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Jorge Armbrust Figueiredo

IN MEMORIAM

Jorge Armbrust Figueiredo

A Neurologia brasileira perdeu em 14 de maio de 2006, um dos seus mais eminentes representantes, Jorge Armbrust Lima Figueiredo, remanescente Professor Catedrático de Neurologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo

Nasceu em São Paulo no dia 26 de maio de 1923; fez o curso primário e secundário na cidade do Rio de Janeiro e, retornando à cidade de São Paulo, prestou exame vestibular em fevereiro de 1944 sendo aprovado na Escola Paulista de Medicina. Iniciou sua formação científica na especialidade, ainda como estudante, na Clínica Neurológica da Escola Paulista de Medicina em 1947.

Após a conclusão do Curso em 1949, obteve bolsa de estudos para a George Washington University School of Medicine, Serviço do Dr. Walter Freeman, nos Estados Unidos.

Na condição de Médico Residente em Neurologia no Gallinger Municipal Hospital, da referida Universidade, foi encarregado do curso de Neurologia para os estudantes do 3° ano médico, colaborando, também, no treinamento de médicos internos e de enfermeiros.

Ocupou o cargo de "fellow" em Neuropatologia na George Washington School of Medicine que lhe proporcionou subsídios para preparar peças anatômicas, que serviram de base aos trabalhos de Freeman e Williams sobre tratamento cirúrgico de estruturas do lobo temporal. Durante esse estágio, além de prestar atendimento assistencial a pacientes com distúrbios neurológicos, realizou angiografias, pneumoencefalografias ventriculografias e auxiliou na realização de lobotomias transorbitárias.

Interessou-se pelo ensino e pesquisa em Neurologia, visitando vários Centros nos Estados Unidos: The Johns Hopkins University School of Medicine (Prof. Frank Walsh e Prof. Earl Walker); College of Physicians and Surgeons, na Columbia University (Dr. Tracy Putnam); University of Pennsylvania School of Medicine, Philadelphia (Dr. Francis Grant); Georgetown University School of Medicine (Dr. O. Solnitzky e Dr. Frances Forster); Jefferson College of Medicine, Philadelphia (Dr. B. Alpers). Na América Latina visitou o Hospital de los Obreros (Dr. Ernesto Bancalari), Faculdad de Medicina da la Universidad Mayor de San Marcos de Lima, Peru.

Retornando ao Brasil em setembro de 1952, reassumiu o cargo de Assistente da Clínica Neurológica da Escola Paulista de Medicina (Prof. Paulino W. Longo), tendo sido Docente colaborador do Curso de Neurologia. Nessa mesma Escola, desenvolveu atividades didáticas no Departamento de Anatomia Descritiva e Topográfica (Prof. João Moreira da Rocha), onde foi responsável pelo Laboratório de Neuroanatomia, e pelos cursos dessa Disciplina no período de 1953 a 1958; colaborou, também, com a Cadeira de Anatomia da Faculdade de Medicina de Sorocaba da Pontifícia Universidade Católica

Em setembro de 1958, inscreveu-se, e foi aprovado, no concurso para a Docência Livre de Neurologia na Escola Paulista de Medicina, com tese em que realizou investigação clínica de 1000 pacientes com epilepsia do lobo temporal.

Foi contratado para o cargo de Professor de Neurologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP em dezembro de 1958 onde, posteriormente, conquistou o título de Professor Catedrático, consolidando destaque acadêmico em Regime de Dedicação Integral à Docência e à Pesquisa.

Sua personalidade metódica, minuciosa, flexível e inteligente possibitou o desenvolvimento dos diversos setores que constituem um Departamento: assim, estimulou e facilitou a implantação do Laboratório de Eletrencefalografia pelos Drs. Mário L. Martinez e Rubens Moura Ribeiro; deu continuidade e dinamização ao Laboratório de Líquido Céfalorraqueano pelos Drs. Edymar Jardim e Nelson Martelli; ofereceu apoio e incentivo para a implantação da Neurologia Infantil, sob a responsabilidade da Dra. Maria Valeriana Leme de Moura Ribeiro; organizou e desenvolveu reuniões científicas de Neuropatologia sob orientação do Dr. Richard Antonio Gallina.

Participou de Comissões e Concursos realizados, não somente na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto para obtenção de Títulos Universitários, como em incontáveis oportunidades em Universidades do país, numa demonstração de reconhecimento pela sua posição de destaque científico e universitário.

Nomeado Diretor Administrativo do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, logo implantou e dinamizou ações avançadas na Instituição; estabeleceu interação atuante com o Departamento de Medicina Social (Prof. Pedreira de Freitas) e o Departamento de Patologia (Prof. Fritz Köberle), implementando atividades de pesquisas de campo em moléstia de Chagas e, estudos estruturais e inovadores em anatomia patológica relacionadas, também, à moléstia de Chagas; dinamizou as atividades e reuniões científicas em Neuropsiquiatria e Psicologia Médica do Centro Médico de Ribeirão Preto.

Organizou o 1° Congresso da Academia Brasileira de Neurologia, realizado em Ribeirão Preto, de 26 a 31 de julho de 1964, projetando cientificamente, a Neurologia da Escola de Ribeirão Preto.

Em 1969, atendendo às novas diretrizes e reformulações estruturais da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, USP, promoveu a integração da Psiquiatria e Psicologia Médica à Neurologia, beneficiando com sua peculiar dinamicidade, o progressivo desenvolvimento das Ciências Neurológicas

No novo e emergente Departamento de Neuropsiquiatria e Psicologia Médica, com maior número de Docentes, contribuiu para a formação de numerosos especialistas oriundos de diversos Estados do Brasil e do exterior. Procurando excelência científica possibilitou ações universitárias mais avançadas, com a implantação, segundo normas oficiais, do Curso de Pós-graduação em Neurologia.

Foi fundador de várias Sociedades Médicas, em sete das quais ocupou cargo de Diretoria ou Membro do Conselho de Redação de quatro revistas médicas.

Apesar de possuir uma habilidade didática peculiar, sociabilidade científica com liderança, orientar pesquisas e teses, antes de ser um chefe, Jorge Armbrust Lima Figueiredo era um conselheiro, dizia que: "ensinando, recebeu muitos ensinamentos; orientando, foi também orientado".

A esposa, Gladys, os filhos Jorge Luiz, Cristina e Kristian, carinhosamente guardam mensagens que demonstram sua preocupação por valores morais, responsabilidade e autenticidade, revelando "o pai deve ser exemplo para os filhos, e nisso tenho certeza que cumpri minha obrigação".

Maria Valeriana Leme de Moura Ribeiro

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    06 Dez 2007
  • Data do Fascículo
    Dez 2007
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