Acessibilidade / Reportar erro

Proteínas totais do LCR no prognóstico do paciente com acidente vascular encefálico hemorrágico

Total proteins level on CSF and their prognostic significance in subarachnoid hemorrhage

Resumos

O prognóstico dos pacientes com acidente vascular encefálico hemorrágico (AVEH) é reservado, apresentando altas taxas de morbidade e mortalidade. Estudos experimentais sugerem que existe alteração da barreira hematoencefálica nos AVEH experimentais e que estas alterações estão relacionadas ao desenvolvimento do vasoespasmo e pior prognóstico. Distúrbios da barreira hematoencefálica podem ser avaliados pelo estudo da taxa das proteínas totais do LCR. O propósito deste estudo é avaliar o valor da taxa de proteínas totais no prognóstico, em relação à sobrevida, de pacientes com derrame de sangue no espaço subaracnóideo. Para tanto foram estudadas 254 fichas de pacientes do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia da Escola Paulista de Medicina, com diagnóstico de AVEH, 144 do sexo masculino e 110 do sexo feminino, com idade variando de 8 a 84 anos. Foi verificado que a taxa de proteínas totais está diretamente correlacionada ao prognóstico, em relação à sobrevida, nos pacientes com AVEH. Quanto mais elevada a taxa de proteínas, pior o prognóstico; no material deste estudo todos os pacientes, em número de 1S, que tiveram taxa de proteínas totais no LCR acima de 3000 mg/100 ml faleceram. Este achado indica que a taxa de proteínas totais no LCR de paciente com AVEH é um preditor de óbito. A análise comparativa entre os sexos não mostrou diferença estatística. Porém quando foram correlacionados o sexo, a idade e taxa de proteínas, verificou-se que homens acima de 50 anos tiveram taxa de proteínas mais elevadas que mulheres na mesma faixa etária, demonstrando que homens idosos têm pior prognóstico que as mulheres nessa mesma faixa etária.

acidente vascular encefálico hemorrágico; hemorragia subaracnóidea; líquido cefalorraqueano; prognóstico


The main purpose of this study was to verify the value of CSF total proteins level on the prognosis of subarachnoid hemorrhage. In order of this, samples of 254 patients with diagnosis of intracranial bleeding were analyzed, with special attention to the rate of CSF total proteins. Statistical tests for evaluation of the results have been accomplished, revealing a close relationship between the total proteins rates increase and death in patients with subarachnoid hemorrhage, independent of sex and age. The limit score of total proteins level for survive was 3000 mg/100 ml (nephelometric method).

stroke; subarachnoid hemorrhage; cerebrospinal fluid; prognosis


Proteínas totais do LCR no prognóstico do paciente com acidente vascular encefálico hemorrágico* * Dr. João Baptista dos Reis Filho. Setor de Líquido Cefalorraquiano, Disciplina de Neurologia, Escola Paulista de Medicina - Rua Botucatu 740 - 04023-900 São Paulo SP - Brasil

Total proteins level on CSF and their prognostic significance in subarachnoid hemorrhage

João Baptista dos Reis-FilhoI; Sonia Beatriz Felix RibeiroII; Yara JulianoIII

IProfessor Adjunto do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia da EPM, Pesquisador do CNPq e Chefe do Setor de LCR

IIMestre pelo Curso de PG em Clínica Neurológica da EPM

IIIProfessora Assistente da Disciplina de Bioestatística da EPM

RESUMO

O prognóstico dos pacientes com acidente vascular encefálico hemorrágico (AVEH) é reservado, apresentando altas taxas de morbidade e mortalidade. Estudos experimentais sugerem que existe alteração da barreira hematoencefálica nos AVEH experimentais e que estas alterações estão relacionadas ao desenvolvimento do vasoespasmo e pior prognóstico. Distúrbios da barreira hematoencefálica podem ser avaliados pelo estudo da taxa das proteínas totais do LCR. O propósito deste estudo é avaliar o valor da taxa de proteínas totais no prognóstico, em relação à sobrevida, de pacientes com derrame de sangue no espaço subaracnóideo. Para tanto foram estudadas 254 fichas de pacientes do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia da Escola Paulista de Medicina, com diagnóstico de AVEH, 144 do sexo masculino e 110 do sexo feminino, com idade variando de 8 a 84 anos. Foi verificado que a taxa de proteínas totais está diretamente correlacionada ao prognóstico, em relação à sobrevida, nos pacientes com AVEH. Quanto mais elevada a taxa de proteínas, pior o prognóstico; no material deste estudo todos os pacientes, em número de 1S, que tiveram taxa de proteínas totais no LCR acima de 3000 mg/100 ml faleceram. Este achado indica que a taxa de proteínas totais no LCR de paciente com AVEH é um preditor de óbito. A análise comparativa entre os sexos não mostrou diferença estatística. Porém quando foram correlacionados o sexo, a idade e taxa de proteínas, verificou-se que homens acima de 50 anos tiveram taxa de proteínas mais elevadas que mulheres na mesma faixa etária, demonstrando que homens idosos têm pior prognóstico que as mulheres nessa mesma faixa etária.

Palavras-chave: acidente vascular encefálico hemorrágico, hemorragia subaracnóidea, líquido cefalorraqueano, prognóstico.

SUMMARY

The main purpose of this study was to verify the value of CSF total proteins level on the prognosis of subarachnoid hemorrhage. In order of this, samples of 254 patients with diagnosis of intracranial bleeding were analyzed, with special attention to the rate of CSF total proteins. Statistical tests for evaluation of the results have been accomplished, revealing a close relationship between the total proteins rates increase and death in patients with subarachnoid hemorrhage, independent of sex and age. The limit score of total proteins level for survive was 3000 mg/100 ml (nephelometric method).

Key words:stroke, subarachnoid hemorrhage, cerebrospinal fluid, prognosis.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Aceite: 22-juIho-1994.

  • 1.  Adams RD, Victor MA. Principles of Neurology. Ed 3. New York: International, 1986, p 569-640.
  • 2.  Benain J. Hipertensive intracerebral hemorrhage in south american: progress in surgical treatment. In Mizukami M, Kogure K, Kanaya H, Yamamori Y (eds). Hipertensive intracerebral hemorrhage. New York: Raven Press, 1983, p 133-145.
  • 3.  Brismar J, Sundbarg G. Subarachnoid hemorrhage of unknown origin: prognosis and prognostic factors. J Neurosurg 1985, 63: 349-354.
  • 4.  Cahill DW, Ducker TB. Spontaneous intracerebral hemorrhage. Clin Neurosurg 1982, 29: 722-729.
  • 5.  Cecotto C, De Nardi F, Schiavi F, Passoni B. Indicazioni e risultati del trattamento chirurgico degli ematomi intracerebrali spontanei. Minerva Med 1978, 69: 4393-4399.
  • 6.  Chehrazi BB, Giri S, Joy RM. Prostaglandins and vasoactive amines in cerebral vasospasm after aneurysmal subarachnoid hemorrhage. Stroke 1989, 20: 217-224.
  • 7.  Cochran WG. Some methods for strenghtering the common X2 test. Biometrics 1954, 10: 417-451.
  • 8.  Denis W, Ayer JB. Method for quantitative determination of protein in cerebrospinal fluid. Arch Intern Med 1920, 26: 436-442.
  • 9.  Dóczi T, Joó F, Adam G, Bojoky B, Szerdahelyi P. Blood-brain barrier damage during the acute stage of subarachnoid hemorrhage, as exemplified by a new animal model. Neurosurgery 1986, 18: 1163-1169.
  • 10.  Dóczi T, Joó F, Sonkodi S, Adam G. Increased vulnerability of the blood-brain barrier to experimental subarachnoid hemorrhage in spontaneously hipertensive rats. Stroke 1986, 17: 498-500.
  • 11.  Dóczi T, Nemessanyi Z, Szegvary Z, Huszka E. Disturbances of cerebrospinal fluid circulation during the acute stage of subarachnoid hemorrhage. Neurosurgery 1983, 12: 435-438.
  • 12.  Dughly M, Dropesh VP. Hipoglycorrhaquia does not necessarily indicate infection. BJCP 1989, 43: 182-183.
  • 13.  Fein JM. Hypertension and the central nervous system. Clin Neurosurg 1982, 29: 666-721.
  • 14.  Ferri-de-Barros JE, Bacheschi LA. Hemorragia intraparenquimatosa espontânea: I. Conceito, incidência, etiologia e classificação. Arq Bras Neurocir 1983, 2: 291-299.
  • 15.  Findlay G. Lumbar puncture in spontaneous subarachnoid haemorrhage. Br Med J 1982, 28S: 16S9.
  • 16.  Fischer M. Lumbar puncture and CT in subarachonid hemorrhage. Neurology 1984, 34: 1400.
  • 17.  French KJ, Glasgow LG. Lumbar puncture in subarachonid haemorrhage: yes or no? N Z Med J 1985, 22: 383-384.
  • 18.  Hollander M, Wolf DA. Non parametric statistical methods. New York: Wiley, 1973. Computed tomography and the early diagnostic lumbar puncture. Can Med Assoc J 1979, 121: 150-151.
  • 19.  Humphreys RP. Computed tomography and the early diagnostic lumbar puncture. Can Med Assoc J 1979, 121: 150-151.
  • 20.  Ivan LP. Computed tomography and early diagnostic lumbar puncture. Can Med Assoc J 1979,121:1442.
  • 21.  McKissoc W, Richardson A, Walsh L. Primary intracerebral hemorrhage: results of surgical treatment in 244 consecutive cases. Lancet 1959, 2: 683-686.
  • 22.  Melaragno R Filho, Sanvito WL. Doenças vasculares do encefálo. São Paulo: Manole, 1975, p 236-245.
  • 23.  Nicholls ES, Jung J, Davies JW. Cardiovascular disease mortality in Canada. Can Med Assoc J 1981,125: 981-992.
  • 24.  Olle H. Subarachnoid hemorrhage: prognosis when angiography revels no aneurysm: a report of 138 cases. Acta Med Scand 1958, 162: 493-503.
  • 25.  Poungvarin N, Viriyavejakul A. Spontaneous supratentorial intracerebral haemorrhage: a prognositc study. J Med Assoc Thai 1990, 73: 206-211.
  • 26.  Reis JB, Bei A, Reis-Filho JB. Líquido cefalorraquiano. São Paulo: Sarvier, 1980, pp 35-47, 49-61, 104-124.
  • 27.  Reis JB, Reis-Filho JB. O líquido cefalorraqueano no estudo dos pacientes com traumatismo craniencefálico. Rev Paul Med 1973, 81: 13-16.
  • 28.  Sasaki T, Kassel NF, Yamashita M, Fujiwara S, Zuccarello M. Barrier disruption in the major cerebral arteries following experimental subarachnoid hemorrhage. J Neurosurg 1985, 63: 433-440.
  • 29.  Sasaki T, Kassel NF, Zuccarello M, Nakagomi T, Fujiwara S, Colohan ART, Lehman N. Barrier disruption in the major cerebral arteries during the acute stage after experimental subarachnoid hemorrhage. Neurosurgery 1986, 19: 177-184.
  • 30.  Shephard HR. Ruptured cerebral aneurysm: early and late prognosis with surgical treatment. A personal series, 1958-1980. J Neurosurg 1983, 59: 6-15.
  • 31.  Siegel S. Estadistica no paramétrica aplicada a las ciências de la conducta. México: Trillas, 1975.
  • 32.  Tanaka H, Tanaka Y, Hayashi M. Secular trends in mortality for cerebrovascular disease in Japan, 1960-1979. Stroke 1982, 13: 574-581.
  • 33.  Teddy PJ. Lumbar puncture in spontaneous subarachnoid hemorrhage. Br Med J 1983, 286:143.
  • 34.  Tesementzis S A, Hitchock R, De Cothi A, Gill J. Comparative studies of the diagnostic value of cerebrospinal fluid spectrophotometry and computed tomographic scanning in subarachnoid hemorrhage. Neurosurgery 1985, 17: 908-911.
  • 35.  Vermeulen M, van Gijn J, Blijenberg BG. Spectrophotometric analysis of CSF after subarachnoid hemorrhage: limitations in the diagnosis of rebleeding. Neurology 1983,33: 112-114.
  • 36.  Volpato MM, Badia-Filho H, Vilanova LCP, Reis-Filho JB. Avaliação clínica e do LCR na meningencefalite tuberculosa da criança. In: Congresso Brasileiro de Neurologia 14, Rio de Janeiro, 1990. Temas Livres. Arq Neuropsiquiatr 1990, 48 (Suppl), resumo 225.
  • 37.  Weiss W, Figueroa W, Shapiro WH, Flippin HF. Prognostic fators in pneumococcal meningitis. Arch Intern Med 1967, 120: 517-524.
  • 38.  Wood JH. Neurobiology of cerebrospinal fluid. New York: Plenum, 1980, pl85-190.
  • *
    Dr. João Baptista dos Reis Filho. Setor de Líquido Cefalorraquiano, Disciplina de Neurologia, Escola Paulista de Medicina - Rua Botucatu 740 - 04023-900 São Paulo SP - Brasil
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      19 Jan 2011
    • Data do Fascículo
      Mar 1995
    Academia Brasileira de Neurologia - ABNEURO R. Vergueiro, 1353 sl.1404 - Ed. Top Towers Offices Torre Norte, 04101-000 São Paulo SP Brazil, Tel.: +55 11 5084-9463 | +55 11 5083-3876 - São Paulo - SP - Brazil
    E-mail: revista.arquivos@abneuro.org