Acessibilidade / Reportar erro

Stutter

ANÁLISE DE LIVROS

H. Chapman; Elza A. Nonato

STUTTER. MARC SHELL. ISBN 0-674-01937-7. Um volume (14 × 21 cm) com 341 páginas. Cambridge, Massachusetts, 2005: Harvard University Press (79 Garden Street, Cambridge, MASS 02138 USA).

Este livro trata extensivamente, mas incompletamente de gagueira, uma condição neuropsiquiátrica da que o autor sofre durante todos os seus 58 anos. Ele é professor de literatura comparativa na Universidade Harvard, mas a sua quase obsessiva preocupação com a gagueira faz dele uma autoridade neste assunto. Este volume fala pouco de tratamento, talvez devido à incapacidade do autor de resolver a sua própria gagueira. Todavia, a matéria deste livro é fascinante para neurologistas, psiquiatras, ou outros profissionais que têm um interesse nesta condição.

A gagueira é uma condição cheia de contradições. Como o professor Shell indica, o escritor Somerset Maugham e o novelista Henry James gaguejaram quando eles falavam inglês, mas falavam perfeitamente quando eles falavam francês. O filósofo Frederick Nietzsche, como todos os gagos, gaguejou quando ele falou, mas não quando ele cantou. Nós, ou autores desta análise do livro tivemos um paciente com 20 anos de idade que gaguejou tanto que foi doloroso entrevistar-lhe, mas quando ele passou um mês numa cidade 2.000 Km distante da sua cidade local, ele ficou completamente livre deste problema; nós confirmamos isso com telefonemas para pessoas na cidade distante. Voltando para a sua cidade local, ele voltou a gaguejar.

Gagueira é bem mais comum em rapazes do que em garotas, é muito mais comum em rapazes sinistros do que destros, e dois terços dos gagos têm antepassados gagos. Até 3 por cento de crianças passam alguns meses ou anos gaguejando, mas a grande maioria recuperam-se sem ou com tratamento antes da adolescência. Mais ou menos um em cada 200 adolescentes e adultos gagueja, e a maioria tem este problema durante o resto das suas vidas. Existem assim mais ou menos 500.000 gagos no Brasil. Tratamento de crianças com fonoaudiólogos em geral tem sucesso, mas o autor deste livro diz que não é claro se estas crianças recuperam-se devido ao tratamento ou meramente durante o tratamento.

O número de livros ou artigos que o autor cita sobre este assunto é impressionante. Ele dedica uma metade do livro a três gagos famosos - Moisés, Hamlet e a estrela americana de filmes Marilyn Monroe. Shell deduz que Moisés falou ao povo Hebreu pelo seu irmão Aaron porque ele gaguejou severamente e as evidências que ele apresenta é convincente. Ele apresenta muitas evidências que o Hamlet de Shakespeare gaguejou, mas ele não nos convenceu disso. Marilyn Monroe gaguejou na sua vida usual, mas esteve quase sem este problema quando estava em frente das câmeras contracenando. O autor discute detalhadamente as técnicas que Marilyn Monroe usava para evitar ou esconder a sua gagueira quando ela contracenava.

Nós recomendamos este bem escrito livro para qualquer profissional que queira saber mais sobre a gagueira, mas não espere um livro completo ou imparcial.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    09 Jun 2009
  • Data do Fascículo
    Jun 2009
Academia Brasileira de Neurologia - ABNEURO R. Vergueiro, 1353 sl.1404 - Ed. Top Towers Offices Torre Norte, 04101-000 São Paulo SP Brazil, Tel.: +55 11 5084-9463 | +55 11 5083-3876 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revista.arquivos@abneuro.org