Acessibilidade / Reportar erro

Síndrome do desfiladeiro torácico tipo neurogênico verdadeiro: relato de dois casos

True neurogenic thoracic outlet syndrome: report of two cases

Resumos

A síndrome do desfiladeiro torácico neurogênica verdadeira é entidade rara que resulta da compressão ou estiramento do tronco inferior do plexo braquial por costela cervical, banda fibrosa ou processo transverso da sétima vértebra cervical alongado. Descrevemos os casos de duas mulheres (23 e 19 anos de idade) com história de dor em membro superior direito, fraqueza e atrofia progressiva da musculatura intrínseca da mão. Estudos eletrofisiológicos mostraram diminuição da amplitude do potencial de ação muscular composto do nervo mediano e diminuição da amplitude do potencial de ação do nervo ulnar sensitivo. As velocidades de condução nervosa motora e sensitiva foram normais em ambos os casos. Eletromiografia de agulha mostrou desinervação crônica da musculatura intrínseca da mão direita de ambas as pacientes. Investigação radiológica mostrou costelas cervicais em um caso e processos transversos da sétima vértebra cervical alongados no outro. São revisados os aspectos clínicos, eletrofisiológicos e tratamento da síndrome.

síndrome do desfiladeiro torácico; costela cervical; plexo braquial; eletroneuromiografia


True neurogenic thoracic outlet syndrome is caused by compression of the lower trunk of the brachial plexus usually by a cervical rib, fibrous band or an elongated transverse process of C7. We describe two cases of female patients (23 and 19 years old) with pain in the right superior limb and progressive muscular weakness and atrophy of the intrinsic muscles of hand. Electrodiagnostic studies showed reduced amplitude of compound muscle action potential of median nerve and decreased amplitude of ulnar sensory nerve action potential. Motor and sensory nerve conduction velocities were normal in both patients. Needle electromyography were findings compatible with chronic denervation in the intrinsic muscles of the right hand of both patients. Radiological investigation showed cervical ribs in one case and elongated transverse process of C7 in the other. A discussion about the clinical and electrophysiological features and the treatment of the syndrome was performed.

thoracic outlet syndrome; cervical rib syndrome; brachial plexus; electromyography; neural conduction


SÍNDROME DO DESFILADEIRO TORÁCICO TIPO NEUROGÊNICO VERDADEIRO

RELATO DE DOIS CASOS

ROSANA HERMINIA SCOLA* * Serviço de Doenças Neuromusculares da Especialidade de Neurologia do Departamento de Clínica Médica do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR): Professora Assistente; ** Professor Titular; *** Estudante de Medicina, Bolsista de Iniciação Científica (CNPq/UFPR); **** Estudante de Medicina, ***** Médico Ortopedista. Aceite: 9-abril-1999. , LINEU CESAR WERNECK** * Serviço de Doenças Neuromusculares da Especialidade de Neurologia do Departamento de Clínica Médica do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR): Professora Assistente; ** Professor Titular; *** Estudante de Medicina, Bolsista de Iniciação Científica (CNPq/UFPR); **** Estudante de Medicina, ***** Médico Ortopedista. Aceite: 9-abril-1999. , FABIO MASSAITI IWAMOTO*** * Serviço de Doenças Neuromusculares da Especialidade de Neurologia do Departamento de Clínica Médica do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR): Professora Assistente; ** Professor Titular; *** Estudante de Medicina, Bolsista de Iniciação Científica (CNPq/UFPR); **** Estudante de Medicina, ***** Médico Ortopedista. Aceite: 9-abril-1999. , GUSTAVO HENRIQUE MAEGAWA*** * Serviço de Doenças Neuromusculares da Especialidade de Neurologia do Departamento de Clínica Médica do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR): Professora Assistente; ** Professor Titular; *** Estudante de Medicina, Bolsista de Iniciação Científica (CNPq/UFPR); **** Estudante de Medicina, ***** Médico Ortopedista. Aceite: 9-abril-1999. , LEONARDO NERCOLINI FAORO**** * Serviço de Doenças Neuromusculares da Especialidade de Neurologia do Departamento de Clínica Médica do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR): Professora Assistente; ** Professor Titular; *** Estudante de Medicina, Bolsista de Iniciação Científica (CNPq/UFPR); **** Estudante de Medicina, ***** Médico Ortopedista. Aceite: 9-abril-1999. , FRANCISCO H. CALDEIRA***** * Serviço de Doenças Neuromusculares da Especialidade de Neurologia do Departamento de Clínica Médica do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR): Professora Assistente; ** Professor Titular; *** Estudante de Medicina, Bolsista de Iniciação Científica (CNPq/UFPR); **** Estudante de Medicina, ***** Médico Ortopedista. Aceite: 9-abril-1999.

RESUMO - A síndrome do desfiladeiro torácico neurogênica verdadeira é entidade rara que resulta da compressão ou estiramento do tronco inferior do plexo braquial por costela cervical, banda fibrosa ou processo transverso da sétima vértebra cervical alongado. Descrevemos os casos de duas mulheres (23 e 19 anos de idade) com história de dor em membro superior direito, fraqueza e atrofia progressiva da musculatura intrínseca da mão. Estudos eletrofisiológicos mostraram diminuição da amplitude do potencial de ação muscular composto do nervo mediano e diminuição da amplitude do potencial de ação do nervo ulnar sensitivo. As velocidades de condução nervosa motora e sensitiva foram normais em ambos os casos. Eletromiografia de agulha mostrou desinervação crônica da musculatura intrínseca da mão direita de ambas as pacientes. Investigação radiológica mostrou costelas cervicais em um caso e processos transversos da sétima vértebra cervical alongados no outro. São revisados os aspectos clínicos, eletrofisiológicos e tratamento da síndrome.

PALAVRAS-CHAVE: síndrome do desfiladeiro torácico, costela cervical, plexo braquial, eletroneuromiografia.

True neurogenic thoracic outlet syndrome: report of two cases.

ABSTRACT - True neurogenic thoracic outlet syndrome is caused by compression of the lower trunk of the brachial plexus usually by a cervical rib, fibrous band or an elongated transverse process of C7. We describe two cases of female patients (23 and 19 years old) with pain in the right superior limb and progressive muscular weakness and atrophy of the intrinsic muscles of hand. Electrodiagnostic studies showed reduced amplitude of compound muscle action potential of median nerve and decreased amplitude of ulnar sensory nerve action potential. Motor and sensory nerve conduction velocities were normal in both patients. Needle electromyography were findings compatible with chronic denervation in the intrinsic muscles of the right hand of both patients. Radiological investigation showed cervical ribs in one case and elongated transverse process of C7 in the other. A discussion about the clinical and electrophysiological features and the treatment of the syndrome was performed.

KEY WORDS: thoracic outlet syndrome, cervical rib syndrome, brachial plexus, electromyography, neural conduction.

Síndrome do desfiladeiro torácico (SDT) é o termo genérico utilizado para definir diversos sinais e sintomas causados pela compressão das estruturas neurovasculares em algum ponto entre o pescoço e a axila1. Foram descritas várias apresentações diferentes dessa síndrome, sendo estas variantes classificadas em dois grandes grupos: vascular e neurogênico. A variante vascular corresponde a aproximadamente 5% dos casos de SDT e pode ser dividida nas formas arterial e venosa. Compressões arteriais geralmente cursam com extremidade fria, fraqueza, cansaço do membro acometido, dor difusa e diminuição da amplitude do pulso arterial, enquanto as alterações venosas apresentam-se freqüentemente com trombose venosa, distensão dos vasos superficiais e graus variáveis de dor2. O tipo neurogênico é classificado como verdadeiro ou clássico quando há comprometimento motor e sensitivo evidente e geralmente está associado a presença de costelas cervicais ou processos transversos da sétima vértebra cervical alongados (1 a 3% dos casos de SDT). A SDT neurogênica é chamada inespecífica quando dor e sintomas sensitivos predominam no quadro clínico mas não há nenhum sinal neurológico objetivo ou alterações nos estudos neurofisiológicos (mais de 90% dos casos de SDT)2,3.

Devido à raridade do tipo neurogênico verdadeiro da SDT, descrevemos dois casos avaliados no nosso serviço, com especial ênfase aos achados eletrofisiológicos.

RELATO DOS CASOS

Caso 1. Paciente do sexo feminino, 23 anos, professora, iniciou sua queixa há três anos da admissão com quadro progressivo de dor e parestesias em membro superior direito (MSD), evoluindo com cansaço após esforço físico e atrofia da mão direita há 6 meses. Ao exame físico apresentava dor à mobilização do MSD, o mesmo ocorrendo com o membro superior esquerdo (MSE) quando executadas as manobras de hiperabdução. A manobra de Adson foi positiva no MSD. O exame neurológico revelou atrofia moderada dos músculos da região tenar e atrofia discreta da região hipotenar direita. A força muscular era grau III nos músculos abdutor curto do polegar e oponente do polegar direitos e grau IV nos músculos interósseos dorsais e abdutor mínimo direitos, de acordo com a escala do Medical Research Council4. A paciente apresentava hiporreflexia de estilorradial à direita e hipoestesia em região hipotenar e região medial do antebraço direito. O restante do exame neurológico era normal. Radiografia de tórax e coluna cervical revelou a presença de costela cervical, originando-se da sétima vértebra cervical (Fig. 1). A eletromiografia de agulha (EMG) mostrou sinais de desinervação crônica nos músculos abdutor curto do polegar direito e abdutor do 5° dígito direito e esquerdo e 1° interósseo direito e esquerdo. Estudo da condução nervosa mostrou potenciais de ação muscular composto (PAMC) com amplitude reduzida no nervo mediano direito (Tabela 1) e potenciais de ação de nervo sensitivo (PANS) com amplitude reduzida no nervo ulnar direito (Tabela 2). As velocidades de condução nervosa motora e sensitiva eram normais. Ondas F obtidas em nervos mediano motor direito e ulnar motor direito apresentavam latências prolongadas em relação ao lado esquerdo (Tabela 1).


Caso 2. Paciente do sexo feminino, 19 anos, estudante, iniciou sua queixa há dois anos da admissão com quadro progressivo de dor na região medial de MSD e diminuição da força muscular da mão direita, evoluindo com atrofia da musculatura da mão direita há seis meses. O exame físico geral era normal. Ao exame neurológico apresentava atrofia dos músculos da região tenar e hipotenar. A força muscular era grau III no músculo oponente do polegar e abdutor do dedo mínimo direitos e grau IV nos interósseos distais e flexor profundo dos dedos direitos4. O reflexo dos flexores na mão direita estava ausente e os reflexos estilorradial, bicipital e tricipital estavam normais. As sensibilidades tátil e dolorosa estavam diminuídas na face medial do antebraço e mão direita. Radiografia de tórax e coluna cervical revelou a presença de processos transversos da sétima vértebra cervical alongados. EMG de agulha mostrou sinais de desinervação aguda e crônica nos músculos oponente do polegar, 1° interósseo e abdutor do dedo mínimo direitos. Estudo da condução nervosa mostrou PAMC com amplitude reduzida nos nervos mediano direito e ulnar direito em comparação ao lado esquerdo (Tabela 1) e PANS com amplitude reduzida no nervo ulnar direito (Tabela 2). As velocidades de condução nervosa motora e sensitiva eram normais. As latências das ondas F estavam prolongadas nos nervos mediano e ulnar direitos (Tabela 1).

DISCUSSÃO

A SDT tipo neurogênico verdadeiro foi descrita inicialmente por Thornburn e Howell no começo do século5, mas só foi melhor definida por Gilliatt et al. na década de setenta6. Wilbourn estabeleceu critérios específicos para separar os pacientes acometidos por compressão verdadeira do tronco inferior do plexo braquial daqueles com síndromes inespecíficas do desfiladeiro torácico, cuja prevalência é bem mais alta3,7. A SDT neurogênico verdadeiro é entidade rara, com incidência aproximada de 1 em 1.000.000 de indivíduos8. A maioria dos pacientes é de mulheres adultas com idade entre 18 e 55 anos, com proporção homem/mulher de 1:98.

As causas de compressão do tronco inferior do plexo braquial mais comuns são alterações congênitas como costelas cervicais completas ou incompletas, bandas fibrosas e processos transversos da sétima vértebra cervical (C7) alongados6,9,10. Mais raramente, hipertrofia do músculo escaleno anticus5, anormalidades claviculares e lesões adquiridas como trauma com fratura de clavícula e primeira costela, pseudoartrose clavicular e lesão por esmagamento da região torácica superior podem causar SDT11. No caso das costelas cervicais e processos transversos de C7 alongados, acredita-se que a banda fibrosa congênita que une a extremidade da anormalidade óssea à primeira costela, cause compressão ou estiramento do tronco inferior ou raízes C8/T1 do plexo braquial. Embora costelas cervicais ocorram em até 0,5% da população, a SDT neurogênico verdadeiro é relativamente rara. O motivo pelo qual apenas uma pequena porcentagem dos pacientes com costela cervical desenvolvam SDT é desconhecido. Acredita-se que o formato e a consistência da banda fibrosa que liga a costela cervical à primeira costela sejam fatores envolvidos no desenvolvimento dos sintomas6. Além disso, parece existir uma relação desta entidade com a prática esportiva como natação, levantamento de peso, esportes de inverno e eqüestres e profissões cujo uso prolongado do braço em hiperabdução seja exigido.

Os sinais e sintomas da SDT neurogênico verdadeiro são devidos à compressão do tronco inferior do plexo braquial, que corresponde às raízes C8/T1. Na maioria dos casos o sintoma inicial é dor na região medial do braço e antebraço ou dor difusa em todo o membro superior. Parestesias na região medial da mão e antebraço também são frequentes. Tanto a dor quanto as parestesias são intermitentes e podem piorar com o esforço físico e à noite. Na evolução do quadro, os pacientes começam a apresentar fraqueza da musculatura da mão. A maioria dos casos apresenta atrofia da região tenar da mão e fraqueza dos músculos oponente do polegar e abdutor curto do polegar. Alterações na musculatura do antebraço são menos freqüentes, podendo ocorrer atrofia dos flexores no antebraço e fraqueza do flexor dos dedos e flexor ulnar do carpo. Apesar dos sintomas sensitivos serem pronunciados, o exame geralmente mostra apenas hipoestesia na região medial do antebraço e mão. Os reflexos bicipital, tricipital e estilorradial geralmente estão preservados3,6-8.

A diminuição da amplitude dos pulsos radiais durante as manobras de Adson, Allen, hiperabdução e testes costoclaviculares são citados como úteis no diagnóstico de SDT. Contudo, estes testes são difíceis de serem interpretados pois são frequentemente positivos em indivíduos normais e assintomáticos12,13. Exames de imagem geralmente demonstram costelas cervicais ou processos transversos da sétima vértebra cervical alongados. Embora as anormalidades ósseas sejam bilaterais, a SDT neurogênico verdadeiro é quase sempre unilateral6,8.

Os achados eletrofisiológicos são considerados patognomônicos. O estudo da condução nervosa mostra padrão de degeneração axonal crônica, com PANS de ulnar diminuída ou ausente, PAMC de mediano com amplitude diminuída, PAMC de ulnar motor com amplitude diminuída ou limítrofe e PANS de mediano com amplitude normal3,6-9,14. As velocidades de condução nervosas e os valores de latência estarão normais, exceto em casos em que haja neuropatia periférica concomitante. A EMG de agulha mostra desinervação da musculatura intrínseca da mão e geralmente é o primeiro exame eletrofisiológico a mostrar alterações na SDT15. Estudos de ondas F e potenciais evocados somato-sensoriais não parecem adicionar muito ao diagnóstico da SDT. A alteração dos potenciais evocados apenas reflete a perda de fibras eferentes de grande diâmetro e fibras aferentes, enquando o prolongamento da latência das ondas F dos nervos mediano e ulnar são achados inespecíficos15.

O estudo da condução nervosa através do desfiladeiro torácico foi abandonado pelas dificuldades técnicas e pela grande variabilidade dos valores de referência entre indivíduos normais e mesmo da direita para a esquerda no mesmo paciente11,14,16. O estudo do nervo cutâneo medial do antebraço em pacientes com SDT neurogênico verdadeiro mostra redução do potencial de ação sensitivo, sugerindo sua utilidade nos casos em que os estudos eletrofisiológicos de rotina não foram totalmente característicos de lesão no tronco inferior do plexo braquial17,18.

Os diagnósticos diferenciais a serem considerados incluem a síndrome do túnel do carpo, radiculopatias, espondilose cervical, compressão do nervo ulnar a nível do cotovelo, siringomielia, tumores cervicais e lesões do plexo braquial por tração, trauma e radioterapia8.

A forma inespecífica da SDT neurogênica é tão controversa que alguns autores duvidam da sua existência19. A SDT neurogênica inespecífica, ao contrário da forma verdadeira, não possui critérios diagnósticos amplamente aceitos. A apresentação clínica geralmente compreende parestesias e dor envolvendo o membro superior. O diagnóstico baseia-se em testes posicionais do membro superior na tentativa de reproduzir os sintomas do paciente13. Como a compressão funcional das estruturas neurovasculares durante esses testes é um fenômeno comum em indivíduos normais e os estudos eletrofisiológicos e radiológicos são normais, o diagnóstico de SDT neurogênica inespecífica é suscetível a críticas12,13. Estudos neurofisiológicos devem ser realizados em pacientes com suspeita de SDT neurogênico inespecífico primariamente para excluir compressão de nervos em locais mais distais que o desfiladeiro torácico, como por exemplo a compressão a nível de túnel do carpo13. Embora não haja estatística brasileira, nos Estados Unidos muitos pacientes continuam sendo diagnosticados como tendo SDT neurogênico inespecífico e sendo submetidos a cirurgia de ressecção da primeira costela, que tem eficácia a longo prazo muito pequena, semelhante ao tratamento conservador19-22. O tratamento conservador inclui exercícios e fisioterapia para melhorar a postura dos pacientes, reforçar a cintura escapular e melhorar a função da coluna cervical22 e educação do paciente para evitar posturas anormais, como a cabeça posicionada anteriormente ao tronco, abdução da escápula e rotação interna do ombro23.

A cirurgia na SDT neurogênico verdadeiro consiste na ressecção da costela cervical, processo transverso de C7 alongado ou banda fibrosa e parece aliviar a dor e impedir a progressão da atrofia muscular. Contudo, não ocorre melhora significativa do trofismo ou força muscular. Portanto, os pacientes que provavelmente se beneficiam da cirurgia são aqueles com dor e parestesias incapacitantes e aqueles com historia progressiva de fraqueza e atrofia muscular6,8,10. Como a SDT neurogênico verdadeiro é rara, não existem estudos controlados comparando o tratamento conservador com o cirúrgico e a maioria dos pacientes acaba sendo submetida a cirurgia8,10.

A SDT neurogênico verdadeiro é condição rara, mas deve ser considerada no diagnóstico diferencial de pacientes com dor e parestesias em membros superiores. Os estudos neurofisiológicos têm importância na avaliação destes pacientes, seja para diagnosticar a SDT neurogênico verdadeiro ou excluir outras doenças mais freqüentes, como a síndrome do túnel do carpo24. O reconhecimento precoce da SDT neurogênico verdadeiro é de fundamental importância, já que a atrofia muscular decorrente da doença raramente é reversível, mesmo após tratamento adequado6,10.

Dra. Rosana Herminia Scola - Serviço de Doenças Neuromusculares, Hospital de Clínicas da UFPR - Rua General Carneiro 181, 3° andar - 80060-900 Curitiba PR - Brasil. Fax: 041 264 2154. E-mail: scola@hc.ufpr.br

  • 1. Poole GV, Thomae KR. Thoracic outlet syndrome reconsidered. Am Surg 1996;62:287-291.
  • 2. Fechter JD, Kuschner SH. The thoracic outlet syndrome. Orthopedics 1993;16:1243-1251
  • 3. Wilbourn AJ. True neurogenic thoracic outlet syndrome. Rochester, MN. American Association of Electromyography and Electrodiagnostics, 1982.
  • 4. Medical Research Council. Aids to the examination of the peripheral nervous system. London: HSMO, 1976; Memorandum 45.
  • 5. Katirji B, Hardy RW Jr. Classic neurogenic thoracic outlet syndrome in a competitive swimmer: a true scalenus anticus syndrome. Muscle Nerve 1995;18:229-233.
  • 6. Gilliatt RW, Le Quesne PM, Logue V, Sumner AJ. Wasting of the hand associated with a cervical rib or band. J Neurol Neurosurg Psychiatry 1970;33:615-624.
  • 7. Wilbourn AJ. Brachial plexus disorders. In Dick PJ, Thomas PK, Griffin JW, Low PA, Poduslo JF (eds). Peripheral neuropathy, 3Ed. Philadelphia: Saunders, 1993:936-950.
  • 8. Gilliatt RW. Thoracic outlet syndrome. In Dick PJ, Lambert EH, Bunge R (eds). Peripheral neuropathy, 2Ed. Philadelphia: Saunders, 1984:1409-1424.
  • 9. Gilliatt RW, Willison DM, Dietz V, Williams IR. Peripheral nerve conduction in patients with a cervical rib or band. Ann Neurol 1978;4:124-129.
  • 10. Hardy RW, Wilbourn AJ, Hanson M. Surgical treatment of compressive cervical band. Neurosurgery 1980;7:10-13.
  • 11. Cuetter AC, Bartoszek DM. The thoracic outlet syndrome: controversies, overdiagnosis, overtreatment, and recommendations for management. Muscle Nerve 1989;12:410-419.
  • 12. Sällstrom J, Gjöres JE. Surgical treatment of the thoracic outlet syndrome Acta Chir Scand 1983;149:555-560.
  • 13. Lindgren KA, Manninen H, Rytkönen H. Thoracic outlet syndrome: a functional disturbance of the thoracic upper aperture? Muscle Nerve 1995;18:526-530.
  • 14. Smith T, Trojaborg W. Diagnosis of thoracic outlet syndrome: value of sensory and motor conduction studies. Arch Neurol 1987;44:1161-1163.
  • 15. Passero S, Paradiso C, Giannini F, Cioni R, Burgalassi L, Battistini N. Diagnosis of thoracic outlet syndrome: relative value of electrophysiological studies. Acta Neurol Scand 1994;90:179-185.
  • 16. Daube JR. Nerve conduction studies in the thoracic outlet syndrome. Neurology 1975;25:347.
  • 17. Khotari MJ, Macintosh K, Heistand M, Logigian EL. Medial antebrachial cutaneous sensory studies in the evaluation of neurogenic thoracic outlet syndrome. Muscle Nerve 1998;21:647-649.
  • 18. Le Forestier N, Moulonguet A, Maisonobe T, Léger JM, Bouche P. True neurogenic thoracic outlet syndrome: electrophysiological diagnosis in six cases. Muscle Nerve 1998;21:1129-1134.
  • 19. Cherington M, Happer I, Machanic B, Parry L. Surgery for thoracic outlet syndrome may be hazardous to your health. Muscle Nerve 1986;9:632-634.
  • 20. Lindgren KA. Reasons for failures in the surgical treatment of thoracic outlet syndrome. Muscle Nerve 1995;18:1484-1486.
  • 21. Wilbourn AJ. Thoracic outlet syndrome surgery causing severe brachial plexopathy. Muscle Nerve 1988;11:66-74.
  • 22. Lindgren KA. Conservative treatment of the thoracic outlet syndrome: a 2-year follow-up. Arch Phys Med Rehabil 1997;78:373-378.
  • 23. Novak CB, Collins ED, Mackinnon SE. Outcome following conservative management of thoracic outlet syndrome. J Hand Surg 1995;20A:542-548.
  • 24. Carrol RE, Hurst LC. The relationship of thoracic outlet syndrome and carpal tunnel syndrome. Clin Orthop 1982;164:149-153.
  • *
    Serviço de Doenças Neuromusculares da Especialidade de Neurologia do Departamento de Clínica Médica do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR):
    Professora Assistente;
    **
    Professor Titular;
    ***
    Estudante de Medicina, Bolsista de Iniciação Científica (CNPq/UFPR);

    ****

    Estudante de Medicina,

    *****

    Médico Ortopedista. Aceite: 9-abril-1999.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      06 Dez 2000
    • Data do Fascículo
      Set 1999

    Histórico

    • Aceito
      09 Abr 1999
    Academia Brasileira de Neurologia - ABNEURO R. Vergueiro, 1353 sl.1404 - Ed. Top Towers Offices Torre Norte, 04101-000 São Paulo SP Brazil, Tel.: +55 11 5084-9463 | +55 11 5083-3876 - São Paulo - SP - Brazil
    E-mail: revista.arquivos@abneuro.org