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AVALIAÇÃO DE VARIEDADES DE GOIABEIRA EM MONTE ALEGRE DO (SP)

Resumos

Este estudo, realizado na Estação Experimental de Monte Alegre do Sul, do IAC, objetivou consolidar os resultados obtidos, que haviam indicado a superioridade produtiva de vinte e uma variedades de goiabeiras em fase de crescimento. Analisaram-se: a produção média na fase adulta; a produção acumulada nas fases de crescimento e adulta; a massa média dos frutos e as características vegetativas de cada uma das variedades em estudo. O conjunto dos resultados indicou a Indiana Vermelha como a variedade mais produtiva entre as estudadas. Além desta, destacaram-se ainda, com altas produções, as seguintes: L2 P4 Vermelha, L4 P14 Branca, Monte Alto Vermelha, FAO 61, L7 P28 Vermelha e Torrão de Ouro, que não apresentaram diferenças significativas quando comparadas com a Indiana Vermelha. Com base nos valores das características vegetativas estudadas, concluiu-se que o maior desenvolvimento vegetativo não pode ser considerado como um parâmetro favorável às altas produções.

goiaba; Psidium guajava L.; variedades; produção; características vegetativas


The main objective of this study was to confirm the results already obtained, which determined high yields for twenty one guava varieties during the growing stage. These varieties were evaluated at the Experimental Station of Monte Alegre do Sul, Instituto Agronômico, State of São Paulo, Brazil. The following parameters were analysed: average yields in 1991-93 (adult plant stage); total production obtained in 1986-93 (growing and adult plant stages); the mean weight of the fruits and, vegetative characteristics of each variety. The `Indiana Vermelha', was the most productive variety. Other varieties, such as, L2 P4 Vermelha, L4 P14 Branca, Monte Alto Vermelha, FAO 61, L7 P28 Vermelha and Torrão de Ouro also presented high yields. No statistical differences were observed among them. According to the evaluation, the greatest vegetative growth cannot be considered as a suitable characteristic for high yields.

guava; Psidium guajava L.; varieties; yield; vegetative characteristics


V. FITOTECNIA

AVALIAÇÃO DE VARIEDADES DE GOIABEIRA EM MONTE ALEGRE DO SUL (SP) (1)(1) Trabalho apresentado no XIX Congresso Brasileiro de Fruticultura, realizado em Curitiba (PR), em outubro de 1996. Recebido para publicação em 28 de junho de 1996 e aceito em 26 de janeiro de 1998. Trabalho apresentado no XIX Congresso Brasileiro de Fruticultura, realizado em Curitiba (PR), em outubro de 1996. Recebido para publicação em 28 de junho de 1996 e aceito em 26 de janeiro de 1998.

RUI RIBEIRO DOS SANTOS(2) (2) Estação Experimental de Monte Alegre do Sul, Instituto Agronômico (IAC), Caixa Postal 01, 13910-000 Monte Alegre do Sul (SP). (5) Coordenadoria da Pesquisa Agropecuária (C.P.A.), Av. Miguel Stéfano, 3900, 04301-903 São Paulo (SP). , FERNANDO PICARELLI MARTINS (3) (2) Estação Experimental de Monte Alegre do Sul, Instituto Agronômico (IAC), Caixa Postal 01, 13910-000 Monte Alegre do Sul (SP). (5) Coordenadoria da Pesquisa Agropecuária (C.P.A.), Av. Miguel Stéfano, 3900, 04301-903 São Paulo (SP). , IVAN JOSÉ ANTUNES RIBEIRO(4,7) (2) Estação Experimental de Monte Alegre do Sul, Instituto Agronômico (IAC), Caixa Postal 01, 13910-000 Monte Alegre do Sul (SP). (5) Coordenadoria da Pesquisa Agropecuária (C.P.A.), Av. Miguel Stéfano, 3900, 04301-903 São Paulo (SP). , LENICE MAGALI DO NASCIMENTO(5) (2) Estação Experimental de Monte Alegre do Sul, Instituto Agronômico (IAC), Caixa Postal 01, 13910-000 Monte Alegre do Sul (SP). (5) Coordenadoria da Pesquisa Agropecuária (C.P.A.), Av. Miguel Stéfano, 3900, 04301-903 São Paulo (SP). E TOSHIO IGUE(6) (2) Estação Experimental de Monte Alegre do Sul, Instituto Agronômico (IAC), Caixa Postal 01, 13910-000 Monte Alegre do Sul (SP). (5) Coordenadoria da Pesquisa Agropecuária (C.P.A.), Av. Miguel Stéfano, 3900, 04301-903 São Paulo (SP).

RESUMO

Este estudo, realizado na Estação Experimental de Monte Alegre do Sul, do IAC, objetivou consolidar os resultados obtidos, que haviam indicado a superioridade produtiva de vinte e uma variedades de goiabeiras em fase de crescimento. Analisaram-se: a produção média na fase adulta; a produção acumulada nas fases de crescimento e adulta; a massa média dos frutos e as características vegetativas de cada uma das variedades em estudo. O conjunto dos resultados indicou a Indiana Vermelha como a variedade mais produtiva entre as estudadas. Além desta, destacaram-se ainda, com altas produções, as seguintes: L2 P4 Vermelha, L4 P14 Branca, Monte Alto Vermelha, FAO 61, L7 P28 Vermelha e Torrão de Ouro, que não apresentaram diferenças significativas quando comparadas com a Indiana Vermelha. Com base nos valores das características vegetativas estudadas, concluiu-se que o maior desenvolvimento vegetativo não pode ser considerado como um parâmetro favorável às altas produções.

Termos de indexação: goiaba, Psidium guajava L., variedades, produção, características vegetativas.

ABSTRACT

GUAVA YIELD IN MONTE ALEGRE DO SUL, STATE OF SÃO PAULO, BRAZIL: II. FINAL RESULTS

The main objective of this study was to confirm the results already obtained, which determined high yields for twenty one guava varieties during the growing stage. These varieties were evaluated at the Experimental Station of Monte Alegre do Sul, Instituto Agronômico, State of São Paulo, Brazil. The following parameters were analysed: average yields in 1991-93 (adult plant stage); total production obtained in 1986-93 (growing and adult plant stages); the mean weight of the fruits and, vegetative characteristics of each variety. The `Indiana Vermelha', was the most productive variety. Other varieties, such as, L2 P4 Vermelha, L4 P14 Branca, Monte Alto Vermelha, FAO 61, L7 P28 Vermelha and Torrão de Ouro also presented high yields. No statistical differences were observed among them. According to the evaluation, the greatest vegetative growth cannot be considered as a suitable characteristic for high yields.

Index terms: guava, Psidium guajava L., varieties, yield, vegetative characteristics.

1. INTRODUÇÃO

A goiabeira (Psidium guajava L.), planta da família das Mirtáceas, é típica e comumente encontrada nos campos do planalto paulista, onde cresce em meio a outros arbustos, e também, em estado subespontâneo, na beirada dos caminhos (Decker, 1953).

Dentre as frutíferas cultivadas no Estado de São Paulo, a goiabeira destaca-se pela sua importância econômica, pois, em uma área plantada com cerca de 22 mil hectares, observou-se evolução de aproximadamente 10% entre os anos de 1980 e 1990 (Foltran & Piza Jr., 1991). Nesse aspecto, deve-se realçar que a goiabeira é planta perene e, como tal, sua implantação indica investimento a longo prazo, configurando-se, portanto, como uma fruta de bom retorno econômico, pois é notória sua aceitação comercial tanto para a venda ao natural quanto para a industria (confecção de doces, geléias, sorvetes, massas, compotas).

Apesar de sua importância agrícola, até pouco tempo atrás não havia maiores cuidados em organizar a cultura no Brasil do ponto de vista científico que, de acordo com Schrader et. al (1954), estabeleceria preceitos racionais para sua exploração organizada. Tanto é verdade que muitos pomares comerciais foram formados por mudas propagadas por via sexual (apesar de atualmente ser mais freqüente a formação de pomares originários de mudas propagadas vegetativamente). Em conseqüência, as plantas existentes nos pomares mais antigos possuem características próprias, inclusive diversas das plantas de origem, devido à ocorrência de alta taxa de panmixia determinada pela polinização cruzada, taxa calculada em 35,6%, de acordo com Soubihe Sobrinho & Gurgel (1962).

A produtividade dos pomares destinados à produção de goiabas para as indústrias existentes no Estado de São Paulo é baixa. A média detectada em dez anos (1978-88) de análises estatísticas, feitas pelo Instituto de Economia Agrícola (1990), demonstrou rendimento de cerca de 70,0 kg de frutos/planta/ano, correspondendo a 15,6 toneladas por hectare em uma população de 224 plantas na área. Para efeito de comparação, em um experimento no Havaí, na década de 1970, por Nakasone et. al. (1976), verificou-se que a produção do cv. Beamont (à época, o único disponível para o cultivo comercial), em goiabeira adulta, foi superior a 255 kg de frutos/planta/ano, correspondendo a 57 toneladas por hectare em uma população de 224 plantas na área.

Com objetivos comuns de obter cultivares mais produtivos e com frutos de qualidade superior, pesquisadores brasileiros, em virtude de trabalhos recentes, já selecionaram plantas matrizes viáveis para a formação de pomares racionais. Dentre outros, destacaram-se Queiroz Pinto (1976) na Bahia, Manica et al. (1981) em Minas Gerais, Gonzaga Neto et al. (1986, 1987, 1991) em Pernambuco, e Pereira (1984) em São Paulo.

Em 1986, o Instituto Agronômico iniciou estudos semelhantes aos desses autores, junto à Estação Experimental de Monte Alegre do Sul. Os primeiros resultados mostraram-se promissores e concernentes com as plantas de altas produções e frutos de qualidades organolépticas superiores, ressalvando-se, todavia, que tais atributos correspondiam a goiabeiras em fase de crescimento (Santos et al., 1991a,b; Nascimento et al., 1991).

Com o objetivo de consolidar os resultados, os trabalhos tiveram continuidade no período 1991-93, visando obter variedades mais produtivas dentro de produções acumuladas durante sete anos de estudos, abrangendo os períodos de formação e fase adulta das plantas, relacionando-os com os aspectos de desenvolvimento vegetativo de tais variedades.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho, implantado na Estação Experimental de Monte Alegre do Sul, contém, nesta etapa, os resultados finais das variedades de goiabeira antes selecionadas para altas produções no período de crescimento (1986-90). As variações de produção foram tomadas em vinte e uma variedades de goiabeira, contendo cada uma três exemplares, cujas plantas se encontravam no espaçamento de 6,0 x 5,5 m.

As variedades avaliadas foram: Indiana Vermelha, L2 P4 Vermelha, L4 P14 Branca, Torrão de Ouro, L7 P28 Vermelha, Monte Alto Vermelha, FAO 61, L3 P9 Vermelha, Webber Supreme, Rica J 2, Campos, IAC 4, Ogawa 3 Vermelha, FAO 5, L2 P6 Vermelha, Ruby Supreme, L6 P22 Branca, L1 P2 Vermelha, L3 P10 Vermelha, Monte Alto Comum 1 e Australiana Vermelha.

Os tratos culturais, nutricionais e fitossanitários efetuados obedeceram às recomendações técnicas normalmente preconizadas para uma cultura comercial (Boaventura & Moreira, 1990). As goiabeiras não foram podadas, efetuando-se apenas a limpeza e o arejamento das plantas. Para efeito de avaliação, optou-se, neste trabalho, pelo cômputo de produção total de frutos das plantas em estudo, não ocorrendo desbastes nem descartes de frutos.

2.1 Produção média obtida na fase adulta

As plantas atingiram a fase adulta a partir do ano agrícola 1990-91, sendo então avaliadas as produções obtidas durante três anos seguidos. Visando estabelecer um critério da otimização produtiva, estipulou-se o mínimo de 134 kg de frutos/planta/ano como base seletiva para destaque das variedades em estudo. Esse critério se firma na produção anual esperada de um pomar de goiabeiras adultas e tecnicamente bem conduzido, ou seja, 30 toneladas de frutos/hectare/ano (Pereira & Martinez Jr., 1986), correspondente ao critério mínimo citado, quando existe uma população de 224 plantas/hectare.

2.2 Produção acumulada e peso médio dos frutos

A produção acumulada refere-se ao período total do presente estudo (1986-93) e abrange as fases de crescimento e adulta das plantas. A totalização das produções obtidas durante esse período permitiria definir, em caráter final, as variedades que podem ser consideradas como de altas produções.

2.3 Características vegetativas das plantas

Os aspectos vegetativos das variedades foram caracterizados por meio de medições de altura das plantas e dos diâmetros médios de suas copas. Com esses dados, foi possível calcular o índice de conformação (IC) das variedades. Para o vigor vegetativo, optou-se pela comparação do volume das copas complementado pelo diâmetro dos troncos, medido em uma altura intermediária, ou seja, entre a região do colo e o ponto de inserção do primeiro galho das plantas em estudo.

A comparação entre os volumes das copas e a produção obtida por metro cúbico de copa, permitiu definir, aos sete anos de idade, a influência do desenvolvimento vegetativo na produção das variedades.

Os dados obtidos foram submetidos à análise da variância. Para a significância, utilizou-se o teste F, nos níveis de 5% e 1%. Nos casos de diferenças significativas, as médias foram comparadas pelo teste de Duncan, ao nível de 5% (Pimentel Gomes, 1963).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. Produção média da fase adulta

Os dados das produções médias anuais, observados no período 1991-93, das vinte e uma variedades mais produtivas, encontram-se no Quadro 1. Quando submetidas ao teste de Duncan (5%), comparando-se as médias de produção, as variedades L2 P4 Vermelha, Indiana Vermelha, L4 P14 Branca, Torrão de Ouro, L7 P28 Vermelha, Monte Alto Vermelha, FAO 61, L3 P29 Vermelha, Webber Supreme e Rica J2 podem ser consideradas as mais produtivas no período.


Apesar das diferenças de produção encontradas, todas as variedades em estudo se demonstraram superiores à média de produção das plantas adultas registradas nos pomares comerciais do Estado de São Paulo (cerca de 70,0 kg de frutos/planta/ano). Destaque-se ainda que a `L2 P4 Vermelha' produziu, em média, na fase adulta, 194,2 kg defrutos/planta/ano, superando 277,8% a média estadual citada. Além disso, doze variedades obtiveram produções médias superiores àquelas esperadas em pomares adultos, tecnicamente bem conduzidos, qual seja, de 134 kg de frutos/planta/ano.

3.2. Produção acumulada e massa média do fruto

A produção acumulada obtida pelas variedades nas fases de crescimento e adulta, assim como a totalização dos dados, encontram-se no Quadro 2.


A aplicação do teste de Duncan ao nível de 5% indicou a 'Indiana Vermelha' como a mais produtiva no período 1986-93, pois sua produção acumulada total foi de 891,1 kg de frutos/planta. Entretanto, as variedades L2 P4 Vermelha, L4 P14 Branca, Monte Alto Vermelha, FAO 61, L7 P28 Vermelha e Torrão de Ouro não mostraram diferenças significativas de produção relativamente à primeira colocada, o que as indica também como promissoras na mesma característica.

Observou-se correlação positiva e altamente significativa entre as produções acumuladas da fase de crescimento (r = 0,77) e da adulta (r = 0,95) em relação à acumulada total, o que indica, com maior grau de segurança, que as variedades bem classificadas são realmente as mais promissoras.

Destaque-se ainda que as variedades Indiana Vermelha, L4 P14 Branca, Monte Alto Vermelha e FAO 61 integram a relação de altas produções, tanto na fase de crescimento quanto na fase adulta das plantas, fato que reforça sua superioridade produtiva.

Complementarmente, relacionaram-se as massas médias dos frutos, obtidas sob critérios de amostragens, durante a fase adulta das plantas, com frutos perfeitos, observando-se que, durante o transcorrer de todo o estudo, não se efetuaram desbastes. Os resultados demonstraram que 95% das variedades produziram frutos com massa média, entre 50 e 99 g, classificados como regulares, de acordo com a proposta de Queiroz Pinto (1976). A exceção permaneceu com a `Australiana Vermelha', cujo fruto apresentou 112,34 g, em média, podendo ser classificado como bom, dentro da mesma proposta.

3.3. Características vegetativas

Os resultados obtidos pelas medições das características vegetativas das variedades, relativos à altura das plantas, ao diâmetro médio das copas (tomados em posição perpendicular na região mediana das árvores) e ao índice de conformação (IC - relação existente entre a altura da planta e o diâmetro da copa) encontram-se no Quadro 3. Esses dados foram tomados ao término da colheita do sétimo ano de produção. O teste de Duncan, ao nível de 5%, demonstrou que não existiram diferenças significativas entre as variedades Australiana Vermelha, FAO 61, Monte Alto Comum 1, FAO 5, IAC 4, L6 P22 Branca, Campos, L2 P6 Vermelha, Rica J2, L7 P28 Vermelha e Ruby Supreme para a característica de baixos índices de conformação, indicadores de plantas de porte baixo e bem abertas.


Com os dados de altura e diâmetro das copas, foi possível determinar seu volume nas variedades estudadas. Para tanto, aplicaram-se as tabelas calculadas por Turrell (1946), utilizadas para a determinação de superfície e volume de esferóides.

O Quadro 4 apresenta os resultados de volume das copas, diâmetro dos troncos e produção por área da planta (esta expressa em kg de frutos/m3 de copa), significando, em última análise, um índice da produtividade da planta.


Os dados de volume de copa das variedades foram submetidos à análise da variância, os quais não revelaram diferenças significativas entre si, pelo teste F. Calculando-se, em seguida, o índice de produtividade, foi possível observar que os maiores volumes de copa não podem ser considerados como características de maior produtividade. Tal fato já havia sido constatado em estudos relacionados com citros (Teófilo Sobrinho et al., 1973). Ao se confrontar o volume da copa com o índice de produtividade, observou-se uma correlação não significativa (r = -0,27). Da mesma forma, ao se relacionar o diâmetro do tronco com tal índice, verificou-se uma correlação não significativa (r = 0,02). Ambos os dados são indicativos fortes de que não existe uma relação entre o maior vigor vegetativo e a produção da variedade. Salienta-se que o volume da copa e o diâmetro do tronco são características diretamente relacionadas com o desenvolvimento da planta. Constata-se, neste estudo, a existência de uma correlação positiva e significativa a 5% (r = 0,50) entre ambos, indício de que, isoladamente, podem determinar se a planta é ou não bem desenvolvida.

As avaliações de produtividade foram efetuadas na fase de crescimento das plantas, quando as goiabeiras atingiram quatro anos. Na ocasião, os resultados destacaram a variedade Indiana Vermelha como a mais produtiva, caracterizando o objetivo principal de todo o trabalho, e foram confirmados pelas produções analisadas durante todo o transcorrer da pesquisa, que ora se encerra.

Um dos aspectos positivos deste estudo foi que, além da `Indiana Vermelha', outras variedades também se destacaram significativamente no parâmetro produtividade, indicador valioso da possibilidade de opções varietais.

Além da característica principal, observaram-se outros aspectos relevantes durante o transcorrer do estudo. A massa média dos frutos, que não se mostrou muito satisfatória nas variedades mais produtivas, poderá ser melhorada quando aplicado um sistema racional de raleio, o que não foi feito nessa fase. Notou-se ainda que, na fase adulta (Quadro 1) as variedades Ogawa 3 Vermelha e Indiana Vermelha não apresesentaram alternância de produção, ao contrário das demais.

Outra característica valiosa foi a determinação do índice de conformação das variedades, fator que se salienta quando de uma eventual análise para detecção dos possíveis porta-enxertos para a goiabeira.

As avaliações obtidas por meio do vigor vegetativo das variedades (que, neste estudo, foram feitas pela comparação do volume das copas das plantas) permitiram detectar a independência de uma relação entre a alta produção e o maior vigor vegetativo. Ante essa constatação, não se pode considerar, num processo de escolha, que uma planta seja produtiva apenas pela sua boa aparência vegetativa.

4. CONCLUSÕES

1. A Indiana Vermelha foi a variedade que apresentou maior produtividade durante o transcorrer do trabalho, em função de sua produção acumulada, entre os anos de 1986 e 1993, ter sido a maior de todas. Entretando, essa produção não diferiu significativamente da apresentada pelas variedades L2 P4 Vermelha, L4 P14 Branca, Monte Alto Vermelha, FAO 61, L7 P28 Vermelha e Torrão de Ouro, o que indica que todas essas são produtivamente superiores quando comparadas com as demais.

2. As variedades Indiana Vermelha, L4 P14 Branca, Monte Alto Vermelha e FAO 61 integraram a lista das mais produtivas tanto na fase de crescimento quanto na adulta.

3. Os frutos de todas as variedades podem ser classificados como médios. A exceção fica com a `Australiana Vermelha', cujo fruto se classifica como bom, dentro do critério que estabelece a massa do fruto como parâmetro classificatório.

4. As variedades, ao serem analisadas de acordo com o índice de conformação das copas, puderam ser consideradas como tendentes à forma achatada. A exceção ficou com a `L3 P10 Vermelha', cujo índice de conformação foi superior a 1,0.

5. O maior desenvolvimento vegetativo das variedades não pode ser considerado uma característica de boa produtividade da goiabeira.

6. Ocorreu uma correlação positiva e significativa entre o volume da copa e o diâmetro do tronco das goiabeiras, indício de que tanto uma característica quanto a outra podem-se constituir índices válidos para a determinação do vigor da planta.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao Pesquisador Científico Mauro Hideu Sugimori, do Centro de Fitossanidade, à Sra. Ana Maria Ribeiro de Melo e aos Srs. Lázaro Antonio de Godoi, Sérgio Luiz de Melo e José Luis Brolezzi, funcionários da Estação Experimental de Agronomia de Monte Alegre do Sul, IAC, as valiosas contribuições que possibilitaram a execução do presente trabalho.

(3) Estação Experimental de Jundiaí, Instituto Agronômico (IAC), Caixa Postal 11, 13200-970 Jundiaí (SP).

(4) Centro de Fitossanidade, IAC, Caixa Postal 28, 13001-970 Campinas (SP).

(6) Centro de Pesquisa e Desenvolvimento, IAC, Caixa Postal 28, 13001-970 Campinas (SP).

(7) Com bolsa de produtividade em pesquisa do CNPq.

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  • (1) Trabalho apresentado no XIX Congresso Brasileiro de Fruticultura, realizado em Curitiba (PR), em outubro de 1996. Recebido para publicação em 28 de junho de 1996 e aceito em 26 de janeiro de 1998.
    Trabalho apresentado no XIX Congresso Brasileiro de Fruticultura, realizado em Curitiba (PR), em outubro de 1996. Recebido para publicação em 28 de junho de 1996 e aceito em 26 de janeiro de 1998.
  • (2)
    Estação Experimental de Monte Alegre do Sul, Instituto Agronômico (IAC), Caixa Postal 01, 13910-000 Monte Alegre do Sul (SP).
  • (5)
    Coordenadoria da Pesquisa Agropecuária (C.P.A.), Av. Miguel Stéfano, 3900, 04301-903 São Paulo (SP).
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      16 Jun 1999
    • Data do Fascículo
      1998

    Histórico

    • Aceito
      26 Jan 1998
    • Recebido
      28 Jun 1996
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