Acessibilidade / Reportar erro

Convulsão febril: estudo de base populacional Como citar este artigo: Dalbem JS, Siqueira HH, Espinosa MM, Alvarenga RP. Febrile seizures: a population-based study. J Pediatr (Rio J). 2015;91:529-34.

Resumo

Objetivos

Estabelecer a prevalência das crises febris e descrever o perfil clínico e epidemiológico dessa população.

Métodos

Estudo transversal de base populacional feito em Barra do Bugres (MT), de agosto de 2012 a agosto de 2013. Os dados foram coletados em duas etapas. Na primeira etapa usamos um questionário validado previamente em outro estudo brasileiro, para identificação de casos suspeitos de crises epilépticas. Na segunda etapa fizemos a avaliação neuroclínica para confirmação diagnóstica.

Resultados

A prevalência de crise febril foi de 6,4/1.000 habitantes (IC95% 3,8; 10,1). Não houve diferença entre os sexos. As crises febris simples foram encontradas em 88,8% dos casos. A história familiar de crise febril e epilepsia em parentes de primeiro grau esteve presente em 33,3% e 11,1% dos pacientes, respectivamente.

Conclusões

A prevalência da crise febril na Região Centro-Oeste foi menor do que a encontrada em outras regiões brasileiras, provavelmente relacionado à inclusão apenas das crises febris com manifestações motoras e as diferenças de fatores socioeconômicos entre as regiões pesquisadas.

PALAVRAS-CHAVE
Prevalência; Crise febril; Epidemiologia

Abstract

Objectives

To determine the prevalence of benign febrile seizures of childhood and describe the clinical and epidemiological profile of this population.

Methods

This was a population-based, cross-sectional study, carried out in the city of Barra do Bugres, MT, Brazil, from August 2012 to August 2013. Data were collected in two phases. In the first phase, a questionnaire that was previously validated in another Brazilian study was used to identify suspected cases of seizures. In the second phase, a neurological evaluation was performed to confirm diagnosis.

Results

The prevalence was 6.4/1000 inhabitants (95% CI: 3.8-10.1). There was no difference between genders. Simple febrile seizures were found in 88.8% of cases. A family history of febrile seizures in first-degree relatives and history of epilepsy was present in 33.3% and 11.1% of patients, respectively.

Conclusions

The prevalence of febrile seizures in Midwestern Brazil was lower than that found in other Brazilian regions, probably due to the inclusion only of febrile seizures with motor manifestations and differences in socioeconomic factors among the evaluated areas.

KEYWORDS
Prevalence; Febrile seizure; Epidemiology

Introdução

Crise febril é o evento convulsivo mais comum em crianças menores de cinco anos e acomete 2% a 5% da população pediátrica,11 Subcommittee on Febrile Seizures; American Academy of Pediatrics. Neurodiagnostic evaluation of the child with a simple febrile seizure. Pediatrics. 2011;127:389-94. são consideradas benignas e autolimitadas22 Patterson JL, Carapetian SA, Hageman JR, Kelley KR. Febrile seizures. Pediatr Ann. 2013;42:249-254. e classificadas em simples e complexas.11 Subcommittee on Febrile Seizures; American Academy of Pediatrics. Neurodiagnostic evaluation of the child with a simple febrile seizure. Pediatrics. 2011;127:389-94. Infecções virais das vias aéreas superiores são os fatores desencadeantes mais frequentes.33 Kaputu Kalala Malu C, Mafuta Musalu E, Dubru JM, Leroy P, Tomat AM, Misson JP. Epidemiology and characteristics of febrile seizures in children. Rev Med Liege. 2013;68:180-185.,44 Abuekteish F, Daoud AS, Al-Sheyyab M, Nou'man M. Demographic characteristics and risk factors of first febrile seizures: a Jordanian experience. Trop Doct. 2000;30:25-27. O risco de desenvolver epilepsia posteriormente é de 6,9%55 Leung AK, Robson WL. Febrile seizures. J Pediatr Health Care. 2007;21:250-255. e apesar de ter um ótimo prognóstico, causam ansiedade nos pais e parentes.66 Vestergaard M, Pedersen CB, Sidenius P, Olsen J, Christensen J. The long-term risk of epilepsy after febrile seizures in susceptible subgroups. Am J Epidemiol. 2007;165:911-918.

Os sinais clínicos das crises febris não são diferentes entre as populações, mas as características clínicas e demográficas não são idênticas nas várias partes do mundo,77 Shimony A, Afawi Z, Asher T, Mahajnah M, Shorer Z. Epidemiological characteristics of febrile seizures – comparing between Bedouin and Jews in the southern part of Israel. Seizure. 2009;18:26-29. o que justifica a necessidade deste estudo. Não há estudo brasileiro que descreva as características clínicas e epidemiológicas dos pacientes com crise febril.

O objetivo deste estudo é determinar a prevalência e descrever as características clínicas e epidemiológicas dos pacientes com crise febril.

Métodos

Área do estudo e população investigada

O estudo foi feito em Barra do Bugres, Mato Grosso, de agosto de 2012 a agosto de 2013. A população estimada em 2013 foi de 33.022 habitantes,88 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) [citado em 15 de outubro de 2013]. Disponível em: http://www.cidades.ibge.gov.br
http://www.cidades.ibge.gov.br...
3.445 na faixa até cinco anos e 11 meses. Desses, 1.775 do sexo masculino e 1.670 do feminino.88 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) [citado em 15 de outubro de 2013]. Disponível em: http://www.cidades.ibge.gov.br
http://www.cidades.ibge.gov.br...
Aproximadamente 60% da população são compostos por negros. No município, 77% dos domicílios recebem tratamento de esgoto e 55% água encanada. O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal é de 0,693 e a renda per capita baseada no Produto Interno Bruto (PIB) de 2012 foi de US$ 6.740.88 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) [citado em 15 de outubro de 2013]. Disponível em: http://www.cidades.ibge.gov.br
http://www.cidades.ibge.gov.br...
O município conta com seis equipes de Programa de Saúde da Família (PSF) e 46 agentes de saúde que fazem a cobertura de 75% da população e 25% da população que não são assistidos pelo PSF recebem atendimento em uma unidade de saúde no centro da cidade. O fato de o município contar com uma boa cobertura do PSF e essa funcionar regularmente facilitou o estudo.

Fases do estudo

Estudo descritivo transversal, de base populacional, feito em duas fases. Na primeira fase as agentes de saúde fizeram busca ativa nos domicílios, à procura de casos suspeitos de crise convulsiva. Usamos um questionário com oito perguntas (Tabela 1). As questões foram modificadas do guidelines da Organização Mundial de Saúde e são similares às usadas nos estudos epidemiológicos feitos no Equador99 Placencia M, Sander JW, Shorvon SD, Ellison RH, Cascante SM. Validation of a screening questionnaire for the detection of epileptic seizures in epidemiological studies. Brain. 1992;115:783-794. e validadas previamente em um estudo brasileiro com sensibilidade de 95,8% e especificidade de 97,8%.1010 Borges MA, Min LL, Guerreiro CA, Yacubian EM, Cordeiro JA, Tognola WA. Urban prevalence of epilepsy: populational study in São José do Rio Preto, a medium-sized city in Brazil. Arq Neuropsiquiatr. 2004;62:199-204. Esse questionário de triagem também foi usado em um estudo de prevalência da epilepsia na infância no Estado de São Paulo.1111 Sampaio LP, Caboclo LO, Kuramoto K, Reche A, Yacubian EM, Manreza ML. Prevalence of epilepsy in children from a Brazilian area of high deprivation. Pediatr Neurol. 2010;42:111-117. As agentes de saúde receberam treinamento prévio com explicações sobre crises convulsivas/epilepsia e como aplicar o questionário. Os casos em que houve pelo menos uma resposta positiva entre as oito questões foram encaminhados para a segunda fase da avaliação (confirmação diagnóstica), na qual fizemos a história clínica e o exame neurológico.

Tabela 1
Questionário de triagem.1010 Borges MA, Min LL, Guerreiro CA, Yacubian EM, Cordeiro JA, Tognola WA. Urban prevalence of epilepsy: populational study in São José do Rio Preto, a medium-sized city in Brazil. Arq Neuropsiquiatr. 2004;62:199-204.

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética do Hospital Geral Universitário (Registro: n° 128 CEP/UNIC - protocolo n° 2011-128).

Critérios de inclusão e exclusão

Foram incluídas crianças com história de pelo menos um episódio de crise febril residentes em Barra do Bugres até cinco anos. Excluímos os pacientes que não se enquadraram na definição de crise febril. As crises febris sem sintomas motores não foram consideradas pela dificuldade de afirmarmos se realmente tratava-se de crises epilépticas pela descrição dos parentes.

Definições

Crise febril foi definida como crise epiléptica que ocorre em crianças maiores de um mês e menores do que cinco anos associada a doença febril. Excluem-se dessa definição crises ocorridas em vigência de infecção do sistema nervoso central ou casos com antecedente de crises epilépticas no período neonatal, crises não provocadas e crises sintomáticas agudas.1212 Guidelines for epidemiologic studies on epilepsy. Commission on Epidemiology and Prognosis, International League Against Epilepsy. Epilepsia. 1993;34:592-596. As crises febris podem ser classificadas como simples ou complexas. As simples são aquelas primariamente generalizadas, com duração menor do que 15 minutos e sem recorrência dentro de 24 horas e complexa quando as crises são focais, com duração maior do que 15 minutos e com recorrência dentro de 24 horas.11 Subcommittee on Febrile Seizures; American Academy of Pediatrics. Neurodiagnostic evaluation of the child with a simple febrile seizure. Pediatrics. 2011;127:389-94.

Processamento e análise estatística dos dados

Os dados coletados na entrevista, em questionários pré-codificados, foram processados em microcomputador, digitados em duplicata para reduzir possíveis erros de digitação em um banco de dados eletrônico no programa Excel (Microsoft 2003, Redmond, Washington, EUA). Quando houve dados inconsistentes verificaram-se no questionário original e fizeram-se as devidas correções. Os dados foram analisados de forma descritiva e para a análise inferencial dos dados foram construído intervalos de confiança de 95% para as respectivas prevalências. Essa técnica foi usada uma vez que a escala de medida das comparações foi categórica ou não quantitativa.

Resultados

Barra do Bugres tem 3.445 habitantes na faixa até cinco anos e 11 meses. Foram triados 2.811 habitantes (81,6%), as perdas na primeira fase do trabalho ocorreram por não ser possível encontrar moradores nas unidades habitacionais em mais de uma visita pelos agentes de saúde. A prevalência de crise febril nessa amostra foi de 6,40/1.000 habitantes (IC 95% 3,8-0,10). A idade da primeira crise variou entre um mês e 60 meses (média de 19,38). As variáveis clínicas e sociodemográficas são apresentadas na Tabela 2.

Tabela 2
Distribuição da frequência observada, porcentagem e intervalo de confiança de 95% dos 18 pacientes com crise febril segundo variáveis clínicas e sociodemográficas. Barra do Bugres, MT, 2014

Discussão

A prevalência da crise febril nessa amostra foi de 6,4/1.000 habitantes. A literatura mostra uma variação de 3,5/1.0001313 Al Rajeh S, Awada A, Bademosi O, Ogunniyi A. The prevalence of epilepsy and other seizure disorders in an Arab population: a community-based study. Seizure. 2001;10:410-414.-17/1.000.1414 Baumann RJ, Marx MB, Leonidakis MG. Epilepsy in rural Kentucky: prevalence in a population of school age children. Epilepsia. 1978;19:75-80. Dois estudos brasileiros avaliaram a prevalência de crises febris e mostraram uma taxa de 13,9/1.000 em São Paulo/SP e 16/1.000 em Pelotas/RS.1111 Sampaio LP, Caboclo LO, Kuramoto K, Reche A, Yacubian EM, Manreza ML. Prevalence of epilepsy in children from a Brazilian area of high deprivation. Pediatr Neurol. 2010;42:111-117.,1515 Nunes ML, Geib LT, Grupo Apego. Incidence of epilepsy andseizure disorders in childhood and association with social deter-minants: a birth cohort study. J Pediatr (Rio J). 2011;87:50-6. Na área estudada, observamos que a prevalência foi menor do que a encontrada nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Essas diferenças nas taxas de prevalência podem ser justificadas por diferentes metodologias usadas para captação dos pacientes, fatores socioeconômicos e particularidades na população de cada região estudada. Nesta pesquisa usamos como método de captação dos pacientes a busca ativa nas residências, na qual tivemos perdas de 18,4% dos indivíduos nessa faixa etária. Ao compararmos com o estudo feito em Pelotas, que usou uma coorte de nascimento, as perdas foram de 26,2% de indivíduos que não puderam ser avaliados, o que aponta uma maior análise populacional no presente estudo. A pesquisa feita em São Paulo usou uma amostra de conveniência, na qual foram avaliados os indivíduos que frequentavam na ocasião o Complexo Einstein na Comunidade Paraisópolis, e gerou, assim, um viés que poderia justificar uma prevalência maior nesta pesquisa.

Diferenças socioeconômicas também podem justificar a menor prevalência encontrada em Mato Grosso. Na comparação da existência de saneamento básico no município (tratamento de esgoto e água encanada), renda per capita e IDHM com as outras regiões estudadas, podemos observar indicadores de melhores condições socioeconômicas em Barra do Bugres.

Apesar de mais de 60% da população serem constituídos por negros, a região tem colonização de várias áreas do Brasil, Sudeste, Sul e Nordeste. Dessa forma, a população estudada é bem particular e reflete a miscigenação que temos no nosso país. Isso a difere de outras regiões brasileiras nas quais a população é mais homogênea e indica, assim, que Barra do Bugres se assemelha muito mais ao perfil populacional brasileiro. Neste trabalho consideramos, ainda, apenas crises febris com manifestações motoras, o que pode justificar, associada aos fatores já citados, a menor prevalência encontrada.

Estudos mostram uma variação de crise febril simples de 55,2-85,6%.1616 Sfaihi L, Maaloul I, Kmiha S, Aloulou H, Chabchoub I, Kamoun T. Febrile seizures: an epidemiological and outcome study of 482 cases. Childs Nerv Syst. 2012;28:1779-1784.,1717 Yakinci C, Kutlu NO, Durmaz Y, Karabiber H, Eğri M. Prevalence of febrile convulsion in 3637 children of primary school age in the province of Malatya, Turkey. J Trop Pediatr. 2000;46:249-250. Em nossa série encontramos uma proporção de 88,8%, similar ao relatado na Tunísia, Turquia, em Camarões, na Índia, China, Irã e Inglaterra.1616 Sfaihi L, Maaloul I, Kmiha S, Aloulou H, Chabchoub I, Kamoun T. Febrile seizures: an epidemiological and outcome study of 482 cases. Childs Nerv Syst. 2012;28:1779-1784.

17 Yakinci C, Kutlu NO, Durmaz Y, Karabiber H, Eğri M. Prevalence of febrile convulsion in 3637 children of primary school age in the province of Malatya, Turkey. J Trop Pediatr. 2000;46:249-250.

18 Nguefack S, Ngo Kana CA, Mah E, Kuate Tegueu C, Chiabi A, Fru F. Clinical, etiological, and therapeutic aspects of febrile convulsions. A review of 325 cases in Yaoundé. Arch Pediatr. 2010;17:480-485.

19 Banerjee TK, Hazra A, Biswas A, Ray J, Roy T, Raut DK. Neurological disorders in children and adolescents. Indian J Pediatr. 2009;76:139-146.

20 Chung B, Wat LC, Wong V. Febrile seizures in southern Chinese children: incidence and recurrence. Pediatr Neurol. 2006;34:121-126.

21 Fallah R, Karbasi SA. Recurrence of febrile seizure in Yazd, Iran. Turk J Pediatr. 2010;52:618-622.

22 Verity CM, Butler NR, Golding J. Febrile convulsions in a national cohort followed up from birth. I – Prevalence and recurrence in the first five years of life. Br Med J (Clin Res Ed). 1985;290:1307-1310.
-2323 Verity CM, Butler NR, Golding J. Febrile convulsions in a national cohort followed up from birth. II – Medical history and intellectual ability at 5 years of age. Br Med J (Clin Res Ed). 1985;290:1311-1315. Não observamos estado de mal epiléptico secundário a convulsão febril, diferentemente do estudo feito em Camarões, que o identificou em 10% dos casos.2424 Gururaj AK, Bener A, Al-Suweidi EK, Al-Tatari HM, Khadir AE. Predictors of febrile seizure: a matched case-control study. J Trop Pediatr. 2001;47:361-362.

Ao analisar a frequência da crise febril em relação ao sexo não observamos diferença, semelhantemente à pesquisa feita por Pavlovic et al.,2525 Pavlovic MV, Jarebinski MS, Pekmezovic TD, Marjanovic BD, Levic ZM. Febrile convulsions in a Serbian region: a 10-year epidemiological study. Eur J Neurol. 1999;6:39-42. que difere de alguns estudos nos quais os autores descrevem uma maior frequência no sexo masculino.77 Shimony A, Afawi Z, Asher T, Mahajnah M, Shorer Z. Epidemiological characteristics of febrile seizures – comparing between Bedouin and Jews in the southern part of Israel. Seizure. 2009;18:26-29.,1616 Sfaihi L, Maaloul I, Kmiha S, Aloulou H, Chabchoub I, Kamoun T. Febrile seizures: an epidemiological and outcome study of 482 cases. Childs Nerv Syst. 2012;28:1779-1784.,1919 Banerjee TK, Hazra A, Biswas A, Ray J, Roy T, Raut DK. Neurological disorders in children and adolescents. Indian J Pediatr. 2009;76:139-146.,2626 Farwell JR, Blackner G, Sulzbacher S, Adelman L, Voeller M. First febrile seizures. Characteristics of the child, the seizure, and the illness. Clin Pediatr (Phila). 1994;33:263-267. Apenas Sillanpää et al. encontraram predomínio no sexo feminino.2727 Sillanpää M, Camfield P, Camfield C, Haataja L, Aromaa M, Helenius H. Incidence of febrile seizures in Finland: prospective population-based study. Pediatr Neurol. 2008;38:391-394.

A história familiar de crise febril e epilepsia em parentes de primeiro grau foi encontrada respectivamente em 33,3% e 11,1% dos casos. Estudos mostram variação de 14,7-39,3%1616 Sfaihi L, Maaloul I, Kmiha S, Aloulou H, Chabchoub I, Kamoun T. Febrile seizures: an epidemiological and outcome study of 482 cases. Childs Nerv Syst. 2012;28:1779-1784.,1717 Yakinci C, Kutlu NO, Durmaz Y, Karabiber H, Eğri M. Prevalence of febrile convulsion in 3637 children of primary school age in the province of Malatya, Turkey. J Trop Pediatr. 2000;46:249-250.,1919 Banerjee TK, Hazra A, Biswas A, Ray J, Roy T, Raut DK. Neurological disorders in children and adolescents. Indian J Pediatr. 2009;76:139-146.,2020 Chung B, Wat LC, Wong V. Febrile seizures in southern Chinese children: incidence and recurrence. Pediatr Neurol. 2006;34:121-126.,2222 Verity CM, Butler NR, Golding J. Febrile convulsions in a national cohort followed up from birth. I – Prevalence and recurrence in the first five years of life. Br Med J (Clin Res Ed). 1985;290:1307-1310.

23 Verity CM, Butler NR, Golding J. Febrile convulsions in a national cohort followed up from birth. II – Medical history and intellectual ability at 5 years of age. Br Med J (Clin Res Ed). 1985;290:1311-1315.
-2424 Gururaj AK, Bener A, Al-Suweidi EK, Al-Tatari HM, Khadir AE. Predictors of febrile seizure: a matched case-control study. J Trop Pediatr. 2001;47:361-362.,2828 Aydin A, Ergor A, Ozkan H. Effects of sociodemographic factors on febrile convulsion prevalence. Pediatr Int. 2008;50:216-220. em relação à história familiar de crise febril e 2,7-12,71%1616 Sfaihi L, Maaloul I, Kmiha S, Aloulou H, Chabchoub I, Kamoun T. Febrile seizures: an epidemiological and outcome study of 482 cases. Childs Nerv Syst. 2012;28:1779-1784.,1717 Yakinci C, Kutlu NO, Durmaz Y, Karabiber H, Eğri M. Prevalence of febrile convulsion in 3637 children of primary school age in the province of Malatya, Turkey. J Trop Pediatr. 2000;46:249-250.,2020 Chung B, Wat LC, Wong V. Febrile seizures in southern Chinese children: incidence and recurrence. Pediatr Neurol. 2006;34:121-126.,2424 Gururaj AK, Bener A, Al-Suweidi EK, Al-Tatari HM, Khadir AE. Predictors of febrile seizure: a matched case-control study. J Trop Pediatr. 2001;47:361-362. em relação à epilepsia.

A renda familiar foi de até dois salários mínimos em 77,7% dos casos. Estudos mostram que a prevalência de crise febril não está associada com a classe social e a escolaridade dos pais.2222 Verity CM, Butler NR, Golding J. Febrile convulsions in a national cohort followed up from birth. I – Prevalence and recurrence in the first five years of life. Br Med J (Clin Res Ed). 1985;290:1307-1310.,2323 Verity CM, Butler NR, Golding J. Febrile convulsions in a national cohort followed up from birth. II – Medical history and intellectual ability at 5 years of age. Br Med J (Clin Res Ed). 1985;290:1311-1315. A Tabela 3 mostra uma síntese das principais variáveis estudadas em artigos publicados até o momento, na qual podemos observar a escassez de dados relacionados ao período pré/perinatal e a heterogeneidade das variáveis pesquisadas, o que dificulta a comparação e até mesmo a feitura de metanálises relacionadas ao tema.

Tabela 3
Características avaliadas nos principais estudos sobre crise febril

Concluímos que a prevalência da crise febril na Região Centro-Oeste foi menor do que a encontrada em outras regiões brasileiras, provavelmente relacionada à inclusão apenas das crises febris com manifestações motoras e às diferenças socioeconômicas entre as regiões brasileiras pesquisadas.

  • Como citar este artigo: Dalbem JS, Siqueira HH, Espinosa MM, Alvarenga RP. Febrile seizures: a population-based study. J Pediatr (Rio J). 2015;91:529-34.

Agradecimentos

À Secretaria de Saúde de Barra do Bugres, ao Programa de Saúde da Família e à equipe tecno-administrativa do Centro de Saúde do Maracanã, que não mediram esforços para a feitura desta pesquisa.

Referências

  • 1
    Subcommittee on Febrile Seizures; American Academy of Pediatrics. Neurodiagnostic evaluation of the child with a simple febrile seizure. Pediatrics. 2011;127:389-94.
  • 2
    Patterson JL, Carapetian SA, Hageman JR, Kelley KR. Febrile seizures. Pediatr Ann. 2013;42:249-254.
  • 3
    Kaputu Kalala Malu C, Mafuta Musalu E, Dubru JM, Leroy P, Tomat AM, Misson JP. Epidemiology and characteristics of febrile seizures in children. Rev Med Liege. 2013;68:180-185.
  • 4
    Abuekteish F, Daoud AS, Al-Sheyyab M, Nou'man M. Demographic characteristics and risk factors of first febrile seizures: a Jordanian experience. Trop Doct. 2000;30:25-27.
  • 5
    Leung AK, Robson WL. Febrile seizures. J Pediatr Health Care. 2007;21:250-255.
  • 6
    Vestergaard M, Pedersen CB, Sidenius P, Olsen J, Christensen J. The long-term risk of epilepsy after febrile seizures in susceptible subgroups. Am J Epidemiol. 2007;165:911-918.
  • 7
    Shimony A, Afawi Z, Asher T, Mahajnah M, Shorer Z. Epidemiological characteristics of febrile seizures – comparing between Bedouin and Jews in the southern part of Israel. Seizure. 2009;18:26-29.
  • 8
    Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) [citado em 15 de outubro de 2013]. Disponível em: http://www.cidades.ibge.gov.br
    » http://www.cidades.ibge.gov.br
  • 9
    Placencia M, Sander JW, Shorvon SD, Ellison RH, Cascante SM. Validation of a screening questionnaire for the detection of epileptic seizures in epidemiological studies. Brain. 1992;115:783-794.
  • 10
    Borges MA, Min LL, Guerreiro CA, Yacubian EM, Cordeiro JA, Tognola WA. Urban prevalence of epilepsy: populational study in São José do Rio Preto, a medium-sized city in Brazil. Arq Neuropsiquiatr. 2004;62:199-204.
  • 11
    Sampaio LP, Caboclo LO, Kuramoto K, Reche A, Yacubian EM, Manreza ML. Prevalence of epilepsy in children from a Brazilian area of high deprivation. Pediatr Neurol. 2010;42:111-117.
  • 12
    Guidelines for epidemiologic studies on epilepsy. Commission on Epidemiology and Prognosis, International League Against Epilepsy. Epilepsia. 1993;34:592-596.
  • 13
    Al Rajeh S, Awada A, Bademosi O, Ogunniyi A. The prevalence of epilepsy and other seizure disorders in an Arab population: a community-based study. Seizure. 2001;10:410-414.
  • 14
    Baumann RJ, Marx MB, Leonidakis MG. Epilepsy in rural Kentucky: prevalence in a population of school age children. Epilepsia. 1978;19:75-80.
  • 15
    Nunes ML, Geib LT, Grupo Apego. Incidence of epilepsy andseizure disorders in childhood and association with social deter-minants: a birth cohort study. J Pediatr (Rio J). 2011;87:50-6.
  • 16
    Sfaihi L, Maaloul I, Kmiha S, Aloulou H, Chabchoub I, Kamoun T. Febrile seizures: an epidemiological and outcome study of 482 cases. Childs Nerv Syst. 2012;28:1779-1784.
  • 17
    Yakinci C, Kutlu NO, Durmaz Y, Karabiber H, Eğri M. Prevalence of febrile convulsion in 3637 children of primary school age in the province of Malatya, Turkey. J Trop Pediatr. 2000;46:249-250.
  • 18
    Nguefack S, Ngo Kana CA, Mah E, Kuate Tegueu C, Chiabi A, Fru F. Clinical, etiological, and therapeutic aspects of febrile convulsions. A review of 325 cases in Yaoundé. Arch Pediatr. 2010;17:480-485.
  • 19
    Banerjee TK, Hazra A, Biswas A, Ray J, Roy T, Raut DK. Neurological disorders in children and adolescents. Indian J Pediatr. 2009;76:139-146.
  • 20
    Chung B, Wat LC, Wong V. Febrile seizures in southern Chinese children: incidence and recurrence. Pediatr Neurol. 2006;34:121-126.
  • 21
    Fallah R, Karbasi SA. Recurrence of febrile seizure in Yazd, Iran. Turk J Pediatr. 2010;52:618-622.
  • 22
    Verity CM, Butler NR, Golding J. Febrile convulsions in a national cohort followed up from birth. I – Prevalence and recurrence in the first five years of life. Br Med J (Clin Res Ed). 1985;290:1307-1310.
  • 23
    Verity CM, Butler NR, Golding J. Febrile convulsions in a national cohort followed up from birth. II – Medical history and intellectual ability at 5 years of age. Br Med J (Clin Res Ed). 1985;290:1311-1315.
  • 24
    Gururaj AK, Bener A, Al-Suweidi EK, Al-Tatari HM, Khadir AE. Predictors of febrile seizure: a matched case-control study. J Trop Pediatr. 2001;47:361-362.
  • 25
    Pavlovic MV, Jarebinski MS, Pekmezovic TD, Marjanovic BD, Levic ZM. Febrile convulsions in a Serbian region: a 10-year epidemiological study. Eur J Neurol. 1999;6:39-42.
  • 26
    Farwell JR, Blackner G, Sulzbacher S, Adelman L, Voeller M. First febrile seizures. Characteristics of the child, the seizure, and the illness. Clin Pediatr (Phila). 1994;33:263-267.
  • 27
    Sillanpää M, Camfield P, Camfield C, Haataja L, Aromaa M, Helenius H. Incidence of febrile seizures in Finland: prospective population-based study. Pediatr Neurol. 2008;38:391-394.
  • 28
    Aydin A, Ergor A, Ozkan H. Effects of sociodemographic factors on febrile convulsion prevalence. Pediatr Int. 2008;50:216-220.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Nov-Dec 2015

Histórico

  • Recebido
    22 Set 2014
  • Aceito
    23 Jan 2015
Sociedade Brasileira de Pediatria Av. Carlos Gomes, 328 cj. 304, 90480-000 Porto Alegre RS Brazil, Tel.: +55 51 3328-9520 - Porto Alegre - RS - Brazil
E-mail: jped@jped.com.br