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Aloysio de Mattos Pimenta 1913 - 1987

IN MEMORIAM

Não tendo opções econômicas concorreu à vaga de residente no Hospital Psiquiátrico do Juqueri ainda como estudante. Foi aí que fez a primeira Iodoventriculografia e a primeira Leucotomia, bem como as primeiras arteriografias cerebrais.

Em 1938 estagiou na Alemanha com o Prof. K. Zülch durante um ano. Foi um período difícil na vida deste lutador que sempre mencionava como das mais «gratificantes» experiências. Logo após freqüentou por mais um ano o Serviço do Professor Max Peet em Ann Arbor, Michigan, onde até hoje existe um quadro de sua pessoa como um dos primeiros assistentes deste importante Centro Neurocirúrgico.

De volta ao Brasil, trabalhava na Enfermaria do Prof. Alípio Correa Neto. Mas logo em 1944 foi convidado pelo igualmente saudoso Prof. Paulino Longo para formar o Serviço de Neurocirurgia na recém-criada Escola Paulista de Medicina. Foi aí que criou um Serviço modelo, com disciplina alemã, sempre voltado ao progresso científico1, mentalidade herdada de seu aprendizado norte-americano.

Um chefe duro, intransigente, rigoroso a extremos por vezes não compreensíveis, conseguiu fazer uma Escola de famosos neurocirurgiões que ele próprio fez com que se aperfeiçoassem em diversos locais do Exterior. Mas este chefe duro sempre tinha uma palavra de conforto para o mais humilde dos pacientes, ou para desesperados familiares na árdua função de um médico muito simples e humano.

Em 1977 presidiu o Congresso Internacional de Neurocirurgia, auge de sua carreira coalhada de todos os medalhões almejados por um Curriculum indescritível. Em 1978 criou o primeiro Mestrado e Doutorado em Neurocirurgia do país. sendo o primeiro «doutor» seu próprio filho, «proteção» não> discutida nem por seus colegas menos amistosos. A verdade é que em suas mãos de Neurocirurgião pioneiro passaram mais de 10.000 pacientes operados, fruto de um trabalho incansável que elevou a Neurocirurgia brasileira a um bom conceito.

Ao deixar a Escola Paulista de Medicina, foi eleito Diretor da Faculdade de Medicina de Jundiaí, onde com seu espírito sempre combatido e irredutível manteve aquela Escola em pé, lutando contra «forças» aparentemente insuportáveis. Mas a frase: «Dá-me um limão e dele farei uma doce limonada» ficará gravada na memória de seus parentes, inúmeros amigos nacionais e estrangeiros e uma grande quantidade de seres humanos beneficiados por seu profissionalismo de extraordinária capacidade.

LUIZ HENRIQUE MATTOS PIMENTA

  • Aloysio de Mattos Pimenta 1913 - 1987

    Nascido na Baixada Fluminense, filho do Dr. Luiz de Mattos Pimenta e Maria Isabel, que faleceu no parto. Talvez esta marca dura inicial tenha moldado o menino Itatibense, porque sempre assim se considerou, filho de um delicadíssimo médico desta cidade do interior paulista, um lutador incansável, atrás de um ideal: ser um especialista que entendesse o funcionamento da mente humana. Galgando todas as dificuldades da vida de uma grande família de onze irmãos durante a crise de 29, estudou em Campinas e formou-se na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo em 1935, tendo feito inúmeros amigos. Neste período participou ativamente da. Revolução Constitucionalista no Hospital do Brás (Cruz Vermelha), em 1934.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      22 Jun 2011
    • Data do Fascículo
      Jun 1988
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