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Notas e descrições de novos táxons em Cerambycinae Neotropicais (Coleoptera, Cerambycidae)

Resumos

Notas e descrições de novos táxons em Cerambycinae Neotropicais (Coleoptera, Cerambycidae). Novos táxons descritos em Ectenessini: Ectenessidia metallica sp. nov. (Brasil: Distrito Federal); em Compsocerini: Upindauara gen. nov., espécie-tipo U. bella sp. nov., (Brasil: Rondônia) e Goatacara gen. nov., espécie-tipo G. boliviana sp. nov. (Bolívia: Santa Cruz); em Heteropsini: Amoaba gen. nov, espécie-tipo, A. plumosa sp. nov. do Equador (Pichincha) e Chrysoprasis rubricollis sp. nov. do Panamá (Panamá). Em Rhopalophorini, Cycnoderus (C.) expeditus Chevrolat, 1859 é redescrita e assinalada para o Equador (Loja), Cycnoderus (C.) intinctus (Pascoe, 1866) comb. nov. é revalidada e Gurubira apicalis (Fuchs, 1966) comb. nov., redescrita e ilustrada.

Cerambycinae; Compsocerini; Ectenessini; Heteropsini; Rhopalophorini


Notes and descriptions of new taxa of Neotropical Cerambycinae (Coleoptera, Cerambycidae). New taxa described: in Ectenessini: Ectenessidia metallica sp. nov. from Brazil (Distrito Federal); in Compsocerini: Upindauara gen. nov., type species U. bella sp. nov. from Brazil (Rondônia) and Goatacara gen. nov., type species, G. boliviana sp. nov. from Bolivia (Santa Cruz); in Heteropsini: Amoaba gen. nov., type species A. plumosa sp. nov. from Ecuador (Pichincha); Chrysoprasis rubricollis sp. nov. from Panama (Panama); in Rhopalophorini, Cycnoderus (C.) expeditus Chevrolat, 1859 is redescribed and recorded from Ecuador (Loja), Cycnoderus (C.) intinctus (Pascoe, 1866) comb. nov. is reinstated and Gurubira apicalis (Fuchs, 1966), comb. nov. is redescribed and illustrated.

Cerambycinae; Compsocerini; Ectenessini; Heteropsini; Rhopalophorini


Notas e descrições de novos táxons em Cerambycinae Neotropicais (Coleoptera, Cerambycidae)1 1 Contribuição nº 1624 do Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná.

Dilma Solange NappI, III; Ubirajara R. MartinsII, III

IDepartamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná. Caixa Postal 19020, 81531-980, Curitiba, PR, Brasil

IIMuseu de Zoologia, Universidade de São Paulo. Caixa Postal 42494, 04218-970, São Paulo, SP, Brasil

IIIPesquisador do CNPq

RESUMO

Notas e descrições de novos táxons em Cerambycinae Neotropicais (Coleoptera, Cerambycidae). Novos táxons descritos em Ectenessini: Ectenessidia metallica sp. nov. (Brasil: Distrito Federal); em Compsocerini: Upindauara gen. nov., espécie-tipo U. bella sp. nov., (Brasil: Rondônia) e Goatacara gen. nov., espécie-tipo G. boliviana sp. nov. (Bolívia: Santa Cruz); em Heteropsini: Amoaba gen. nov, espécie-tipo, A. plumosa sp. nov. do Equador (Pichincha) e Chrysoprasis rubricollis sp. nov. do Panamá (Panamá). Em Rhopalophorini, Cycnoderus (C.) expeditus Chevrolat, 1859 é redescrita e assinalada para o Equador (Loja), Cycnoderus (C.) intinctus (Pascoe, 1866) comb. nov. é revalidada e Gurubira apicalis (Fuchs, 1966) comb. nov., redescrita e ilustrada.

Palavras-chave: Cerambycinae; Compsocerini; Ectenessini; Heteropsini; Rhopalophorini.

ABSTRACT

Notes and descriptions of new taxa of Neotropical Cerambycinae (Coleoptera, Cerambycidae). New taxa described: in Ectenessini: Ectenessidia metallica sp. nov. from Brazil (Distrito Federal); in Compsocerini: Upindauara gen. nov., type species U. bella sp. nov. from Brazil (Rondônia) and Goatacara gen. nov., type species, G. boliviana sp. nov. from Bolivia (Santa Cruz); in Heteropsini: Amoaba gen. nov., type species A. plumosa sp. nov. from Ecuador (Pichincha); Chrysoprasis rubricollis sp. nov. from Panama (Panama); in Rhopalophorini, Cycnoderus (C.) expeditus Chevrolat, 1859 is redescribed and recorded from Ecuador (Loja), Cycnoderus (C.) intinctus (Pascoe, 1866) comb. nov. is reinstated and Gurubira apicalis (Fuchs, 1966), comb. nov. is redescribed and illustrated.

Keywords: Cerambycinae; Compsocerini; Ectenessini; Heteropsini; Rhopalophorini.

INTRODUÇÃO

Neste trabalho é descrita em Ectenessini, uma espécie nova em Ectenessidia Gounelle, 1911, tribo que foi revista por Martins (1998) e à qual foi acrescido recentemente o gênero Ectenesseca Martins & Galileo, 2005.

Em Compsocerini descrevem-se dois gêneros novos, Upindauara, cuja espécie-tipo é U. bella sp. nov. e Goatacara, espécie-tipo G. boliviana sp. nov. Com esses acréscimos, a tribo Compsocerini que incluía 21 gêneros (Monné, 2005), passa a contar com 23 gêneros.

Um gênero e uma espécie novos são descritos em Heteropsini. Nesta tribo descreve-se uma espécie inédita do gênero Chrysoprasis Audinet-Serville, 1834 do grupo basalis. Este grupo foi revisto por Napp & Martins (1995).

Em Rhopalophorini procede-se à revalidação de Cycnoderus (C.) intinctus (Pascoe, 1866) e redescreve-se C. (C.) expeditus Chevrolat, 1859 com base em material do Equador. Rhopalophora (Rhopalophora) apicalis Fuchs, 1966, com base em fotografia do holótipo, é redescrita, ilustrada e transferida para Gurubira Napp & Marques, 1999.

Siglas citadas no texto referem-se a: BMNH, The Natural History Museum, Londres; CFHC, Coleção Frank T. Hovore, Santa Clarita, Califórnia; CHSV, Coleção Herbert Schmid, Viena; IAHC, Instituto Alexander von Humboldt, Villa de Leyva; MNKM, Museo de Historia Natural Noel Kempff Mercado, Santa Cruz; MNRJ, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro; MNHN, Muséum National d'Histoire Naturelle, Paris; MZSP, Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo, São Paulo.

Ectenessini

Ectenessidia metallica sp. nov.

(Fig. 1)


Cabeça, antenas, protórax, pernas e face ventral avermelhados; élitros verde-metálicos. Cabeça densamente pontuada, alveolada no vértice. Lobos oculares superiores com cinco fileiras de omatídios, tão distantes entre si quanto mais do que o quádruplo da largura de um lobo; lobos oculares inferiores não ocupam toda a região lateral da cabeça.

Escapo tão longo quanto metade do antenômero III, com asperezas e gradualmente engrossado para a extremidade. Antenômeros IIIV carenados no lado interno, sem sulco no lado dorsal. Protórax pouco mais longo que largo, largura da constrição basal igual à da apical; lados arredondados. Pronoto (fêmea) aplanado no dorso com quatro gibosidades, as basais mais manifestas; superfície densamente pontuada, os pontos microesculturados. Processo prosternal cerca de um terço da largura de uma procoxa. Processo mesosternal tão largo quanto uma mesocoxa, entalhado no ápice. Élitros sem pubescência e densamente pontuados em toda a superfície. Extremidades transversalmente truncadas, desarmadas. Metatarsômero I tão longo quanto II a V.

Dimensões, mm, fêmea. Comprimento total 11,5; comprimento do protórax 2,4; largura do protórax 2,1; comprimento do élitro 8,2; largura umeral 2,5.

Material-tipo. Holótipo fêmea do BRASIL, Distrito Fe-deral: Planaltina, X.1995, N. Tangerini col. (MNRJ).

Discussão. Ectenessidia metallica sp. nov. é a primeira espécie de Ectenessini com colorido metálico nos élitros. Além disso, distingue-se de E. nigriventris Gounelle, 1909 pelos olhos menores e pelo antenômero III e seguintes carenados.

Compsocerini

Upindauara gen. nov.

Etimologia. Tupi, upindauara = verdadeiro.

Fronte transversa, declive, com as margens laterais elevadas. Tubérculos anteníferos arredondados e não projetados. Olhos finamente facetados, fortemente chanfrados; lobos inferiores proeminentes, ligados aos superiores por uma faixa de 4 omatídios; lobos superiores estreitos, com cerca de um terço da largura dos inferiores, tão distantes entre si quanto o triplo da largura de um lobo. Genas curtas, com cerca da metade da largura do lobo ocular inferior, arredondadas no ápice. Mandíbulas (macho) algo robustas e projetadas, a face lateral larga e triangular, a dorsal com depressão rasa na base. Palpos maxilares cerca de um terço mais longos que os labiais, os artículos apicais de ambos securiformes.

Antenas com 11 artículos, no macho alcançam o ápice elitral na base do antenômero VII. Escapo robusto, cilíndrico, discretamente deprimido na base, pouco mais longo que a metade do comprimento do III. Flagelômeros cilíndrico-deprimidos, mais evidentemente os IIIVI; IIIV com espinho apical interno. Antenômero III discretamente mais curto que os IVVII que têm comprimentos subiguais; VIIIX com comprimentos decrescentes; XI cerca de um quarto mais longo que o III, apendiculado.

Protórax tão longo quanto largo, pouco e gradualmente arredondado aos lados, a maior largura no meio; pouco constrito na base e no ápice, os ângulos látero-basais nulos.

Pronoto regularmente convexo, sem gibosidades. Processo prosternal estreito, com os lados paralelos até o ápice. Cavidades procoxais fortemente angulosas aos lados, abertas atrás. Processo mesosternal pouco mais estreito que uma mesocoxa, de lados paralelos e ápice com entalhe mediano para encaixe da projeção anterior do metasterno. Cavidades mesocoxais abertas aos lados. Pro e mesocoxas globosas, as últimas um pouco cônicas, não projetadas e com pequeno tubérculo látero-mediano no limite com o processo mesosternal. Metepisternos estreitos. Abdômen com cinco esternitos visíveis.

Escutelo pequeno, transverso, arredondado no ápice. Élitros com comprimento cerca de três vezes a largura umeral, um pouco convexos no dorso, subparalelos aos lados. Úmeros não projetados. Epipleuras declives. Extremidades truncadas com espinho externo bem desenvolvido.

Fêmures fusiformes, fortemente comprimidos lateralmente, o lado dorsal quase em forma de quilha; abas apicais arredondadas; metafêmures apenas ultrapassam o espinho apical dos élitros. Tíbias cilíndricas, fortemente deprimidas, sem carena. Esporões tibiais curtos, o interno mais longo. Metatarsômero I tão longo quanto os dois seguintes somados.

Discussão. Upindauara gen. nov. assemelha-se a Aglaoschema Napp, 1994, pelas mandíbulas robustas do macho, antenas longas com espinho interno nos antenômeros basais e fimbriadas na face inferior, e élitros fortemente opacos. Distingue-se facilmente por: 1) genas com metade do comprimento do lobo ocular inferior; 2) artículos apicais dos palpos maxilares e labiais securiformes; 3) escapo cilíndrico, engrossado; 4) protórax tão longo quanto largo, os ângulos látero-basais nulos; 5) élitros com espinho apical; 6) fêmures fusiformes e comprimidos, os posteriores ultrapassam o ápice elitral; 7) tíbias sem carena. Em Aglaoschema: 1) genas tão longas quanto o lobo ocular inferior; 2) artículos apicais dos palpos maxilares e labiais cilíndricos; 3) escapo piriforme; 4) ápices elitrais, no máximo, com espículo sutural; 5) fêmures cilíndricos, os posteriores alcançam, no máximo, o início da curvatura apical; 6) tíbias carenadas.

O padrão de colorido e o tegumento fortemente opaco de U. bella, espécie-tipo, são bastante semelhantes aos de Aglaoschema mourei (Napp, 1993) (Napp, 1993a:654, fig. 2).

Upindauara bella sp. nov.

(Fig. 2)

Macho. Antenas, pronoto, élitros, escutelo e pernas preto-acastanhados e fortemente opacos. Cabeça e toda a face ventral do corpo, vermelho-alaranjadas.

Cabeça opaca, sem pontos, exceto nas margens laterais elevadas da fronte com pontos rasos, contíguos e opacos; pilosidade inaparente. Mandíbulas pontuado-rugosas. Submento pontuado-rugoso, opaco, com grânulos brilhantes e esparsos e pilosidade longa.

Antenas subopacas. Escapo fina e densamente pontuado, os pontos subcontíguos e opacos, com aspecto áspero na região basal. Antenômeros IIIXI finamente pontuados, a pontuação progressivamente mais fina e superficial para os distais; pilosidade mais aparente nos IIIV, os distais com pubescência muito curta e esparsa; IIIVIII fimbriados na face inferior com pêlos castanhos, longos e abundantes mas que não formam franja compacta; IIIV mais deprimidos que os demais; espinho apical interno dos IIIIV pouco mais longo que a metade da largura apical do artículo, o do V curto e delgado; III com sulco muito raso nos dois terços basais.

Pronoto, lados do protórax e prosterno opacos, com pontos diminutos, quase imperceptíveis, e grânulos pequenos e brilhantes, bem aparentes e uniformemente distribuídos em toda a superfície; pubescência esbranquiçada quase inaparente no pronoto, mais visível nos lados do protórax e no prosterno. Mesosterno opaco, sem pontos, com pubescência esbranquiçada. Metasterno subopaco, com alguns pontos ásperos muito esparsos no disco; pubescência esbranquiçada, esparsa. Urosternitos brilhantes, com pubescência e pilosidade esbranquiçadas e esparsas; urosternito V tão longo quanto o precedente, gradualmente atenuado para o ápice, truncado; regiões látero-apicais com pêlos amarelados, longos e abundantes.

Élitros microcorrugados, com grânulos semelhantes aos do protórax, porém menores e mais esparsos; pubescência esbranquiçada muito curta, quase inaparente. Espinho látero-apical mais longo e robusto que o espinho do antenômero III; ângulo sutural inerme. Escutelo microcorrugado, a pubescência inaparente.

Fêmures subopacos, com pubescência esbranquiçada muito curta, pouco densa; pontos biselados bem aparentes no lado dorsal, cada um com uma cerda castanha subereta; esses pontos esparsos nas faces externa e interna. Tíbias com pontuação e pilosidade esparsas. Esporão tibial interno mais robusto e com o dobro do comprimento do externo, que é delgado e curto.

Dimensões, em mm, holótipo. Comprimento total 15,5; comprimento do protórax 3,5; largura do protórax 3,5; comprimento do élitro 10,8 (com o espinho apical); largura umeral 3,7.

Material-tipo. Holótipo macho do BRASIL, Rondônia: Ariquemes (Fazenda Rancho Grande, 62 km SW), 10.XI.1994, C.W. & L.B. O'Brien col. (MZSP).

Goatacara gen. nov.

Etimologia. Tupi, goataçára = peregrino.

Fronte curta, transversa e declive. Tubérculos anteníferos aplanados. Olhos finamente granulados, chanfrados; lobos inferiores pouco desenvolvidos, transversos, ligados aos superiores por uma faixa de 45 omatídios; lobos superiores estreitos, com sete omatídios, tão distantes entre si quanto o quíntuplo de um lobo. Genas pouco mais longas que a largura do lobo ocular inferior, arredondadas no ápice. Mandíbulas um pouco alongadas e robustas, curvas apenas na região apical, acuminadas no ápice. Palpos maxilares cerca de um terço mais longos que os labiais; artículos apicais de ambos os mais longos, dilatados para o ápice, transversalmente truncado.

Antenas filiformes, com 11 artículos, mais curtas que o corpo na fêmea. Escapo cilíndrico, engrossado para o ápice, sem depressão na base. Antenômeros IIIX deprimidos, sem sulcos ou carenas, os IIIV com espinho apical interno e com cerdas densas na face inferior. Antenômero III cerca de um terço mais longo que o escapo e que os antenômeros IVVII que têm comprimentos iguais; VIIIX mais curtos e decrescentes, o XI com metade do comprimento do III.

Protórax mais largo que longo, constrito junto à margem anterior; lados com duas gibosidades pequenas e manifestas, uma mediana e outra no terço anterior, e uma expansão transversal entre a gibosidade anterior e a constrição apical. Pronoto com sulco basal anguloso para frente e deprimido no quarto anterior; disco com gibosidades irregulares, sendo duas anteriores, aproximadas entre si e manifestas e duas posteriores mais afastadas entre si e pouco indicadas. Processo prosternal com cerca da metade da largura de uma procoxa, os lados paralelos e sulcados, o ápice curvo alcança a margem anterior do mesosterno. Cavidades procoxais com ângulo parcialmente fechado aos lados, abertas atrás. Processo mesosternal tão largo quanto uma mesocoxa, com lados paralelos e deprimidos até o ápice; este com entalhe mediano manifesto e um pouco anguloso para encaixe da projeção anterior do metasterno. Cavidades mesocoxais abertas aos lados. Metepisternos estreitos. Abdômen com cinco esternitos visíveis; oitavo tergito (fêmea) sem escova pigidial.

Escutelo pequeno, fortemente transverso, largamente arredondado no ápice. Élitros discretamente expandidos até a curvatura apical, convexos no dorso, com depressão basal rasa entre o úmero e o escutelo; dorso com costa vestigial que se inicia junto à depressão basal e se estende até o terço apical; extremidades elitrais arredondadas e inermes. Úmeros não projetados.

Pernas curtas. Fêmures clavados, as abas apicais arredondadas; metafêmures quase alcançam a margem apical do urosternito III. Tíbias cilíndrico-deprimidas, sem carenas. Esporões tibiais desiguais, o interno mais robusto e com o dobro do comprimento do externo. Tarsos curtos; metatarsômero I mais curto que os dois seguintes somados.

Discussão. Goatacara gen. nov., é semelhante a Caperonotus Napp, 1993, pelos processos intercoxais largos, o mesosternal entalhado, cavidades procoxais pouco angulosas aos lados, pernas curtas com os fêmures clavados e inermes, fronte curta, escapo cilíndrico e sem depressão na base, antenômeros IIIV com espinho apical interno e élitros um pouco expandidos para trás com as extremidades arredondadas e inermes. Além disso, G. boliviana, espécie-tipo descrita abaixo, tem os élitros bicolores, muito densa e uniformemente pontuados em toda a superfície, e a face ventral e as pernas são lisas, brilhantes, quase sem pontos, como nas espécies de Caperonotus (Napp, 1993b). O novo gênero distingue-se de Caperonotus: 1) genas pouco mais longas que o lobo ocular inferior; 2) artículos apicais dos palpos maxilares e labiais dilatados para o ápice; 3) antenas sem sulcos ou carenas, desprovidas de sistema porífero e mais curtas que o corpo na fêmea; 4) protórax mais largo que longo, com gibosidades laterais, a maior largura no meio; 5) pronoto com sulco basal e gibosidades dorsais, sem estrias transversais; 6) élitros com costa dorsal. Em Caperonotus, as genas têm cerca da metade da largura do lobo ocular inferior; os artículos apicais dos palpos maxilares e labiais são cilíndricos e atenuados no ápice; as antenas são sulcadas e carenadas, têm sistema porífero e são mais longas que o corpo nos dois sexos; o protórax é mais longo que largo, gradualmente divergente para trás e sem gibosidades laterais; o pronoto não tem sulcos ou gibosidades e é finamente estriado em toda a superfície; e os élitros não têm costas.

Goatacara boliviana sp. nov.

(Fig. 4)

Fêmea. Cabeça alaranjada com a regiões laterais da gula atrás dos olhos, pretas; antenas pretas, exceto escapo, alaranjado. Toda a face ventral do corpo, lados do protórax, escutelo e pernas pretos, exceto clava dos profêmures, alaranjadas. Pronoto alaranjado com área central no dorso e na base castanhas. Élitros bicolores: alaranjados na metade anterior e azul-violáceo-metálicos na posterior; o colorido metálico estende-se para frente em larga área aos lados da sutura até o terço basal.

Cabeça brilhante, com pontos rasos, irregularmente distribuídos e pouco aparentes; raras cerdas castanhas, semieretas, mais aparentes nas genas e na margem inferior dos tubérculos anteníferos. Mandíbulas pontuado-rugosas, com cerdas castanhas aparentes.

Antenas atingem o início do quarto apical dos élitros. Escapo com pontos grossos, rasos e irregulares e cerdas castanhas esparsas. Pedicelo e antenômeros IIIV muito fina e densamente pontuados, revestidos por densa pilosidade preta, particularmente concentrada na face inferior quase em forma de franja compacta; espinho apical interno dos IIIV curto, com cerca de um terço da largura apical do artículo, e parcialmente ocultos pela densa pilosidade. Antenômeros VIXI opacos, micropontuados, os VIVII(VIII) com cerdas negras na face inferior; VIX um pouco projetados no ápice externo.

Pronoto e lados do protórax brilhantes, subglabros; área central castanha, base e quarto anterior do pronoto impontuados; disco com pontos grossos e irregulares, mais aparentes próximo à área central castanha e confluentes sobre as gibosidades posteriores onde chegam a rugas irregulares. Lados do protórax subglabros, com pontos muito esparsos. Esternos torácicos e urosternitos brilhantes, quase glabros, com pontos finos, muito esparsos, quase inaparentes. Epimeros e episternos com pubescência esbranquiçada aparente. Urosternitos fortemente transversos; urosternito V um pouco alongado, atenuado para o ápice, este truncado.

Escutelo glabro, sem pontos. Élitros brilhantes, uniforme e densamente pontuados em toda a superfície, até corrugados na região com colorido metálico, com escassas cerdas castanhas semieretas.

Fêmures quase glabros e lisos, brilhantes, com raros pontos finos, pouco aparentes. Tíbias com pontuação e pilosidade esparsas.

Dimensões, mm, fêmea. Comprimento total 13,7; comprimento do protórax 2,5; largura do protórax 3,0; comprimento do élitro 9,8; largura umeral 3,8.

Material-tipo. Holótipo fêmea da BOLÍVIA, Santa Cruz, Amboro (Road above Achira, Campo 55, 800'), 911.X.2004, Wappes & Morris col. (MNKM).

Heteropsini

Amoaba gen. nov.

Etimologia. Tupi, amoaba = estrangeiro.

Fronte transversa, declive. Tubérculos anteníferos aplanados e arredondados. Olhos finamente granulados, bem desenvolvidos; lobos oculares inferiores proeminentes, ocupam quase toda a região lateral da cabeça, ligados aos superiores por faixa de omatídios mais larga que um lobo superior; lobos superiores com 56 fileiras de omatídios, mais distantes entre si quanto 3 vezes a largura de um lobo. Genas curtas, arredondadas no ápice. Mandíbulas delgadas, discretamente angulosas no terço apical, aguçadas no ápice. Artículos apicais dos palpos maxilares e labiais dilatados para os ápices, mais longos que os dois precedentes somados; artículo II dos maxilares mais longo que o III; artículos III dos labiais, cônicos e subiguais.

Antenas (fêmea) com 11 artículos, ultrapassam pouco o meio dos élitros. Escapo cilíndrico, sem sulco ou carena, mais curto que o antenômero III. Antenômeros IIIXI cilíndricos, sem sulcos ou carenas; IIIV mais robustos que os seguintes, providos com densa franja de longos pêlos na face ventral e com espinho apical interno bem desenvolvido; XI mais curto que o III.

Protórax cilíndrico, mais longo que largo, gradualmente atenuado da margem posterior para a anterior e ligeiramente dilatado aos lados após o meio; largura na margem posterior cerca de 1/3 maior que a da margem anterior. Pronoto com discreta gibosidade a cada lado da base. Processo prosternal estreitado entre as procoxas, de lados subparalelos. Cavidades procoxais angulosas aos lados e abertas atrás. Processo mesosternal com 2/3 da largura de uma mesocoxa, paralelo nos lados, com entalhe no ápice para encaixe da projeção anterior do metasterno. Cavidades mesocoxais fechadas nos lados. Pro e mesocoxas arredondadas e um pouco salientes. Metasterno algo convexo. Metepisternos estreitos e subparalelos, estreitados próximo ao ápice posterior. Abdômen cilíndrico com cinco urosternitos visíveis e sem modificações.

Escutelo pequeno, triangular. Élitros estreitos e paralelos até a curvatura apical, cerca de 3,5 vezes tão longos quanto a largura umeral. Com duas costas: uma dorsal e outra no limite com a epipleura. Epipleuras estreitas e declives.

Pernas curtas. Fêmures delgados com clava discreta na metade apical e comprimidos nos ápices; meso e metafêmures com espinho apical externo e abas internas aguçadas. Metafêmures quase atingem o ápice do urosternito III. Tarsos curtos; metatarsômero I quase tão longo quanto II+III.

Discussão. O novo gênero é tentativamente incluído em Heteropsini. Embora apresente muitos caracteres estruturais não encontrados nos demais gêneros da tribo, no momento, dentre as tribos neotropicais de Cerambycinae com olhos finamente facetados e cavidades coxais médias fechadas nos lados é a que parece mais apropriada para abrigar o novo gênero. Sua alocação, entretanto, deverá ser revista quando de um estudo mais abrangente das tribos daquela subfamília. Amoaba gen. nov. distingue-se de todos os gêneros conhecidos de Heteropsini por ser o único com tufos de pêlos nas antenas, além da combinação de: 1) artículos apicais dos palpos maxilares e labiais dilatados para os ápices; 2) antenas das fêmeas pouco mais longas que a metade dos élitros; 3) élitros com costas; 4) pernas curtas, os metafêmures não atingem a margem apical do urosternito III.

Amoaba plumosa sp. nov.

(Fig. 3)

Fêmea. Tegumento preto, exceto: antenômero VII e até 3/4 basais do VIII, branco-amarelados, os IXXI castanhos; tarsômeros I branco-amarelados; pronoto com larga faixa longitudinal mediana de pilosidade alaranjada; élitros alaranjados com larga faixa sutural da base ao ápice e friso das epipleuras, pretos.

Cabeça com pilosidade pouco aparente. Fronte finamente pontuada, tubérculos anteníferos lisos; genas mais curtas que metade da largura do lobo ocular inferior, esparsamente pontuadas, brilhantes; região posterior da cabeça microcorrugada, opaca, a ventral impontuada com raros pêlos muito longos.

Escapo, no dorso, quase impontuado, brilhante, com raros pêlos longos e eretos; nos lados com pontuação pubescente fina e, na face ventral, com pêlos longos e moderadamente densos. Pedicelo com pontuação fina e pincel de pêlos negros, até mais longos que o artículo, na face ventral. Antenômeros IIIV cilíndrico-deprimidos, com espinho apical interno bem desenvolvido, o do III tão longo quanto a largura apical do artículo, os dos IVV pouco mais curtos e mais delgados; fina e densamente pontuados, na face ventral com franja muito densa de pêlos longos e negros, os dos IVV até mais longos que os respectivos artículos; VIXI fina e densamente pubescentes, a pubescência branco-amarelada nos VIIVIII, castanho-escura nos demais; VIVII com longos pêlos castanhos na face ventral, mais abundantes e escuros no VI. Escapo quase tão longo quanto o antenômero III; este cerca de 1/3 mais longo que o IV que é pouco mais curto que o V; VIXI mais delgados e cilíndricos que os IIIV; VIVII tão longos quanto o IV; VIIIXI subiguais, com metade do comprimento do III.

Pronoto e lados do protórax microcorrugados, opacos. Pronoto com larga faixa de pubescência alaranjada, deitada, sedosa que obscurece o tegumento e duas discretas gibosidades látero-basais. Lados do protórax com pubescência castanha. Face ventral do corpo quase impontuada, brilhante; pubescência esbranquiçada, pouco densa, no processo prosternal, lados do mesosterno, região anterior e lados do metasterno e dos urosternitos. Urosternito V um pouco alongado, truncado no ápice.

Escutelo opaco, pontuado-rugoso, com pubescência castanha. Élitros com pontuação grossa e densa em toda a superfície; as costas iniciam-se após os úmeros e estendem-se até quase os ápices. Regiões de tegumento alaranjado revestidas com pubescência alaranjada muito curta e com pêlos longos, eretos e esparsos; faixa sutural preta com pubescência castanha pouco aparente. Ápices truncados com espinho externo curto.

Fêmures e tíbias, mais evidentemente os fêmures, quase sem pontos, brilhantes, com pêlos muito longos e bem esparsos, sem pubescência. Mesofêmures com aba externa dentiforme; metafêmures com espinho apical externo quase tão longo quanto a largura apical do fêmur.

Dimensões, em mm, fêmea: comprimento total 8,57,9; comprimento do protórax 1,51,4; largura do protórax 1,2; comprimento do élitro 6,46,2; largura umeral 1,81,7.

Material-tipo. Holótipo fêmea (MZSP) e parátipo fêmea (MNRJ) do EQUADOR, Pichincha, Santo Domingo de los Colorados, III1982, sem dados do coletor.

Chrysoprasis rubricollis sp. nov.

(Fig. 5)


Fêmea. Tegumento negro, protórax alaranjado. Cabeça opaca, irregularmente alveolada, pilosidade pouco visível. Genas impontuadas, tão longas quanto o lobo ocular inferior. Gula e submento opacos, alveolados, pilosidade inaparente.

Antenas alcançam o terço apical dos élitros. Escapo cilíndrico, sem sulco basal, opaco, com pontuação alveolada muito rasa e pilosidade pouco aparente. Antenômeros IIIXI cilíndricos, um pouco deprimidos, os VIX ligeiramente expandidos no ápice externo; IIIVIII com espinho apical interno, mais robustos e longos nos IIIVI. Antenômero III bicarenado e ligeiramente deprimido entre as carenas; IVV com única carena; IIIIV opacos com pontuação rasa e irregular e pilosidade esparsa, VXI finamente pubescentes. Antenômero III cerca de 1/3 mais longo que o escapo e que o V e com o dobro do comprimento do IV; VX com comprimentos subiguais; XI com 2/3 do comprimento do III, apendiculado.

Protórax quase tão longo quanto largo. Lados pouco e gradualmente divergentes da margem anterior até o terço posterior, depois atenuados para a margem basal; maior largura no terço posterior. Pronoto e lados do protórax opacos, impontuados, glabros. Prosterno glabro, com pontos irregulares e muito rasos, quase inaparentes; processo prosternal muito estreito entre as procoxas, dilatado no ápice e revestido com pubescência esbranquiçada. Mesosterno, metasterno e urosternitos finamente corrugados com pubescência curta e esbranquiçada; lados do metasterno com pontos grossos, subcontíguos e pubescência esparsa. Urosternito V transverso, arredondado no ápice.

Escutelo opaco, glabro, com raros pontos rasos. Élitros opacos; pontuação fina e biselada, rasa e esparsa na base, progressivamente adensada para os ápices e cerdas eretas e esparsas. Ápices transversalmente truncados, inermes.

Fêmures cilíndricos, delgados, com abas apicais dentiformes; pontuação fina e esparsa na base, progressivamente mais grossa e densa para a região apical onde os pontos são rasos, contíguos e alveolados; pilosidade pouco aparente. Mesofêmures com carena apical interna; metafêmures com carena apical nas duas faces, ultrapassam o ápice elitral pela ponta dos fêmures. Tíbias delgadas, carenadas, com pilosidade muito esparsa. Metatarsômero I mais longo que os seguintes somados.

Dimensões, em mm, fêmea. Comprimento total 9,0; comprimento do protórax 1,8; largura do protórax 2,0; comprimento do élitro 6,6; largura umeral 2,3.

Material-tipo. Holótipo fêmea, PANAMÁ, Panamá: Cerro Campana, 27.IV4.V.1992, E. Giesbert col. (CFHC).

Discussão. A nova espécie pertence ao "grupo basalis" (Napp & Martins, 1995) que inclui atualmente cinco espécies e caracterizado, principalmente, pelo tegumento com pouco colorido metálico, élitros bicolores ou, quando unicolores, o protórax é bicolor ou inteiramente alaranjado. Pelo padrão de colorido, Chrysoprasis rubricollis sp. nov. é semelhante à C. bicolor (Olivier, 1795) da qual se distingue pelos élitros negros, sem brilho metálico, com pontos biselados, rasos e esparsos, protórax com lados divergentes e maior largura no terço posterior, antenas da fêmea mais curtas que o corpo e com os antenômeros IIIV carenados, lados do metasterno com pontos grossos e contíguos e fêmures com pontuação rasa e carenados na região apical. Em C. bicolor, os élitros são verde-oliváceos com brilho metálico e pontuação fina, marcada, uniformemente distribuída em toda a superfície, o protórax é arredondado nos lados com a maior largura no meio, as antenas da fêmea são mais longas que o corpo e não carenadas, os lados do metasterno não têm pontos grossos e os fêmures têm pontuação grossa, densa e profunda e não apresentam carena apical (Napp & Martins 1995:906, fig. 3).

Rhopalophorini

Gurubira apicalis (Fuchs, 1966) comb. nov.

(Fig. 6)

Rhopalophora (Rhopalophora) apicalis Fuchs, 1966:10; Monné, 2005:532.

A redescrição abaixo baseia-se na descrição original e em fotos do holótipo.

Macho. Cabeça, protórax, élitros, antenas, pernas e face ventral do corpo negro-azulado-escuros, opacos; o quinto apical dos élitros vermelho-púrpura.

Fronte quadrangular, fina e densamente pontuada. Tubérculos anteníferos aplanados, a região entre eles ligeiramente côncava. Região posterior da cabeça finamente pontuada. Olhos profundamente chanfrados, finamente granulados. Genas tão longas quanto o lobo ocular inferior, densamente pontuadas. Gula com estrias transversais e pilosidade esparsa.

Antenas com 11 artículos, mais longas que o dobro do comprimento do corpo, ultrapassam o ápice elitral por seis e meio artículos; artículos IV com longos pêlos na face ventral. Escapo pouco e gradualmente alargado para o ápice, fina e densamente pontuado, com sulco bem marcado na metade basal. Antenômero III aproximadamente com o dobro do comprimento do escapo e pouco mais longo que o IV, o V tão longo quanto o III e um pouco mais longo que o VI; VIX com comprimentos crescentes, o XI muito mais longo que o X.

Protórax um pouco mais longo que largo, pouco e gradualmente estreitado do terço posterior para a margem anterior, constrito junto às margens anterior e posterior; lados um pouco arredondados. Pronoto muito fina e densamente pontuado com pêlos esparsos; com sulco basal em forma de "V" invertido.

Escutelo pequeno, arredondado no ápice. Élitros quase 3 vezes tão longos quanto a largura umeral, subparalelos aos lados e estreitados nos ápices que são aguçados; pontuação fina e muito densa em toda a superfície. Úmeros salientes.

Prosterno com rugas transversais na parte anterior e finamente pontuado na posterior. Processo prosternal estreito e declive, o mesosternal mais largo e aplanado. Mesosterno, metasterno e urosternitos com pubescência esbranquiçada esparsa.

Fêmures discretamente curvados, longamente pedunculados com clava abrupta; pedúnculos bicarenados e sulcados nas faces externa e interna; metafêmures ultrapassam o ápice elitral pelo comprimento da clava. Tíbias discretamente encurvadas, mais curtas que os respectivos fêmures. Fêmures e tíbias com pilosidade esparsa. Metatarsômero I mais longo que II+III.

Fêmea. Antenas mais curtas que o dobro do comprimento do corpo; antenômeros VIX subiguais em comprimento, o XI pouco mais longo que o X.

Dimensões. Comprimento: 11-12 mm.

Material-tipo. A descrição original foi fundamentada em holótipo macho, alótipo, dois parátipos machos e parátipo fêmea procedentes da COLÔMBIA, Vale del Cauca (CHSV). Fuchs (1966) não forneceu dados de coleta e coletor e mencionou ainda um parátipo fêmea procedente de "Chimbu", Equador. Em Monné (2005) a distribuição da espécie está restrita à Colômbia.

Chimbo (não Chimbu) está descrita em Brown (1941): Chimborazo, 2°14'S, 79°7'W.

Discussão. A fórmula antenal aliada à conformação do protórax e aos pedúnculos dos fêmures bicarenados e sulcados nas duas faces justifica a transferência proposta. Gurubira Napp & Marques, 1999 incluía até o momento seis espécies, três relacionadas à Mata Atlântica e três à Amazônia (Napp & Marques, 1999). G. apicalis é mais semelhante às espécies com distribuição amazônica, principalmente a G. atramentarius (White, 1855) pelo colorido escuro do corpo e conformação do protórax (Napp & Marques, 1999, fig. 39). G. apicalis distingue-se facilmente pelo quinto apical dos élitros vermelho-púrpura, úmeros concolores com os élitros negro-azulados e, aparentemente, pela ausência de faixas dorsais de pilosidade esbranquiçada. Em G. atramentarius, os élitros são inteiramente pretos, os úmeros são revestidos com pilosidade castanho-avermelhada e a pilosidade esbranquiçada do dorso forma duas largas faixas distintamente angulosas na região anterior em direção ao escutelo. O colorido elitral exclusivo diferencia G. apicalis das demais espécies do gênero.

Cycnoderus (Cycnoderus) intinctus (Pascoe, 1866) comb. nov., revalidada

(Fig. 7)

Rhopalophora intincta Pascoe, 1866:291; Monné, 2005:517 (cat.), in syn.

Rhopalophora intincta foi inadvertidamente colocada na sinonímia de Cycnoderus expeditus por Martins & Napp (1989:65). Na realidade, Cycnoderus (C.) intinctus é boa espécie e difere de C. (C.) expeditus pelos caracteres arrolados abaixo.

Material examinado. COLÔMBIA, Bolívar: Zambrano (Hacienda Monterrey, 70 m, 9°37'48"N, 74°54'44"W), fêmea, 17.XI.1993, F. Fernández & G. Ulloa col., em armadilha de Malaise (MZSP, retido do IAHC).

Cycnoderus (Cycnoderus) expeditus Chevrolat, 1859

(Fig. 8)

Cycnoderus expeditus Chevrolat, 1859:55.

Cycnoderus (Cycnoderus) expeditus; Gounelle, 1911:99; Monné, 2005:517 (cat.).

Macho. Cabeça, protórax e face ventral do corpo negro-esverdeados com intenso brilho esverdeado-metálico; antenas castanhas com os ápices dos antenômeros mais escuros e artículos IIV mais escuros que os seguintes; élitros castanho-claros com brilho esverdeado metálico; fêmures bicolores: pedúnculos verde-claros e clavas negras com brilho metálico esverdeado; tíbias e tarsos castanhos.

Fronte com pontuação moderadamente grossa e irregular e pilosidade esbranquiçada esparsa. Região posterior da cabeça pontuado-rugosa com pilosidade esparsa.

Antenas com 12 artículos, mais longas que o dobro do comprimento do corpo. Escapo subclavado, opaco, com pontos moderadamente grossos, progressivamente esparsos para a região apical, pilosidade quase inaparente; com sulco raso na metade basal. Antenômeros IIIXII cilíndricos e delgados, mais evidentemente os VIXII, com pubescência muito curta e pouco aparente, os IIIIV com pêlos curtos e adensados na face inferior. Antenômeros IIIIV com comprimentos subiguais, pouco mais longos que o dobro do comprimento do escapo e cerca de 1/6 mais curtos que o V; VVIII subiguais em comprimento e mais curtos que os seguintes; IXXII progressivamente alongados, o XI com quase o dobro do III, o XII 2,5 vezes tão longo quanto o III.

Protórax cilíndrico, 1,5 vezes mais longo que largo, pouco atenuado a partir do meio para a margem anterior, metade posterior com lados subparalelos. Pronoto com pontos finos e esparsos e pilosidade branco-amarelada, deitada e esparsa, deixa uma faixa larga, centro-longitudinal lisa, glabra; regiões anterior e basal com estrias transversais. Lados do protórax com área de pontuação sexual bem delimitada e algo saliente, glabra, brilhante, com pontos muito finos e muito esparsos, a margem superior orlada por pêlos que formam uma franja curta; área de pontuação sexual não se estende sobre o terço anterior do pronoto. Prosterno transversalmente estriado com pontos pouco aparentes e pilosidade esparsa. Processo prosternal e mesosterno revestidos por pilosidade esbranquiçada e sedosa. Metasterno com pilosidade esbranquiçada densa e pontos esparsos nas regiões laterais; subglabro e brilhante no disco. Lados dos urosternitos III e urosternitos IIIV com pilosidade esbranquiçada densa. Urosternito V truncado no ápice.

Escutelo revestido com densa pilosidade amarelada que oblitera o tegumento. Élitros algo deprimidos ao longo da sutura com pontos progressivamente mais finos para o ápice e com pilosidade esbranquiçada transversalmente deitada; no restante da superfície, glabros, com pontos maiores, pouco profundos e mais ou menos lineares. Ápices elitrais acuminados, desarmados.

Fêmures quase impontuados e subglabros, brilhantes, com pubescência esbranquiçada e esparsa nas clavas; metade posterior dos pedúnculos com sulco e carenas pouco manifestos; clavas fortemente abruptas; metafêmures ultrapassam o ápice elitral pela ponta das clavas. Tíbias retas, deprimidas, não carenadas, com pontuação e pilosidade muito esparsas. Metatarsômero I cerca de 1/3 mais longo que II+III.

Fêmea. Cabeça, protórax, face ventral do corpo e clavas dos fêmures, castanhos sem brilho metálico; élitros castanho-amarelados sem brilho metálico. Antenas com 12 artículos, cerca de 1,5 vezes o comprimento do corpo; antenômero XII mais curto que o XI. Lados do protórax mais paralelos, pouco atenuados na metade anterior. Pronoto com pontuação mais densa, com pequena área central lisa. Lados do protórax com pontos grossos e profundos. Metafêmures alcançam o início do estreitamento apical dos élitros.

Dimensões, em mm, macho/fêmea. Comprimento total 10,3/10,3; comprimento do protórax 2,7/2,7; largura do protórax 1,6/1,7; comprimento do élitro 6,4/7,5; largura umeral 1,8/2,2.

Material examinado. EQUADOR, Loja: Catamayo (13,5 km W, 2.500 m), macho, fêmea, 19.III.1996, D. Brozska, col. (MZSP).

Discussão. Cycnoderus (Cycnoderus) Audinet-Serville, 1834 tem cinco espécies descritas para a América do Sul (Monné, 2005): C. (C.) expeditus Chevrolat, 1859, acima redescrita e própria ao noroeste do continente; C. (C.) intinctus (Pascoe, 1866), revalidada, e C. (C.) moestulus (Pascoe, 1866) registradas para a Colômbia; C. (C). tenuatus Audinet-Serville, 1834, C. (C.) chlorizans Chevrolat, 1859 e C. (C.) rufithorax Gounelle, 1911, largamente distribuídas na Mata Atlântica e seus prolongamentos para o Brasil Central. As outras cinco espécies foram descritas para o México e Guatemala (Giesbert & Chemsak, 1993).

Cycnoderus (C.) expeditus foi descrita com base em um exemplar procedente da Colômbia. Entretanto, Chevrolat (1859:56) mencionou, após a descrição, ter examinado um segundo exemplar, do Peru e da Coleção do Conde Mnizech, que difere da forma típica pelas antenas um pouco mais claras, os dois traços de pubescência branca do protórax menos demarcados e os lados dos urosternitos obsoletamente marginados de branco. Na forma típica as antenas são "noirâtres", o protórax marcado com "deux petits traits blancs" e o abdômen "étroitement bordé de blanc sur chaque côté".

Examinamos um casal do Equador (CFHC) que coincide bem com a descrição original e com as observações de Chevrolat para o exemplar peruano e que foram redescritos acima.

Cycnoderus (C.) expeditus distingue-se das espécies brasileiras pelo pronoto com pontuação esparsa, pela área de pontuação sexual do prosterno dos machos brilhante com pontos finos muito esparsos, não estendida sobre o terço anterior do pronoto e pelos élitros com pontos grossos e subglabros. De C. (C.) intinctus, além dos caracteres mencionados acima, difere pelas antenas e pernas subglabras, pelo protórax subcílindrico sem alargamento lateral perto da base, pelo pronoto com pontos finos e esparsos; pelas pernas quase sem pontos, pelas clavas dos fêmures fortemente abruptas e pela ausência de espinho sutural. Em C. (C.) intinctus (Fig. 7) o pronoto é grossa e densamente pontuado-alveolado, as antenas e pernas apresentam pilosidade longa e abundante, o protórax é alargado adiante da base, as clavas dos fêmures são mais delgadas e os élitros têm espinho sutural.

AGRADECIMENTOS

A Herbert Schmid, Viena, pela remessa de fotografia do holótipo de Rhopalophora apicalis Fuchs; a Albino M. Sakakibara pela execução das fotografias; a Miguel A. Monné pela remessa de material para estudo.

Recebido em: 07.03.2006

Aceito em: 06.07.2006

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  • 1
    Contribuição nº 1624 do Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      13 Set 2006
    • Data do Fascículo
      2006

    Histórico

    • Aceito
      06 Jul 2006
    • Recebido
      07 Mar 2006
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