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Novos táxons em Hippopsini, Desmiphorini, Xenofreini e Acanthoderini (Coleoptera, Cerambycidae, Lamiinae)

Resumos

Descrição de novos táxons em Hippopsini, Desmiphorini, Xenofreini e Acanthoderini (Coleoptera, Cerambycidae, Lamiinae). Espécies novas descritas da Bolívia: Trichohippopsis exilis sp. nov., Megacera acuminata sp. nov., Acanthoderes onca sp. nov., Psapharochrus pinima sp. nov., Ateralphus lacteus sp. nov., Nesozineus simile sp. nov. e do México (Chiapas, Guerrero) X. guttata sp. nov. O nome novo Monnetyra é proposto para Anhanga Galileo & Martins, 2003 non Anhanga Distant, 1887 (Hemiptera). Nova combinação: Monnetyra diabolica (Galileo & Martins, 2003). Registra-se para a Bolívia Xenofrea pseudomurina Tavakilian & Néouze, 2006.

Acanthoderini; Desmiphorini; Hippopsini; Taxonomia; Xenofreini


New taxa of Hippopsini, Desmiphorini, Xenofreini and Acanthoderini (Coleoptera, Cerambycidae, Lamiinae). The following species are described, from Bolivia: Trichohippopsis exilis sp. nov., Megacera acuminata sp. nov., Acanthoderes onca sp. nov., Psapharochrus pinima sp. nov., Ateralphus lacteus sp. nov., and Nesozineus simile sp. nov.; and from Mexico (Chiapas, Guerrero) Xenofrea gutata sp. nov. The new name Monnetyra is proposed for Anhanga Galileo & Martins, 2003 non Anhanga Distant, 1887 (Hemiptera) and new combination: Monnetyra diabolica (Galileo & Martins, 2003). Xenofrea pseudomurina Tavakilian & Néouze is recorded for Bolivia.

Coleoptera; Cerambycidae; Lamiinae; Acanthoderini; Desmiphorini; Hippopsini; Xenofreini; Taxonomy


Novos táxons em Hippopsini, Desmiphorini, Xenofreini e Acanthoderini (Coleoptera, Cerambycidae, Lamiinae)

Maria Helena M. GalileoI, III; Ubirajara R. MartinsII, III

IMuseu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, Caixa Postal 1188, 90001-970, Porto Alegre, RS, Brasil

IIMuseu de Zoologia, Universidade de São Paulo, Caixa Postal 42494-970, 04218-970, São Paulo, SP, Brasil. E-mail: urmsouza@usp.br

IIIPesquisador do CNPq

RESUMO

Descrição de novos táxons em Hippopsini, Desmiphorini, Xenofreini e Acanthoderini (Coleoptera, Cerambycidae, Lamiinae). Espécies novas descritas da Bolívia: Trichohippopsis exilis sp. nov., Megacera acuminata sp. nov., Acanthoderes onca sp. nov., Psapharochrus pinima sp. nov., Ateralphus lacteus sp. nov., Nesozineus simile sp. nov. e do México (Chiapas, Guerrero) X. guttata sp. nov. O nome novo Monnetyra é proposto para Anhanga Galileo & Martins, 2003 non Anhanga Distant, 1887 (Hemiptera). Nova combinação: Monnetyra diabolica (Galileo & Martins, 2003). Registra-se para a Bolívia Xenofrea pseudomurina Tavakilian & Néouze, 2006.

Palavras-chave: Acanthoderini, Desmiphorini, Hippopsini, Taxonomia, Xenofreini.

ABSTRACT

New taxa of Hippopsini, Desmiphorini, Xenofreini and Acanthoderini (Coleoptera, Cerambycidae, Lamiinae). The following species are described, from Bolivia: Trichohippopsis exilis sp. nov., Megacera acuminata sp. nov., Acanthoderes onca sp. nov., Psapharochrus pinima sp. nov., Ateralphus lacteus sp. nov., and Nesozineus simile sp. nov.; and from Mexico (Chiapas, Guerrero) Xenofrea gutata sp. nov. The new name Monnetyra is proposed for Anhanga Galileo & Martins, 2003 non Anhanga Distant, 1887 (Hemiptera) and new combination: Monnetyra diabolica (Galileo & Martins, 2003). Xenofrea pseudomurina Tavakilian & Néouze is recorded for Bolivia.

Keywords: Coleoptera, Cerambycidae, Lamiinae, Acanthoderini, Desmiphorini, Hippopsini, Xenofreini, Taxonomy.

INTRODUÇÃO

Material recebido para estudo de James E. Wappes (ACMB) e reunido com o de outras instituições, ensejou a descrição de novas espécies principalmente da Bolívia. Em Hippopsini descrevemos uma espécie no gênero Trichohippopsis Breuning, 1958 e uma no gênero Megacera Audinet-Serville, 1835.

Fomos alertados por M.A. Monné (MNRJ) para um nome publicado por nós em Desmiphorini em homonímia e aproveitamos a oportunidade para substituí-lo.

Em Acanthoderini, tribo numerosa que necessita de revisão, descrevemos quatro espécies, respectivamente, nos gêneros Acanthoderes Audinet-Serville, 1835, Psapharochrus Thomson, 1864, Ateralphus Restello, Iannuzi & Marioni, 2001 e Nesozineus Linsley & Chemsak, 1966.

A tribo Xenofreini está composta por três gêneros: Curiofrea Galileo & Martins, 1999, Oroxenofrea Galileo & Martins, 1999 e Xenofrea Bates, 1885. Este último foi recentemente motivo de três artigos, os de Néouze & Tavakilian (2005), Tavakilian & Néouze (2006) que trataram especialmente de espécies da Guiana Francesa, Bolívia, Brasil, Equador e Venezuela e o de Galileo & Martins (2005) que cuidou de espécies da Bolívia. Acrescentamos mais duas espécies mexicanas ao gênero Xenofrea.

Siglas das coleções citadas ao longo do texto correspondem a: ACMB, American Coleoptera Museum, San Antonio; FSCA, Florida State Collection of Arthropods, Gainesville; MCNZ, Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre; MNKM, Museo Noel Kempff Mercado, Santa Cruz; MZSP, Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo, São Paulo; USNM, National Museum of Natural History,Washington.

Hippopsini

Trichohippopsis exilis sp. nov.

(Fig. 1)


Etimologia. Latim, exilis = fino; alusivo à forma esbelta do corpo.

Cabeça com tegumento castanho-avermelhado, revestida por pubescência branco-amarelada na fronte e nas genas. Vértice com três faixas de pubescência amarelada, uma central e uma a cada lado; tegumento entre essas faixas densamente pontuado. Gula glabra com tegumento brilhante. Antenas castanho-avermelhadas com o ápice dos antenômeros IIIIX mais escuros. Escapo achatado dorso-ventralmente, com cicatriz apical, densa e irregularmente pontuado, com pêlos curtos e curvos. Flagelômeros com pêlos muito longos, sinuosos, no lado interno.

Protórax castanho-escuro com margens anterior e posterior avermelhadas; com cinco faixas longitudinais de pubescência amarelada e densa, uma central no pronoto e quatro laterais; tegumento pontuado entre as faixas. Esternos torácicos fina e densamente pontuados, recobertos por pubescência esbranquiçada. Lados do metasterno com faixa estreita de pubescência amarelada.

Escutelo revestido por pubescência densa, amarelada. Élitros castanho-avermelhados com faixa longitudinal, dorsal, castanho-escura, paralela à sutura da base ao terço apical; em cada élitro três faixas longitudinais de pubescência amarelada esparsa, as duas laterais sobre a costa que é discreta e longitudinal; sobre os frisos sutural e lateral omesmo tipo de pubescência. Pontuação elitral densa; extremidades arredondadas no ângulo sutural e subaguçadas no ângulo externo.

Pernas com tegumento avermelhado, menos a parte central dos fêmures, castanho-escura. Urosternitos castanho-escuros, densamente pontuados, com área central mais avermelhada e quatro faixas longitudinais de pubescência amarelada.

Dimensões, em mm, holótipo macho/parátipo fêmea. Comprimento total, 12,4/11,5; comprimento do protórax, 2,1/2,1; maior largura do protórax, 1,3/1,3; comprimento do élitro, 9,4/9,0; largura umeral, 1,9/1,8.

Material-tipo. Holótipo macho, BOLÍVIA, Santa Cruz: Buena Vista (4-6 km SSE, Hotel Flora & Fauna, 22-31.X.2002, Wappes & Morris col. (MNKM). Parátipo fêmea, ditto (3,7 km SSE Hotel Flora & Fauna, 430 m), 5-15.XI.2001, M.C. Thomas & D.K. Dozier col., "blackligth trap, tropical transition forest" (FSCA); ditto, 2 machos (MZSP, FSCA), fêmea, 15-22.XI.2001, mesmos coletores e formação (MCNZ); ditto, macho mesmos dados do holótipo, 15-22.XI.2002, R. Clarke col. (ACMB).

Discussão. Trichohippopsis exilis sp. nov. distingue-se de T. suturalis Martins & Carvalho, 1983 pela presença de faixas de pubescência amarelada na cabeça e no protórax e pela presença de costas discretas nos élitros.

Trichohippopsis rufula Breuning, 1958, que não examinamos, tem o corpo uniformemente revestido por pubescência vermelho-acastanhada, sem faixas escuras nos élitros. T. exilis difere por apresentar, em cada élitro, uma faixa longitudinal acastanhada e três faixas de pubescência amarelada.

Megacera acuminata sp. nov.

(Fig. 2)

Tegumento castanho-avermelhado. Fronte revestida por pubescência amarelada. Vértice com duas faixas, levemente divergentes, de pubescência amarelada. Tubérculos anteníferos separados por sulco profundo. Lobos oculares superiores com sete fileiras de omatídios. Lobos oculares inferiores tão longos quanto as genas. Escapo pubescente e castanho mais escuro que os flagelômeros.

Protórax com seis faixas de pubescência amarelada. Meio do pronoto pontuado. Mesepisternos, mesepimeros e metepisternos cobertos por pubescência amarelada. Lados do metasterno com faixa estreita de pubescência amarelada.

Cada élitro com faixas longitudinais de pubescência amarelada: uma que se inicia na base onde é mais larga e segue até o ápice, fundida à sutura; a segunda inicia-se a pequena distância da borda basal e estende-se até o ápice; a terceira inicia-se logo após a parte dorsal do úmero e funde-se com as outras duas dorsais, antes do ápice (freqüentemente esta faixa é interrompida no nível do terço anterior); a quarta, marginal, contínua da base até o ápice. Entre a terceira e a quarta faixas, uma outra faixa estreita, de pubescência amarelada, na metade apical. Pontuação elitral densa na base e superficial depois do meio. Extremidades elitrais variáveis desde fortemente acuminadas até obliquamente truncadas.

Metafêmures lineares, alcançam o meio do urosternito II (fêmea) ou a base do III (macho). Metatarsômero I mais curto que o II+III.

Lados dos urosternitos II-V cobertos por pubescência amarelada.

Dimensões em mm, respectivamente macho/fêmea. Comprimento total, 10,4-13,7/10,3-17,7 comprimento do protórax, 1,5-1,9/1,9-2,6; maior largura do protórax, 1,4-2,1/1,4-2,6; comprimento do élitro, 8,0-10,9/8,1-13,5; largura umeral, 2,1-2,8/2,2-3,9.

Materal-tipo. Holótipo fêmea, BOLÍVIA: Santa Cruz: Achira (4-5 km N, rodovia para Amboro), 21-22.X.2000, Wappes & Morris col. (MNKM). Parátipos. Mesma localidade, macho e fêmea, 12-13.X.2000, Wappes & Dozier col. (MZSP); ditto, Amboro (rodovia acima de Achira, Campo 5-5, 800 pés), 4 machos, 3 fêmeas, 9-11.X.2004, Wappes & Morris col. (3 machos, 2 fêmeas, ACMB; macho e fêmea, MCNZ).

Discussão. Megacera acuminata sp. nov. difere de M. rigidula Bates, 1866 pelas extremidades dos élitros de per si acuminadas e pelas duas faixas laterais dos élitros fundidas à frente da extremidade. Em M. rigidula as extremidades dos élitros são sinuado-truncadas com ambos os ângulos projetados e aguçados e as duas faixas amareladas laterais dos élitros terminam antes do ápice. Breuning (1962) referiu-se à parte apical dos élitros como coberta por pubescência castanho-escura.

Desmiphorini

Miguel A. Monné (Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil – MNRJ) alertou-nos para a homonímia do gênero Anhanga Galileo & Martins, 2003 (Desmiphorini) preocupado por Distant, 1887 (Hemiptera). Para substituí-lo propomos nome novo:

Monnetyra nom. nov.

Anhanga Galileo & Martins, 2003: 140; Monné, 2005:375; non Anhanga Distant, 1887: lviii (Hemiptera).

Etimologia. Tupi, tyra = companheiro, combinado com o nome de Monné.

Monnetyra diabolica (Galileo & Martins, 2003) comb. nov.

Anhanga diabolica Galileo & Martins, 2003:260, fig. 2; Monné, 2005:375.

Xenofreini

Xenofrea pseudomurina Tavakilian & Néouze, 2006

(Fig. 3)

Xenofrea pseudomurina Tavakilian & Néouze, 2006:280, fig. 14.

Tegumento castanho-avermelhado. Cabeça revestida por pubescência escamiforme, amarelada, menos na fronte com pubescência sedosa e branca. Lobos oculares superiores mais próximos entre si do que a largura de um lobo. Lobos oculares inferiores mais longos que as genas. Escapo revestido por pubescência escamiforme, amarelada e esparsa.

Protórax com espinho lateral apenas indicado. Pronoto coberto por pubescência escamiforme amarelada mais esparsa no disco.

Élitros com desenhos de pubescência escamiforme, amarelada e branca; cada um com uma faixa oblíqua do úmero ao meio que envolve áreas glabras longitudinais; área apical com pubescência branca, irregular entremeada por manchas glabras (Fig. 3). Metade basal dos élitros com pontuação grossa, profunda e densa e pontos anastomosados.

Fêmures avermelhados revestidos por pubescência escamiforme, amarelada, com o tegumento da clava escurecido no lado externo.

Face ventral coberta por pubescência sedosa, amarelada, mais esparsa nos urosternitos.

Dimensões em mm. Comprimento total, 5,3; comprimento do protórax, 1,1; maior largura do protórax, 1,6; comprimento do élitro, 3,0; largura umeral, 2,2.

Material-examinado. BOLÍVIA, Santa Cruz: Buena Vista (Hotel Flora & Fauna, 3,7 km SSE, 19°29,949'S, 63°33,152'W), 5 fêmeas, 15.XI.2001, M.C. Thomas & B.K. Dozier col., "tropical transition forest" (FSCA).

Discussão. Xenofrea pseudomurina distingue-se de X. obscura Galileo & Martins, 2005 pela faixa de pubescência branco-amarelada oblíqua na metade anterior dos élitros, pela grande área sem escamas atrás do meio dos élitros, pela presença de escamas abundantes no escapo e nos fêmures e pelo tegumento dos meso e metafêmures avermelhado na base e no ápice. Em X. obscura, a área de pubescência amarelada anterior dos élitros não atinge os úmeros; os élitros têm estreita faixa subtransversal, depois do meio, sem escamas e a metade apical tem escamas esbranquiçadas e abundantes; o escapo e os fêmures apresentam escamas escassas e o tegumento dos meso e metafêmures é preto.

Xenofrea guttata sp. nov.

(Fig. 4)

Etimologia. Latim, guttata = manchada, alusivo às manchas dos élitros.

Cabeça com tegumento avermelhado. Fronte com pubescência esbranquiçada. Lobos oculares inferiores tão longos quanto as genas; lobos oculares superiores, grandes, com oito ou mais fileiras de omatídios e tão distantes entre si quanto a metade da largura de um lobo. Vértice coberto por pilosidade escamiforme amarelada. Escapo com tegumento preto no lado externo e avermelhado no lado interno; gradual e pouco engrossado para o ápice; com escamas amareladas no lado interno e, no lado externo, com pêlos esparsos, esbranquiçados. Antenômeros avermelhados; III e IV levemente enegrecidos no ápice.

Protórax com tegumento avermelhado; espinho lateral acuminado. Pronoto com escamas amareladas; pontuação densa e fina (40 x).

Élitros (Fig. 4) revestidos por pubescência branca e amarelada com inúmeras regiões pequenas e glabras; uma delas oblíqua, dorsal, próxima da base; as demais formam faixas longitudinais do quarto anterior ao quarto apical; no quarto apical, em pequenas manchas.

Fêmures recobertos por escamas amareladas. Profêmures com tegumento avermelhado, enegrecidos nas faces ventral e dorsal; mesofêmures enegrecido no lado externo da clava; metafêmures com pedúnculo avermelhado e clava parcialmente enegrecida. Tíbias com tegumento avermelhado, enegrecidas nos ápices.

Face ventral com tegumento avermelhado revestida nos lados por pêlos escamiformes amarelados.

Dimensões em mm, respectivamente macho/fêmea. Comprimento total, 6,3-6,6/5,9-6,3; comprimento do protórax,1,4-1,4/1,2-1,3;maior largura do protórax, 2,1-2,2/1,8-2,1; comprimento do élitro, 4,7-4,9/4,4-5,0; largura umeral, 2,5-2,7/2,4-2,6.

Material-tipo. Holótipo macho, MÉXICO, Chiapas: Parque El Aguacero, 20-23.VI.1987, J.E. Wappes col. (USNM). Parátipos: MÉXICO, Chiapas: ditto, fêmea, 22,VI.1990, H. Huether col. (ACMB). Aguacera (16 km de Ocozocautla, 2800 pés), fêmea, 17.VII.1986, J.E. Wappes col. (ACMB). Chiapas: Chorreadero Cyn., macho, 15-24.VI.1987, J.E. Wappes col. (MZSP). Guerrero: Ixtapa (43,7 km NW), fêmea, 17.VII.1985, R. Turnbow col. (MZSP).

Discussão. Xenofrea guttata sp. nov. é a primeira espécie descrita para o México e difere de X. areolata Bates,1885, conhecida do Panamá, pelo padrão de colorido dos élitros (Fig. 4) e pela cor do escapo e dos fêmures. Em X. areolata, o padrão de colorido dos élitros é como em Bates (1885, est. 23, fig. 2) e o tegumento do escapo e dos fêmures é inteiramente avermelhado.

Acanthoderini

Acanthoderes onca sp. nov.

(Fig. 5)


Etimologia. Português, onça; alusivo ao colorido dos élitros.

Cabeça com tegumento castanho-avermelhado, esparsamente pubescente. Lobos oculares inferiores mais curtos do que as genas. Escapo e pedicelo avermelhados; metade basal do antenômero III avermelhada e metade apical preta; metade basal do antenômero IV com pubescência branca e metade apical preta. Antenômero III ligeira e gradualmente engrossado para o ápice. Antenas quebradas a partir do antenômero IV.

Protórax com espinho lateral aguçado; tegumento avermelhado em larga área centro-longitudinal no pronoto. Partes laterais do protórax com pubescência esbranquiçada até próximo do limite com o prosterno. Pronoto com larga área centro-longitudinal de tegumento avermelhado e alguns pontos profundos na metade anterior. Partes laterais do pronoto recobertas por densa pubescência esbranquiçada, menos a ponta dos tubérculos e alguns pontos onde se inserem sensilas pretas e longas. Prosterno com o tegumento avermelhado coberto por pubescência esbranquiçada, mais esparsa do que a das partes laterais.

Toda superfície elitral (Fig. 5) coberta por pubescência esbranquiçada salpicada de pequenas manchas circulares, avermelhadas e manchas maiores, também avermelhadas: nos úmeros; mancha soldada à margem antes do meio; mancha dorsal, de contorno irregular, situada depois do meio; mancha lateral anteapical. As manchas no quarto basal dos élitros envolvem pontos ásperos. Extremidades elitrais transversalmente truncadas e desarmadas.

Processo prosternal com dois pequenos tubérculos. Processo mesosternal com um tubérculo a cada lado. Metasterno com mancha grande de pubescência compacta que não atinge o meio nem os lados.

Fêmures avermelhados, enegrecidos nos ápices. Tíbias anteriores achatadas e alargadas para o ápice. Protarsos com pêlos laterais curtos. Meso e metatíbias com faixa central de pubescência amarelada. Tarsômeros V com tegumento amarelado.

Lados e bordas posteriores dos urosternitos com pubescência amarelada.

Dimensões, em mm, holótipo fêmea. Comprimento total, 12,9; comprimento do protórax, 2,6; maior largura do protórax, 4,9; comprimento do élitro, 9,3; largura umeral, 6,2.

Material-tipo. Holótipo fêmea, BOLÍVIA, Cochabamba: km 95 estrada de Cochabamba a Villa Tunari (1800 m), 2.IX.1983, R. Wilkerson col. (MNKM).

Discussão. O colorido de Acanthoderes onca sp. nov. é muito característico e possibilita sua separação de todas as outras espécies do gênero.

Psapharochrus pinima sp. nov.

(Fig. 6)

Etimologia. Tupi, pinima = pintado; alusivo às manchas brancas dos élitros.

Tegumento castanho. Cabeça com pubescência amarelada, esparsa. Fronte e vértice com pontos grandes e separados. Distância entre os lobos oculares subigual a largura de um lobo. Escapo com pubescência branca principalmente no lado interno. Antenômeros III e IV com anel de pubescência branca na base e nos dois terços apicais; V e VI com anel na base e no centro e os demais antenômeros apenas com o anel na base.

Lados do protórax com tubérculos grandes, glabros no topo e arredondados no ápice. Pronoto com dois tubérculos grandes, arredondados no topo, no nível do meio e gibosidade centro-posterior muito discreta. Pubescência do pronoto esparsa e amarelada; sobre os tubérculos pubescência branca que também reveste as partes laterais do protórax e o prosterno; região entre os tubérculos pronotais com pontos profundos e esparsos. Processo prosternal arredondado no ápice. Processo mesosternal com dois tubérculos pouco projetados. Metasterno revestido por pubescência branco-amarelada

Élitros (Fig. 6) com grande área central de pubescência amarelada; restante da superfície com pubescência amarelada, variegada de preto; no meio de cada élitro, uma mancha de pubescência branca, compacta, circumflexiforme. Crista centro basal manifesta, encimada por alguns grânulos glabros. Mancha de pubescência branca, muito pequena, à frente do meio dos élitros, e soldada à sutura; outra, oblíqua e anteapical. Pontuação elitral abundante, presente em toda a superfície. Extremidades elitrais arredondadas em conjunto.

Fêmures avermelhados revestidos por pubescência esbranquiçada, esparsa. Tíbias com anel central de pubescência branca.

Urosternitos revestidos por pubescência branco-amarelada.

Dimensões em mm, holótipo fêmea. Comprimento total, 8,3; comprimento do protórax, 1,6; maior largura do protórax, 2,9; comprimento do élitro, 6,0; largura umeral 3,5.

Material-tipo. Holótipo fêmea, BOLÍVIA, Santa Cruz: Buena Vista, 1825.X.1992, E. Giesbert col. (MNKM).

Discussão. Psapharochrus pinima sp. nov. apresenta padrão de colorido semelhante ao de P. bialbomaculata (Zacjiw, 1964). Separa-se pelo aspecto geral mais compacto, pelo espinho lateral do protórax arredondado no ápice; pelos tubérculos pronotais situados no meio, pela presença de grande área de pubescência amarelada no dorso dos élitros, pela mancha de pubescência branca circumflexiforme. Em P. bialbomaculata, o aspecto é mais alongado, o espinho lateral do protórax é agudo, os tubérculos pronotais são menos projetados e localizam-se à frente do meio, a área de pubescência amarelada nos élitros está ausente e a mancha de pubescência branca é longitudinal.

Ateralphus lacteus sp. nov.

(Fig. 7)

Etimologia. Latim, lacteus = cor de leite; alusivo à pubescência esbranquiçada que recobre parte dos élitros.

Tegumento acastanhado a preto. Cabeça revestida por pubescência esbranquiçada; centro-posterior do vértice com mancha glabra. Lobos oculares inferiores tão longos quanto as genas. Escapo revestido por pubescência branco-amarelada com abundantes pontos pequenos e contrastantes. Flagelômeros com ápice preto. Antenômero III (IV?) com pubescência semelhante à do escapo.

Protórax com espinho lateral, aguçado. Pronoto revestido por pubescência esbranquiçada que, conforme a incidência da luz, é mais acastanhada; dois tubérculos centrais com ápice glabro e brilhante; gibosidade centro-posterior localizada para trás dos tubérculos igualmente glabra e brilhante.

Élitros com pubescência predominante amarelada; áreas de pubescência branca em cada um: grande mancha sutural na metade anterior; mancha dorsal, subtriangular depois do meio; manchas muito irregulares, próximas da sutura, anteapicais e nas extremidades. Crista centro-basal nos élitros estende-se até o início da primeira mancha branca encimada por tubérculos glabros. Extremidades elitrais com espinho externo curto.

Pernas e face ventral revestidas por pubescência amarelada. Pró e metatíbias com anel anteapical preto; mesotíbias com pêlos pretos no sulco. Metatarsômero V com a metade apical preta e glabra.

Dimensões em mm, holótipo fêmea. Comprimento total, 15,3; comprimento do protórax, 2,8; maior largura do protórax, 5,3; comprimento do élitro, 11,5; largura umeral 6,5.

Material-tipo. Holótipo fêmea, BOLÍVIA, Santa Cruz: Buena Vista (3,7 km SSE, Hotel Fauna & Flora, 430 m), 1522.XI.2001, B.K. Dozier col. "blacklight trap, transition forest" (FSCA).

Discussão. Pelo padrão de colorido Ateralphus lacteus sp. nov. assemelha-se a A. javariensis (Lane, 1965). Separa-se por apresentar grande mancha de pubescência branca no dorso do meio dos élitros e ausência de mancha preta, em forma de "V", no terço anterior; pela pubescência do pronoto predominantemente esbranquiçada; pelo espinho externo das extremidades elitrais e pelos três tubérculos do pronoto. A. javariensis não tem mancha grande branca no dorso da região central dos élitros; a mancha preta em forma de "V" está presente; a pubescência do pronoto é predominantemente branca; os ápices dos élitros têm duas projeções curtas e subiguais e o pronoto tem cinco tubérculos.

Nesozineus simile sp. nov.

(Fig. 8)

Etimologia. Latim, similis = semelhante; alusivo à semelhança com espécie congênere, N. triviale.

Tegumento acastanhado. Cabeça sem sensilas entre os lobos oculares superiores. Fronte e vértice com pubescência amarelo-esbranquiçada. Gula glabra. Antenas unicolores, acastanhadas. Extremidade dos antenômeros IV-VI normal.

Protórax com espinho lateral longo no terço basal, não seguido por sensilas. Pronoto com cinco gibosidades muito discretas; pontos grossos e eqüidistantes entremeados por pubescência; lados uniformemente pubescentes. Esternos torácicos pubescentes e lisos.

Élitros (Fig. 8) com tegumento acastanhado; dorso com pequenas áreas escurecidas dispersas, mais ou menos organizadas em duas fileiras longitudinais dorsais; pubescência esbranquiçada numa faixa que se inicia pouco atrás dos úmeros, dirige-se obliquamente para a sutura e prolonga-se até o terço apical, onde se volta novamente para a margem, envolvendo os ápices. A parte centro-lateral dos élitros com manchas pequenas de pubescência branca. Extremidades elitrais arredondadas em conjunto.

Lado inferior dos fêmures sem franja de pêlos. Lados do urosternito I sem mancha de pubescência preta.

Dimensões em mm, respectivamente macho/fêmea. Comprimento total, 7,3/7,2; comprimento do protórax, 1,3/1,2; maior largura do protórax, 2,4/2,1; comprimento do élitro, 5,5/5,3; largura umeral, 2,7/2,6.

Material-tipo. Holótipo macho, BOLÍVIA, Santa Cruz: Buena Vista (4-6 km SSE, Hotel Fauna & Flora), 10-15.XI.2002, R. Clarke col. (MNKM). Parátipos: fêmea, ditto, 23-26.X.2000, Wappes & Morris col. (ACMB); fêmea, 27-29.X.2000, Wappes & Morris col. (ACMB); macho, 21-24.XI.2003, J. Wappes, Morris & Nearns col. (MZSP).

Discussão. Os élitros de Nesozineus simile sp. nov. são diferentes dos de N. triviale Galileo & Martins, 1996 por apresentarem pubescência branca densa na metade anterior e pelo menor número de manchas pequenas, pretas; pelo espinho dos lados do protórax mais longo, apenas voltado para trás e sem sensilas na base.

AGRADECIMENTOS

A James E. Wappes (ACMB) pela remessa de material para estudo e a Rafael Santos de Araujo (MCNZ) pela execução das fotografias.

Recebido em: 23.05.2006

Aceito em: 06.07.2006

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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      15 Set 2006
    • Data do Fascículo
      2006

    Histórico

    • Aceito
      06 Jul 2006
    • Recebido
      23 Maio 2006
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