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Leituras, leitores e lugares de Roberto Schwarz: nota da organizadora

Readings, readers, and places of Roberto Schwarz: organizer’s note

[...]esquece-se que aquele que escreve

diz alguma coisa a respeito daquele que

o lerá [...]

(Pierre Bourdieu).

O dossiê “Leituras, leitores e lugares de Roberto Schwarz” apresenta uma reflexão sistemática sobre a obra desse autor, realizada coletivamente por pesquisadores de diversas origens disciplinares, institucionais e geracionais. A reunião de portadores de repertórios diferenciados pôde propor tanto modos inusitados de interpelação e indagações inéditas dirigidas ao autor e à obra em questão, quanto a retomada de temáticas incontornáveis. A seguir, situo a proposta que deu origem a ele e algumas de suas particularidades; assinalo a relevância desta iniciativa; e, concomitantemente, apresento os artigos e a rara documentação que o compõem.

O presente dossiê consiste no desdobramento e na ampliação da mesa-redonda “Ideias fora do lugar: 40 anos de uma tese, séculos de um problema”, realizada no 41º Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs), em 2017, com o objetivo de celebrar as quatro décadas transcorridas desde a primeira edição de Ao vencedor as batatas: forma literária e processo social nos inícios do romance brasileiro, cujo ensaio de abertura, “As ideias fora do lugar”, desde então, ganhou vida própria. Essa mesa foi composta por Maria Arminda do Nascimento Arruda, que felicita este dossiê ao participar dele como leitora crítica dos artigos, por Edson Farias, por Andrea Borges Leão e por mim mesma, Lidiane Soares Rodrigues2 3 Hodiernamente, a sociologia da cultura se vincula à problemática de “Ideias...” e se diferencia da formulação teórica e metodológica dela. No léxico conceitual adotado, podem-se observar as sutis nuanças no estilo de pensamento e de pesquisa, assim como o que herdam da discussão precedente. Em geral, os estudos se autodenominam como uma investigação sobre a “circulação internacional” de “ideias, saberes, bens simbólicos”. Além disso, bebendo nos estudos a respeito do espaço linguístico e cultural global (HEILBRON, 2009; SAPIRO, 2013; CASANOVA, 2011, 2002), extrapolam o âmbito literário, multiplicam os domínios e os agentes dessa circulação. As pesquisas são numerosas e versam a respeito do intercâmbio no âmbito das artes plásticas e das elites dirigentes (MICELI, 2003; DMITROV, 2014); de repertórios da indústria cultural (ORTIZ, 1986); de mulheres nas artes plásticas (SCHWARCZ; SIMIONI, 2016), de cidades e de sociabilidade intelectual (PEIXOTO; GORELIK, 2016; RIDENTI, 2012); de livros e impressos (LEÃO; FARIAS, 2016). Outro princípio de diversificação das pesquisas consiste no deslocamento dos vetores. Saindo do eixo Norte-Sul, pesquisas têm se voltado para o eixo Sul-Sul (JACKSON; BLANCO, 2014; MAIA, 2014). .

A vida social das ideias

O livro Ao vencedor as batatas foi gestado mais ou menos desde a publicação de Formação da literatura brasileira, de Antonio Candido, e do início da participação de Roberto Schwarz no “Seminário Marx”, em 1958 (RAMASSOTE, 2006RAMASSOTE, Rodrigo. A formação dos desconfiados: Antonio Candido e a crítica literária acadêmica (1961-1978). Dissertação (Mestrado em Antropologia Social). Departamento de Antropologia Social, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, 2006.; RODRIGUES, 2018_____. Los marxistas brasileños: oposición e interdependencia de un espacio (1958-2014). Políticas de la memoria, v. 1, 2018, p. 169-185.). Originalmente, foi concebido como uma tese de doutoramento, defendida em Paris, durante o exílio político do autor. O objeto dela consistia na emergência do romance no Brasil, e as análises substanciais articulavam “a forma literária romance ao processo social brasileiro”, configurados nas obras de José de Alencar e de Machado de Assis. Essa articulação pressupunha tratar da permanência da instituição colonial da escravidão no país politicamente independente, assim como das maneiras de importar bens culturais europeus – a forma literária romance, no centro da tese, é um deles, entre tantos outros.

O autor estabelecia as condições de possibilidade (e de necessidade) da importação e da aclimatação do liberalismo de matriz europeia ocidental pelas elites escravistas brasileiras no século XIX. Grosso modo, tinha no centro do seu problema o desajuste entre a ideologia liberal oriunda da generalização do trabalho livre assalariado no capitalismo industrial clássico e o regime de trabalho escravo no Brasil. Por outro lado, o esquema armado extrapolava o período em questão, posto que ambicionasse articulá-lo aos problemas da formação política nacional e da floração social moderna no país e fosse acionado igualmente para crítica cultural do presente em curso. Essa conexão é evidente caso “Ideias fora do lugar” e “Cultura e política, 1964-1969” (SCHWARZ, 1978SCHWARZ, R. Entrevista a Gildo Marçal Brandão e O. C. Louzada Filho. Encontros com a civilização brasileira, n. 15, 1979, p. 97-112.) sejam lidos lado a lado, tal como foram concebidos pelo autor no exílio (RODRIGUES, 2011RODRIGUES, L. S. A produção social do marxismo universitário em São Paulo (1958-1978). Tese (Doutorado em História). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2011., p. 452-491).

A produção social dos clássicos

A tese assumiu uma posição incontornável nos estudos sobre cultura brasileira, decerto por tratar de “problemas cruciais” de nossa formação (ARRUDA, 2004ARRUDA, M. A. N. Pensamento brasileiro e sociologia da cultura: questões de interpretação. Tempo social. São Paulo, v. 16, n. 1, 2004, p. 107-118., p. 107)3 4 Outra maneira de travar o diálogo com “Ideias...”, mantendo-se rente ao problema do liberalismo no século XIX brasileiro, porém variando o estribilho, o tom e o substrato empírico, encontra-se nos trabalhos de Angela Alonso (2002) ; José Murilo de Carvalho (1988; 1999) e de Wanderley Guilherme dos Santos (1978). Naturalmente, às clivagens disciplinares, condicionando os repertórios prévios e as indagações protocolares que vão alterando os sentidos de “Ideias...”, deve-se adicionar a segmentação e hierarquia geopolítica nacional, angulando modalidades de leitura e práticas preferenciais na definição de trabalho intelectual legítimo. A complexidade do ponto limita esta nota à indicação de duas análises a respeito disso: Moura, 2004; Rodrigues, 2017. . Entrementes, sendo essa uma condição necessária à visibilidade e à consagração de uma obra, não é condição suficiente. A evidência segundo a qual os méritos intrínsecos a uma não bastem para garantir que ela se torne um “clássico” tornou-se incontornável.

De um lado, os princípios de percepção, apreciação e depreciação do trabalho intelectual são variáveis, no tempo e no espaço – portanto, nem sequer a noção de “méritos intrínsecos” mantém-se como referência inconteste para avaliação dos bens culturais. No que se refere a essa dimensão, importa ressaltar que Roberto Schwarz incarnou exemplarmente o modelo de proeza acadêmica e política, assim como os padrões de intenção (BAXANDALL, 2006BAXANDALL, M. Padrões de intenção. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.), de que eram portadores os membros de seus grupos de referência (RODRIGUES, 2019b_____. Amar um autor: os marxistas nas universidades brasileiras e os intérpretes do Brasil. Estudos Históricos, v. 32, 2019b, p. 500-529.). “As ideias fora do lugar” (doravante, “Ideias...”) correspondia ao tão ambicionado “ensaio interpretativo” de ampla escala, eivado de considerações teóricas, forma na qual sua geração propunha conexões de sentido entre as dimensões macro-históricas e microssociológicas. Além disso, como os demais membros do “Seminário Marx”, ele elaborava “o” capítulo orientado pelas e para as discussões desse círculo de leitura – situando-se no espaço do marxismo, de contornos antipartidários, que era gradativamente legitimado de modo universitário pelo tipo de leitura que recebera O capital (RODRIGUES, 2019a_____. Ser marxista no Brasil. In: MARTINHO, F.; FREIRE, A. (Org.). Intelectuais e marxismo no mundo lusófono. Rio de Janeiro: Autografia; Recife: UFPE, 2019a, v. 1, p. 165-205.). Dito de outro modo, o autor correspondeu (superando, se for correta a análise apresentada neste dossiê pelo artigo “As regras da subversão: Roberto Schwarz, Bertha Dunkel e a revista Teoria e Prática”). Caso se queira sistematizar as condições de consagração de uma obra, pode-se afirmar que aí se encontra outra condição necessária – porém, novamente, suficiente.

Ocorre que, por outro lado, ainda que se considere uma configuração dotada de algum consenso a respeito do que sejam tais “méritos intrínsecos”, as operações práticas pressupostas para a produção social de uma obra enquanto “clássico”, assim como para sua manutenção enquanto tal, são numerosas. Dentre elas, a sociologia da consagração tem destacado: a capacidade da obra de atravessar as fronteiras disciplinares, interpelando as diversas agendas das áreas com as quais estabelece controvérsias; a posição da casa editorial por meio da qual a obra é difundida; as leituras e contraleituras, assim como os leitores e contraleitores; as distorções de leitura e o trabalho de “correção” delas, realizado por intermediários (comentadores, tradutores); as efemérides e as reedições comemorativas; a restituição constante da atualidade da obra – e, obviamente, a pedra de toque do trabalho de gestão da longevidade: a produção de gerações vindouras interessadas pela obra em questão (SAPIRO, 2014_____. Introduction. In: _____ (Dir.). Sciences humaines en traduction: le livre français aux Etats-Unis, au Royaume-Uni et en Argentine. Paris: Institut Français, 2014 (Volume disponível online em e-pub: http://cse.ehess.fr/index.php?2104).
http://cse.ehess.fr/index.php?2104...
; RODRIGUES, 2019b_____. Amar um autor: os marxistas nas universidades brasileiras e os intérpretes do Brasil. Estudos Históricos, v. 32, 2019b, p. 500-529.). A reconstituição da recepção da obra de Roberto Schwarz constata que nada disso faltou a “Ideias...”. A título de garantir o eixo e a economia expositiva, destacam-se a seguir lances notáveis da capacidade da obra de Roberto Schwarz de interpelar diversas disciplinas em pontos sensíveis de suas respectivas agendas e debates.

Nas quatro décadas que nos separam da publicação de “Ideias...” foram incessantes as controvérsias por ele suscitadas. Não foi rara a associação do crítico – de esquerda, marxista, exilado durante os anos 1970, próximo a grupos da luta armada e de resistência à ditadura – a uma perspectiva nacionalista conservadora, na esteira do pensamento político brasileiro. Pudera! Sendo a democracia e o liberalismo peças estranhas ao desenvolvimento nacional interno, o corolário poderia ser: adotemos o Estado forte, autoritário – na tradiconal vertente do pensamento autoritário da Primeira República (LAMOUNIER, 1981LAMOUNIER, Bolívar. Formação de um pensamento político autoritário na Primeira República. Uma interpretação. In: AMARAL, J. A. A. O Estado autoritário e a realidade nacional. Brasília: Editora UnB, 1981.).

Outra vertente de reservas críticas dirigidas ao texto, com notável difusão, originou-se de Maria Sylvia Carvalho Franco – precisamene a mesma socióloga cuja abordagem embasa os argumentos mais atilados de Roberto Schwarz, como demonstram brilhantemente, neste dossiê, Karim Helayel e Antonio Brasil Jr. (“Roberto Schwarz e a sociologia paulista dos anos 1960”). Em que pese a inspiração de Ao vencedor as batatas em Homens livres na ordem escravocrata, as coisas da lógica e a lógica das coisas têm suas reviravoltas próprias, e a crítica de Maria Sylvia foi particularmente fértil, sobretudo entre historiadores do liberalismo no Brasil e na América Latina. Qual seu argumento ? “As ideias estão no lugar”: as sociedades adotam sistemas ideológicos que lhes são úteis. E “relação de exterioridade” e de “causalidade” entre os termos opostos da equação (Europa/Brasil; centro/periferia; capitalismo/escravismo) é fonte de equívocos (FRANCO, 1976FRANCO, M. S. Carvalho. As ideias estão no lugar. Cadernos de Debates, n. 1. São Paulo: Brasiliense, 1976., p. 61).

Do ângulo da crítica literária interessada na história das ideias, Alfredo Bosi (1992)BOSI, Alfredo. A escravidão entre dois liberalismos. In: _____. Dialética da colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p. 194-245., matizando linhagens liberais, opôs-se ao autor, empenhando-se em situar “A escravidão entre dois liberalismos”. Conduzindo às últimas consequências o contraponto, afirmou: se o liberalismo justificava tanto a exploração do trabalho escravo quanto a do trabalhador livre, inexistiria a particularidade formulada em “Ideias...” (BOSI, 2010_____. Ideologia e contraideologia. São Paulo: Companhia das Letras, 2010., p. 400)4 5 Os debates supramencionados suscitaram uma série de balanços bibliográficos que, como ensina a sociologia das obras, concorrem também para a longevidade simbólica e a consagração de “Ideias...”. Nessa direção, trabalharam Lilia Schwarcz e André Botelho (2008), Bernardo Ricupero (2013), Leopoldo Waizbort (2007). .

Em contrapartida, concomitantemente à multiplicação desses leitores e dessas leituras adversárias, outro polo de recepção e de difusão de “Ideias...” se constituiu. Operando como mediadores da explicação desse texto, autores desse filão solidário à perspectiva teórica e ao argumento de Schwarz constantemente repuseram os pressupostos teórico-metodológicos do ensaio, testando a engrenagem do esquema por meio do uso dele, voltado a outros objetos.

Tendo como plataforma disciplinar a Filosofia, porém dotado de extraordinária capacidade de difusão de suas ideias em círculos cultivados situados na crítica teatral, cinematográfica e arquitetônica, Paulo Arantes é exímio representante dessa vertente da recepção. Particularmente, em Um departamento francês de ultramar: estudos sobre a formação da cultura filosófica uspiana e Ressentimento da dialética (ARANTES, 1994ARANTES, P. Um departamento francês de ultramar: estudos sobre a formação da cultura filosófica uspiana. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994.; 1996_____. Ressentimento da dialética: dialética e experiência intelectual em Hegel (antigos estudos sobre o ABC da miséria alemã). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.), trata-se de por à prova os esquemas schwarzianos, mobilizando-os na difícil tarefa de conferir inteligibilidade a experiências intelectuais diversas daquela do século XIX, tratadas por “Ideias...”, porém com afinidades estruturais – a saber, respectivamente, a importação de técnicas francesas de leitura filosófica de texto e as relações assimétrias dos intelectuais periféricos com as matrizes ocidentais das quais se pretendem caudatários. Neste dossiê, Luiz Philipe de Caux e Felipe Catalani – “A passagem do dois a zero: dualidade e desintegração no pensamento dialético brasileiro (Paulo Arantes, leitor de Roberto Schwarz)” – demonstram com concisão e elegância como a obra de Paulo Arantes é tributária do modelo crítico em questão. E, ainda mais interessante, como, mais contemporaneamente, ela se move pelo diagnóstico da necessária ultrapassagem desse modelo crítico, em função do “novo tempo do mundo”.

No âmbito disciplinar da crítica literária e cultural, também se identificam esfroços no sentido de testar o potencial heurístico do esquema schwarziano mobilizando-o na análise de objetos diversos. Nessa esteira, encontra-se o texto de Mónica González García (“De modernidades periféricas: feudalidade e favor em artes a ‘Belle Époque’ chilena”), no qual a autora empenha-se em demonstrar a potência explicativa do esquema schwarziano, voltando-o para a sociedade chilena. Dentre outros esforços nesta disciplina, destacam-se os de Ivone Dare Rabello, Edu Teruki Otsuka, Fabio Cesar Alves e Maria Elisa Cevasco. Esta última, autora neste dossiê (“O trabalho da crítica”), discute os nexos de algumas análises recentes de Schwarz com suas concepções de crítica e de materialismo histórico5 RODRIGUES, Lidiane Soares. Leituras, leitores e lugares de Roberto Schwarz: nota da organizadora. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, Brasil, n. 74, p. 17-26, dez. 2019. .

Sucinto, porém expressivo, o arrolamento acima deixa evidente que tanto os entusiastas de “Ideias...” quanto os inconformados com ele estão envolvidos numa problemática de longa duração que estrutura a produção cultural brasileira e latino-americana, conferindo a ela nítidas feições e marcada peculiaridade. Não casualmente, ao caracterizar, no tempo e no espaço, os agentes portadores das reações a esse ensaio pode-se constatar: enquanto as leituras se diversificavam – condicionadas pelo repertório teórico de novas gerações, pelas rivalidades disciplinares, teóricas, geopolíticas e regionais de nosso sistema acadêmico –, as respostas do autor eram tendencialmente repetitivas: o título não é minha tese; eu quis tratar padrão estrutural de importação dos bens culturais dos países centrais, realizado pelas elites de um país periférico; eu quis ir além da platitude a respeito do caráter ornamental da importação simbólica realizada por elas; e, coerente com minha posição teórica, minha análise incidia na inversão especificamente dialética, isto é, na negação/na contradição do sentido desses bens ao passarem do centro à periferia do capitalismo (SCHWARZ, 1979SCHWARZ, R. Entrevista a Gildo Marçal Brandão e O. C. Louzada Filho. Encontros com a civilização brasileira, n. 15, 1979, p. 97-112.; 1986_____. Nacional por subtração. Folha de S. Paulo, 7 de junho de 1986.; 2009_____. Brincalhão mas não ingênuo. Folha de S. Paulo, 28 de março, 2009.; 2012b_____. Por que “Ideias fora do lugar”. In: SCHWARZ, R. Martinha versus Lucrecia: ensaios e entrevistas. São Paulo: Companhia das Letras, 2012b.).

À polifonia das reações não poderia suceder um retorno ao texto clássico, com uma escuta sensível ao pedido reiterado do autor, tão candente e pulsando em suas respostas? Essa foi a motivação principal da referida mesa, realizada na Anpocs, assim como deste dossiê. Por isso, esta iniciativa não poderia ignorar tópicos incontornáveis em se tratando da reflexão sobre a obra de Roberto Schwarz. Dentre eles, destaca-se sua relação com o modernismo, mediada por Antonio Candido – assunto tratado por Francisco Alambert e Tiago Ferro, em “Dois críticos, uma semana, um século”, assim como por Bruna Della Torre, em “Modelos críticos: Antonio Candido e Roberto Schwarz leem Oswald de Andrade”. De modo igualmente crucial, apresenta-se a discussão sobre as matrizes autorais do materialismo histórico que conformam o projeto crítico em questão. Partindo de trabalhos sobre a gênese dessa incorporação (RODRIGUES, 2011RODRIGUES, L. S. A produção social do marxismo universitário em São Paulo (1958-1978). Tese (Doutorado em História). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2011.), Fábio Mascaro Querido elege a fase madura do autor, colocando em relevo seu modo próprio de ser “adorniano”, em “Nacional por negação: ensaio e ‘crítica independente’ no último Roberto Schwarz”. Em contrapartida, as análises a respeito do golpe militar de 1964 são tratadas por Pedro Luiz Lima, em “Ambivalências da derrota: lições e limites da crítica do populismo em Roberto Schwarz”.

Entrementes, tanto na celebração da efeméride de 40 anos, quanto neste dossiê, tratava-se de incentivar leituras dissonantes que interpelassem a obra e a trajetória de Roberto Schwarz de ângulos inusitados e pouco usuais. Daí a reunião de leitores e leituras tanto de gerações já consagradas e/ou voltadas a temas inevitáveis, quanto novas gerações de leitores e leituras, portadoras de princípios de percepção, apreciação e indagação distintos, não raro, oriundas de pontos diversos do espaço intelectual no interior do qual se formam os leitores (e contraleitores) típicos de Roberto Schwarz. É nesse sentido que se situa a proposta de Edson Farias (“A inautenticidade como inflexão no esquema de Schwarz”), em artigo no qual a discussão sobre a noção de “inautenticidade” catapulta uma reflexão sobre as tomadas de posição de Schwarz no interior das definições legítimas de cultura brasileira. É também no registro das conexões de sentido pouco exploradas, que Luiz Gustavo da Cunha de Souza, com a competência típica dos brasileiros germanófilos, marxistas ou não, desloca a discussão sobre Schwarz-Adorno para Schwarz-Honneth (“Usos do reconhecimento em Roberto Schwarz: tentativa de uma aproximação”). Finalmente, eu mesma assinalo um ponto cego na discussão das relações entre Antonio Candido e Roberto Schwarz, e deste com a luta armada, por meio do um exame da morfologia de Teoria e Prática e dos acicates que animaram a criação de “Bertha Dunkel”, personagem fictício inventado por Schwarz, às vésperas de seu exílio (“As regras da subversão: Roberto Schwarz, Bertha Dunkel e a revista Teoria e Prática”).

Documentação inédita vinda a público

Além dos artigos mencionados, esta edição da Revista do Instituto de Estudos Brasileiros reúne, nas páginas de abertura de cada seção, um raro conjunto documental, de interesse indiscutível. Em primeiro lugar, destacam-se os documentos do Arquivo do IEB. Concentrados no caderno de imagens, esses documentos se constituem de fotografias e correspondências, coletadas em primeira mão no Acervo Antonio Candido, além de apresentar achados nos acervos de Lupe Cotrim Garaúde e de Caio Prado Jr. Com efeito, alguns episódios do período compreendido entre 1964 e 1970, para além de ilustração, ganham novos sentidos. Vale a pena chamar a atenção para a fotografia em que se encontram Ruy Fausto, Lourdes Sola e Roberto Schwarz – configuração da revista Teoria e Prática, assim como para a carta trocada entre Lupe Cotrim e Roberto Schwarz, sobre o controverso artigo de Giannotti, “Contra Althusser”, publicado nesse mesmo periódico. Sem que ilustre o caderno, mas sendo mobilizado na construção do argumento a respeito da condições sociais das “leituras” que recebeu a obra de Roberto Schwarz, exponho no artigo “As regras da subversão...” o excerto de um relatório policial, elaborado por agente da polícia política que perseguia o autor no exílio (e que realizou a primeira tradução de “Cultura e política”). Finalmente, destaque-se, na seção Documentação, a correspondência trocada entre Roberto Schwarz e Theodor Adorno. Ela foi traduzida e comentada por Eduardo Soares Neves Silva, o responsável por encontrá-la no Theodor W. Adorno Archiv, sendo apresentada publicamente pela primeira vez.

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Sendo cada vez mais reduzidos os espaços que propiciam a formulação refletida dos elos que nos ligam aos nossos antecessores, a proposta de aproveitar a ocasião do aniversário de 40 anos de “Ideias...” tencionou surpreender a atualidade desse ensaio sem se deixar levar pela tendência à reprodução pura de sua arquitetura analítica e tampouco ao ataque a ela. Penso ser essa uma maneira digna de cumprir aquilo que a socióloga Maria Arminda do Nascimento Arruda arrematou, ao reler Sérgio Buarque de Holanda e Antonio Candido: “apesar de débil e dependente do exterior, a nossa cultura ‘nos exprime’”, de modo que “a tarefa do intelectual brasileiro nutre-se do compromisso com a cultura do seu país, a despeito de reconhecer a sua dimensão acanhada” (ARRUDA, 2004ARRUDA, M. A. N. Pensamento brasileiro e sociologia da cultura: questões de interpretação. Tempo social. São Paulo, v. 16, n. 1, 2004, p. 107-118., p. 108). Aos leitores, deixo os textos e o juízo desta iniciativa. Ao vencedor, as batatas.

Gostaria de agradecer especialmente, pelo apoio e encorajamento, sem os quaiseste dossiê não teria vindo a lume, à profa. dra. Ana Paula Cavalcanti Simioni eao prof. dr. Alexandre Barbosa, docentes do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB).Agradeço também a Denise de Almeida Silva (do Acervo do IEB), a Pedro Bolle(editor-executivo deste periódico) e a todos que nos autorizaram o uso dosdocumentos e imagens de si próprios e/ou de seus familiares.

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    Agradecemos à Anpocs pela sensibilidade em aceitar nossa proposta naquela ocasião.
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    Hodiernamente, a sociologia da cultura se vincula à problemática de “Ideias...” e se diferencia da formulação teórica e metodológica dela. No léxico conceitual adotado, podem-se observar as sutis nuanças no estilo de pensamento e de pesquisa, assim como o que herdam da discussão precedente. Em geral, os estudos se autodenominam como uma investigação sobre a “circulação internacional” de “ideias, saberes, bens simbólicos”. Além disso, bebendo nos estudos a respeito do espaço linguístico e cultural global (HEILBRON, 2009HEILBRON, J. et al. L’internationalisation des sciences sociales: les leçons d’une histoire transnationale. In: SAPIRO, G. (Org.). L’espace intellectuel en Europe. Paris: La Découvert, 2009.; SAPIRO, 2013SAPIRO, G. Le champ, est-il national?. Actes de la Recherche en Sciences Sociales, n. 200, 2013, p. 70-85.; CASANOVA, 2011_____. La langue mondiale. Paris: Seuil, 2011., 2002CASANOVA, P. A república mundial das letras. São Paulo: Estação Liberdade, 2002.), extrapolam o âmbito literário, multiplicam os domínios e os agentes dessa circulação. As pesquisas são numerosas e versam a respeito do intercâmbio no âmbito das artes plásticas e das elites dirigentes (MICELI, 2003MICELI, S. Nacional estrangeiro. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.; DMITROV, 2014DMITROV, E. Regional como opção, regional como prisão: trajetórias artísticas no modernismo pernambucano. Tese (Doutorado em Antropologia). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2014.); de repertórios da indústria cultural (ORTIZ, 1986ORTIZ, R. Mundialização e cultura. São Paulo: Brasiliense, 1986.); de mulheres nas artes plásticas (SCHWARCZ; SIMIONI, 2016______; SIMIONI, A. P. C. La colonie des artistes français à Rio de Janeiro en 1816: un passé recomposé. Brésil, v. 10, 2016, p. 1-10.), de cidades e de sociabilidade intelectual (PEIXOTO; GORELIK, 2016PEIXOTO, F. A.; GORELIK, A. Ciudades sudamericanas como arenas culturales. Buenos Aires: Siglo XXI, 2016.; RIDENTI, 2012RIDENTI, M. Artistes et intellectuels communistes à l’apogée da la guerre froide au Brésil. In: ROLLAND, D. et al. (Org.). Modernités nationales, modernités importées. Paris: L’Harmattan, 2012.); de livros e impressos (LEÃO; FARIAS, 2016LEÃO, A. B.; FARIAS, E. O popular no Brasil numa fábula de costume francesa: estéticas e mediações transatlânticas. Sociedade e Estado, v. 31, n. 3, 2016, p. 631-649.). Outro princípio de diversificação das pesquisas consiste no deslocamento dos vetores. Saindo do eixo Norte-Sul, pesquisas têm se voltado para o eixo Sul-Sul (JACKSON; BLANCO, 2014JACKSON, L. C.; BLANCO, A. Sociologia no espelho. São Paulo: Editora 34, 2014.; MAIA, 2014MAIA, J. M. History of sociology and the quest for intellectual autonomy in the Global South: The cases of Alberto Guerreiro Ramos and Syed Hussein. Current Sociology, v. 62, 2014, p. 1.097-1.115.).
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    Outra maneira de travar o diálogo com “Ideias...”, mantendo-se rente ao problema do liberalismo no século XIX brasileiro, porém variando o estribilho, o tom e o substrato empírico, encontra-se nos trabalhos de Angela Alonso (2002)ALONSO, A. Ideias em movimento. São Paulo: Paz e Terra/Anpocs, 2002. ; José Murilo de Carvalho (1988CARVALHO, J. M. Teatro de sombras: a política imperial. Rio de Janeiro: Iuperj/Vértice, 1988.; 1999)_____. Pontos e bordados: escritos de história e política. Belo Horizonte: UFMG, 1999. e de Wanderley Guilherme dos Santos (1978)SANTOS, W. G. Ordem burguesa e liberalismo político. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1978.. Naturalmente, às clivagens disciplinares, condicionando os repertórios prévios e as indagações protocolares que vão alterando os sentidos de “Ideias...”, deve-se adicionar a segmentação e hierarquia geopolítica nacional, angulando modalidades de leitura e práticas preferenciais na definição de trabalho intelectual legítimo. A complexidade do ponto limita esta nota à indicação de duas análises a respeito disso: Moura, 2004MOURA, F. Diálogo crítico. Disputas no campo literário brasileiro (1984-2004). Dissertação (Mestrado em Sociologia). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2004.; Rodrigues, 2017_____. Rivalidades científicas e metropolitanas: São Paulo e Rio de Janeiro, sociologia e ciência política. Urbana: Urban Affairs and Public Policy, v. XVIII, 2017, p. 71-95..
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    Os debates supramencionados suscitaram uma série de balanços bibliográficos que, como ensina a sociologia das obras, concorrem também para a longevidade simbólica e a consagração de “Ideias...”. Nessa direção, trabalharam Lilia Schwarcz e André Botelho (2008)SCHWARCZ, L.; BOTELHO, A. Ao vencedor as batatas 30 anos: crítica da cultura e processo social: entrevista com Roberto Schwarz. RBCS, v. 23, n. 67 junho/2008, p. 147-194., Bernardo Ricupero (2013)_____. O lugar das ideias: Roberto Schwarz e seus críticos (2013). Rio de Janeiro, Sociologia & Antropologia, v. 3, n. 6, nov. 2013, p. 525-556., Leopoldo Waizbort (2007)WAIZBORT, Leopoldo. Passagem do três ao um. São Paulo: Cosac Naify, 2007..
  • RODRIGUES, Lidiane Soares. Leituras, leitores e lugares de Roberto Schwarz: nota da organizadora. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, Brasil, n. 74, p. 17-26, dez. 2019.

REFERÊNCIAS

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  • ARANTES, P. Um departamento francês de ultramar: estudos sobre a formação da cultura filosófica uspiana. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994.
  • _____. Ressentimento da dialética: dialética e experiência intelectual em Hegel (antigos estudos sobre o ABC da miséria alemã). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.
  • ARRUDA, M. A. N. Pensamento brasileiro e sociologia da cultura: questões de interpretação. Tempo social. São Paulo, v. 16, n. 1, 2004, p. 107-118.
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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Jan 2020
  • Data do Fascículo
    2019

Histórico

  • Recebido
    19 Nov 2019
  • Aceito
    23 Nov 2019
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