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Idade de introdução de alimentos ultraprocessados entre pré-escolares frequentadores de centros de educação infantil Como citar este artigo: Longo-Silva G, Silveira JA, Menezes RC, Toloni MH. Age at introduction of ultra-processed food among preschool children attending day-care centers. J Pediatr (Rio J). 2017;93:508–16. ,☆☆ ☆☆ Trabalho desenvolvido na Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Faculdade de Nutrição (Fanut), Programa de Pós-Graduação em Nutrição, Maceió, AL, Brasil.

Resumo

Objetivo:

Identificar a idade e os fatores associados com a introdução de alimentos ultraprocessados (AUP) na alimentação de pré-escolares.

Métodos:

Estudo transversal feito entre março e julho/2014 com 359 pré-escolares de 17 a 63 meses matriculados em centros de educação infantil. O tempo até a introdução dos AUP (variável de desfecho) foi descrito por meio do estimador de Kaplan-Meiere, o teste log-rank usado para comparar as funções de sobrevida das variáveis independentes. Por fim, analisaram-se os fatores associados à introdução de AUP por meio de modelo múltiplo de riscos proporcionais de Cox. Os resultados foram apresentados como hazard ratios com seus respectivos intervalos de confiança de 95% (HR [IC95%]).

Resultados:

A mediana de introdução de AUP foi de seis meses. Entre o terceiro e o sexto mês houve um incremento importante na probabilidade de introduzir AUP na alimentação das crianças; enquanto a probabilidade no terceiro mês varia entre 0,15 e 0,25, no sexto mês a variação ocorre de 0,6 e 1,0. No modelo final de riscos proporcionais de Cox identificamos que gravidez não desejada (1,32 [1,05-1,65]), não feitura do pré-natal (2,50 [1,02-6,16]) e renda ≥ dois salários mínimos (1,50 [1,09-2,06]) se apresentaram como riscos independentes para a introdução de AUP.

Conclusão:

Identificamos que até o sexto mês de vida aproximadamente 75% dos pré-escolares já haviam recebido um ou mais AUP em sua alimentação. Além disso, observamos que as famílias mais pobres, bem como fatores pré-natais desfavoráveis, se associaram com a introdução precoce de AUP.

PALAVRAS-CHAVE
Pré-escolar; Sobrepeso; Obesidade; Alimentação complementar; Alimentos industrializados; Nutrição da criança

Abstract

Objective:

To identify the age of introduction of ultra-processed food and its associated factors among preschool children.

Methods:

Cross-sectional study carried out from March to June 2014 with 359 preschool children aged 17 to 63 months attending day-care centers. Time until ultra-processed food introduction (outcome variable) was described by the Kaplan–Meier analysis, and the log-rank test was used to compare the survival functions of independent variables. Factors associated with ultra-processed food introduction were investigated using the multivariate Cox proportional hazards model. The results were shown as hazard ratios with their respective 95% confidence intervals.

Results:

The median time until ultra-processed food introduction was six months. Between the 3rd and 6th months, there is a significant increase in the probability of introducing ultra-processed food in the children's diet; and while the probability in the 3rd month varies from 0.15 to 0.25, at six months the variation ranges from 0.6 to 1.0. The final Cox proportional hazards model showed that unplanned pregnancy (1.32 [1.05–1.65]), absence of prenatal care (2.50 [1.02–6.16]), and income >2 minimum wages (1, 50 [1.09–2.06]) were independent risk factors for the introduction of ultra-processed food.

Conclusion:

Up to the 6th month of life, approximately 75% of preschool children had received one or more ultra-processed food in their diet. In addition, it was observed that the poorest families, as well as unfavorable prenatal factors, were associated with early introduction of ultra-processed food.

KEYWORDS
Preschool child; Overweight; Obesity; Supplementary feeding; Industrialized foods; Child nutrition

Introdução

Os primeiros mil dias de vida, contados desde a concepção até os dois anos, representam período fundamental para o pleno crescimento e desenvolvimento infantil, é reconhecido que nessa fase o aleitamento materno exclusivo (AME) até o sexto mês e a introdução adequada e oportuna de alimentos11 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: aleitamento materno e alimentação complementar (Cadernos de Atenção Básica; n. 23). Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2015, v.1. contribuem para promoção da saúde e das potencialidades físicas e mentais, traz benefícios que se perpetuam não apenas em curto prazo, mas também na vida adulta.22 Shrimpton R. Global policy and programme guidance on maternal nutrition: what exists, the mechanisms for providing it, and how to improve them?. Paediatr Perinat Epidemiol. 2012;26:315-25.

A alimentação inadequada desde a primeira infância integra o ranking dos fatores de risco modificáveis para os agravos nutricionais com repercussão mundial no contexto da saúde pública: sobrepeso, obesidade, doenças crônicas associadas33 International food policy research institute (IFPRI). Global nutrition report 2014: actions and accountability to advance nutrition and sustainable development. Washington, DC, USA: International Food Policy Research Institute; 2014.,44 Popkin BM, Adair LS, Wen Ng S. Now and then: the global nutrition transition: the pandemic of obesity in developing countries. Nutr Rev. 2012;70:3-21. e carências nutricionais específicas,55 World Health Organization (WHO). Worldwide prevalence of anaemia 1993-2005: WHO Global database on anaemia. Geneva: WHO; 2008. dentre as quais se destaca a anemia ferropriva, cuja prevalência global é de 47,4% entre os pré-escolares.55 World Health Organization (WHO). Worldwide prevalence of anaemia 1993-2005: WHO Global database on anaemia. Geneva: WHO; 2008. No Brasil, 7,8% dos pré-escolares apresentam excesso de peso, o seu incremento percentual anual (1989-2006) é superior na Região Nordeste (20,6%) quando comparado com o das demais regiões.66 Silveira JA, Colugnati FA, Cocetti M, Taddei JA. Secular trends and factors associated with overweight among Brazilian preschool children: PNSN-1989, PNDS-1996, and 2006/07. J Pediatr (Rio J). 2014;90:258-66.

Esse cenário decorre substancialmente do processo de mudanças no estilo de vida da sociedade contemporânea, que impulsionou alterações no padrão alimentar, caracterizadas pelo expressivo aumento do consumo de alimentos ultraprocessados (AUP), os quais, em decorrência de sua formulação e apresentação, tendem a ser consumidos em excesso e a substituir alimentos tradicionais.44 Popkin BM, Adair LS, Wen Ng S. Now and then: the global nutrition transition: the pandemic of obesity in developing countries. Nutr Rev. 2012;70:3-21.,77 Monteiro CA, Levy RB, Claro RM, Castro IR, Cannon G. A new classification of foods based on the extent and purpose of their processing. Cad Saude Publica. 2010;26:2039-49.

Tais alimentos apresentam elevada densidade energética, altos teores de açúcares livres, gorduras saturada e trans, sódio, além da baixa oferta de vitaminas e minerais, contribuem para o incremento do excesso de peso e suas comorbidades.33 International food policy research institute (IFPRI). Global nutrition report 2014: actions and accountability to advance nutrition and sustainable development. Washington, DC, USA: International Food Policy Research Institute; 2014.,44 Popkin BM, Adair LS, Wen Ng S. Now and then: the global nutrition transition: the pandemic of obesity in developing countries. Nutr Rev. 2012;70:3-21. Ademais, são caracterizados pelo extenso processamento industrial (que descaracteriza o alimento de origem) e inclusão de aditivos alimentares.77 Monteiro CA, Levy RB, Claro RM, Castro IR, Cannon G. A new classification of foods based on the extent and purpose of their processing. Cad Saude Publica. 2010;26:2039-49.

Dessa forma, diversos pesquisadores têm-se articulado na tentativa de compreender os fatores que contribuem para o consumo precoce e continuado de AUP em distintos cenários socioeconômicos,88 Longo-Silva G, Toloni MH, Menezes RC, Asakura L, Oliveira MA, Taddei JA. Ultra-processed foods: consumption among children at day-care centers and their classification according to traffic light labelling system. Rev Nutr. 2015;28:543-53.

9 Longo-Silva G, Toloni MH, Menezes RC, Asakura L, Oliveira MA, Taddei JA. Introduction of soft drinks and processed juice in the diet of infants attending public day care centers. Rev Paul Pediatr. 2015;33:40-7.

10 Hayter AK, Draper AK, Ohly HR, Rees GA, Pettinger C, McGlone P, et al. A qualitative study exploring parental accounts of feeding pre-school children in two low-income populations in the UK. Matern Child Nutr. 2015;11:371-84.
-1111 Pan L, Li R, Park S, Galuska DA, Sherry B, Freedman DS. A longitudinal analysis of sugar-sweetened beverage intake during infancy and obesity at six years old. Pediatrics. 2014;134:29-35. no intuito de subsidiar estratégias para controlar a tendência de consumo desenfreado.

Assim, o objetivo deste trabalho foi identificar a idade e os fatores associados com o tempo de introdução de AUP na alimentação de pré-escolares de centros de educação infantil (CEIs) em Maceió/AL.

Métodos

Delineamento

Estudo transversal intitulado “Situação nutricional de crianças em creches públicas e ações de alimentação e nutrição na atenção básica: um enfoque intersetorial”, feito no sétimo distrito sanitário de Maceió/AL, caracterizado pela situação de maior vulnerabilidade socioeconômica do município.

A pesquisa ocorreu entre março e julho/2014 e foram incluídos os CEI (n = 5) do sétimo distrito. Foram consideradas elegíveis para a pesquisa todas as crianças matriculadas nos CEI (n = 366) que não apresentassem deficiências física/motoras e intelectuais. Dentre essas, apenas duas não foram recrutadas devido à recusa dos pais/responsáveis em autorizar a participação na pesquisa e outras cinco crianças cujos pais/responsáveis não compareceram à entrevista, que perfizeram 359 crianças de ambos os sexos, entre 17 e 63 meses.

As avaliações e entrevistas foram feitas por nutricionistas treinadas e supervisionadas e as informações obtidas foram inseridas no software Epi-Info 7 (CDC, Atlanta, EUA), por meio de dupla digitação independente e posterior validação.

Variáveis estudadas

A variável de desfecho foi o tempo até a introdução dos AUP na alimentação da criança, considerando a classificação proposta por Monteiro et al.,77 Monteiro CA, Levy RB, Claro RM, Castro IR, Cannon G. A new classification of foods based on the extent and purpose of their processing. Cad Saude Publica. 2010;26:2039-49. obtidas retrospectivamente por meio de questionário estruturado, construída a partir dos seguintes alimentos: caldo de carnes, embutidos, refrigerantes e sucos artificiais, bolachas com e sem recheio, queijo tipo petit-suisse, espessantes industrializados, papinhas industrializadas, salgadinhos de pacote, macarrão instantâneo, sorvetes, gelatinas, guloseimas (bala, pirulito e chocolate) e margarina. O “tempo para o evento” foi definido como o menor intervalo entre o nascimento e o mês em que um dos AUP listados anteriormente foi introduzido na alimentação da criança.

Quanto às variáveis independentes, foram selecionadas aquelas que descrevem características sociodemográficas (idade da mãe, estado civil, renda familiar e acesso a serviços básicos de saneamento), antecedentes gestacionais (desejo pela gravidez, número de consultas pré-natal, paridade e se teve licença maternidade), comportamentais (prática de aleitamento materno, uso de chupeta e mamadeira, características da alimentação complementar, percepção materna sobre se a alimentação da crianças fora do CEI é saudável e acesso a orientações sobre alimentação infantil) e biológicas (presença de anemia [hemoglobina < 11 mg/dl] e excesso de peso [escore-Z do índice de índice de massa corporal-para-idade > + 2 DP]), as quais representam fatores importantes na análise nutricional de populações, especialmente quanto à relação do padrão alimentar no desenvolvimento da obesidade infantil.

Análise de dados

O banco de dados gerado foi convertido para o formato do Stata/IC 12.0 (StataCorp LP, College Station, TX, EUA), no qual todas as análises foram conduzidas.

O tempo até a introdução dos AUP foi descrito por meio do estimador de Kaplan-Meier, o qual possibilita identificar a probabilidade condicional acumulada do “evento” em função de determinado intervalo de tempo (S(t)). Contudo, a fim de melhorar a interpretação das análises e a visualização gráfica das curvas, o estimador foi usado como 1-S(t), ou seja, o inverso da função de sobrevida acumulada ou função de falha acumulada. Adicionalmente, devido à baixa frequência de eventos entre 12 e 36 meses (n = 10), as observações foram censuradas à direita aos 12 meses.

A comparação entre as funções de sobrevida de acordo com as variáveis independentes selecionadas foi feita por meio do teste log-rank. Por fim, construiu-se um modelo múltiplo de riscos proporcionais de Cox a partir das variáveis que apresentaram p < 0,20 no teste log-rank, ajustou-se o modelo para idade na data do inquérito e sexo. O pressuposto de proporcionalidade dos riscos foi avaliado por meio do teste de Schoenfeld. O método de introdução das variáveis no modelo múltiplo foi o stepwise forward e os resultados apresentados como hazard ratios com seus respectivos intervalos de confiança de 95% (HR [IC95%]).

Aspectos éticos

Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Alagoas (CAAE:18616313.8.0000.5013).

Resultados

Foram coletados os dados de 359 pré-escolares regularmente matriculados nos CEI do sétimo distrito sanitário de Maceió/AL. A idade média da população foi de 45,4 meses, com distribuição similar da frequência entre os sexos. Dentre os desvios nutricionais avaliados na data do inquérito, apenas o excesso de peso se destacou, apresentou prevalência de 7,6% (27/355) (tabela 1).

Tabela 1
Características individuais, maternas e domiciliares de pré-escolares frequentadores de centros de educação infantil de Maceió/AL, 2014

Um terço da população estudada foi composta por primogênitos e embora o número de mães seja pequeno, todas aquelas que não fizeram pré-natal apontaram a gravidez como indesejada. Ainda em relação às características maternas, 50,3% (180/358) das mães apresentaram mais de oito anos de estudo e aproximadamente 65% (229/282) vivem com o pai biológico da criança (tabela 1).

As condições socioeconômicas e de moradia da população estudada podem ser caracterizadas como de baixa renda, uma vez que 86% (304/353) vivem com menos de dois salários mínimos (SM)/mês – a mediana de moradores no domicílio foi de quatro indivíduos –, 75,6% (270/357) recebe alguma forma de benefício do governo e metade das famílias (186/359) vivia sem tratamento de esgoto adequado (tabela 1).

Na análise global, a mediana de introdução de AUP foi de seis meses. Contudo, é importante destacar que entre o terceiro e o sexto mês há um incremento importante na probabilidade de introduzir AUP na alimentação das crianças; enquanto a probabilidade no terceiro mês varia entre 0,15 e 0,25, no sexto mês a variação ocorre de 0,6 e 1,0 (tabela 2). Ainda, percebe-se que esse aumento na probabilidade de introdução de AUP na alimentação da criança ocorre principalmente do quinto para o sexto mês; isso é possível de ser notado na tabela 2, quando se observa que, independentemente da variável selecionada, a mediana de introdução dos AUP é seis meses, mas a probabilidade é ∼0,75, ou seja, a probabilidade no quinto mês é <0,50. Na figura 1 estão apresentadas as curvas de Kaplan-Meier de variáveis associadas com a introdução de AUP.

Tabela 2
Mediana e probabilidade acumulada do tempo até a introdução de alimentos ultraprocessados entre pré-escolares frequentadores de centros de educação infantil em Maceió/AL, 2014

Figura 1
Curvas de sobrevida pelo estimador de Kaplan-Meier de variáveis associadas à introdução de alimentos ultraprocessados entre pré-escolares frequentadores de centros de educação infantil de Maceió, Alagoas–2014.

No modelo final de riscos proporcionais de Cox, identificamos que a gravidez indesejada (1,32 [1,05-1,65]), a não feitura do pré-natal (2,50 [1,02-6,16]) e a renda ≥ 2SM (1,50 [1,09-2,06]) representaram riscos independentes para a introdução precoce de AUP na alimentação dos pré-escolares (tabela 3).

Tabela 3
Análises simples e múltipla dos riscos proporcionais de Cox para a introdução de alimentos ultraprocessados entre pré-escolares frequentadores de centros de educação infantil de Maceió, Alagoas-2014

Discussão

O propósito deste artigo foi analisar a idade de introdução de AUP na alimentação de pré-escolares matriculados em CEI da região de maior vulnerabilidade social da capital de Alagoas. As características antecedentes ao nascimento da criança e econômicas se apresentaram como fatores importantes na decisão de introduzir precocemente AUP; além disso, identificamos que o período crítico para a introdução destes alimentos ocorreu entre o terceiro e o quinto mês de vida.

Outro aspecto importante a ser destacado é que esse foi o primeiro artigo a analisar a introdução de AUP por meio do estimador de Kaplan-Meier e do modelo de riscos proporcionais de Cox, os quais, dentro desse contexto, haviam sido usados apenas para análise da interrupção parcial ou total do aleitamento materno. Identificamos na literatura abordagens similares, contudo focamos no tempo para a introdução da alimentação complementar como um todo, sem especificar um grupo de alimentos reconhecidamente deletérios para saúde, como é o caso das análises feitas por Boudet-Berquier et al.1212 Boudet-Berquier J, Salanave B, de Launay C, Castetbon K. Introduction of complementary foods with respect to French guidelines: description and associated socio-economic factors in a nationwide birth cohort (Epifane survey). Matern Child Nutr. 2016 [Epub ahead of print]. Portanto, no presente artigo foi possível identificar objetivamente o início de um comportamento alimentar considerado não saudável, o que viabiliza o planejamento de ações para a alteração desse fator de risco modificável.

Por outro lado, apontamos como principal limitação de nosso estudo o viés recordatório, inerente às pesquisas transversais, quanto à informação sobre a introdução de AUP na alimentação dos pré-escolares enquanto ainda lactentes, o qual poderia ocorrer de forma diferencial em função da amplitude da idade das crianças estudadas (17 a 63 meses). Todavia, mesmo que a acurácia da informação seja inferior àquelas coletas prospectivamente, essa limitação é minimizada pela proximidade entre evento de interesse e a idade da criança no inquérito.

A construção dos hábitos alimentares se inicia nos primeiros dois anos de vida, tem profundo impacto nos anos subsequentes, uma vez que é nesse período que crianças descobrem as características sensoriais (textura, sabor e aroma), nutricionais (autorregulação do consumo a partir da densidade energética dos alimentos) e comportamentais (definição dos horários e do ambiente) relativas aos alimentos e o hábito de se alimentar.1313 Nicklaus S. The role of food experiences during early childhood in food pleasure learning. Appetite. 2016;104:3-9. Atualmente, é consenso que AUP devem ser evitados nos primeiros anos de vida e consumidos com restrição em todas as outras fases, pois contribuem para o aumento significativo do aporte energético diário, devido seu conteúdo excessivo de açúcares refinados e gordura saturada; além disso, têm densidade elevada de sódio e aditivos alimentares e reduzida de micronutrientes e fibras alimentares.1414 Brazil Ministry of Health of Brazil. Secretariat of Health Care. Primary Health Care Department. Dietary guidelines for the Brazilian population; translated by Carlos Augusto Monteiro - Brasília: Ministry of Health of Brazil; 2014. Available from: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/guia_alimentar_populacao_ingles.pdf [accessed 25.08.16].
http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab...

O consumo elevado e crônico desse grupo de alimentos traz consequências clínicas e bioquímicas à saúde infantil em curto prazo, como obesidade e alterações no perfil lipoproteico, representa risco precoce para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis.1515 Rauber F, Campagnolo PD, Hoffman DJ, Vitolo MR. Consumption of ultra-processed food products and its effects on children's lipid profiles: a longitudinal study. Nutr Metab Cardiovasc Dis. 2015;25:116-22. Estudo feito por Pan et al.,1111 Pan L, Li R, Park S, Galuska DA, Sherry B, Freedman DS. A longitudinal analysis of sugar-sweetened beverage intake during infancy and obesity at six years old. Pediatrics. 2014;134:29-35. com crianças americanas acompanhadas desde o último trimestre gestacional até os seis anos, demonstrou que a chance de a criança se tornar obesa era 92% maior naquelas que consumiram bebidas açucaradas no primeiro semestre de vida em comparação com as que não ingeriram. Na mesma perspectiva, Rauber et al.1515 Rauber F, Campagnolo PD, Hoffman DJ, Vitolo MR. Consumption of ultra-processed food products and its effects on children's lipid profiles: a longitudinal study. Nutr Metab Cardiovasc Dis. 2015;25:116-22. evidenciaram associação entre o consumo desses alimentos e elevação dos níveis de colesterol total e LDL da pré-escola até a idade escolar.

Outro aspecto que não pode ser negligenciado nesse panorama é o impacto negativo sobre a cultura (desvalorização das práticas alimentares locais e a relação da população com os alimentos), a vida social (perda dos aspectos da comensalidade e do repartir das refeições, uma vez que os produtos são de consumo individual e podem ser consumidos em qualquer local, desfaz-se a necessidade de dedicar um período para viver a experiência social da alimentação) e o ambiente (ameaça sobre a sustentabilidade do planeta, desde a produção e o descarte das embalagens, passando pelas extensas monoculturas dependentes de sementes transgênicas, do uso agressivo de agrotóxicos e fertilizantes químicos e de água, até as cadeiras de distribuição logísticas, o que aumenta os níveis de poluição devido à escassez de sistemas de transportes com alta eficiência energética).1515 Rauber F, Campagnolo PD, Hoffman DJ, Vitolo MR. Consumption of ultra-processed food products and its effects on children's lipid profiles: a longitudinal study. Nutr Metab Cardiovasc Dis. 2015;25:116-22.,1616 Poti JM, Mendez MA, Ng SW, Popkin BM. Is the degree of food processing and convenience linked with the nutritional quality of foods purchased by US households?. Am J Clin Nutr. 2015;101:1251-62.

Por mais que estejam claros os malefícios associados a esse comportamento alimentar, tal situação parece não estar perto de ser solucionada tanto no Brasil quanto no resto do mundo, uma vez que tendências mundiais indicam a disseminação de AUP na sociedade, sobretudo entre o público infantil, em distintos cenários geográficos e socioeconômicos.99 Longo-Silva G, Toloni MH, Menezes RC, Asakura L, Oliveira MA, Taddei JA. Introduction of soft drinks and processed juice in the diet of infants attending public day care centers. Rev Paul Pediatr. 2015;33:40-7.

10 Hayter AK, Draper AK, Ohly HR, Rees GA, Pettinger C, McGlone P, et al. A qualitative study exploring parental accounts of feeding pre-school children in two low-income populations in the UK. Matern Child Nutr. 2015;11:371-84.

11 Pan L, Li R, Park S, Galuska DA, Sherry B, Freedman DS. A longitudinal analysis of sugar-sweetened beverage intake during infancy and obesity at six years old. Pediatrics. 2014;134:29-35.
-1212 Boudet-Berquier J, Salanave B, de Launay C, Castetbon K. Introduction of complementary foods with respect to French guidelines: description and associated socio-economic factors in a nationwide birth cohort (Epifane survey). Matern Child Nutr. 2016 [Epub ahead of print].

Numa análise ecológica, Moodie et al.1717 Moodie R, Stuckler D, Monteiro C, Sheron N, Neal B, Thamarangsi T, et al. Profits and pandemics: prevention of harmful effects of tobacco, alcohol, and ultra-processed food and drink industries Series. Non-Communicable Diseases 4. Lancet. 2013;381:670-9. compilaram tendências na aquisição de AUP em países de diferentes situações econômicas, revelaram crescimento anual do volume per capita consumido equivalente a 2,0% nos países de baixa e média renda e 1,4% nos de alta renda entre 1997 e 2009; em decorrência desse aumento, 75% da venda de alimentos mundialmente é constituída por alimentos processados ou ultraprocessados, 1/3 desde mercado é controlado por corporações transnacionais. No Brasil, as principais empresas/conglomerados envolvidas com a produção e venda desses alimentos, até para crianças, são Nestlé, Brasil Foods, Kraft Foods, Unilever e Danone.1717 Moodie R, Stuckler D, Monteiro C, Sheron N, Neal B, Thamarangsi T, et al. Profits and pandemics: prevention of harmful effects of tobacco, alcohol, and ultra-processed food and drink industries Series. Non-Communicable Diseases 4. Lancet. 2013;381:670-9.

Para o enfrentamento desse panorama, a literatura destaca como estratégia potencial a implantação de impostos para alimentos não saudáveis e subsídios em alimentos considerados saudáveis.1818 Thow AM, Downs S, Jan S. A systematic review of the effectiveness of food taxes and subsidies to improve diets: understanding the recent evidence. Nutr Rev. 2014;72:551-65. Tem-se como exemplo a Hungria, que implantou imposto sobre alimentos ricos em açúcar, sódio ou cafeína, a França, que aplicou imposto sobre refrigerantes, e a Finlândia, em alimentos de confeitaria.1919 Organisation for Economic Co-operation and Development (OECD). Obesity update; 2012. Available from: http://www.oecd.org/els/health-systems/49716427.pdf [accessed21.07.16].
http://www.oecd.org/els/health-systems/4...
O México, que tem a segunda taxa mundial de obesidade, implantou impostos sobre bebidas adoçadas e alimentos ricos em gordura saturada, açúcar e sódio.2020 Organisation for Economic Co-operation and Development (OECD). Obesity update; 2014. Available from: http://www.oecd.org/els/health-systems/Obesity-Update-2014.pdf [accessed 21.07.16].
http://www.oecd.org/els/health-systems/O...

Complementarmente, é necessário concentrar-se em esforços para aumentar a disponibilidade de frutas e vegetais, dispor de pontos de venda em pequenos e grandes centros, inclusive bairros periféricos, o que favorece a aquisição de alimentos perecíveis com maior frequência.2121 Vedovato GM, Trude AC, Kharmats AY, Martins PA. Degree of food processing of household acquisition patterns in a Brazilian urban area is related to food buying preferences and perceived food environment. Appetite. 2015;87:296-302. No Brasil, não dispomos de tributação ou precificação de alimentos ou desestímulo ao consumo de AUP.

Portanto, considerando as consequências biológicas, sociais e econômicas do consumo precoce e continuado de AUP, é urgente que profissionais da saúde envolvidos na atenção básica se mobilizem em relação a essa problemática, adicionem o cuidado com a alimentação da criança ao repertório de orientações durante o pré-natal e o puerpério.11 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: aleitamento materno e alimentação complementar (Cadernos de Atenção Básica; n. 23). Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2015, v.1.,2222 Brasil. Ministério da Saúde. Portaria Nº 1459, de 24 de junho de 2011. Institui, no âmbito do Sistema Único de Saúde a Rede Cegonha. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt1459_24_06_2011.html http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt1459_24_06_2011.html
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É importante salientar que, dentro desse contexto, o potencial efeito benéfico do aleitamento materno na manutenção do ganho de peso saudável e na prevenção do excesso de peso pode ser mitigado na presença de um padrão alimentar não saudável.66 Silveira JA, Colugnati FA, Cocetti M, Taddei JA. Secular trends and factors associated with overweight among Brazilian preschool children: PNSN-1989, PNDS-1996, and 2006/07. J Pediatr (Rio J). 2014;90:258-66.,2323 Silveira JA, Colugnati FA, Poblacion AP, Taddei JA. The role of exclusive breastfeeding and sugar-sweetened beverage consumption on preschool children's weight gain. Pediatr Obes. 2015;10:91-7.

Dentre as variáveis associadas à introdução dos AUP, identificamos como mais relevantes aquelas relacionas ao acesso ao pré-natal, ao desejo de engravidar e à renda familiar.

Embora se observe aumento na cobertura da assistência pré-natal no Brasil desde a década de 1990,2424 Victora CG, Aquino EM, Leal MC, Monteiro CA, Barros FC, Szwarcwald CL. Maternal and child health in Brazil: progress and challenges. Lancet. 2011;377:1863-76. persistem as iniquidades no acesso aos serviços de saúde, verifica-se que mulheres com menor escolaridade, renda, assim como as residentes nas regiões Norte e Nordeste, têm menor acesso à assistência pré-natal.2525 Domingues RM, Viellas EF, Dias MA, Torres J, Theme-Filha MM, Gama SG, et al. Adequação da assistência pré-natal segundo as características maternas no Brasil. Rev Panam Salud Publica. 2015;37:140-7. Como consequência, a partir de dados de uma coorte de nascimento do Recôncavo Baiano/BA, observou-se que na ausência do pré-natal houve aumento em 173% do risco de diminuir a duração do AME e em 38% quanto à descontinuidade do aleitamento materno.

No que concerne à condição socioeconômica, achados similares aos nossos foram constatados em uma coorte em Diamantina/MG. Concluiu-se que os filhos de mães com maior renda per capita (> 1/2 SM) apresentaram o dobro de chance, quando comparados com os das de menor renda, de consumir alimentos não saudáveis mais frequentemente.2626 Nobre LN, Lamounier JA, Franceschini SC. Preschool children dietary patterns and associated factors. J Pediatr (Rio J). 2012;88:129-36. Contudo, vale a relativização em função do contexto geográfico e social do papel da renda elevada no consumo de alimentos não saudáveis, pois na comparação entre famílias afluentes e de baixa renda o consumo foi significativamente maior dentre os mais ricos;2323 Silveira JA, Colugnati FA, Poblacion AP, Taddei JA. The role of exclusive breastfeeding and sugar-sweetened beverage consumption on preschool children's weight gain. Pediatr Obes. 2015;10:91-7. assim, dentro de grupos com menor poder aquisitivo, quanto maior a renda, maior será o consumo. Contudo, essa afirmação não se faz verdadeira na comparação entre classes econômicas bem distintas.

A interpretação e o uso dos resultados devem ser feitos com parcimônia e considerar a natureza multifatorial do processo de formação do comportamento alimentar – o que reflete na magnitude das associações observadas no modelo múltiplo de Cox. No caso da associação entre gravidez indesejada e a introdução precoce de AUP, tem-se essa variável como fator negativo para desfechos de saúde,2727 Kost K, Lindberg L. Pregnancy intentions, maternal behaviors, and infant health: investigating relationships with new measures and propensity score analysis. Demography. 2015;52:83-111.,2828 Boden JM, Fergusson DM, Horwood LJ. Outcomes for children and families following unplanned pregnancy: findings from a longitudinal birth cohort. Child Ind Res. 2015;8:389-402. sugere-se assim sua relação com o desinteresse materno por informações relativas ao cuidado da criança, nesse contexto, sobre a alimentação adequada e saudável. Por outro lado, essa pergunta apenas corresponde à intenção inicial da mãe, e não à manutenção dessa reação diante da gestação; alternativamente, a mulher pode não ter desejado a gravidez, contudo não implica o recebimento negativo dessa nova condição por ela e pela família.

Assim, dentro de um panorama de elevada vulnerabilidade socioeconômica, nossas análises sugerem que o acesso a serviços de saúde (consultas pré-natal) tem papel importante no retardo da introdução de AUP, o que pode estar diretamente relacionado com o aumento da duração do AME. Adicionalmente, a variabilidade do IC95% pode fornecer outra leitura do fenômeno, apontar, por exemplo, o efeito não apenas do acesso, mas também da qualidade do pré-natal. Desse modo, destacamos a relevância do contato humanizado pelos profissionais de saúde com a gestante, identificamos a percepção dela sobre a gestação, a fim de proporcionar integralidade no cuidado.

Por fim, em estudo caso-controle feito em Maceió, observou-se que crianças cujas mães eram acompanhadas pela Atenção Básica do Sistema Único de Saúde apresentavam mediana do escore de consumo de alimentos industrializados significativamente maior do que aquelas acompanhadas em clínicas particulares. Contudo, essa diferença não se dá necessariamente pela qualidade do serviço prestado (a qual não temos dados para avaliar), mas provavelmente pelo abismo social existente no município, refletido nas diferenças entre o nível de escolaridade dos responsáveis pela criança, renda familiar e vulnerabilidade a influências midiáticas.2929 Sotero AM, Cabral PC, Silva GA. Fatores socioeconômicos, culturais e demográficos maternos associados ao padrão alimentar de lactentes. Rev Paul Pediatr. 2015;33:445-52.

Diante dos objetivos de nosso estudo, concluímos que a mediana de introdução dos AUP foi de seis meses. Contudo, até essa idade ∼75% dos pré-escolares já haviam recebido um ou mais AUP em sua alimentação. Além disso, observamos que a gravidez não planejada, a não feitura de consulta pré-natal e a renda familiar < 2 SM se associou com a introdução precoce de AUP na alimentação de pré-escolares frequentadores de CEI de Maceió/AL. Portanto, nossos resultados se alinham com o crescente corpo de evidências que indicam o período pré-natal como momento oportuno para estratégias de educação alimentar e nutricional que visem não apenas ao prolongamento do tempo de aleitamento materno, mas também à introdução da alimentação complementar saudável e adequada.

  • Financiamento
    Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), processo n° 60030000692/2013.
  • Como citar este artigo: Longo-Silva G, Silveira JA, Menezes RC, Toloni MH. Age at introduction of ultra-processed food among preschool children attending day-care centers. J Pediatr (Rio J). 2017;93:508–16.
  • ☆☆
    Trabalho desenvolvido na Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Faculdade de Nutrição (Fanut), Programa de Pós-Graduação em Nutrição, Maceió, AL, Brasil.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Sep-Oct 2017

Histórico

  • Recebido
    31 Ago 2016
  • Aceito
    23 Nov 2016
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