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CARACTERIZAÇÃO TECNOLÓGICA DE HÍBRIDOS DE AGAVE

Resumos

Determinou-se a produção de fibras e os teores de matéria seca e os de fibras e frações não fibrosas em folhas de 152 hibridos de Agave, comparando-se esses dados com os da espécie típica (Agave sisalana). Os híbridos foram obtidos do retrocruzamento (A. amaniensis x A. angustifolia) x A. amaniensis. As produções de fibra (0,2 a 2,5 kg/planta) e os teores de matéria seca (142,3 a 216,0 g/kg), de fibras (189,9 a 361,9 g/kg) e de frações não fibrosas (219,2 a 365,1 g/kg) em folhas, variaram acentuadamente entre os híbridos, em comparação com os resultados da espécie típica. A produção média de fibras (1,4 kg/planta) dos 58 híbridos mais produtivos foi o dobro da produção da espécie A. sisalana (0,7 kg/planta).

sisal; Agave sisalana; determinação de fibras


Fiber production per plant and leaf dry matter content as well as leaf fiber and non-fibrous fraction levels have been scored in 152 Agave hybrids, and the results compared with those of Agave sisalana (common species). Those hybrids were derived from the backcross (A. amaniensis x A. angustifolia) x A. amaniensis. Fiber production (0.2 to 2.5 kg/plant), leaf dry matter content (142.3 to 216.0 g/kg), leaf fiber (189.9 to 361.9 g/kg) and leaf non-fibrous fraction (219.2 to 365.1 g/kg) varied sharply among the hybrids tested, as compared with the values obtained in Agave sisalana. Average fiber production (1.4 kg/plant) from the 58 highest yielding hybrids significantly outscored that of the common species (0.7 kg/plant).

sisal; Agave sisalana; fibers determination


IV. TECNOLOGIA DE FIBRAS

NOTA

CARACTERIZAÇÃO TECNOLÓGICA DE HÍBRIDOS DE AGAVE(1)(1) Recebido para publicação em 14 de julho de 1997 e aceito em 23 de março de 1998. Recebido para publicação em 14 de julho de 1997 e aceito em 23 de março de 1998.

ANISIO AZZINI(2, 3) (2) Centro de Algodão e Plantas Fibrosas, Instituto Agronômico (IAC), Caixa Postal 28, 13001-970 Campinas (SP). , ROSE MARRY ARAÚJO GONDIM-TOMAZ(2) (2) Centro de Algodão e Plantas Fibrosas, Instituto Agronômico (IAC), Caixa Postal 28, 13001-970 Campinas (SP). , NORMA DE MAGALHÃES ERISMANN(2) (2) Centro de Algodão e Plantas Fibrosas, Instituto Agronômico (IAC), Caixa Postal 28, 13001-970 Campinas (SP). , ANTONIO ALBERTO COSTA(2) (2) Centro de Algodão e Plantas Fibrosas, Instituto Agronômico (IAC), Caixa Postal 28, 13001-970 Campinas (SP). e ROMEU BENATTI JUNIOR(2) (2) Centro de Algodão e Plantas Fibrosas, Instituto Agronômico (IAC), Caixa Postal 28, 13001-970 Campinas (SP).

RESUMO

Determinou-se a produção de fibras e os teores de matéria seca e os de fibras e frações não fibrosas em folhas de 152 hibridos de Agave, comparando-se esses dados com os da espécie típica (Agave sisalana). Os híbridos foram obtidos do retrocruzamento (A. amaniensis x A. angustifolia) x A. amaniensis. As produções de fibra (0,2 a 2,5 kg/planta) e os teores de matéria seca (142,3 a 216,0 g/kg), de fibras (189,9 a 361,9 g/kg) e de frações não fibrosas (219,2 a 365,1 g/kg) em folhas, variaram acentuadamente entre os híbridos, em comparação com os resultados da espécie típica. A produção média de fibras (1,4 kg/planta) dos 58 híbridos mais produtivos foi o dobro da produção da espécie A. sisalana (0,7 kg/planta).

Termos de indexação: sisal, Agave sisalana, determinação de fibras.

ABSTRACT

TECHNOLOGICAL CHARACTERIZATION OF AGAVE HYBRIDS

Fiber production per plant and leaf dry matter content as well as leaf fiber and non-fibrous fraction levels have been scored in 152 Agave hybrids, and the results compared with those of Agave sisalana (common species). Those hybrids were derived from the backcross (A. amaniensis x A. angustifolia) x A. amaniensis. Fiber production (0.2 to 2.5 kg/plant), leaf dry matter content (142.3 to 216.0 g/kg), leaf fiber (189.9 to 361.9 g/kg) and leaf non-fibrous fraction (219.2 to 365.1 g/kg) varied sharply among the hybrids tested, as compared with the values obtained in Agave sisalana. Average fiber production (1.4 kg/plant) from the 58 highest yielding hybrids significantly outscored that of the common species (0.7 kg/plant).

Index terms: sisal, Agave sisalana, fibers determination.

A espécie Agave sisalana Perr é praticamente a única espécie cultivada em nosso País para a produção de fibras denominadas "duras" ou estruturais. Suas características agronômicas e tecnológicas têm permanecido inalteradas em decorrência de sua propagação vegetativa, por meio de bulbilhos e rebentões. O melhoramento genético da A. sisalana não tem sido possível, pois, sempre que propagada por via sexuada, seus descendentes apresentam grande quantidade de espinhos nas bordas das folhas, inviabilizando seu cultivo econômico. Esse fato não ocorre com outras espécies de Agave, as quais produzem híbridos com e sem espinhos. A partir do retrocruzamento entre a espécie A. amaniensis e seu híbrido com a A. angustifolia, obtiveram-se 152 plantas híbridas sem espinhos nas folhas, mas com acentuadas variações fenotípicas, quanto ao número e às dimensões das folhas. No presente estudo, determinaram-se as características tecnológicas das 152 plantas híbridas, visando selecionar as mais produtivas em fibras.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram analisadas 152 plantas híbridas de Agave, provenientes do retrocruzamento entre a espécie A. amaniensis e seu híbrido com a A. angustifolia. De cada planta, colheram-se as folhas localizadas entre os ângulos 45 e 90o em relação ao eixo da planta, conforme recomendação de Medina & Correia (1947). As folhas colhidas de cada planta foram contadas, dimensionadas e separadas em três lotes (basal, mediano e extremidade). Retirou-se, de cada lote, uma folha, num total de três folhas por planta. Essas, antes de serem amostradas para as determinações tecnológicas, foram dimensionadas quanto ao comprimento e à largura na região mediana. Efetuou-se a amostragem para as determinações tecnológicas, quanto aos teores de matéria seca, fibras e fração não fibrosa, na região mediana de cada folha.

O teor de matéria seca foi calculado em função da massa úmida e seca das amostras, sendo a massa seca determinada em estufa a 105 ± 3 oC, até massa constante. Para a determinação do teor de fibras, as amostras foram desfibradas em liquidificador comum de copo invertido, sendo de 1:30 a relação entre a massa da amostra e o volume de água. Após o desfibramento, as fibras foram separadas da fração não fibrosa por um jato d'água sobre uma peneira com malhas de aproximadamente 2 mm. A seguir, as fibras e a fração não fibrosa foram levadas à estufa para secar a uma temperatura de 105 ± 3 oC até massa constante. Os teores de fibras e fração não fibrosa foram calculados em relação à massa seca da folha. A quantidade de fibras secas produzidas por planta foi calculada em função da produção de folhas, do teor de fibras e da matéria seca nas folhas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em comparação com a espécie típica (A. sisalana), os dados obtidos com as plantas híbridas (Quadro 1) variaram acentuadamente quanto ao número de folhas (31 a 68), comprimento (59 a 139 cm), largura (7,6 a 14,3 cm) e à produção de folhas por planta (5,7 a 49,2 kg). Nas 58 plantas híbridas mais produtivas, a produção média das folhas foi 84,6% superior à da espécie típica. Os dados obtidos para a espécie A. sisalana, quanto ao número (42) e produção de folhas por planta (15,6 kg) estão dentro dos limites observados por Ciaramello et al. (1975). A maior produção de folhas com maiores dimensões, nas plantas híbridas, mostra a contribuição genética das espécies A. amaniensis e A. angustifolia usadas na sua obtenção. Segundo Lock (1962), tais espécies se destacam por apresentar rápido desenvolvimento vegetativo e produzir folhas longas com elevado teor de fibras.


A produção de fibras por planta e os teores de matéria seca, fibras e fração não fibrosa nas folhas das plantas híbridas, em comparação com a espécie A. sisalana, encontram-se no Quadro 2. Para as plantas híbridas, essas determinações tecnológicas variaram, drasticamente, de 142,3 a 216,0 g/kg para a matéria seca; de 189,9 a 361,9 g/kg para o teor de fibras; de 219,2 a 365,1 g/kg para a fração não fibrosa, e de 0,2 a 2,5 kg para a produção de fibras por planta. Para a espécie típica, os valores obtidos foram, respectivamente, de 170,1, 270,1, 252,4 g/kg e 0,7 kg. A produção média de fibras (1,4 kg) das 58 plantas híbridas mais produtivas foi o dobro da produção da espécie A. sisalana (0,7 kg). Em experimentos de campo, a produção dessa espécie foi ainda menor (0,5 kg), conforme Ciaramello et al. (1975). Os dados desta pesquisa evidenciaram as grandes possibilidades de promover o melhoramento genético do sisal, a partir das 58 plantas pré-selecionadas.


(3)Com bolsa de produtividade em pesquisa do CNPq.

  • CIARAMELLO, D. & CASTRO, G.A. de P. Estudo comparativo entre espécies de Agave Bragantia, Campinas, 34: 195-201, 1975.
  • MEDINA, J.C. & CORREIA, F.A. A severidade de corte no sisal e análise tecnológica da fibra. Bragantia, Campinas, 7:207-219, 1947.
  • LOCK, G.W. Sisal London, Longmans, 1962. 355p.
  • (1) Recebido para publicação em 14 de julho de 1997 e aceito em 23 de março de 1998.
    Recebido para publicação em 14 de julho de 1997 e aceito em 23 de março de 1998.
  • (2)
    Centro de Algodão e Plantas Fibrosas, Instituto Agronômico (IAC), Caixa Postal 28, 13001-970 Campinas (SP).
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      16 Jun 1999
    • Data do Fascículo
      1998

    Histórico

    • Aceito
      23 Mar 1998
    • Recebido
      14 Jul 1997
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