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Ketogenic diet for the treatment of refratory epilepsy

CORRESPONDENCE

Ketogenic diet for the treatment of refratory epilepsy

AO EDITOR – Eu li com muito interesse o artigo Ketogenic Diet for the Treatment of Refractory Epilepsy, por Drª. Alessandra Freitas e os seus colegas, nos Arquivos de Neuro-Psiquiatria Junho 2-B, 2007. Entre os anos 1954 e 1958, no Childrens Mercy Hospital, Kansas City, Missouri, USA, eu administrei uma enfermaria com 12 leitos em que a dieta cetogênica foi usada no tratamento de epilepsia. As crianças tinham entre 5 e 14 anos de idade, e cada criança foi hospitalizada durante mais os menos 60 dias.

Como os autores deste artigo, eu achei a dieta cetogênica eficaz em crianças cujas convulsões não foram controladas com remédios.

Mas eu tive dois problemas. (1) A enfermeira teve um cheiro desagradável aos pacientes, os seus pais e o pessoal do hospital. Todavia, isso foi um pequeno problema. (2) Um grande problema foi à manutenção desta dieta quando as crianças saíram do hospital e voltaram para suas casas. Somente 30% destas crianças continuavam na dieta 6 meses depois de saírem do hospital. As crianças não gostaram da dieta, especialmente quando elas viram os outros membros da família com dietas normais. Também, as mães tinham que preparar um tipo de comida para as crianças epilépticas e um outro tipo de comida para o resto da família. Isso custou dinheiro extra, e exigiu trabalho extra.

Todavia, o Childrens Mercy Hospital não foi um hospital típico. Este hospital aceitou crianças de pequenas cidades e regiões rurais do estado de Missouri. A maioria dos pais era da classe operária, e alguns eram de classe pobre. O nível de escolaridade dos pais era inferior do que o nível de escolaridade da população americana em geral. Nós achamos que a dieta cetogênica foi mais eficaz nos lares onde os pais eram mais esclarecidos e tinham um nível econômico melhor.

A.H. Chapman

Serviços Neuropsiquiátricos

Vitória da Conquista / BA.

RESPOSTA DA AUTORA – Caro colega Dr. A.H. Chapman, agradeço seu interesse em nosso trabalho e parabenizo-o pela sua experiência neste assunto. Quanto às suas dúvidas esclareço que:

1) Nós realizamos a dieta cetogênica no Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP). Nosso hospital, por ser uma referência no atendimento de pacientes do SUS, não dispõe de leitos específicos para a dieta; portanto, os pacientes eram internados para a introdução da dieta individualmente e na enfermaria comum. Essa internação era breve (cerca de 5 a 7 dias) e talvez por isso não tenhamos observado tal efeito. Atualmente, a dieta é introduzida ambulatorialmente, sem a necessidade de internação hospitalar.

2) Nossa população, embora heterogênea, também era de baixa renda; entretanto, temos o suporte eficiente do serviço social e quando necessário do serviço de psicologia. Tivemos poucos casos de desistência por problemas relacionados à dinâmica familiar. Observamos que uma boa orientação pré-introdução da dieta foi fundamental para essa adesão. Nossos pacientes vêm sempre de outros serviços de epilepsia de difícil controle, talvez esse também seja um fator que ajude à adesão, visto que são de famílias que já experimentaram vários tratamentos.

Alessandra Freitas

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    06 Dez 2007
  • Data do Fascículo
    Dez 2007
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