Acessibilidade / Reportar erro

RESPOSTA DA SERINGUEIRA CLONE RRIM 600 À ADUBAÇÃO NPK EM SOLO PODZÓLICO VERMELHO-AMARELO

RESPONSES OF RUBBER TREE CLONE RRIM 600 TO NPK FERTILIZATION ON RED YELLOW PODZOLIC SOIL

Resumos

O presente estudo, que teve por objetivo determinar respostas da seringueira [Hevea brasiliensis (Willd. ex. Adr. de Juss.) Muell. Arg.] à adubação NPK durante o período de formação do seringal, relata os resultados de experimento com o clone RRIM 600 em solo podzólico vermelho-amarelo de textura arenosa, no município de Avaí (SP), Brasil. O delineamento foi de blocos ao acaso em esquema fatorial fracionado 1/2 (4 x 4 x 4), com doses anuais de 0, 40, 80 e 120 kg.ha-1 de N, P2O5 e K2O, aplicados no período entre dois e oito anos de idade das plantas. Avaliou-se o perímetro do caule a 1,20 m acima do calo de enxertia, a cada quatro meses, e calculou-se a porcentagem de plantas aptas para sangria e o tempo de imaturidade do seringal em cada parcela. Efetuaram-se análises de solo aos 27 e 51 meses de idade das plantas e análises de folhas, anualmente, no verão. A partir de 60 meses de idade das plantas, aproximadamente três anos após o início das adubações, observou-se efeito linear da adubação nitrogenada sobre o perímetro do caule. A adubação fosfatada teve efeito linear a partir da idade de 72 meses e a interação NP linear foi consistente depois de 75 meses. Usando como indicador a porcentagem de plantas aptas à sangria, houve efeito linear significativo para as adubações nitrogenada e potássica. O período de imaturidade foi abreviado até em oito meses, comparando-se o tratamento sem adubação com os de melhor desempenho. Adubações desequilibradas, como no tratamento 0-80-120, provocaram retardamento até de 12 meses no período de imaturidade em relação ao tratamento de melhor desempenho (120-120-120). Um ano depois da interrupção da aplicação de fertilizantes, no fim do experimento, não se observou efeito residual dos tratamentos sobre os indicadores de crescimento utilizados.

seringueira; Hevea brasiliensis; adubação; crescimento; período de imaturidade


The response of rubber tree [Hevea brasiliensis (Willd. ex. Adr. de Juss.) Muell.Arg.], clone RRIM 600 to NPK fertilization during the immature stage was evaluated on a sand soil at Avaí, State of São Paulo, Brazil. Randomized block, closing with fractionated factorial experiment 1/2(4 x 4 x 4) was used to test 0, 40, 80 and 120 kg.ha-1 of N, P2O5 and K2O, applied from the second to the eighth years after planting. Trunk girth at 1.20 m above the budgrafting union was measured every four months. The percentage of plants able for tapping and the immaturity period were calculated from girth measurements. Soil analysis were performed at 27 and 51 months after planting and leaf analysis every year. Responses to nitrogen fertilization started to be observed from 60 months, aproximately three years after the beginning of fertilizer applications. Linear effect of phosphorus and NP interaction started at ages of 72 and 75 months respectively. Responses to K fertilization was not detected for trunk girth. Considering the percentage of plants able for tapping, responses were linearly and statistically significant for N and K fertilization. The immaturity period of the crop was reduced eigth months when non fertilized plots were compared to those with the best relations of NPK. Delay of immaturity period up to twelve months was observed considering the best treatments and those with unbalanced relations of NPK. Fertilizer responses disappeared one year after stopping fertilizer applications.

rubber tree; Hevea brasiliensis; fertilization; growth; immaturity phase


RESPOSTA DA SERINGUEIRA CLONE RRIM 600 À ADUBAÇÃO NPK EM SOLO PODZÓLICO VERMELHO-AMARELO(1) (1) Recebido para publicação em 16 de abril e aceito em 31 de agosto de 1998.

ONDINO CLEANTE BATAGLIA(2) (1) Recebido para publicação em 16 de abril e aceito em 31 de agosto de 1998. , WAGNER RODRIGUES DOS SANTOS(3) (1) Recebido para publicação em 16 de abril e aceito em 31 de agosto de 1998. , TOSHIO IGUE(4) (1) Recebido para publicação em 16 de abril e aceito em 31 de agosto de 1998. e PAULO DE SOUZA GONÇALVES(5,6) (1) Recebido para publicação em 16 de abril e aceito em 31 de agosto de 1998.

RESUMO

O presente estudo, que teve por objetivo determinar respostas da seringueira [Hevea brasiliensis (Willd. ex. Adr. de Juss.) Muell. Arg.] à adubação NPK durante o período de formação do seringal, relata os resultados de experimento com o clone RRIM 600 em solo podzólico vermelho-amarelo de textura arenosa, no município de Avaí (SP), Brasil. O delineamento foi de blocos ao acaso em esquema fatorial fracionado 1/2 (4 x 4 x 4), com doses anuais de 0, 40, 80 e 120 kg.ha-1 de N, P2O5 e K2O, aplicados no período entre dois e oito anos de idade das plantas. Avaliou-se o perímetro do caule a 1,20 m acima do calo de enxertia, a cada quatro meses, e calculou-se a porcentagem de plantas aptas para sangria e o tempo de imaturidade do seringal em cada parcela. Efetuaram-se análises de solo aos 27 e 51 meses de idade das plantas e análises de folhas, anualmente, no verão. A partir de 60 meses de idade das plantas, aproximadamente três anos após o início das adubações, observou-se efeito linear da adubação nitrogenada sobre o perímetro do caule. A adubação fosfatada teve efeito linear a partir da idade de 72 meses e a interação NP linear foi consistente depois de 75 meses. Usando como indicador a porcentagem de plantas aptas à sangria, houve efeito linear significativo para as adubações nitrogenada e potássica. O período de imaturidade foi abreviado até em oito meses, comparando-se o tratamento sem adubação com os de melhor desempenho. Adubações desequilibradas, como no tratamento 0-80-120, provocaram retardamento até de 12 meses no período de imaturidade em relação ao tratamento de melhor desempenho (120-120-120). Um ano depois da interrupção da aplicação de fertilizantes, no fim do experimento, não se observou efeito residual dos tratamentos sobre os indicadores de crescimento utilizados.

Termos de indexação: seringueira, Hevea brasiliensis, adubação, crescimento, período de imaturidade.

ABSTRACT

RESPONSES OF RUBBER TREE CLONE RRIM 600 TO NPK FERTILIZATION ON RED YELLOW PODZOLIC SOIL

The response of rubber tree [Hevea brasiliensis (Willd. ex. Adr. de Juss.) Muell.Arg.], clone RRIM 600 to NPK fertilization during the immature stage was evaluated on a sand soil at Avaí, State of São Paulo, Brazil. Randomized block, closing with fractionated factorial experiment 1/2(4 x 4 x 4) was used to test 0, 40, 80 and 120 kg.ha-1 of N, P2O5 and K2O, applied from the second to the eighth years after planting. Trunk girth at 1.20 m above the budgrafting union was measured every four months. The percentage of plants able for tapping and the immaturity period were calculated from girth measurements. Soil analysis were performed at 27 and 51 months after planting and leaf analysis every year. Responses to nitrogen fertilization started to be observed from 60 months, aproximately three years after the beginning of fertilizer applications. Linear effect of phosphorus and NP interaction started at ages of 72 and 75 months respectively. Responses to K fertilization was not detected for trunk girth. Considering the percentage of plants able for tapping, responses were linearly and statistically significant for N and K fertilization. The immaturity period of the crop was reduced eigth months when non fertilized plots were compared to those with the best relations of NPK. Delay of immaturity period up to twelve months was observed considering the best treatments and those with unbalanced relations of NPK. Fertilizer responses disappeared one year after stopping fertilizer applications.

Index terms: rubber tree, Hevea brasiliensis, fertilization, growth, immaturity phase.

1. INTRODUÇÃO

A seringueira é cultivada, atualmente, em cerca de quarenta mil hectares no Estado de São Paulo, produzindo mais de dezenove mil toneladas de borracha seca por ano, com pouco mais de metade das árvores da área total em produção, portanto, com possibilidade de grande crescimento nos próximos anos.

A cadeia produtiva da borracha natural é composta de três segmentos básicos: o setor produtivo, integrado por extrativistas e heveicultores, o beneficiador, formado por miniusinas e usinas de beneficiamento de borracha natural, e o industrial, composto das indústrias de artefatos leves e de pneumáticos (Benesi et al., 1997). O setor produtivo é o segmento da cadeia onde os custos de produção mais afetam significativamente a competitividade no mercado internacional. Embora até 55% dos custos estejam relacionados com a mão-de-obra de sangria (Bernardes, 1990), outros fatores, como tratos culturais e adubação, precisam ser racionalizados. É fundamental que todo o suporte tecnológico esteja disponível ao agricultor visando à redução dos custos de produção.

A adubação é, dos fatores de produção, o mais fácil de ser controlado, desde que se tenham as informações básicas fornecidas pela experimentação para permitir recomendações eficazes dos fertilizantes.

No Brasil, a pesquisa em adubação de seringueira ainda é bastante escassa e, seus resultados, muito variáveis nas diferentes regiões de cultivo. Na região Norte, Berniz (1987) observou resposta a fósforo sobre o crescimento das plantas. Na Nordeste, mais especificamente no Sul da Bahia, Reis et al. (1984) e Reis & Cabala-Rosand (1988) verificaram respostas semelhantes com efeito da adubação fosfatada no crescimento e produtividade da seringueira. Por outro lado, na Centro-Oeste, Kitamura (1992) observou resposta à adubação fosfatada apenas a partir do quinto ano, sem nenhum efeito dos outros nutrientes. Na Sudeste, especificamente no Estado de São Paulo, em experimento em solo arenoso na região de Marília, Falcão (1996) e Murbach (1997) demonstraram ser a adubação potássica responsável pelo maior crescimento e produtividade das plantas.

Os resultados aqui descritos evidenciam que as recomendações de adubação no País são ainda suportadas por pouca experimentação, exigindo, portanto, mais esforços da pesquisa. A forma de definir recomendações baseia-se em informações de outros países e na experiência e observação pessoal dos técnicos envolvidos com a cultura.

O presente estudo teve por objetivo ampliar a base de conhecimento dos efeitos da adubação sobre o desenvolvimento da seringueira, para melhorar a recomendação de adubação visando reduzir o período de imaturidade da cultura.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado em solo podzólico vermelho-amarelo de textura arenosa, na Fazenda São Sebastião, município de Avaí (SP) (latitude: 22º 12' S; longitude: 49º 18' W), de 1985 a 1993, utilizando-se um plantio comercial uniforme do clone RRIM 600.

O delineamento experimental foi de blocos ao acaso em esquema fatorial fracionado 1/2 (4 x 4 x 4), conforme proposto por Colwell (1978), com os nutrientes N, P e K aplicados em quatro níveis: 0, 40, 80 e 120 kg.ha-1 de N, P2O5 e K2O respectivamente. Os fertilizantes usados foram uréia, superfosfato triplo e cloreto de potássio. As 32 parcelas foram dispostas em dois blocos: a parcela experimental continha duas linhas de doze plantas no espaçamento de 7 x 3 m. Consideraram-se como plantas úteis as oito centrais de cada linha, ficando duas plantas em cada extremidade como bordadura. As duas linhas experimentais eram isoladas por uma linha de plantas de cada lado, com adubação convencional do agricultor, calculada ano a ano, de acordo com a recomendação de Raij et al. (1997).

A análise química do perfil do solo até 1 m de profundidade na parcela testemunha (Quadro 1) evidencia tratar-se de solo pobre em matéria orgânica e nutrientes, isto é, de baixa fertilidade, com grande expectativa de respostas à adubação.


O local era ocupado anteriormente por pastagem de braquiária. As linhas das plantas foram mantidas sem ervas daninhas mediante capinas manuais. Nas entrelinhas, tais ervas foram controladas por gradagens ou roçadeira. A incorporação dos fertilizantes aplicados ao lado das linhas foi feita por gradagem superficial.

O seringal foi implantado com mudas enxertadas em fevereiro de 1984. A primeira aplicação de doses diferenciadas de fertilizantes foi feita em outubro de 1985, quando as plantas tinham 18 meses de idade.

No verão de 1985/86, as quantidades de fertilizantes foram equivalentes a 2/3 das doses normais dos tratamentos: foram divididas em duas aplicações, uma em novembro e outra em fevereiro. A partir do verão de 1986/87, aplicaram-se as doses completas, sempre divididas em duas vezes. A última aplicação foi feita quando as plantas tinham 96 meses de idade, um ano antes das últimas avaliações.

A principal forma de avaliação foi a medida do perímetro do caule a 1,20 m acima do calo de enxertia, em outubro, fevereiro e maio de cada ano. A porcentagem de plantas aptas à sangria foi obtida pela relação entre o número de plantas com 45 cm ou mais de perímetro do caule e o total de plantas de cada parcela. O período de imaturidade foi determinado mediante regressões entre porcentagem de plantas aptas e idade. O período de imaturidade foi definido como o tempo necessário para atingir 50% de plantas aptas em cada tratamento.

Durante a fase experimental, efetuaram-se amostragens de solo na área de aplicação dos fertilizantes, uma em maio de 1986, quando as plantas tinham 27 meses de idade, e outra em junho de 1988, aos 51 meses de idade. A amostra de cada parcela foi composta de 12 a 15 amostras simples na profundidade de 0-20 cm. Na análise de solo, empregaram-se os procedimentos de Raij & Quaggio (1983).

No verão (fevereiro-março) de cada ano, amostraram-se folhas para acompanhamento do estado nutricional. Em plantas com menos de quatro anos, folhas sem pecíolo da base do último lançamento maduro foram colhidas em ramos expostos ao sol. Nas adultas, a amostragem foi feita nos ramos sombreados, aproveitando-se folhas da base do último lançamento, também desprezando-se os pecíolos. Os procedimentos seguiram as recomendações de Chapman (1973) e Bataglia et al.(1992) e as análises químicas das folhas, os métodos descritos por Bataglia et al. (1983).

Efetuou-se a interpretação dos resultados mediante análises da variância e cálculo de superfície de respostas usando um programa de computador especialmente desenvolvido pelo Pesquisador Toshio Igue, do Centro de Coordenação de Pesquisas do Instituto Agronômico.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores médios de perímetro do caule em função das doses crescentes de N, P2O5 e K2O - Quadro 2 - evidenciam diferenças muito reduzidas entre tratamentos. Diferenças entre as médias de menor e de maior medida de crescimento não ultrapassaram valores de 2 cm no perímetro. Esses dados mostram que a simples análise de resultados médios dos efeitos das doses de nutrientes é bastante precária para determinar as doses de nutrientes mais eficientes para reduzir o período de imaturidade da seringueira. Mesmo assim, permitem observar tendências de resposta às doses de N de forma mais marcante a partir dos 72 meses de idade das plantas e, ainda, que aos 84 meses praticamente todas as médias foram superiores a 450 mm, porte suficiente para o início de sangria.


A análise da variância do experimento nas diversas épocas de mensuração - Quadro 3 - mostrou que o crescimento das plantas, avaliado pelas medidas do perímetro do caule, apresentou diferenças significativas para os efeitos dos tratamentos apenas aos 60 meses de idade das plantas, praticamente três anos após o início das adubações. No quadro são mostrados valores significativos para o teste F para o efeito linear da adubação nitrogenada a partir de 60 meses de idade das plantas e para a adubação fosfatada a partir de 72 meses. A interação linear N x P foi consistente a partir dos 75 meses. São resultados ainda não obtidos em outras regiões brasileiras onde não há registros de efeitos do nitrogênio. A resposta a fósforo, porém, é bastante comum (Reis et al., 1984; Berniz, 1987; Reis & Cabala-Rosand, 1988, e Kitamura, 1992).


O delineamento experimental mostrou elevada sensibilidade para detecção de pequenas diferenças de crescimento, em razão da boa precisão (baixos coeficientes de variação) conseguida com parcelas relativamente grandes. Graças a tal precisão, os efeitos significativos de blocos também foram freqüentes a partir dos 68 meses de idade das plantas.

A começar da idade de 96 meses, quando as adubações foram interrompidas, nenhum efeito de tratamento foi detectado, indicando ausência de efeito residual das adubações.

No Quadro 4, encontram-se os dados ajustados sobre porcentagens de plantas aptas a entrar em sangria aos 72, 84 e 96 meses de idade e os valores do período de imaturidade correspondente a cada tratamento. A análise estatística dos dados correspondentes às épocas, e outras intermediárias - Quadro 5 - indica que a porcentagem de plantas aptas a entrar em sangria mostrou-se consistentemente influenciada pelas adubações nitrogenada e potássica, evidenciando a ação da última sobre a uniformidade do crescimento das plantas. Esses resultados são coerentes com os obtidos por Falcão (1996) e Murbach (1997) em experimento instalado em local próximo, embora ambos não tenham demonstrado efeito do nitrogênio.



Comparando-se os Quadros 3 e 5, observa-se que o crescimento avaliado pelas medidas do perímetro do caule foi influenciado principalmente pelos efeitos dos nutrientes N e P, enquanto na porcentagem de plantas aptas a entrar em sangria (Quadro 5), os efeitos significativos foram relacionados aos nutrientes N e K. Desses resultados, infere-se o papel do fósforo, favorecendo o crescimento das plantas mais desenvolvidas, e do potássio, favorecendo o crescimento mais uniforme das plantas e possibilitando que maior número delas atingissem o tamanho para entrada em sangria em determinado intervalo de tempo.

Essas observações em campo nem sempre são facilmente explicadas teoricamente. Sabe-se, para seringueira (Shorrocks, 1979), que maior suprimento de nitrogênio resulta em maior conteúdo de proteínas, sendo o processo ativado pelo suprimento de potássio, que, além de atuar no processo de síntese, evitando o acúmulo de compostos nitrogenados solúveis (Marschner, 1997), atua também na translocação de assimilados para áreas de crescimento, favorecendo a expansão foliar e, portanto, o crescimento da planta. Por outro lado, o fósforo desempenha papel relevante em reações bioquímicas do metabolismo dos carboidratos, particularmente na respiração, divisão celular e desenvolvimento de tecidos meristemáticos. Assim, os três nutrientes, N, P e K, mesmo que de forma diferenciada quanto às suas funções, são fundamentais para o desenvolvimento das plantas.

O principal objetivo da adubação no período de formação do seringal é abreviar o período de imaturidade. Assim, com base nos seus dados - Quadro 4 - calculou-se, mediante a análise da variância, a seguinte superfície de resposta:

PI = - 0,0652N + 0,0007N2 - 0,0017P - 0,0003P2 + 0,0496K - 0,0003K2 - 0,0001NP - 0,0008NK + 0,0004PK + 81,5641 onde: PI = período de imaturidade, em meses; N = dose de N, kg.ha-1.ano-1; P = dose de P2O5, kg.ha-1.ano-1; K = dose de K2O, kg.ha-1.ano-1.

A partir dessa superfície de resposta, foram gerados os gráficos da Figura 1 para facilitar a visualização dos efeitos principais e das interações entre os nutrientes N, P e K sobre o período de imaturidade do seringal em estudo. Observando-os, é possível delinear algumas tendências, como a redução do período de imaturidade com o aumento das doses de adubação potássica, porém com forte interação com a adubação nitrogenada. Assim, na ausência de adubação nitrogenada, ocorre um retardamento no período de imaturidade em função do aumento nas doses de potássio. Esse retardamento ocorre também para a dose de 40 kg.ha-1.ano-1 de N quando se aplicam 80 ou 120 kg.ha-1.ano-1 de P2O5.

Figura 1.
Efeito das doses de N, P e K sobre o período de imaturidade da seringueira clone RRIM 600, em experimento de adubação no município de Avaí (SP).

Considerando-se uma situação desejável de início de sangria aos 78 meses, observa-se que essa condição só é conseguida para baixas doses de fósforo (0 e 40 kg.ha-1.ano-1 de P2O5), com doses elevadas de nitrogênio e potássio (acima de 80 kg.ha-1.ano-1 de N e K2O). À medida que as doses de fósforo foram maiores, a condição de início do período produtivo do seringal aos 78 meses pôde ser conseguida com doses de N acima de 80 kg.ha-1.ano-1 e de K2O acima de 60 kg.ha-1.ano-1. Na dose de 120 kg.ha-1.ano-1 de P2O5, a única exigência é que se apliquem doses de N maiores que 40 kg.ha-1.ano-1.

O período de imaturidade foi abreviado até em oito meses quando se usaram por referência o tratamento testemunha e aquele de melhor desempenho. A diferença no período de imaturidade pode atingir 12 meses quando se comparam os tratamentos de pior e de melhor desempenho (0-80-120) e (120-120-120) respectivamente.

Para uma condição de fertilidade do solo semelhante ao local do experimento, a atual recomendação de adubação para seringueira entre 4 e 6 anos de idade é de 60-60-60 kg.ha-1.ano-1 de N, P2O5 e K2O (Raij et al., 1997). Essa recomendação, para as condições do experimento, corresponde a um período de imaturidade de 77,9 meses, dando segurança à atual tabela de recomendação. Nada impede, entretanto, que ajustes locais sejam feitos visando melhorar o desempenho e reduzir o custo de formulações de nutrientes com base nos dados disponíveis no presente estudo.

4. CONCLUSÕES

1. Em solo arenoso de baixa fertilidade, o crescimento da seringueira, avaliado pelas medidas de perímetro do caule, foi significativamente afetado pelas adubações nitrogenada e fosfatada, aparecendo as primeiras respostas cerca de três anos depois de iniciadas as adubações diferenciadas.

2. A resposta à adubação potássica foi detectada quando se usou a porcentagem de plantas aptas a entrar em sangria como indicador do desenvolvimento do seringal.

3. O melhor tratamento (120-120-120) abreviou o tempo de imaturidade do seringal em cerca de oito meses em relação àquele sem adubo e, até em doze meses, quando se comparou com formulações desequilibradas como no tratamento 0-80-120.

AGRADECIMENTOS

Aos Engenheiros Agrônomos Jayme Vasques Cortez e Mário Cardoso, pela cooperação no planejamento e instalação do experimento; à Fazenda São Sebastião, pela colaboração, e à EMBRAPA, pelo auxílio financeiro ao projeto.

(2) Centro de Solos e Recursos Agroambientais, Instituto Agronômico (IAC), Caixa Postal 28, 13001-970 Campinas (SP).

(3) Centro de Solos e Recursos Agroambientais, IAC. Bolsista da Fundag.

(4) Centro de Coordenação de Pesquisa, IAC. Aposentado.

(5) Centro de Café e Plantas Tropicais, IAC.

(6) Com bolsa de produtividade em pesquisa do CNPq.

  • BATAGLIA, O.C.; DECHEN, A.R. & SANTOS, W.R.  Diagnose visual e análise de plantas. In: DECHEN, A.R.; BOARETTO, A.E. & VERDADE, F.C., eds. Adubaçăo, produtividade e ecologia. Campinas, Fundaçăo Cargill, 1992.  p.369-393.
  • BATAGLIA, O.C.; FURLANI, A.M.C.; TEIXEIRA, J.P.F.; FURLANI, P.R. & GALLO, J.R. Métodos de análise química de plantas Campinas, Instituto Agronômico, 1983. 48p. (Boletim técnico, 78)
  • BENESI, J.F.C.; GONÇALVES, P.S.; ARRUDA, S.T.; BACCHIEGA, A.N.; ORTOLANI, A.A. & BATISTA FILHO, A. Análise da cadeia produtiva da borracha natural para o Estado de Săo Paulo Săo Paulo, Secretaria da Agricultura e Abastecimento, 1997. 54p.
  • BERNARDES, M.S. Sangria da seringueira Piracicaba, ESALQ-USP/FEALQ, 1990. 206p.
  • BERNIZ, J.M.J. Influęncia de N, P e K em seringueira jovem (Hevea brasiliensis Muell. Arg.). Viçosa, 1987. 59p. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Viçosa,   1987.
  • CHAPMAN, H.D. Diagnostic criteria for plants and soils 2.ed. Riverside, Chapman, H.D., ed., 1973. 793p.
  • COLWELL, J.D. Computations for studies of soil fertility and fertilizer requirements  s.l., Commonwealth Agricultural Bureaux, 1978.  297p.
  • FALCĂO, N.P.S.   Adubaçăo NPK afetando o desenvolvimento do caule da seringueira e parâmetros fisiológicos do látex   Piracicaba, 1996. 134p. Tese (Doutorado) - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 1996.
  • KITAMURA, M.C.  Influęncia dos níveis de nitrogęnio, fósforo, potássio e magnésio no desenvolvimento da seringueira jovem (Hevea brasiliensis Muell. Arg) em um solo sob cerrado de Mato Grosso do Sul. Lavras, 1992. 90p. Dissertaçăo (M.S.) - Escola Superior de Agricultura de Lavras, 1992.
  • MARSCHNER, H. Mineral nutrition of higher plants 2.ed.   London, Academic Press, 1997.   889p.
  • MURBACH, M.R.   Efeitos de níveis de nitrogęnio, fósforo e potássio no desenvolvimento, produtividade de borracha seca e exportaçăo de nutrientes pela seringueira.   Piracicaba, 1997. 94p. Dissertaçăo (Mestrado) - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 1997.
  • RAIJ, B. van; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J.A. & FURLANI, A.M.C.   Recomendaçőes de adubaçăo e calagem para o Estado de Săo Paulo 2 ed. rev. atual. Campinas, Instituto Agronômico/Fundaçăo IAC, 1997.   285p. (Boletim técnico, 100)
  • RAIJ, B. van & QUAGGIO, J.A. Métodos de análise de solos para fins de fertilidade   Campinas, Instituto Agronômico, 1983. 31p. (Boletim técnico, 81)
  • REIS, E.L. & CABALA-ROSAND, P. Eficięncia dos fertilizantes aplicados nas fases de pré e pós-sangria da seringueira. Revista Theobroma, Ilhéus, 18(3):189-200,   1988.
  • REIS, E.L.; SOUZA, L.F.S. & MELLO, F.A.F. Influęncia da aplicaçăo de nitrogęnio, fósforo e potássio sobre o desenvolvimento da seringueira (Hevea brasiliensis Muell. Arg.) no sul da Bahia. Revista Theobroma, Ilhéus, 14(1):45-52,  1984.
  • SHORROCKS, V.M. Deficięncias minerais em Hevea e plantas de cobertura associadas Brasília, Superintendęncia da Borracha, 1979. 76p.
  • (1)
    Recebido para publicação em 16 de abril e aceito em 31 de agosto de 1998.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      27 Maio 1999
    • Data do Fascículo
      1998

    Histórico

    • Aceito
      31 Ago 1998
    • Recebido
      16 Abr 1998
    Instituto Agronômico de Campinas Avenida Barão de Itapura, 1481, 13020-902, Tel.: +55 19 2137-0653, Fax: +55 19 2137-0666 - Campinas - SP - Brazil
    E-mail: bragantia@iac.sp.gov.br