freqüentes na faixa etária com menos de 10 anos; 3 — há uma queda de proporção de eletrencefalogramas anormais particularmente entre o 6.° e o 12.° mês após o trauma; 4 — as anormalidades lentas contínuas difusas ou focais têm sua proporção diminuída particularmente após o primeiro mês depois do trauma; 5 — as anormalidades paroxísticas aumentam, em proporção, de modo nítido, após o 6.° mês depois do trauma; 6 — os pacientes com hematoma intracraniano apresentam grande proporção de anormalidades, particularmente as depressões. Todos esses dados mostram a importância do eletrencefalograma na complementação do estudo clínico dos pacientes com traumatismo crânio-encefálico, principalmente quando é feita seqüência eletrencefalográfica, desde os primeiros dias após o trauma.
The 551 electroencephalograms of 387 patients with head injury are analysed. The electroencephalographic findings are correlated to the following clinical data: age, time after the trauma, duration of unconsciousness, presence of localizing neurological signs, existence of open wounds or hematoma, bloody cerebrospinal fluid and post-traumatic epilepsy. The autor came to the following conclusions: 1 — There is a clear correlation between the electroencephalographic abnormalities and the degree of cerebral injury characterized by the duration of unconsciousness, presence of localizing neurological signs, presence of bloody cerebrospinal fluid and post-traumatic epilepsy; 2 — slow wave activity over the parieto-occipital area is more frequent in the age group up to 10 years; 3 — the proportion of abnormal electroencephalograms decreases particularly after the 1st month post-trauma; 4 — diffuse or focal slow activity decreased principally after the 1st month post-trauma; 5 — paroxysmal abnormalities increase pro¬ portionaly after the 6th month post-trauma; 6 — patients with intracranial hematoma present great proportion of abnormalities, particularly depressions. This study demonstrates the importance of electroencephalographic tracings as a complementation to the clinical evaluation of head injury cases, chiefly early, and late follow-up tracings.
Eletrencefalograma nos traumatismos cranio-encefalicos
The value of electroencephalogram in head injuries
Lineu Corrêa Fonseca
Neurologista e eletrencefalografista do Centro Médico de Campinas (SP)
RESUMO
São analisados 551 eletrencefalogramas de 387 pacientes com traumatismo crânio-encefálico. Os achados eletrencefalográficos são correlacionados aos seguintes dados clínicos: idade, tempo após o trauma, duração da perda de consciência, presença de sinais focais ao exame neurológico, existência de traumatismo crânio-encefálico aberto ou hematoma, líquido cefalorraqueano hemorrágico ou fratura de crânio e aparecimento de convulsões. O autor chega às seguintes conclusões: 1 — há nítida correlação entre as anormalidades eletrencefalográficas e o grau de lesão cerebral, caracterizado pelo tempo de perda de consciência, presença de sinais focais ao exame neurológico, presença de líquido cefalorraqueano hemorrágico e epilepsia pós-traumática; 2 — as anormalidades lentas contínuas focais parietoccipitais são mais freqüentes na faixa etária com menos de 10 anos; 3 — há uma queda de proporção de eletrencefalogramas anormais particularmente entre o 6.° e o 12.° mês após o trauma; 4 — as anormalidades lentas contínuas difusas ou focais têm sua proporção diminuída particularmente após o primeiro mês depois do trauma; 5 — as anormalidades paroxísticas aumentam, em proporção, de modo nítido, após o 6.° mês depois do trauma; 6 — os pacientes com hematoma intracraniano apresentam grande proporção de anormalidades, particularmente as depressões. Todos esses dados mostram a importância do eletrencefalograma na complementação do estudo clínico dos pacientes com traumatismo crânio-encefálico, principalmente quando é feita seqüência eletrencefalográfica, desde os primeiros dias após o trauma.
SUMMARY
The 551 electroencephalograms of 387 patients with head injury are analysed. The electroencephalographic findings are correlated to the following
clinical data: age, time after the trauma, duration of unconsciousness, presence of localizing neurological signs, existence of open wounds or hematoma, bloody cerebrospinal fluid and post-traumatic epilepsy. The autor came to the following conclusions: 1 — There is a clear correlation between the electroencephalographic abnormalities and the degree of cerebral injury characterized by the duration of unconsciousness, presence of localizing neurological signs, presence of bloody cerebrospinal fluid and post-traumatic epilepsy; 2 — slow wave activity over the parieto-occipital area is more frequent in the age group up to 10 years; 3 — the proportion of abnormal electroencephalograms decreases particularly after the 1st month post-trauma; 4 — diffuse or focal slow activity decreased principally after the 1st month post-trauma; 5 — paroxysmal abnormalities increase proportionaly after the 6th month post-trauma; 6 — patients with intracranial hematoma present great proportion of abnormalities, particularly depressions. This study demonstrates the importance of electroencephalographic tracings as a complementation to the clinical evaluation of head injury cases, chiefly early, and late follow-up tracings.
Texto completo disponível apenas em PDF.
Full text available only in PDF format.
Departamento de Medicina Especializada Faculdade de Ciências da Saúde Universidade de Brasília 70000 Brasília, DF Brasil.
Nota do autor Agradeço a colaboração do Dr. Adail Freitas Julião pelo incentivo e orientação, do Dr. Walter Pinto Júnior pela orientação e revisão estatística e do Dr. Roque José Balbo, que possibilitou a avaliação eletrencefalográfica em estreita correlação com os dados clínicos, da maior parte dos pacientes desta série.
-
1ADOUR, K. K. & WINGERD, J. ù Idiopathic facial paralysis (Bell'palsy): factors affecting severity and outcome in 446 patients. Neurology (Minneapolis) 24:1112, 1974.
-
2AMINOFF, M. J. & MILLER, A. L. ù The prevalence of diabetes mellitus in patients with Bell's palsy. Acta Neurol. Scandinavica 48:381, 1972.
-
3BROOKLER, K. H.; PULEC, J. C. & HALLBERG, O. E. ù Congenital cholesteatoma of the temporal bone. Arch. Otolaryng. 90:449, 1969.
-
4CAWTHORNE, T. ù Intratemporal facial palsy. Arch. Otolaryng. 90:789, 1969.
-
5CAWTHORNE, T. & WILSON, T. ù Indications for intratemporal facial nerve surgery. Arch. Otolaryng. 78:429, 1963.
-
6ENEROTH, C. M. ù Facial nerve paralysis. Arch. Otolaryng. 95:300, 1972.
-
7FERNANDEZ, E. G. ù Paralisis facial y sus causas. An. Esp. Odontoestomat. 28:419, 1969.
-
8FERNANDEZ-BLASINI, N. W BUNKER, R. J. ù Traumatic facial palsy. Arch. Otolaryng. 90:137, 1969.
-
9FORTES-REGO, J. ù Etiologia da paralisia facial periférica. Arq. Neuro-Psiquiat. (São Paulo) 32:131, 1974.
-
10GAILLARD, J.; DUMOLARD, P. & CETRE, J. ù Diplégie facíale post-traumatique. J. Fr. Otolaryngol. 19:817, 1970.
-
11GRAVES, T. A. & TABB, H. G. ù Management of traumatic facial nerve paralysis. Excerpta Medica 25:577, 1972 (resumo).
-
12GROVES, J. ù Facial palsies: selection of cases for treatment. Proc. Roy. Soc. Med. 66:545, 1973.
-
13HAUSER, W. A.; KARNES, W. E.; ANNIS, J. & KURLAND, L. T. ù Incidence and prognosis of Bell's palsy in the population of Rochester, Minnesota. Mayo Clinic Proc. 46:258, 1971.
-
14JONGKEES, L. B. W. ù On peripheral facial nerve paralysis. Arch. Otolaryng. 95:317, 1972.
-
15KITAMURA, T.; TOGAWA, K.; TSUKAMOTO, K. & NAITO, J. ù Extratemporal facial nerve surgery. Arch. Otolaryng. 95:369, 1972.
-
16KOBAYASHI, T. ù Bilateral facial palsy. Excerpta Medica 31:667, 1974 (resumo).
-
17KOIKE, Y. ù Facial palsies due to skull trauma. Arch. Otolaryng. 95:434, 1972.
-
18MANNING, J. J. & ADOUR, K. K. ù Facial paralysis in children. Diagnosis and treatment. Pediatrics 49:102, 1972.
-
19MAY, M. & LUCENTE, F. E. ù Bell's palsy caused by basal cell carcinoma. JAMA 220:1596, 1972.
-
20McGOVERN, F. H. ù Bilateral Bell's palsy. Laryngoscope 75:1070, 1965.
-
21McHUGH, H. E. ù Facial paralysis in birth injury and skull fractures. Arch. Otolaryng. 78:443, 1963.
-
22MIEHLKE, A. ù Recognition and management of facial nerve palsies of operative and traumatic origin. Proc. Roy. Soc. Med. 66:549, 1973.
-
23MILFORD, M. C. & LOIZEAUX, A. D. ù Facial paralysis secondary to mandibular fracture: report of case. Excerpta Medica 26:305, 1973 (resumo).
-
24MILLER, H. ù Facial paralysis. Brit. Med. J. 3:815, 1967.
-
25MUNOZ BORGE, F. & MARCO, J. ù Traumatic injuries of the ossicular chain. Excerpta Medica 26:503, 1973 (resumo).
-
26PAUNESCU, C.; LACRITEANU, U. & SARAFOLEANU, D. ù Considerations on peripheral facial paralysis in children. Excerpta Medica 26:186, 1973 (resumo).
-
27RICHARDS, A. ù Traumatic facial palsy. Proc. Roy. Soc. Med. 66:556, 1973.
-
28RONTAL, E. & SIGEL, M. E. ù Bilateral facial paralysis. Laryngoscope 82: 607, 1972.
-
29TAVERNER, D. ù Medical management of idiopathic facial (Bell's) palsy. Proc. Roy. Soc. Med. 66:554, 1973.
-
30TOMITA, H.; HAYAKAWA, W. & HONDO, R. ù Varicella-zoster virus in idiopathic facial palsy. Arch. Otolaryngology 92:365, 1972.
-
31TOS, M. ù Facial palsy in Hand-Schuller-Christian's disease. Arch. Otolaryng. 90:563, 1969.
-
32WRIGHT, J. W. & TAYLOR, C. E. ù Facial nerve abnormalities revealed by polytomography. Arch. Otolaryng. 95:426, 1972.
-
33YANAGIHARA, N. & KISHIMOTO, M. ù Electrodiagnosis in facial palsy. Arch. Otolaryng. 95:376, 1972.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
04 Abr 2013 -
Data do Fascículo
Dez 1975