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Hard science, hard choices: facts, ethics and policies guiding brain science today

ANÁLISES DE LIVROS

A.H. Chapman

HARD SCIENCE, HARD CHOICES. FACTS, ETHICS AND POLICIES GUIDING BRAIN SCIENCE TODAY. SANDRA J. ACKERMAN. Um volume (14 X 21 cm) com 152 páginas. ISBN 1-932594-02-7. Washington. DC, 2006: Dana Press, 900 15 th Street NW, Washington, DC, 2005, USA).

Este excelente e bem escrito livro trata das controvérsias que as modernas tecnologias de neurociências estão precipitando nos países onde essas tecnologias agora são comuns.

Por exemplo, o fato que uma pessoa vai ter a doença de Huntington pode ser descoberta por FRMI (funcional ressonância magnética imagem). Deve esta informação ficar acessível somente para a pessoa, ou deve ela também ficar acessível à noiva, possível empregador, seguradoras de saúde e outras pessoas que tem um interesse no futuro (com incapacidade e morte ao 20 ou 30 anos no futuro) de tal pessoal?

Em 2005 o caso de Terri Schiavo na Florida, USA foi um assunto divulgado nacionalmente na televisão e nos jornais. Ela sofreu morte cerebral, e os parentes dela ficaram divididos em dois grupos. Um grupo que pensava que os aparelhos que sustentavam a vida dela deveriam ser desligados, e o outro grupo pensava que talvez existisse uma pequena possibilidade de recuperação. Em qualquer dia nos Estados Unidos há mais ou menos 15.000 pessoas nesta situação. Estas decisões envolvem fatores morais, legais, religiosos e sociais. Existe uma pessoa, ou um grupo de pessoas, com o direito de decidir se uma outra pessoa deve ser eliminada, desligando os aparelhos que sustentam a vida? Quem deveria fazer a decisão? O marido de Terri Schiavo, ou os pais, ou os filhos adultos, ou uma tribuna que considera todos os dados?

Existem agora remédios que aumenta a capacidade dos atletas, e também existem remédios que aumentam durante algumas horas ou dias a capacidade de um estudante em lembrar e mobilizar dados acadêmicos. Estudantes realizando provas de vestibulares ou outras provas importantes devem ter a permissão ou proibição para utilizar tais remédios? Ou como que universidades vão fiscalizar esses estudantes sem invadir as privacidades? E que órgão vai pagar para os caros exames para fiscalizar estas situações?

Neurologistas, psiquiatras, clínicos, advogados, filósofos e outros profissionais estão debatendo tudo isso, em conferencias, livros e artigos profissionais e para público geral.

Neurociência também está invadindo o sistema legal nos Estados Unidos. Agora pode ficar determinado se uma pessoa está dizendo a verdade ou mentindo, por FRMI e PET (foton emissão tomografia). Associado com este assunto está o problema de memórias falsas. Uma pessoa com uma memória falsa está dizendo coisas falsas, mas com a convicção que ela está dizendo a verdade, sobre acontecimentos (um ato criminal, por exemplo) que ela viu, devido a distorções nas suas observações ou na sua memória do evento. Devem pessoas acusadas de crimes serem forçados a submeter-se a estes exames? Isso é um problema constitucional nos Estados Unidos desde que a constituição americana claramente estabelece que nenhuma pessoa deve ser forçada a testemunhar contra ele mesmo. Provavelmente vão precisar muitos anos e muitas decisões das tribunas superiores nos Estados Unidos para resolver estas controvérsias. As mesmas perguntas estão surgindo na Grã Bretanha e alguns paises da Europa Ocidental. Na América do Sul, África e várias partes de Ásia os custos altos destes exames e a falta de médicos, técnicas e equipamentos sofisticados para utiliza-los estão empurrando estas situações para o futuro.

Este livro dá as opiniões, perguntas e decisões de sessenta autoridades americanos sobre este vasto assunto, numa conferência em Washington, DC em 2005. A palavra neuroética encapsula o campo todo

Este livro é altamente recomendados aos neurologistas, psiquiatras, clínicos, advogados e juizes do Brasil. Estes problemas vão chegar finalmente no Brasil. Estejam preparados.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    02 Jun 2008
  • Data do Fascículo
    Jun 2008
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