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Melhoramento das variedades paulistas de algodão: criação da IAC-12

Improvement of the São Paulo cotton varieties: origin and breeding of the IAC 12 variety

Resumos

A variedade paulista de algodoeiro IAC 12 resultou de um programa de cruzamento entre variedades comerciais do tipo Upland, que visou reunir várias propriedades econômicamente vantajosas. Êste programa foi iniciado no ano agrícola de 1942/43 e terminou em 1959, quando as primeiras sacas de semente básica daquela variedade foram entregues à Secretaria da Agricultura, para multiplicação em grande escala. Originária de cruzamento entre linhagens das variedades comerciais Stoneville 2B e Delfos, ela veio resolver definitivamente a crise de comprimento da fibra que afligia a cotonicultura paulista, por volta de 1956, e contribuiu para melhorar o aspecto de campo e as demais qualidades agronômicas e tecnológicas das variedades paulistas. Neste trabalho são relatadas as diversas fases da criação da variedade IAC 12 assim como os processos envolvidos e os resultados alcançados.


The origin and breeding of the São Paulo cotton variety IAC 12 as well as the involved proceedings and numerical results are reported. A program of crosses between strains of several Upland varieties was iniciated in 1942/43 which ended in 1959 when the first bags of foundation seeds of IAC 12 were delivered for final increase. IAC 12 variety originated from a cross between strains of the varieties Stoneville 2B and Delfos followed by a backcross to the later and five cycles of selection and progeny tests. This new variety not only solved the problem of lint length that depressed cotton culture of the State of São Paulo around the year of 1956, but also improved the general aspect of plants and most of the agronomic and technological characters.


Melhoramento das variedades paulistas de algodão. Criação da IAC-12

Improvement of the São Paulo cotton varieties. Origin and breeding of the IAC 12 variety

O. S. Neves* * Êste artigo é póstumo ao autor principal e foi analisado e redigido pelo terceiro autor, que não tomou parte diretamente nos trabalhos relatados. Colaboraram na execução, colheita e protocolo dos ensaios e na obtenção de sementes das linhagens os engenheiros-agrônomos Walter Schmidt, Heitor C. Aguiar e Domingos M. Corrêa, da Seção de Algodão. Os dados tecnológicos de fibra relativos aos ensaios regionais foram obtidos na Seção de Tecnologia de Fibras, sob a responsabilidade do engenheiro-agrônomo Edmur S. Martinelli. Colaboraram na condução de ensaios e na colheita de dados os engenheiros-agrônomos Reynaldo Forster e Aldo Alves, Vicente G. de Oliveira, Armando Petinelli, Túlio R. Rocha, Hermano V. Arruda, José L. V. Rocha, Guilherme A. Paiva Castro, das Estações Experimentais respectivas de Campinas, Tietê, Tatuí, Mococa, Ribeirão Prêto, Jaú e Pindorama. A linhagem 53/348 foi entregue à Secretaria da Agricultura, para multiplicação final, em 1959, pela primeira vez, sob o nome de IAC 12. Ela foi considerada em seis anos de estudos, dos quais os três últimos em ensaio Regional de Variedades, como sendo o melhor material produzido pelo plano de cruzamento descrito. Em relação às variedades originais ela revelou maior capacidade de adaptação às condições encontradas nas diversas regiões algodoeiras do Estado de São Paulo, melhor aspecto de campo, capulho maior e produtividade maior nas condições de Campinas. Picou intermediária quanto à percentagem e comprimento de fibra. Em relação às variedades cultivadas no Estado representou uma melhoria no peso de capulho, na deiscência, na porcentagem de fibra e, principalmente, nas qualidades da fibra, sem perder nas características de campo e produtividade. Deve-se notar que, embora não houvesse entrado nos ensaios de teste de resistência à bacteriose, realizados durante a sua formação, a variedade IAC 12 apresentou tolerância considerável à doença, devido, sem dúvida, à seleção visual, no campo, de plantas menos atacadas. O seu reflexo na lavoura algodoeira pôde ser notado a partir de 1962, chegando essa variedade a cobrir 90% da área plantada. Ela contribuiu também para recolocar definitivamente o algodão paulista em posição competitiva no mercado mundial, comprometido seriamente pela crise do comprimento da fibra, em 1956. ; P. A. Cavaleri* * Êste artigo é póstumo ao autor principal e foi analisado e redigido pelo terceiro autor, que não tomou parte diretamente nos trabalhos relatados. Colaboraram na execução, colheita e protocolo dos ensaios e na obtenção de sementes das linhagens os engenheiros-agrônomos Walter Schmidt, Heitor C. Aguiar e Domingos M. Corrêa, da Seção de Algodão. Os dados tecnológicos de fibra relativos aos ensaios regionais foram obtidos na Seção de Tecnologia de Fibras, sob a responsabilidade do engenheiro-agrônomo Edmur S. Martinelli. Colaboraram na condução de ensaios e na colheita de dados os engenheiros-agrônomos Reynaldo Forster e Aldo Alves, Vicente G. de Oliveira, Armando Petinelli, Túlio R. Rocha, Hermano V. Arruda, José L. V. Rocha, Guilherme A. Paiva Castro, das Estações Experimentais respectivas de Campinas, Tietê, Tatuí, Mococa, Ribeirão Prêto, Jaú e Pindorama. A linhagem 53/348 foi entregue à Secretaria da Agricultura, para multiplicação final, em 1959, pela primeira vez, sob o nome de IAC 12. Ela foi considerada em seis anos de estudos, dos quais os três últimos em ensaio Regional de Variedades, como sendo o melhor material produzido pelo plano de cruzamento descrito. Em relação às variedades originais ela revelou maior capacidade de adaptação às condições encontradas nas diversas regiões algodoeiras do Estado de São Paulo, melhor aspecto de campo, capulho maior e produtividade maior nas condições de Campinas. Picou intermediária quanto à percentagem e comprimento de fibra. Em relação às variedades cultivadas no Estado representou uma melhoria no peso de capulho, na deiscência, na porcentagem de fibra e, principalmente, nas qualidades da fibra, sem perder nas características de campo e produtividade. Deve-se notar que, embora não houvesse entrado nos ensaios de teste de resistência à bacteriose, realizados durante a sua formação, a variedade IAC 12 apresentou tolerância considerável à doença, devido, sem dúvida, à seleção visual, no campo, de plantas menos atacadas. O seu reflexo na lavoura algodoeira pôde ser notado a partir de 1962, chegando essa variedade a cobrir 90% da área plantada. Ela contribuiu também para recolocar definitivamente o algodão paulista em posição competitiva no mercado mundial, comprometido seriamente pela crise do comprimento da fibra, em 1956. ; I. L. Gridi-Papp* * Êste artigo é póstumo ao autor principal e foi analisado e redigido pelo terceiro autor, que não tomou parte diretamente nos trabalhos relatados. Colaboraram na execução, colheita e protocolo dos ensaios e na obtenção de sementes das linhagens os engenheiros-agrônomos Walter Schmidt, Heitor C. Aguiar e Domingos M. Corrêa, da Seção de Algodão. Os dados tecnológicos de fibra relativos aos ensaios regionais foram obtidos na Seção de Tecnologia de Fibras, sob a responsabilidade do engenheiro-agrônomo Edmur S. Martinelli. Colaboraram na condução de ensaios e na colheita de dados os engenheiros-agrônomos Reynaldo Forster e Aldo Alves, Vicente G. de Oliveira, Armando Petinelli, Túlio R. Rocha, Hermano V. Arruda, José L. V. Rocha, Guilherme A. Paiva Castro, das Estações Experimentais respectivas de Campinas, Tietê, Tatuí, Mococa, Ribeirão Prêto, Jaú e Pindorama. A linhagem 53/348 foi entregue à Secretaria da Agricultura, para multiplicação final, em 1959, pela primeira vez, sob o nome de IAC 12. Ela foi considerada em seis anos de estudos, dos quais os três últimos em ensaio Regional de Variedades, como sendo o melhor material produzido pelo plano de cruzamento descrito. Em relação às variedades originais ela revelou maior capacidade de adaptação às condições encontradas nas diversas regiões algodoeiras do Estado de São Paulo, melhor aspecto de campo, capulho maior e produtividade maior nas condições de Campinas. Picou intermediária quanto à percentagem e comprimento de fibra. Em relação às variedades cultivadas no Estado representou uma melhoria no peso de capulho, na deiscência, na porcentagem de fibra e, principalmente, nas qualidades da fibra, sem perder nas características de campo e produtividade. Deve-se notar que, embora não houvesse entrado nos ensaios de teste de resistência à bacteriose, realizados durante a sua formação, a variedade IAC 12 apresentou tolerância considerável à doença, devido, sem dúvida, à seleção visual, no campo, de plantas menos atacadas. O seu reflexo na lavoura algodoeira pôde ser notado a partir de 1962, chegando essa variedade a cobrir 90% da área plantada. Ela contribuiu também para recolocar definitivamente o algodão paulista em posição competitiva no mercado mundial, comprometido seriamente pela crise do comprimento da fibra, em 1956. ; C. A. M. Ferraz* * Êste artigo é póstumo ao autor principal e foi analisado e redigido pelo terceiro autor, que não tomou parte diretamente nos trabalhos relatados. Colaboraram na execução, colheita e protocolo dos ensaios e na obtenção de sementes das linhagens os engenheiros-agrônomos Walter Schmidt, Heitor C. Aguiar e Domingos M. Corrêa, da Seção de Algodão. Os dados tecnológicos de fibra relativos aos ensaios regionais foram obtidos na Seção de Tecnologia de Fibras, sob a responsabilidade do engenheiro-agrônomo Edmur S. Martinelli. Colaboraram na condução de ensaios e na colheita de dados os engenheiros-agrônomos Reynaldo Forster e Aldo Alves, Vicente G. de Oliveira, Armando Petinelli, Túlio R. Rocha, Hermano V. Arruda, José L. V. Rocha, Guilherme A. Paiva Castro, das Estações Experimentais respectivas de Campinas, Tietê, Tatuí, Mococa, Ribeirão Prêto, Jaú e Pindorama. A linhagem 53/348 foi entregue à Secretaria da Agricultura, para multiplicação final, em 1959, pela primeira vez, sob o nome de IAC 12. Ela foi considerada em seis anos de estudos, dos quais os três últimos em ensaio Regional de Variedades, como sendo o melhor material produzido pelo plano de cruzamento descrito. Em relação às variedades originais ela revelou maior capacidade de adaptação às condições encontradas nas diversas regiões algodoeiras do Estado de São Paulo, melhor aspecto de campo, capulho maior e produtividade maior nas condições de Campinas. Picou intermediária quanto à percentagem e comprimento de fibra. Em relação às variedades cultivadas no Estado representou uma melhoria no peso de capulho, na deiscência, na porcentagem de fibra e, principalmente, nas qualidades da fibra, sem perder nas características de campo e produtividade. Deve-se notar que, embora não houvesse entrado nos ensaios de teste de resistência à bacteriose, realizados durante a sua formação, a variedade IAC 12 apresentou tolerância considerável à doença, devido, sem dúvida, à seleção visual, no campo, de plantas menos atacadas. O seu reflexo na lavoura algodoeira pôde ser notado a partir de 1962, chegando essa variedade a cobrir 90% da área plantada. Ela contribuiu também para recolocar definitivamente o algodão paulista em posição competitiva no mercado mundial, comprometido seriamente pela crise do comprimento da fibra, em 1956.

Engenheiros-agrônomos, Seção de Algodão, Instituto Agronômico

SINOPSE

A variedade paulista de algodoeiro IAC 12 resultou de um programa de cruzamento entre variedades comerciais do tipo Upland, que visou reunir várias propriedades econômicamente vantajosas. Êste programa foi iniciado no ano agrícola de 1942/43 e terminou em 1959, quando as primeiras sacas de semente básica daquela variedade foram entregues à Secretaria da Agricultura, para multiplicação em grande escala. Originária de cruzamento entre linhagens das variedades comerciais Stoneville 2B e Delfos, ela veio resolver definitivamente a crise de comprimento da fibra que afligia a cotonicultura paulista, por volta de 1956, e contribuiu para melhorar o aspecto de campo e as demais qualidades agronômicas e tecnológicas das variedades paulistas. Neste trabalho são relatadas as diversas fases da criação da variedade IAC 12 assim como os processos envolvidos e os resultados alcançados.

SUMMARY

The origin and breeding of the São Paulo cotton variety IAC 12 as well as the involved proceedings and numerical results are reported. A program of crosses between strains of several Upland varieties was iniciated in 1942/43 which ended in 1959 when the first bags of foundation seeds of IAC 12 were delivered for final increase.

IAC 12 variety originated from a cross between strains of the varieties Stoneville 2B and Delfos followed by a backcross to the later and five cycles of selection and progeny tests. This new variety not only solved the problem of lint length that depressed cotton culture of the State of São Paulo around the year of 1956, but also improved the general aspect of plants and most of the agronomic and technological characters.

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LITERATURA CITADA

Recebido para publicação em 30 de abril de 1969.

  • 1
    Arquivo dos trabalhos de algodão, Seção de Genética do Instituto Agronômico, 1939 a 1943.
  • 2. CAVALERI, P. A. A semente. In: Cultura e adubaçăo do algodoeiro. Săo Paulo, Inst. Bras. Potassa, 1965. p. 161-219.
  • 3. GRIDI-PAPP, I. L. Relaçăo do efeito de ano e do efeito de local em grupos de experimentos. Bragantia 21:L.XXIII-LXXVII, 1962. Nota 12.
  • 4. RAMOS, I. & MORAIS, M. V. O comportamento de linhagens de algodăo Delfos e Stoneville em Ribeirăo Pręto. Bragantia 3:553-595, 1943.
  • *
    Êste artigo é póstumo ao autor principal e foi analisado e redigido pelo terceiro autor, que não tomou parte diretamente nos trabalhos relatados.
    Colaboraram na execução, colheita e protocolo dos ensaios e na obtenção de sementes das linhagens os engenheiros-agrônomos Walter Schmidt, Heitor C. Aguiar e Domingos M. Corrêa, da Seção de Algodão. Os dados tecnológicos de fibra relativos aos ensaios regionais foram obtidos na Seção de Tecnologia de Fibras, sob a responsabilidade do engenheiro-agrônomo Edmur S. Martinelli.
    Colaboraram na condução de ensaios e na colheita de dados os engenheiros-agrônomos Reynaldo Forster e Aldo Alves, Vicente G. de Oliveira, Armando Petinelli, Túlio R. Rocha, Hermano V. Arruda, José L. V. Rocha, Guilherme A. Paiva Castro, das Estações Experimentais respectivas de Campinas, Tietê, Tatuí, Mococa, Ribeirão Prêto, Jaú e Pindorama.
    A linhagem 53/348 foi entregue à Secretaria da Agricultura, para multiplicação final, em 1959, pela primeira vez, sob o nome de IAC 12. Ela foi considerada em seis anos de estudos, dos quais os três últimos em ensaio Regional de Variedades, como sendo o melhor material produzido pelo plano de cruzamento descrito. Em relação às variedades originais ela revelou maior capacidade de adaptação às condições encontradas nas diversas regiões algodoeiras do Estado de São Paulo, melhor aspecto de campo, capulho maior e produtividade maior nas condições de Campinas. Picou intermediária quanto à percentagem e comprimento de fibra.
    Em relação às variedades cultivadas no Estado representou uma melhoria no peso de capulho, na deiscência, na porcentagem de fibra e, principalmente, nas qualidades da fibra, sem perder nas características de campo e produtividade.
    Deve-se notar que, embora não houvesse entrado nos ensaios de teste de resistência à bacteriose, realizados durante a sua formação, a variedade IAC 12 apresentou tolerância considerável à doença, devido, sem dúvida, à seleção visual, no campo, de plantas menos atacadas. O seu reflexo na lavoura algodoeira pôde ser notado a partir de 1962, chegando essa variedade a cobrir 90% da área plantada. Ela contribuiu também para recolocar definitivamente o algodão paulista em posição competitiva no mercado mundial, comprometido seriamente pela crise do comprimento da fibra, em 1956.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      24 Mar 2009
    • Data do Fascículo
      Jan 1969

    Histórico

    • Recebido
      30 Abr 1969
    Instituto Agronômico de Campinas Avenida Barão de Itapura, 1481, 13020-902, Tel.: +55 19 2137-0653, Fax: +55 19 2137-0666 - Campinas - SP - Brazil
    E-mail: bragantia@iac.sp.gov.br