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Prevalência e custos indiretos das cefaléias em uma empresa brasileira

Prevalence and indirect costs of headache in a Brazilian company

Resumos

Funcionários de uma empresa (n=993) foram entrevistados quanto à ocorrência de cefaléias durante um período retrospectivo de 30 dias. A prevalência foi 49,8%, com frequência de 4,3±7,0 episódios e duração de 12,2±21,4 horas. Os diagnósticos baseados na classificação da Sociedade Internacional de Cefaléias, foram enxaqueca (5,5%), cefaléia do tipo tensão (CTT) episódica (26,4%), CTT crônica (1,7%) e outras cefaléias (16,2%). As mulheres foram mais acometidas e tiveram proporcionalmente mais enxaquecas que os homens. Cerca de 10% dos pacientes relataram dor suficientemente intensa a ponto de prejudicar seu desempenho no trabalho, o que representou 538,75 horas não trabalhadas. O custo indireto proporcionado pela interferência no trabalho foi estimado para cada cefaléia. O potencial prejuízo projetado à empresa devido às cefaléias é R$145,64 por funcionário, ou R$144 682,39 por ano. Como a enxaqueca é a cefaléia de maior custo, seu controle é particularmente importante no ambiente de trabalho. Há meios eficazes para reduzir sua frequência, com reflexos positivos no bem-estar e na produtividade do indivíduo. A relação custo-benefício favorece claramente a instituição de programas de prevenção e tratamento contra cefaléias crônicas

cefaléia; enxaqueca; epidemiologia; custos


Employees from a Brazilian oil company reserach centre (n=993) were interviewed on the occurrence of headache during a 30 days period. Headache prevalence was 49.8%, with a mean frequency of 4.3±7.0 attacks per month, lasting 12.2±21.4 hours each. According to the International Headache Society diagnostic criteria, migraine (5.5%), episodic tension-type headache (26.4%), chronic tension-type headache (1.7%) and headaches not fulfilling the criteria for such disorders (16.2%) were observed. Women suffered comparatively more headache and specifically migraine than men. The pain interfered with work productivity in 10% of the subjects, corresponding to 538.75 hours off. According to an indirect costs estimation for each headache, the company may loose up to US$125.98 per employee annually. Since among headaches migraine has the highest indirect cost, migraine prevention and treatment is particularly important at the working environment. Migraine frequency may be prevented to a large extent, resulting on positive effects in both the quality of life and productivity. The cost-benefit ratio clearly favours therapeutic and preventive programs against chronic headaches.

headache; migraine; epidemiology; costs


PREVALÊNCIA E CUSTOS INDIRETOS DAS CEFALÉIAS EM UMA EMPRESA BRASILEIRA

MAURICE VINCENT* * Setor de Cefaléias, Serviço de Neurologia, Hospital Universitário Clementino Fraga Filho; Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Brazil: Professor Adjunto; ** Aluno de Graduação; *** Médica Residente. Aceite: 27-julho-1998. , ANDRÉIA DE JESUS RODRIGUES** * Setor de Cefaléias, Serviço de Neurologia, Hospital Universitário Clementino Fraga Filho; Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Brazil: Professor Adjunto; ** Aluno de Graduação; *** Médica Residente. Aceite: 27-julho-1998. , GISELE VIEIRA DE OLIVEIRA** * Setor de Cefaléias, Serviço de Neurologia, Hospital Universitário Clementino Fraga Filho; Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Brazil: Professor Adjunto; ** Aluno de Graduação; *** Médica Residente. Aceite: 27-julho-1998. , KARINE FREITAS DE SOUZA** * Setor de Cefaléias, Serviço de Neurologia, Hospital Universitário Clementino Fraga Filho; Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Brazil: Professor Adjunto; ** Aluno de Graduação; *** Médica Residente. Aceite: 27-julho-1998. , LARISSA MORIMOTO DOI** * Setor de Cefaléias, Serviço de Neurologia, Hospital Universitário Clementino Fraga Filho; Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Brazil: Professor Adjunto; ** Aluno de Graduação; *** Médica Residente. Aceite: 27-julho-1998. , MANOELA BITTENCOURT DE LIMA ROCHA** * Setor de Cefaléias, Serviço de Neurologia, Hospital Universitário Clementino Fraga Filho; Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Brazil: Professor Adjunto; ** Aluno de Graduação; *** Médica Residente. Aceite: 27-julho-1998. , MÁRIO ANDRÉ DA CUNHA SAPORTA** * Setor de Cefaléias, Serviço de Neurologia, Hospital Universitário Clementino Fraga Filho; Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Brazil: Professor Adjunto; ** Aluno de Graduação; *** Médica Residente. Aceite: 27-julho-1998. , RICARDO BENEDETTO ORLEANS** * Setor de Cefaléias, Serviço de Neurologia, Hospital Universitário Clementino Fraga Filho; Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Brazil: Professor Adjunto; ** Aluno de Graduação; *** Médica Residente. Aceite: 27-julho-1998. , ROSANA KOTECKI*** * Setor de Cefaléias, Serviço de Neurologia, Hospital Universitário Clementino Fraga Filho; Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Brazil: Professor Adjunto; ** Aluno de Graduação; *** Médica Residente. Aceite: 27-julho-1998. , VANESSA VIEIRA ESTRELA** * Setor de Cefaléias, Serviço de Neurologia, Hospital Universitário Clementino Fraga Filho; Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Brazil: Professor Adjunto; ** Aluno de Graduação; *** Médica Residente. Aceite: 27-julho-1998. , VIVIANE ANTÔNIO DE MEDEIROS** * Setor de Cefaléias, Serviço de Neurologia, Hospital Universitário Clementino Fraga Filho; Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Brazil: Professor Adjunto; ** Aluno de Graduação; *** Médica Residente. Aceite: 27-julho-1998. , WANDER INTURIAS SERGILLO BORGES** * Setor de Cefaléias, Serviço de Neurologia, Hospital Universitário Clementino Fraga Filho; Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Brazil: Professor Adjunto; ** Aluno de Graduação; *** Médica Residente. Aceite: 27-julho-1998.

RESUMO - Funcionários de uma empresa (n=993) foram entrevistados quanto à ocorrência de cefaléias durante um período retrospectivo de 30 dias. A prevalência foi 49,8%, com frequência de 4,3±7,0 episódios e duração de 12,2±21,4 horas. Os diagnósticos baseados na classificação da Sociedade Internacional de Cefaléias, foram enxaqueca (5,5%), cefaléia do tipo tensão (CTT) episódica (26,4%), CTT crônica (1,7%) e outras cefaléias (16,2%). As mulheres foram mais acometidas e tiveram proporcionalmente mais enxaquecas que os homens. Cerca de 10% dos pacientes relataram dor suficientemente intensa a ponto de prejudicar seu desempenho no trabalho, o que representou 538,75 horas não trabalhadas. O custo indireto proporcionado pela interferência no trabalho foi estimado para cada cefaléia. O potencial prejuízo projetado à empresa devido às cefaléias é R$145,64 por funcionário, ou R$144 682,39 por ano. Como a enxaqueca é a cefaléia de maior custo, seu controle é particularmente importante no ambiente de trabalho. Há meios eficazes para reduzir sua frequência, com reflexos positivos no bem-estar e na produtividade do indivíduo. A relação custo-benefício favorece claramente a instituição de programas de prevenção e tratamento contra cefaléias crônicas.

PALAVRAS-CHAVE: cefaléia, enxaqueca, epidemiologia, custos.

Prevalence and indirect costs of headache in a Brazilian Company

ABSTRACT - Employees from a Brazilian oil company reserach centre (n=993) were interviewed on the occurrence of headache during a 30 days period. Headache prevalence was 49.8%, with a mean frequency of 4.3±7.0 attacks per month, lasting 12.2±21.4 hours each. According to the International Headache Society diagnostic criteria, migraine (5.5%), episodic tension-type headache (26.4%), chronic tension-type headache (1.7%) and headaches not fulfilling the criteria for such disorders (16.2%) were observed. Women suffered comparatively more headache and specifically migraine than men. The pain interfered with work productivity in 10% of the subjects, corresponding to 538.75 hours off. According to an indirect costs estimation for each headache, the company may loose up to US$125.98 per employee annually. Since among headaches migraine has the highest indirect cost, migraine prevention and treatment is particularly important at the working environment. Migraine frequency may be prevented to a large extent, resulting on positive effects in both the quality of life and productivity. The cost-benefit ratio clearly favours therapeutic and preventive programs against chronic headaches.

KEY WORDS: headache, migraine, epidemiology, costs.

Poucos são os indivíduos que jamais experimentam um episódio de cefaléia1,2. Noventa por cento dos homens e 95% das mulheres admitem ter sofrido algum tipo de dor de cabeça durante 1 ano3. As cefaléias secundárias constituem sintomas de outras afecções. Ao contrário, nas cefaléias primárias, mais frequentes, não há uma causa subjacente4. As principais cefaléias primárias quanto à frequência são a enxaqueca (ou migrânea) e a cefaléia do tipo tensão (CTT). Isoladas ou combinadas, estas duas condições respondem pela maioria das dores de cabeça2,5.

As cefaléias, particularmente a enxaqueca, podem influenciar negativamente o bem-estar do indivíduo e determinar prejuízos para a sociedade6. Suas consequências envolvem custos diretos (gastos com o sistema de saúde) e indiretos (prejuízos pela falta ao trabalho e diminuição da produtividade)7. Os custos indiretos podem representar de 76 a 86% do impacto provocado pela enxaqueca8. O prejuízo anual causado pela população trabalhadora enxaquecosa nos EUA foi avaliado em US$1,4 a 17 bilhões7,9. Estima-se que os custos indiretos possam ser ainda maiores, pois não contabilizam os prejuízos no trabalho doméstico, não remunerado.

Neste estudo, funcionários da Petrobrás foram entrevistados quanto à ocorrência de cefaléias, suas características clínicas e ao potencial de interferência na produtividade. Este é o primeiro estudo sobre o impacto econômico das cefaléias no ambiente de trabalho realizado no Brasil segundo critérios da "International Headache Society" (IHS).

MATERIAL E MÉTODOS

Novecentos e noventa e três funcionários (homens 615, 62%; mulheres 378, 38%; idade 35,9±8,8, 14-67 Fig 1a) do Centro de Pesquisas da Petrobrás (CENPES), Ilha do Fundão, Rio de Janeiro, foram entrevistados individualmente por estudantes da Faculdade de Medicina da UFRJ. Os 11 entrevistadores foram previamente treinados e familiarizados com o questionário (Tabela 1). Os funcionários foram orientados a informar a respeito da ocorrência de cefaléia apenas durante os 30 dias imediatamente anteriores à entrevista. As informações referentes à presença de náuseas, vômitos, foto e fonofobia foram subjetivamente divididas pelos entrevistados em ausente, leve, moderada e intensa.


Os dados foram analisados de acordo com os critérios diagnósticos da IHS4, e as crises classificadas nas categorias enxaqueca, CTT (episódica ou crônica). e outra cefaléia (OC, não preenchendo critérios para enxaqueca nem CTT). A duração dos ataques em cada categoria e seu grau de interferência no trabalho foram utilizados para estimar os custos indiretos relacionados às cefaléias, considerando, para a empresa, uma despesa de R$10,00 (US$8.65)/ hora / funcionário. A despesa com cada funcionário é superior ao salário. Consideramos também 176 horas de trabalho por mês, e 11 meses de trabalho por ano. Como o trabalho ocupa cerca de 1/4 do tempo, de cada 4 horas com cefaléia 1 tem chances de ocorrer durante o expediente. Os valores em US$ foram calculados de acordo com o câmbio comercial de 30/junho/1998.

Os dados são apresentados como média ± desvio padrão (mediana, valor mínimo - valor máximo da amostra). Os testes Qui-quadrado, t de Student e ANOVA foram usados para comparações estatísticas. Valores de p<0.05 foram considerados significativos.

RESULTADOS

Metade dos entrevistados (495-49,8%) revelou ter sofrido cefaléia nos últimos 30 dias, em média 4,3±7,0 (2 de 1 a 30) episódios, na sua maioria poucas crises (Fig 1b), durando 12,2±21,4 (5 de 0,1 a 240) horas. A duração foi menor que 12, 24 e 36 horas em respectivamente 66,3%, 80,5% e 94,3% dos indivíduos. Apenas 84 indivíduos informaram a frequência habitual de suas crises. Dentre estes, 25 (29,7%) disseram ter crises "raramente", e os demais sofrem em média 5,2±7,5 (2 de 0 a 30) crises por mês. A dor foi bilateral em 82,7% e unilateral em 17,3% (n=474; direita 7,4%; esquerda 9,9%). Tiveram dor pulsátil e em aperto 47,5% e 52,5% dos entrevistados, respectivamente (n=480). Entre os que tiveram cefaléia, a dor foi considerada leve por 79,3% e intensa por 20,7%. Nenhum indivíduo referiu dor insuportável (n=492) (Fig 1c).

A presença de náuseas, vômitos, foto e fonofobia encontra-se demonstrada na Tabela 2. A atividade física rotineira piorou a dor para 41,9% dos funcionários, melhorou em 7,1%, e não a alterou em 51,0%.

Cinco e meio por cento dos funcionários preencheram critérios diagnósticos4 para enxaqueca. A duração média dos ataques nestes indivíduos foi 13,1±13,5 (8 de 4 a 72) h. A CTT episódica e a CTT crônica estiveram presentes em respectivamente 26,4% e 1,7% dos entrevistados. A duração média dos ataques na forma episódica foi 13,0±21,1 (5 de 2 a 168) h. Indivíduos com a forma crônica tiveram dor por 27,9±3,2 (30 de 20 a 30) dias no mês. Em 161 indivíduos (16,2%) as cefaléias não preencheram critérios nem para enxaqueca (códigos 1,1 ou 1,2 de acordo com a IHS) nem para CTT (códigos 2,1 e 2,2), sendo consideradas como outras cefaléias (OC). A média de idade não variou entre os funcionários com diferentes cefaléias (p=0,7271) (Fig 2).


Quanto ao sexo, as mulheres sofreram significativamente mais cefaléias que os homens (61,0% das mulheres; 43,0% dos homens; p=0.0001), com maior frequência (mulheres 5,3±8,0 (2 de 1 a 30); homens 3,6±5,5 (1 de 1 a 30; p=0,0081) e intensidade (mulheres 2,0±0,6; homens 1,8±0,7; p=0.0036). A duração dos ataques quase foi diferente estatisticamente (mulheres 13,9±25,1 (6 de 0,2 a 240) h; homens 10,6±17,5 (5 de 0,1 a 168 h; p=0.0897). Comparativamente mais mulheres preencheram critérios para enxaqueca (8,2% das mulheres contra 3,9% dos homens; p=0,0038) e CTT crônica (3,2% das mulheres contra 0,8% dos homens; p=0,0052), mas sofreram a mesma quantidade de CTT episódica que os homens (28,9% das mulheres contra 24,8% dos homens; p=0,1574). As funcionárias tiveram proporcionalmente mais náuseas, foto e fonofobia (Tabela 3), mas suas dores não foram comparativamente mais influenciadas pela atividade física (mulheres: 45,8%; homens: 38,4%; p=0,0972). As cefaléias com intensidade > 2 (interferem com o trabalho) estavam presentes na mesma proporção nos dois sexos (18,4% das mulheres e 22,2% dos homens; p=0,3142).

Em 102 funcionários (10,3%) houve dor com intensidade > 2. A duração média destes ataques de foi 13,8±22,7 (6 de 0,5 a 168) h, com frequência de 5,3±8,0 (2 de 1 a 30) ataques por mês. Isto corresponde a uma média de 53,1±89,5 (16 de 0,2 a 360) h de cefaléia intensa (> 2) por mês em cada um destes 102 funcionários.

A Tabela 4 estima os gastos indiretos em função de horas de trabalho com produtividade reduzida. Em relação ao sexo, embora o potencial prejuízo total mensal seja semelhante para homens e mulheres em valores absolutos (R$5 578,22 e R$7 535,61, respectivamente, ou US$4 825.45 e US$6 518.69), como há mais homens trabalhando, os custos por indivíduo deste ou daquele gênero são 2,1 vezes maiores entre as funcionárias (R$9,07-US$7.84 / homem / mês e R$19,94-US$17.24 / mulher / mês; p=0,0362).

DISCUSSÃO

Neste estudo, a prevalência das cefaléias foi avaliada em um período retrospectivo de 30 dias. Numa extensa revisão epidemiológica10, 20 estudos avaliaram a frequência das crises de enxaqueca, CTT e cefaléia leve / intensa. Na maioria deles os indivíduos sofreram uma ou mais crises por mês (Tabela 5). A média de todos estes estudos (52,6%) é semelhante ao percentual na nossa população com pelo menos 1 crise no mês (49,8%). Em um estudo envolvendo 4061 indivíduos, pessoas com enxaqueca e CTT tiveram, em média, respectivamente, 2,82 e 2,89 crises/mês11. Com períodos de observação mais longos, a incapacidade de recordar adequadamente os fatos relacionados à saúde prejudica a confiabilidade das informações. Embora em 1 mês algumas crises com frequência relativamente baixa possam não ser detectadas, os dados disponíveis sugerem que este período é adequado para avaliar a presença de cefaléias recorrentes na maioria dos indivíduos.

A CTT episódica foi a afecção observada mais frequentemente (26,4%), seguida da enxaqueca (5,5%) e da CTT crônica (1,7%). Poucos estudos epidemiológicos foram realizados utilizando os critérios da IHS. Pelo estudo de Göbel et al., a prevalência ao longo da vida é 27,5% para a enxaqueca, 38,3% para a CTT episódica e 3% para a CTT crônica11. Na Dinamarca, a mesma prevalência foi estimada em 9% (enxaqueca sem aura), 6% (enxaqueca com aura), 66% (CTT episódica) e 3% (CTT crônica)5. Considerando que no presente estudo a prevalência em 30 dias foi utilizada, valores ligeiramente mais baixos foram obtidos. A proporção entre os diagnósticos no presente estudo é compatível com os dados epidemiológicos disponíveis.

Os 993 indivíduos estudados foram entrevistados em seu ambiente de trabalho, o que os tornam mais representativos da população empregada em geral. Pacientes com cefaléias menos intensas e menor impacto individual (justamente as mais frequentes), tendem a negligenciar sua dor. Segundo Rasmussen, 44% das pessoas com cefaléia não visitam qualquer médico5. Apenas 16% dos pacientes com CTT procuram atendimento, contra 56% dos enxaquecosos (procuram especialista: 16% na enxaqueca e 4% na CTT)12. Nos EUA, 2/3 dos enxaquecosos nunca procuraram um médico13. No Canadá, apenas 54% dos enxaquecosos e 45% dos pacientes com CTT já haviam procurado atendimento médico, e apenas 32% retornaram para acompanhamento14. Assim, levantamentos realizados em instituições de saúde podem mostrar prevalência relativamente maior de enxaquecosos em relação à CTT, o que não corresponde à realidade na população geral. O presente estudo confirma estas observações e ilustra como cefaléias podem ser potencialmente mais frequentes do que a proporção de indivíduos que procura atendimento.

Mulheres sentem mais dores recorrentes que homens15, incluindo a maioria das cefaléias16. Este estudo mostra que mulheres têm mais enxaquecas e mais estigmas enxaquecosos que os homens. Embora ambos os sexos tenham cefaléia > 2 em proporções semelhantes, a intensidade, a frequência e o custo (por indivíduo do mesmo sexo) das crises foram maiores nas mulheres. O sexo feminino predomina na enxaqueca (razão 1:2 a 1:3) e na CTT (razão em torno de 1:1,5)16-18. Entre enxaquecosos nos EUA, mais da metade das mulheres e mais de 1/3 dos homens perdem mais de 6 dias de trabalho por ano13.

As cefaléias primárias acometem preferencialmente adultos jovens, sobretudo na faixa etária mais produtiva para o trabalho2,5,19. No que se refere à idade, a população estudada não representa adequadamente a da população geral, pois os idosos ou os muito jovens não fazem parte da força de trabalho. Assim , a prevalência deve estar acima da esperada para a população geral, mas representa mais especificamente o acometimento em um grupo de trabalhadores.

O impacto causado pelas cefaléias, principalmente a enxaqueca, está longe de ser desprezível6-9,13,19,20. Isto se deve à frequência relativamente elevada e ao caráter crônico. Em um levantamento telefônico realizado no Canadá entre 1573 adultos, 59% tinham pelo menos um membro na residência com cefaléia. Metade dos enxaquecosos interrompiam sua atividade devido à dor e 1/3 necessitavam de repouso, correspondendo, no Canadá, a cerca de 7 milhões de dias de trabalho perdidos por ano21. Dezenove a 43% dos enxaquecosos perdem pelo menos um dia de trabalho por ano, e 1/3 precisam cancelar compromissos pessoais ou sociais14. Na Inglaterra, entre 476 funcionários de um centro de pesquisa e comércio na área de indústria química (perfil semelhante à população deste estudo), 27,4% dos enxaquecosos disseram que a dor interferia com a sua produtividade pelo menos moderadamente, e 63% consideraram que havia alguma interferência, mas menos importante22. Nos EUA, um questionário aplicado em 13343 indivíduos, 7,7% perderam em um ano pelo menos um dia inteiro de trabalho devido a cefaléias (60% delas enxaquecas, 13% eram CTT, e 27% outro tipo). Dentre os que sofreram cefaléias no último ano, 31% admitiram que sua produtividade era afetada mais do que raramente23. Entre 740 indivíduos estudados na Dinamarca, 43% dos enxaquecosos e 12% dos indivíduos com CTT perderam pelo menos um dia inteiro de trabalho durante o ano (mais comum: 1-7 dias). Para cada 1000 habitantes a enxaqueca tende a produzir 270 dias perdidos de trabalho por ano12. Cerca de 10% dos funcionários, no presente estudo disseram que suas crises prejudicam o trabalho. De acordo com a freqüência e duração, rstima-se que 538,75 horas foram pagas e não plenamente trabalhadas durante 1 mês. Na mesma proporção, uma empresa com 10 000 empregados perderia 5 425,48 h, ou 7,5 meses (5,3 h/mês/funcionário da empresa). O número de horas pagas e não trabalhadas devido a cefaléias em um mês corresponderá a um prejuízo anual de 144 mil reais, apenas entre os 993 indivíduos entrevistados. Cada funcionário pode custar à empresa até cerca de R$130,00-US$112.45 por mês. Transpondo estes valores para toda a Petrobrás (41 000 funcionários), a ocorrência de cefaléias pode ocasionar um prejuízo anual da ordem de R$5 971 240,00-US$5 165 432.52.

O prejuízo real, entretanto, pode ser maior devido aos seguintes fatores: 1) Os indivíduos tendem a esquecer ou minimizar a importância de suas crises, sobretudo se ocorreram há mais de 2 semanas;2) Existe a possibilidade de indivíduos omitirem ou minimizarem a interferência no seu trabalho temendo represálias por parte da empresa;3) Funcionários podem ter proporcionalmente mais horas com cefaléia durante o período de trabalho devido a estresse ou cansaço. Além disto, há menos cefaléias durante o sono, e no presente estudo consideramos uma probabilidade igual para ocorrência de cefaléia ao longo das 24 horas;4) Estudos de prevalência por períodos mais prolongados podem demonstrar a presença de mais crises;

Por outro lado, a estimativa poderia ser exagerada, pois:1) A interferência no trabalho pode ser apenas parcial. Assim, o funcionário poderia trabalhar com parte da sua produtividade intacta. Nós consideramos que o número de horas com dor intensa impediu o rendimento;2) O custo de R$10,00-US$8.65 / hora pode ser menor em trabalhos menos qualificados.

A estimativa do custo de uma doença como a enxaqueca pode empregar diferentes metodologias10. Enxaquecosos tendem a perder até 6,7 dias de trabalho por ano10, mas a avaliação baseada no absenteísmo pode ser falha, pois os pacientes podem comparecer ao trabalho porém com prejuízo na produtividade24. No presente estudo, os custos indiretos foram estimados segundo o preço da hora trabalhada, considerando-se a possibilidade de interferência no trabalho. Na Inglaterra, a enxaqueca pode provocar prejuízos da ordem de US$1,1 bilhão25. Outro estudo inglês estimou que a perda determinada por 378 enxaquecosos (158 pela IHS e 220 pelo clínico geral) entre 1903 entrevistados é da ordem de £113 364.00, ou cerca de R$499,84-US$432.38 por enxaquecoso por ano. Os autores consideram que este número pode estar abaixo da realidade26. De acordo com a perda na produtividade, o custo anual calculado em 6 milhões de enxaquecosos empregados nos EUA é US$1,4 bilhões (US$226 por enxaquecoso empregado). Lipton e von Korff consideram que estes valores certamente são maiores, pois haveria erros metodológicos no seu cálculo13. Se considerarmos a estimativa máxima para os EUA (US$17 bilhões/ano), encontraríamos algo em torno de US$2 744.00/ano por enxaquecoso empregado. Cada indivíduo com enxaqueca no presente estudo custa US$914.00 por ano, o que está dentro das estimativas americanas. Entretanto, deve-se considerar as diferenças metodológicas. Para avaliação dos custos anuais, nós utilizamos como base crises que interferiram com o trabalho durante 1 mês, supondo que também o fariam ao longo de todo o ano. Porém, a mesma afecção pode interferir com o trabalho apenas em parte das crises, ou reduzir a produtividade parcialmente. Assim, o prejuízo seria menor. Não obstante, é metodologicamente difícil determinar com precisão o momento a partir do qual uma dor que se torna mais intensa passa a interferir com o trabalho. Para fins práticos, os dados obtidos neste estudo devem ser encarados como o potencial prejuízo sofrido pela empresa caso os funcionários tenham as mesmas dores nos outros meses do ano.

Em relação aos custos de acordo com os diferentes diagnósticos (Tabela 4), a enxaqueca, a cefaléia que determina o maior prejuízo, acomete pessoas por tempo mais curto que a CTT episódica, porém custa mais. Por outro lado, a CTT crônica é a que mais longamente ataca os pacientes, pois necessariamente ocorre em mais de 15 dias por mês. Entretanto, como a intensidade é baixa, o grau de interferência no trabalho é significativamente menor. As OC são quase tão custosas quanto a enxaqueca (Tabela 4). Este grupo envolve pacientes eventualmente classificados pela IHS como 1,7 (desordem enxaquecosa que não preenche os critérios)4. Em uma empresa que visa reduzir custos indiretos determinados por cefaléias, a enxaqueca deve receber proporcionalmente maior atenção.

A conclusão mais importante deste estudo é que cefaléias são frequentes e podem custar caro às empresas também no Brasil. Não obstante, seu tratamento é comparativamente barato e o índice de sucesso, compensador. Pacientes com cefaléias primárias não requerem equipamentos ou exames complementares para o diagnóstico, o que torna seu manejo menos oneroso. Investir na identificação e no tratamento apropriado das cefaléias constitui, portanto, importante medida de redução de custos. A profilaxia contra cefaléias recidivantes é satisfatoriamente eficaz, pelo menos 40% mais eficiente que placebo27. Beta-bloqueadores, por exemplo, reduzem em mais de 50% a frequência dos ataques em até 80% dos pacientes28. Como o custo dos medicamentos profiláticos é relativamente baixo, o investimento na identificação, diagnóstico e tratamento adequado é necessário e, comparativamente, compensador25. Em um estudo realizado na Suécia com 99 enxaquecosos tratados durante 6 meses, verificou-se significativa melhora na qualidade de vida relacionada à saúde, diminuição do número de crises e do absenteísmo 29.

O sumatriptan, o primeiro dentre uma série de medicamentos anti-enxaquecosos agonistas 5-HT1D30-32, elimina em até 87% dos casos a crise de enxaqueca em 2 horas31. Novas drogas desta família, mais eficientes e com menos efeitos colaterais, poderão em breve contribuir para melhorar estes índices. Mesmo o uso do sumatriptan, um medicamento comparativamente mais caro, mostra-se compensador, tendo em vista a redução dos custos indiretos33. Em um levantamento entre 220 indivíduos que usaram sumatriptan injetável, cerca de 2/3 eram empregados em tempo integral. Nestes, houve uma redução de 71% na falta ao trabalho com o uso do sumatriptan, e uma diminuição de 20% dos dias de trabalho com sintomas. A produtividade aumentou 85%. Cada empregado enxaquecoso foi associado a um custo mensal de US$681.00 (sem sumatriptan) e US$246.00 (com sumatriptan), o que representa uma economia US$435.00 por indivíduo. Como o custo do remédio foi de US$43,78, o benefício foi cerca de 10 vezes maior que o custo34. Sumatriptan também mostrou-se mais vantajoso economicamente quando comparado à cafeína / ergotamina35. A combinação profilaxia adequada + tratamento agudo tende a reduzir significativamente os custos indiretos determinados pelas cefaléias25.

Além de melhorar a saúde de seus funcionários, o que tem repercussões positivas na sua imagem, a empresa que investe no combate às cefaléias primárias ganha potencialmente mais do que a simples redução dos custos diretamente relacionados às crises. A eliminação da ansiedade e outras desordens afetivas relacionadas à dor crônica melhora a qualidade de vida do funcionário e tende a aumentar ainda mais a sua produtividade. Muitos enxaquecosos vivem temendo o próximo ataque, o que Blau descreve como "melontofobia"36. Os pacientes enxaquecosos têm qualidade de vida subjetiva e sensação de bem-estar menores, mesmo entre as crises, quando comparados a controles37. A profilaxia tende a aumentar o bem-estar, eliminado os sintomas inter-crises.

Para que os custos, porém, sejam reduzidos satisfatoriamente, é necessário:

1) Entrevistar a população alvo e identificar os indivíduos que necessitam de tratamento. Investir apenas na disponibilidade de consultas no setor de medicina do trabalho não traz benefícios aos funcionários, pois a demanda espontânea é pequena e o médico não é treinado para atendimento em cefaléias. Questionários auto-aplicados são pouco eficientes na identificação dos pacientes sujeitos a tratamento38.

2) Submeter os indivíduos selecionados a acompanhamento especializado, monitorando-os por diário padronizado39. A maioria dos pacientes com cefaléias crônicas são mal examinados, mal-diagnosticados e tratados inadequadamente. Em um levantamento realizado nos EUA, entre 2479 enxaquecosos apenas 38% foram diagnosticados por um médico40. Existem diretrizes para a constituição do atendimento ideal em cefaléias, raramente respeitadas41.

Enquanto a cura definitiva das cefaléias primárias ainda não está disponível, medidas terapêuticas simples e baratas podem reduzir significativamente o impacto individual e social destas afecções. As evidências disponíveis indicam que, além do bem-estar individual, o tratamento adequado das cefaléias recidivantes pode produzir benefícios significativos para a coletividade, incluindo trabalhadores de uma empresa.

Agradecimentos - Os autores agradecem os valiosos comentários do Dr. João José Freitas de Carvalho e Prof. Dr. Ricardo Gattass. Agradecemos ainda a todos os funcionários do CENPES e ao Prof. Dr. Armando Pimenta, do Serviço de Saúde da empresa.

REFERÊNCIAS

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Dr. Maurice Vincent - Av. das Américas 1155/504 - 22631-000 Rio de Janeiro RJ - Brasil. Fax: +55 21 494 3648. E-mail: vincent@unisys.com.br

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  • *
    Setor de Cefaléias, Serviço de Neurologia, Hospital Universitário Clementino Fraga Filho; Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Brazil:
    Professor Adjunto;
    **
    Aluno de Graduação;
    ***
    Médica Residente. Aceite: 27-julho-1998.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      06 Nov 2000
    • Data do Fascículo
      Dez 1998

    Histórico

    • Aceito
      27 Jul 1998
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