Acessibilidade / Reportar erro

Estudo do parcelamento da adubação potássica do algodoeiro

Effect of split application of potassium chloride in cotton

Resumos

Em dez experimentos de campo conduzidos com o algodoeiro no Estado de São Paulo, no período compreendido entre os anos agrícolas de 1975/76 e 1980/81, estudou-se a conveniência de parcelar a aplicação de cloreto de potássio. Foram aplicadas no sulco de semeadura, em posição lateral e em nível inferior ao das sementes, as doses de 0, 60 e 120kg/ha de K2O. Nos demais tratamentos, a dose de 120kg/ha ou parte dela (1/3, 1/2 e 2/3) foi aplicada em cobertura, após o desbaste, em mistura com o adubo nitrogenado, com incorporação na operação de "chegar terra". Na análise individual dos resultados de produção de algodão em caroço, em apenas 10% dos casos houve efeito linear de potássio, quando aplicado tradicionalmente. Com o parcelamento, esse número subiu para 40%. Entretanto, no conjunto dos ensaios, a diferença entre modos de aplicação do nutriente não foi estatisticamente significativa. Os ensaios foram reagrupados em função de resultados dos estudos de correlação entre a produção relativa (PR) da testemunha (PR = 100 x produção sem potássio/produção com potássio) e índices de análise de solo. Estabeleceram-se grupos de respostas esperadas nos estudos de correlação linear entre PR e os índices analíticos mais relacionados com a resposta das plantas à adubação, que foram, em ordem decrescente de importância, (Ca2+ + Mg2+)/K+ e 1/K+. No grupo de alta resposta esperada a potássio [K+ < 0,08 meq e (Ca2+ + Mg2+)/K+ > 43], o parceamento da dose de 120Kg/ha de K2O superou a forma tradicional de aplicação; no grupo de média resposta esperada [0,08 a 0,24 meq para K+ e (Ca2+ + Mg2+)/K+, na faixa de 20-43 ], notou-se clara tendência para maior efeito da aplicação parcelada. Dessa forma, recomenda-se que, em condições de deficiência potássica, a aplicação de cloreto de potássio seja parcelada com cerca de 1/2 a 2/3 da dose no sulco de plantio (ao lado e em nível inferior ao das sementes) e o restante em cobertura, após o desbaste, com o adubo nitrogenado, com incorporação da mistura na operação de "chegar terra".


The advantage of split application of potassium chloride in cotton was studied in ten field experiments, conducted at different localities during the period of 1975 to 1981. In such cases, doses of 0, 60 and 120kg/ha of K2O, were placed in a fillet beside and below the seeds, at planting. In other treatments 1/3. 1/2, 2/3 or the total quantity of the highest level of potassium fertilizer was applied together with nitrogen, just after thinning, in a side-dressing operation, and covered slightly by subsequent cultivation. When all the K was applied at planting, linear effect on cotton yield appeared only in 10% of the experiments. This proportion increases to 40% when split applications were made. However, in combined analysis of all tests no significant difference was found between the two methods. Based in a study of simple correlations between cotton productivity and potassium application, expressed as the control treatment's relative yield and indices of soil analysis ike 1/K+ and (Ca2+ + Mg2+)/K+, three groups of experiments were established, according to different expected responses. Considering the group of high expected responses [K < 0.08 meq and (Ca2+ + Mg2+)/K+ > 43], parcelled application resulted in increases of cotton yield when compared with the normal method of application. Similar tendency was observed in the group of intermediate expected responses [0.8-0.24 meq of K+ and 20-43 of (Ca2+ + Mg2+)/K+]. In potassium deficient soils split application of potassium chloride can be recommended, 1/2 or 2/3 of the total level furnished at planting and the remainder just after thinning, by side-dressing, mixed with nitrogenous fertilizer and followed by cultivation.


ARTIGOS

Estudo do parcelamento da adubação potássica do algodoeiro

Effect of split application of potassium chloride in cotton

Nelson Machado da SilvaI, III; Luiz Henrique CarvalhoI, III; Edivaldo CiaI, III; Ederaldo José ChiavegatoI, III; José Carlos SabinoII, III

ISeção de Algodão, IAC

IIEstação Experimental de Tietê, Instituto Agronômico, IAC

RESUMO

Em dez experimentos de campo conduzidos com o algodoeiro no Estado de São Paulo, no período compreendido entre os anos agrícolas de 1975/76 e 1980/81, estudou-se a conveniência de parcelar a aplicação de cloreto de potássio. Foram aplicadas no sulco de semeadura, em posição lateral e em nível inferior ao das sementes, as doses de 0, 60 e 120kg/ha de K2O. Nos demais tratamentos, a dose de 120kg/ha ou parte dela (1/3, 1/2 e 2/3) foi aplicada em cobertura, após o desbaste, em mistura com o adubo nitrogenado, com incorporação na operação de "chegar terra". Na análise individual dos resultados de produção de algodão em caroço, em apenas 10% dos casos houve efeito linear de potássio, quando aplicado tradicionalmente. Com o parcelamento, esse número subiu para 40%. Entretanto, no conjunto dos ensaios, a diferença entre modos de aplicação do nutriente não foi estatisticamente significativa. Os ensaios foram reagrupados em função de resultados dos estudos de correlação entre a produção relativa (PR) da testemunha (PR = 100 x produção sem potássio/produção com potássio) e índices de análise de solo. Estabeleceram-se grupos de respostas esperadas nos estudos de correlação linear entre PR e os índices analíticos mais relacionados com a resposta das plantas à adubação, que foram, em ordem decrescente de importância, (Ca2+ + Mg2+)/K+ e 1/K+. No grupo de alta resposta esperada a potássio [K+ < 0,08 meq e (Ca2+ + Mg2+)/K+ > 43], o parceamento da dose de 120Kg/ha de K2O superou a forma tradicional de aplicação; no grupo de média resposta esperada [0,08 a 0,24 meq para K+ e (Ca2+ + Mg2+)/K+, na faixa de 20-43 ], notou-se clara tendência para maior efeito da aplicação parcelada. Dessa forma, recomenda-se que, em condições de deficiência potássica, a aplicação de cloreto de potássio seja parcelada com cerca de 1/2 a 2/3 da dose no sulco de plantio (ao lado e em nível inferior ao das sementes) e o restante em cobertura, após o desbaste, com o adubo nitrogenado, com incorporação da mistura na operação de "chegar terra".

SUMMARY

The advantage of split application of potassium chloride in cotton was studied in ten field experiments, conducted at different localities during the period of 1975 to 1981. In such cases, doses of 0, 60 and 120kg/ha of K2O, were placed in a fillet beside and below the seeds, at planting. In other treatments 1/3. 1/2, 2/3 or the total quantity of the highest level of potassium fertilizer was applied together with nitrogen, just after thinning, in a side-dressing operation, and covered slightly by subsequent cultivation. When all the K was applied at planting, linear effect on cotton yield appeared only in 10% of the experiments. This proportion increases to 40% when split applications were made. However, in combined analysis of all tests no significant difference was found between the two methods. Based in a study of simple correlations between cotton productivity and potassium application, expressed as the control treatment's relative yield and indices of soil analysis ike 1/K+ and (Ca2+ + Mg2+)/K+, three groups of experiments were established, according to different expected responses. Considering the group of high expected responses [K < 0.08 meq and (Ca2+ + Mg2+)/K+ > 43], parcelled application resulted in increases of cotton yield when compared with the normal method of application. Similar tendency was observed in the group of intermediate expected responses [0.8-0.24 meq of K+ and 20-43 of (Ca2+ + Mg2+)/K+]. In potassium deficient soils split application of potassium chloride can be recommended, 1/2 or 2/3 of the total level furnished at planting and the remainder just after thinning, by side-dressing, mixed with nitrogenous fertilizer and followed by cultivation.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Recebido para publicação a 13 de setembro de 1982.

  • 1. CATANI, R. A. Estudos do potássio nos solos do Estado de São Paulo São Paulo, Companhia Brasileira de Potassa e Adubos Indústria e Comércio, 1955. 39p.
  • 2. COOPER, H. P. & WALLACE, R. W. The rate and time of applying potash fertilizers to cotton. South Carolina, Agric. Exp. Sta. Annual Report 50:127-128, 1937.
  • 3. EATON. F. M. & ERGLE, D. R. Mineral nutrition of the cotton plant. Plant Physiology, 32:169-175, 1957.
  • 4. FREITAS, L. M. M.; McCLUNG, A. C.; GOMES, F. P. Determinação das áreas deficientes em potássio para a cultura de algodão. Fertilité, 26:37-47, 1966.
  • 5. FUZATTO, M. G. Adubação mineral. In: CULTURA e adubação do algodoeiro. São Paulo, Instituto Brasileiro de Potassa, 1966. p.475-508.
  • 6. _________ & FERRAZ, C. A. M. Correlação entre o efeito da adubação potássica no algodoeiro e análise química do solo. Bragantia, Campinas, 26:345-352, 1967.
  • 7. KÜPPER, A.; GROHMANN, F.; GARGANTINI, H. Movimento de íons NO3; NH4+, K+ e PO---4, em solo massapê, roxo misturada e arenito Bauru. Campinas, Instituto Agronômico, 1953. 8p. (Boletim, 34)
  • 8. McCANTS, C. B. Seasonal distribution of nutrients in soil under tobacco culture. Soil Science, 94:36-43, 1962.
  • 9. MENDES, H. C. Nutrição mineral. In: CULTURA e adubação do algodoeiro. São Paulo, Instituto Brasileiro de Potassa, 1966. p.461-474.
  • 10. NEVES, O. S. & FREIRE, E. S. Adubação do algodoeiro. I. Influência dos adubos, quando aplicados em contacto com as sementes, sobre a germinação. Bragantia, Campinas, 15:301-314, 1956.
  • 11. __________ & __________ Adubação do algodoeiro. IV. Ensaios sobre época de aplicação de azoto e potássio. Bragantia, Campinas, 16:269-296, 1957.
  • 12. OLSON, L. C. & BLEDSOE, E. P. The chemical composition of the cotton plant and the uptake of nutrients at different stages of growth. Georgia, Exp. Sta., 1942. (Bulletin, 222)
  • 13. RAIJ, B. van. Técnicas de avaliação da fertilidade do solo e estabelecimento de níveis de adubação. In: AVALIAÇÃO DA FERTILIDADE DO SOLO. Piracicaba, Instituto da Potassa & Fosfato e Instituto Internacional da Potassa, 1981. p. 49-74.
  • 14. RIGHI, N. R.; FERRAZ, C. A. M.; CORRÊA, D. M. Cultura. In: CULTURA e adubação do algodoeiro. São Paulo, Instituto Brasileiro de Potassa, 1966. p. 255-317.
  • 15. ROUSE, R. D. Potassium requiriments of crops on Alabama soils. Alabama, Agr. Expt. Sta., 1960. (Bulletin, 324)
  • 16. SCHMIDT, W.; NEVES, O. S.; FREIRE, E. S. V. Ensaios com azoto, fósforo e potássio em "campos de cooperação". Bragantia, Campinas, 17(27'):363-409, 1958.
  • 17. SILVA, N. M. Importância da seleção de glebas para estudos de adubação do algodoeiro. Campinas, Instituto Agronômico, 1971. 11p. (Projeto BNDE/ANDA/CIA - Publicação, 8)
  • 18. __________; FERRAZ. C. A. M.; GRIDI-PAPP, I. L.; CIA, E.; RODRIGUES FILHO, F. S. O. Adubação nitrogenada e potássica do algodoeiro no Estado de São Paulo. Resultados de produção no período de 1970 a 1973. Bragantia, Campinas, 24(10):177-193, 1975.
  • *
    Com bolsa de suplementação do CNPq.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      17 Dez 2007
    • Data do Fascículo
      1984

    Histórico

    • Recebido
      13 Set 1982
    Instituto Agronômico de Campinas Avenida Barão de Itapura, 1481, 13020-902, Tel.: +55 19 2137-0653, Fax: +55 19 2137-0666 - Campinas - SP - Brazil
    E-mail: bragantia@iac.sp.gov.br