Acessibilidade / Reportar erro

Experimentos de cavalos para citros. III

Resumos

Seis experimentos de cavalos para variedades cítricas foram instalados em 1949, na Estação Experimental de Tietê. Empregaram-se como variedades-copa o limão Eureka, as laranjas Baianinha, Pêra, Hamlin e Maracanã, e a mandarina Mexerica. Como cavalos empregaram-se as laranjeiras azêda, caipira e pêra; os limoeiros cravo, rugoso nacional, rugoso da Flórida e cidra; as tangerineiras cravo e Cleopatra; a toran-jeira vermelha, o triíoliata, a limeira da Pérsia e o tangeleiro Sampson. Todos os experimentos foram localizados em solo do tipo limo-barrento, da formação Corumbataí, sub-solo impermeável. As copas de laranjeiras Baianinha, Hamlin e Maracanã, pela reação do Poncirus trijoliata, revelaram ser portadoras do vírus causador da exocorte. O limoeiro cravo mostrou também intolerância a êsse vírus. A copa de laranjeira Pêra causou sintomas de "bud-union-ring" quando enxertada sôbre limoeiro rugoso da Flórida e triíoliata. Dentre os dados obtidos até 1958 relacionaram-se o diâmetro do tronco em 1949, 1954 e 1958; a altura e circunferência da copa em 1958'; e a produção anual desde 1951 até 1958. Os dados de produção foram analisados estatisticamente, separados em dois períodos (1951-54 e 1955-58) e em conjunto para os oito anos. No primeiro período, o limoeiro rugoso nacional destacou-se por determinar maiores desenvolvimento e produção; nos últimos anos a laranjeira caipira sobrepujou-o. O tri-foliata teve comportamento contrário a esses cavalos determinando a formação das menores plantas e produções. O limoeiro cravo, com certas copas, destacou-se pela maior produtividade nos primeiros anos. O limoeiro rugoso da Flórida e as tangerineiras ocuparam posições intermediárias, tanto em desenvolvimento como em produtividade. Foi observada uma completa desarmonia entre a copa de limoeiro Eureka e o cavalo de triíoliata, cuja causa é ainda obscura. As observações sôbre estes experimentos serão prosseguidas.


Six rootstock experiments were planted at the Tietê Experiment Station in 1949. The scion varieties: Eureka lemon, Baianinha (Navel) orange, Pêra orange, Hamlin orange, Maracanã orange and Mexerica mandarin were budded on: sour orange, caipira and pêra sweet oranges, Rangpur lime, Brazilian and Florida rough lemons, cravo and Cleopatra tangerines, red shaddock, trifoliate orange, sweet lime and Sampson tangelo. The planting was made in a silt-loam shallow soil. The tops of Baianinha, Hamlin and Maracanã oranges induced exocortis symptoms on trifoliate orange and Rangpur lime rootstocks. The Pêra orange top on Florida rough lemon and trifoliate orange showed bud-union-ring symptoms. A complete disharmony at the point of union of the Eureka lemon-trifoliate was observed, and the trees died after 5 years. The trunk diameter in 1949, 1954 and 1958; the height and circumference of the trees in 1958; the annual yield since 1951 up to 1959 are here reported. The statistical analysis of the yield data was made grouped in two periods (1951-54 and 1955-58) and also for the 8-year period. In the first period the Brazilian rough lemon rootstock gave the biggest tree sizes and yields with all top varieties, but the caipira orange rootstock exceeded it in the last years. The trigoliate orange gave the smallest trees and yields. With some scion varieties the Rangpur lime had an outstanding position as to productiveness. The Florida rough lemon and tangerines had a medium position among the rootstocks tried. These esperimerits will be maintained under observation and additional data will be reported in future publications.


S. MoreiraI; V. G. OliveiraII; E. AbramidesIII

IEngenheiro-agrônomo, Seção de Citricultura

IIEngenheiro-agrônomo, Estação Experimental de Tietê

IIIEngenheiro-agrônomo, Seção de Técnica Experimental, Instituto Agronômico

RESUMO

Seis experimentos de cavalos para variedades cítricas foram instalados em 1949, na Estação Experimental de Tietê. Empregaram-se como variedades-copa o limão Eureka, as laranjas Baianinha, Pêra, Hamlin e Maracanã, e a mandarina Mexerica.

Como cavalos empregaram-se as laranjeiras azêda, caipira e pêra; os limoeiros cravo, rugoso nacional, rugoso da Flórida e cidra; as tangerineiras cravo e Cleopatra; a toran-jeira vermelha, o triíoliata, a limeira da Pérsia e o tangeleiro Sampson.

Todos os experimentos foram localizados em solo do tipo limo-barrento, da formação Corumbataí, sub-solo impermeável.

As copas de laranjeiras Baianinha, Hamlin e Maracanã, pela reação do Poncirus trijoliata, revelaram ser portadoras do vírus causador da exocorte. O limoeiro cravo mostrou também intolerância a êsse vírus. A copa de laranjeira Pêra causou sintomas de "bud-union-ring" quando enxertada sôbre limoeiro rugoso da Flórida e triíoliata.

Dentre os dados obtidos até 1958 relacionaram-se o diâmetro do tronco em 1949, 1954 e 1958; a altura e circunferência da copa em 1958'; e a produção anual desde 1951 até 1958. Os dados de produção foram analisados estatisticamente, separados em dois períodos (1951-54 e 1955-58) e em conjunto para os oito anos.

No primeiro período, o limoeiro rugoso nacional destacou-se por determinar maiores desenvolvimento e produção; nos últimos anos a laranjeira caipira sobrepujou-o. O tri-foliata teve comportamento contrário a esses cavalos determinando a formação das menores plantas e produções. O limoeiro cravo, com certas copas, destacou-se pela maior produtividade nos primeiros anos. O limoeiro rugoso da Flórida e as tangerineiras ocuparam posições intermediárias, tanto em desenvolvimento como em produtividade. Foi observada uma completa desarmonia entre a copa de limoeiro Eureka e o cavalo de triíoliata, cuja causa é ainda obscura.

As observações sôbre estes experimentos serão prosseguidas.

SUMMARY

Six rootstock experiments were planted at the Tietê Experiment Station in 1949.

The scion varieties: Eureka lemon, Baianinha (Navel) orange, Pêra orange, Hamlin orange, Maracanã orange and Mexerica mandarin were budded on: sour orange, caipira and pêra sweet oranges, Rangpur lime, Brazilian and Florida rough lemons, cravo and Cleopatra tangerines, red shaddock, trifoliate orange, sweet lime and Sampson tangelo.

The planting was made in a silt-loam shallow soil.

The tops of Baianinha, Hamlin and Maracanã oranges induced exocortis symptoms on trifoliate orange and Rangpur lime rootstocks. The Pêra orange top on Florida rough lemon and trifoliate orange showed bud-union-ring symptoms. A complete disharmony at the point of union of the Eureka lemon-trifoliate was observed, and the trees died after 5 years.

The trunk diameter in 1949, 1954 and 1958; the height and circumference of the trees in 1958; the annual yield since 1951 up to 1959 are here reported. The statistical analysis of the yield data was made grouped in two periods (1951-54 and 1955-58) and also for the 8-year period.

In the first period the Brazilian rough lemon rootstock gave the biggest tree sizes and yields with all top varieties, but the caipira orange rootstock exceeded it in the last years. The trigoliate orange gave the smallest trees and yields. With some scion varieties the Rangpur lime had an outstanding position as to productiveness. The Florida rough lemon and tangerines had a medium position among the rootstocks tried.

These esperimerits will be maintained under observation and additional data will be reported in future publications.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

LITERATURA CITADA

Recebido para publicação em 21 de maio de 1960.

  • 1.  BATCHELOR, L. D. & WEBBER, H. J. The Citrus Industry I. Berkeley and Los Angeles, Univ. of Calif. Press, 1946. 1028 p.
  • 2.  BENTON, R. J., BOWMAN, F. T., FRASER, L. & KEBBI, R. G. Stunting and scaly butt of citrus associated with Poncirus trifoliata rootstock. Agric. Gaz. N.S.W. 61:20-22 40. 1950.
  • 3.  BRIEGER. F. G. & MOREIRA, S. Experiências de cavalos para citrus II. Bragantia 5:[598]-658. 1945.
  • 4.  BITANCOURT, A. Manual de Citricultura Doenças, Pragas e Tratamentos. São Paulo, Chác. e Quint., 1933. 212 p.
  • 5.  BITTERS, W.P. Exocortis disease of citrus. Calif. Agric. 11:5-6. 1952.
  • 6.  CHILDS, J.F.L. The cachexia disease of Orlando tangelo. Plant Dis. Rep. 34:295-298. 1950.
  • 7.  ______ Transmission experiments and xyloporosis-cachexia relations in Florida. Plant Dis. Rep. 40:143-145. 1956.
  • 8.  COSTA, A.S., GRANT, T.J. & MOREIRA, S. Investigações sobre a tristeza dos citrus. II Conceitos e dados sôbre a reação das plantas cítricas à tristeza. Bragantia 9:[59]-80. 1949.
  • 9.  FAWCETT, H.S. & KLOTZ, L.J. Exocortis of trifoliate orange. Citrus Leaves 28:8. 1948.
  • 10.  GRANT, T.J. & COSTA, A.S. A mild strain of tristeza virus of citrus. Phyto-patology 41:114-122. 1951.
  • 11. ______, MOREIRA. S. & COSTA, A.S. Observations on abnormal citrus root-stock reactions in Brazil. Plant Dis. Rep. 41:743-748. 1957.
  • 12.  MARLOTH. R.H. The citrus rootatock problem. Fmg in S. Afr. 13:226-231. 1938.
  • 13.  MEDINA, H.P. Caracterização do solo de uma gleba da Estação Experimental de Tietê. Bragantia 19: clxi-clxiv. 1960.
  • 14.  MENEGHLNI, M. Sobre a natureza e transmissibilidade da doença "tristeza" dos citrus. Biológico 12:285-287. 1946.
  • 15.  MOREIRA, S. Cavalos para citrus em São Paulo. Rev. Agric, Piracicaba 41:206-226. 1946.
  • 16
    ______ Citrus diseases and rootstock problems in Brazil. In Livre du IVeme Congres de l'Agrumiculture Mediterraneenne. Tel-Aviv, Imprimerie "Haaretz", 1956. p. 252-259.
  • 17. ______ Experiências de cavalos para citrus. I. Bragantia 1: [525]-565. 1941.
  • 18. ______ A seleção em citricultura uma nova variedade de laranjeira doce (C. sinensis Osbeck). Ciênc. e Cult. 2:149-150. 1950.
  • 19. ______ Sintomas de "exocortis" em limoeiro cravo. Bragantia 14:xix-xxi. 1955.
  • 20. ______ Um novo problema para nossa citricultura. Rev. Agric, Piracicaba 35:77-82. 1960.
  • 21. ______ Xyloporosis. Hadar 11:234-237. 1938.
  • 22. ______& RODRIGUES A. J. (filho). Cultura dos Citrus. São Paulo, Edições Melhoramentos. 1956. 120 p.
  • 23.  REICHER, I. & PERLBERGER, J. Xiloporosis the new citrus disease. Hadar 7:163-167, 172, 193-202. 1934.
  • 24.  ROSSETTI, VICTORIA. Estudos sôbre a "gomose da Phytophlhora" dos citrus. I Suscetibilidade de diversas espécies cítricas a algumas espécies de "phy-lophthora". Arch. Inst. biol. (Def. agric. anim.), S. Paulo 18:97-124. 1947.
  • 25.  SCHULTZ, E. F. Porta-enxertos para citrus recomendables en general. Argentina. Est. Exp. Agr. Tucuman, 1939. 16 p. (Circ. n.° 80)
  • 26.  VASCONCELLOS. P.W.C. A Baianinha de Piracicaba, um pedestal da citricultura. Rev. Agric, Piracicaba 14:112-121. 1939.
  • 27.  WEATHERS, L.G., CALAVAN, E.C., WALLACE, J.M. & CHRISTIANSES, D.W. A bud-union and rootstock disorder of troyer citrange with eureka lemon tops. Plant Dis. Rep. 39:665-669. 1955.
  • 28.  WEBBER, H.J. Variations in citrus seedlings and their relation to rootstock selection. Hilgardia 7:1-79. 1932.
  • Experimentos de cavalos para citros. III

    Citrus rootstock experiments — III
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      14 Abr 2010
    • Data do Fascículo
      1960

    Histórico

    • Recebido
      21 Maio 1960
    Instituto Agronômico de Campinas Avenida Barão de Itapura, 1481, 13020-902, Tel.: +55 19 2137-0653, Fax: +55 19 2137-0666 - Campinas - SP - Brazil
    E-mail: bragantia@iac.sp.gov.br