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Aves da Chapada dos Guimarães, Mato Grosso, Brasil: uma síntese histórica do conhecimento

Resumos

É apresentada uma revisão histórica dos inventários ornitológicos conduzidos na Chapada dos Guimarães, centro-oeste do Brasil. A avifauna da região é caracterizada a partir de uma revisão crítica de todas as listas de espécies produzidas por várias gerações de ornitólogos, espécimes depositados em museus e meticulosos trabalhos de campo. Especial atenção foi dada às publicações de J.A. Allen, baseadas na monumental coleção preparada por H.H. Smith e sua esposa no final do século XIX. A avifauna da região é típica do Cerrado, abrigando também espécies amazônicas. Um total de 393 espécies de aves é listado para a região, sendo outras 52 espécies citadas pela literatura consideradas de ocorrência improvável baseado nos critérios restritivos adotados. Vinte e quatro espécies coletadas pelos Smith não foram mais registradas para a região. Seis destas espécies são campestres e bastante sensíveis a alterações antrópicas, enquanto que outras três são perseguidas pelo comércio ilegal de aves. Estas espécies provavelmente se encontram extintas na região. Sete outras espécies associadas a corpos hídricos, e duas de distribuição predominantemente Amazônica, eram provavelmente raras na região, mesmo em tempos históricos, principalmente devido à falta de hábitat adequado. Seis outras são normalmente raras, podendo ter passado despercebidas. São apresentados o primeiro registro documentado de Caprimulgus longirostris para o Mato Grosso e o segundo registro de Pipraeidea melanonota para o estado. Também são discutidos os registros de outras espécies raras na região, tais como Ictinia mississipensis, Buteo melanoleucus, Harpia harpyja, Megascops usta, Asio flammeus, Berlepschia rikeri, Euscarthmus rufomarginatus, Xenopsaris albinucha e Poospiza cinerea.

Avifauna; Cerrado; Amazônia; Inventário; Extinção de espécies


Here we present a historical review of all known ornithological surveys carried out at Chapada dos Guimarães, central-western Brazil. We characterize the avifauna of the region following a critical review of all bird species listed by several generations of ornithologists. The final species account was produced based on extensive literature and museum consultation and on recent field work. Special attention is given to the series of papers by J.A. Allen, which was based on the monumental collecting work by H.H. Smith and his wife on the 19th century. The study area is predominantly characterized by a Cerrado bird assemblage and in a lesser extent, by Amazonian elements. A total of 393 bird species have confident records for the region. Other 52 species were cited for the region, but were judged unlikely to occur in the study area under our stringent criteria. Twenty four species collected by the Smiths are no longer recorded in the region. Six of these species are sensitive grassland specialists, and three are popular cagebirds. These species are probably extinct in the area. Seven species are waterbirds and two are Amazonian species, all of them have probably always been very rare in the region due to the lack of apropriate habitat. Six species are naturally rare, and could be overlooked. We report the first documented record of Caprimulgus longirostris for Mato Grosso and the second record of Pipraeidea melanonota for the state. We also comment on several apparently rare species on the region such as Ictinia mississipensis, Buteo melanoleucus, Harpia harpyja, Megascops usta, Asio flammeus, Berlepschia rikeri, Euscarthmus rufomarginatus, Xenopsaris albinucha, and Poospiza cinerea.

Avifauna; Cerrado; Amazonia; Inventory; Species loss


Aves da Chapada dos Guimarães, Mato Grosso, Brasil: uma síntese histórica do conhecimento

Leonardo Esteves LopesI,1 1 E-mail: leo.cerrado@gmail.com ; João Batista de PinhoII; Bianca BernardonII; Fabiano Ficagna de Oliveira2 2 Rua José Eulálio Filho, 459, Chapada dos Guimarães, MT, Brasil. ; Giuliano Bernardon3 3 Sítio Jamacá, Caixa Postal 17, Chapada dos Guimarães, MT, Brasil. ; Luciana Pinheiro FerreiraII; Marcelo Ferreira de VasconcelosI; Marcos Maldonado-CoelhoIII; Paula Fernanda Albonette de NóbregaII; Tatiana Colombo RubioII

IDepartamento de Zoologia, ICB, Universidade Federal de Minas Gerais, Avenida Antônio Carlos, 6.627, Pampulha, CEP 31270-910, Belo Horizonte, MG, Brasil

IILaboratório de Ornitologia, IB, Universidade Federal de Mato Grosso, Avenida Fernando Corrêa, s/nº, Coxipó, CEP 78075-960, Cuiabá, MT, Brasil

IIIDepartment of Biology, University of Missouri-St Louis, One University Boulevard, 63121, St Louis, Missouri, EUA

RESUMO

É apresentada uma revisão histórica dos inventários ornitológicos conduzidos na Chapada dos Guimarães, centro-oeste do Brasil. A avifauna da região é caracterizada a partir de uma revisão crítica de todas as listas de espécies produzidas por várias gerações de ornitólogos, espécimes depositados em museus e meticulosos trabalhos de campo. Especial atenção foi dada às publicações de J.A. Allen, baseadas na monumental coleção preparada por H.H. Smith e sua esposa no final do século XIX. A avifauna da região é típica do Cerrado, abrigando também espécies amazônicas. Um total de 393 espécies de aves é listado para a região, sendo outras 52 espécies citadas pela literatura consideradas de ocorrência improvável baseado nos critérios restritivos adotados. Vinte e quatro espécies coletadas pelos Smith não foram mais registradas para a região. Seis destas espécies são campestres e bastante sensíveis a alterações antrópicas, enquanto que outras três são perseguidas pelo comércio ilegal de aves. Estas espécies provavelmente se encontram extintas na região. Sete outras espécies associadas a corpos hídricos, e duas de distribuição predominantemente Amazônica, eram provavelmente raras na região, mesmo em tempos históricos, principalmente devido à falta de hábitat adequado. Seis outras são normalmente raras, podendo ter passado despercebidas. São apresentados o primeiro registro documentado de Caprimulgus longirostris para o Mato Grosso e o segundo registro de Pipraeidea melanonota para o estado. Também são discutidos os registros de outras espécies raras na região, tais como Ictinia mississipensis, Buteo melanoleucus, Harpia harpyja, Megascops usta, Asio flammeus, Berlepschia rikeri, Euscarthmus rufomarginatus, Xenopsaris albinucha e Poospiza cinerea.

Palavras-chaves: Avifauna; Cerrado; Amazônia; Inventário; Extinção de espécies.

ABSTRACT

Here we present a historical review of all known ornithological surveys carried out at Chapada dos Guimarães, central-western Brazil. We characterize the avifauna of the region following a critical review of all bird species listed by several generations of ornithologists. The final species account was produced based on extensive literature and museum consultation and on recent field work. Special attention is given to the series of papers by J.A. Allen, which was based on the monumental collecting work by H.H. Smith and his wife on the 19th century. The study area is predominantly characterized by a Cerrado bird assemblage and in a lesser extent, by Amazonian elements. A total of 393 bird species have confident records for the region. Other 52 species were cited for the region, but were judged unlikely to occur in the study area under our stringent criteria. Twenty four species collected by the Smiths are no longer recorded in the region. Six of these species are sensitive grassland specialists, and three are popular cagebirds. These species are probably extinct in the area. Seven species are waterbirds and two are Amazonian species, all of them have probably always been very rare in the region due to the lack of apropriate habitat. Six species are naturally rare, and could be overlooked. We report the first documented record of Caprimulgus longirostris for Mato Grosso and the second record of Pipraeidea melanonota for the state. We also comment on several apparently rare species on the region such as Ictinia mississipensis, Buteo melanoleucus, Harpia harpyja, Megascops usta, Asio flammeus, Berlepschia rikeri, Euscarthmus rufomarginatus, Xenopsaris albinucha, and Poospiza cinerea.

Keywords: Avifauna; Cerrado; Amazonia; Inventory; Species loss.

INTRODUÇÃO

O bioma Cerrado, considerado um "hotspot" de biodiversidade (Myers et al., 2000), ainda apresenta extensas porções do seu domínio que não tiveram sua avifauna amostrada de maneira satisfatória (Silva, 1995a; Silva & Santos, 2005). Tal constatação é preocupante, pois o Cerrado é uma das savanas tropicais mais ameaçadas do mundo, sofrendo altíssimas taxas de desmatamento (Silva & Bates, 2002; Machado et al., 2004). O resultado é que extensas áreas desse bioma, tais como o Triângulo Mineiro, sul de Goiás e oeste do Mato Grosso do Sul, tiveram sua vegetação natural completamente descaracterizada (Machado et al., 2004) antes que sua avifauna fosse conhecida (Silva, 1995a; Silva & Santos, 2005).

A Chapada dos Guimarães constitui uma exceção a essa regra, pois além de possuir bons inventários históricos, sendo mundialmente conhecida pela série de publicações de Allen (1889a, b, c; 1891; 1892; 1893a, b), ainda guarda extensas áreas de vegetação nativa. Isso se deve principalmente à criação do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães (PNCG), uma das principais unidades de conservação de proteção integral do Cerrado matogrossense. É por esse motivo que a Chapada dos Guimarães oferece uma oportunidade única de se realizar uma análise histórica da avifauna de uma região do Cerrado ainda em bom estado de conservação.

Passadas quase duas décadas da criação do PNCG, ainda não foi realizado um esforço de compilação e revisão do material colecionado na região. O presente trabalho tem por objetivos: 1) revisar o histórico de exploração científica da avifauna da Chapada dos Guimarães; 2) apresentar os resultados obtidos durante a Avaliação Ecológica Rápida (AER) do PNCG; 3) compilar as informações já disponíveis sobre a avifauna da região, analisando cada registro de maneira crítica e 4) avaliar eventuais alterações na composição da avifauna da área de estudo ao longo dos seus mais de 100 anos de exploração científica.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de Estudo

O município de Chapada dos Guimarães se localiza a cerca de 40 km ao nordeste da sede do município de Cuiabá, estado de Mato Grosso, Brasil. Nestes dois municípios se localiza o PNCG, criado em 1989, com uma área de 32.630 ha. Os limites da área de estudo foram fixados como sendo toda a área do PNCG e o entorno da sede do município. Para isso foi traçado um círculo com raio de 10 milhas (cerca de 16 km) a partir do centro do município, pois este é o raio que teria sido explorado durante as coletas históricas já realizadas no município (Allen, 1891). Dessa maneira, foi possível a comparação entre os dados obtidos atualmente e os dados históricos disponíveis para a região.

A paisagem local compreende uma ampla gama de tipos vegetacionais (veja Ribeiro & Walter, 1998), sendo observadas as diferentes formas fisionômicas do Cerrado sentido restrito: as matas de galeria, as matas secas deciduais e semideciduais e os campos rupestres, que ocorrem nos afloramentos rochosos, em altitudes acima dos 800 m (Oliveira-Filho et al., 1989; Pinto & Oliveira-Filho, 1999). As altitudes variam de pouco mais de 200 m, na Baixada Cuiabana, até quase 900 m, no Morro de São Jerônimo.

Os tipos climáticos da região são Aw e Cw de Köppen. O primeiro tipo ocorre na Baixada Cuiabana, e o segundo, tropical de altitude, ocorre no alto da Chapada dos Guimarães. Ambos os tipos climáticos são caracterizados pelo inverno seco, que vai de maio a setembro, e verão chuvoso, que vai de outubro a abril. A precipitação média anual varia entre 1800 e 2000 mm (Nimer, 1979; Pinto & Oliveira-Filho, 1999).

Durante a AER, seis sítios foram amostrados de maneira sistemática. Quatro outros sítios não visitados durante a AER foram amostrados em detalhes por FFO e GB, sendo eles o Vale do Jamacá, o Parque Municipal da Quineira, o entorno do Colégio Evangélico de Buriti ("Colégio Buriti") e a estrada para o distrito de Água Fria (Figura 1). Cada um desses sítios é descrito abaixo, de acordo com Pinto & Olivera-Filho (1999), comunicações pessoais de Catia Nunes da Cunha e observações próprias:

1) Riacho do Forte: i) mata ciliar inundável (15°19'07"S, 55°57'14"W, 240 m alt.) em bom estado de conservação, com dossel entre 10 e 15 m de altura, com algumas árvores atingindo 30 m. Diversas palmeiras buriti (Mauritia flexuosa) de grande porte foram observadas ao longo das áreas alagadas; ii) cerrado sentido restrito (15°18'44"S, 55°58'10"W, 250 m alt.) com vegetação arbórea variando entre 5 e 8 m de altura. Em diversos pontos a vegetação se encontrava altamente degradada, sendo observadas diversas espécies invasoras; iii) Posto do IBAMA (15°21'51"S, 55°57'23"W, 225 m alt.), na localidade conhecida como Armação do Mutuca, onde montou-se acampamento. Nesta localidade foram obtidos diversos registros oportunísticos em áreas de cerrado sentido restrito bastante antropizado, mata de galeria e um pequeno açude artificial.

2) Rio Claro: i) mata de galeria do Rio Claro (15°19'10"S, 55°52'13"W, 220 m alt.), estreita e em sua maior parte não alagável, sendo orlada por um campo úmido. A altura média do dossel é de 10 m, com alguns indivíduos atingindo 15 m de altura; ii) cerrado sentido restrito (15°19'30"S, 55°52'17"W, 300 m alt.) com cerca de 5 m de altura, com a presença marcante de Vellozia squamata; iii) vereda nas cabeceiras do Rio Claro (15°18'38"S, 55°50'48"W, 300 m alt.), próxima das escarpas dos paredões rochosos, com solo hidromórfico e presença maciça de gramíneas e buritis.

3) Cidade de Pedra: i) campo sujo (15°18'08"S, 55°50'20"W, 650 m alt.) e cerrado rupestre (15°15'52"S, 55°51'08"W, 660 m alt.). Ambas as formações com vegetação floristicamente semelhante ao cerrado sentido restrito, porém com a vegetação lenhosa de porte reduzido (até 1,5 m). Algumas árvores de maior porte podem ser observadas nas frestas das rochas.

4) Cachoeira Véu-de-Noiva: i) cerrado sentido restrito (15°24'59"S, 55°50'34"W, 610 m alt.) no topo da chapada, em bom estado de conservação; ii) mata seca semidecídua (15°24'25"S, 55°50'17"W, 450 m alt.) distribuída ao longo do vale abaixo da Cachoeira Véu-de-Noiva, formada pelo córrego Coxipozinho. É uma das áreas florestadas mais extensas existentes dentro dos limites do PNCG, com cerca de 30 ha. A altura média do dossel é de 8-10 m, com alguns indivíduos alcançando cerca de 25 m.

5) Casa de Pedra: localizada na estrada de acesso ao Morro de São Jerônimo. i) cerrado rupestre (15°26'25"S, 55°51'08"W, 710 m alt.), composto por vegetação savânica sobre solo litólico com afloramento rochoso, entremeado por grotas. A densidade da cobertura lenhosa é baixa e há uma porcentagem alta de solo exposto; ii) mata de galeria (15°25'47"S, 55°50'04"W, 640 m alt.), em parte alagável, com uma expressiva população de uma samambaia arborescente; iii) cerrado sentido restrito (15°26'08"S, 55°50'04"W, 645 m alt.), de baixa estatura, com diversas espécies de capins invasores.

6) Vale da Bênção: i) mata seca semidecidual (15°26'05"S, 55°47'25"W, 690 m alt.) localizada nas encostas do vale, com altura média do dossel variando entre 15 e 20 m, com algumas árvores superando os 25 m de altura. Em diversos trechos a mata demonstra evidentes sinais de degradação, tais como clareiras pequenas, espécies invasoras e indícios de caça, como "poleiros". Áreas com agricultura e pecuária predominam no fundo do vale.

7) Vale do Jamacá: região do Vale do rio Jamacá (15°27'19"S, 55°40'53"W, 700 m alt.), englobando suas cabeceiras. i) mata de galeria, com pontos de alta declividade, o que cria ambientes de baixa insolação e umidade permanente. Algumas espécies típicas são Jacaranda cuspidifolia, Miconia sp. e Bellucia sp.; ii) mata seca semidecídua, situada ao longo das encontas, com dossel podendo atingir mais de 25 m de altura. Estas matas apresentam algumas espécies de transição com cerrado e cerradão; iii) cerrado típico e cerradão, localizados nas áreas mais altas e planas, estando já antropizado. Algumas espécies típicas são representantes dos gêneros Sclerolobium e Xylopia, além de Solanum lycocarpum e Caryocar brasiliense. Circundando o Vale do Jamacá, são observadas capoeiras em regeneração e áreas de pastagem.

8) Parque Municipal da Quineira: i) unidade de conservação urbana (15°27'58"S, 55°44'46"W, 760 m alt.), criada para proteger as nascentes do córrego Prainha, onde é captada água para abastecimento da cidade. Possui 26 ha de mata de galeria, que apresenta dossel máximo de 20 metros de altura. Esta unidade de conservação é circundada por pastos, casas e uma pequena área de 2 ha de Cerrado. O local ainda sofre com o corte de lenha e caça. Apesar desta área se localizar em plena área urbana do município, optou-se por apresentar os dados obtidos nesta localidade em separado dos obtidos para os arredores do município em virtude de se tratar de uma unidade de conservação bem inventariada (Oliveira, 2004).

9) Colégio Buriti: i) no entorno das edificações (15°24'56"S, 55°48'28"W, 620 m alt.) predominam áreas antropizadas e matas secundárias, que em alguns trechos atingem cerca de 400 m de largura. A oeste, extenso campo sujo, com veredas, campos limpos úmidos e capões de mata.

10) Estrada para Água Fria: i) primeiros quilômetros da estrada de acesso (15°24'30"S, 55°46'46"W, 680 m alt.) ao distrito de Água Fria. A vegetação é de cerrado ralo, com maior estatura nas baixadas, onde se torna cerrado típico. Logo no início da estrada, mais próximo à sede do município, a vegetação encontra-se bastante alterada, devido aos incêndios praticamente anuais. Este trecho da estrada também abriga o antigo depósito de lixo da cidade. Algumas propriedades na área são recobertas por plantações de eucaliptos.


As demais localidades citadas no corpo deste artigo, não inventariadas de maneira sistemática pelos autores, ou visitadas por terceiros, são listadas no seguinte "gazetteer": Abrilongo (15°19'S, 55°35'W), Água Fria (15°11'S, 55°45'W), Caverna Aroe Jarí (15°36'S, 55°29'W), Centro Geodésico (15°28'S, 55°41'W), Cuiabá (15°36'S, 56°06'W), Estrada Morada do Sol (15°26'S, 55°43'W), Fazenda Invernada (15°14'S, 55°32'W), Fazenda Retiro (15°10'S, 55°45'W) Fecho do Morro (15°20'S, 55°38'W), Km 40 (15°17'S, 55°55'W), Paredão do Eco (15°20'S, 55°48'W), Pedra Grande (14°56'S, 55°25'W), Portão da Fé (15°27'S, 55°46'W), Pousada Penhasco (15°29'S, 55°45'W), Retiro Novo, Nossa Senhora do Livramento (16°22'S, 56°18'W), Salgadeira (15°21'S, 55°49'W), Serra da Chapada (15°25'S, 55°45'W), Sítio Marimbondo (15°11'S, 55°40'W) e Usina Hidroelétrica do Rio Manso (14°52'S, 55°47'W).

MÉTODOS

Revisão do histórico de exploração científica da Chapada dos Guimarães

Diversas expedições de coleta e inventários avifaunísticos foram realizados na Chapada dos Guimarães desde o século 19. Grande parte desses resultados, ou não foram publicados, ou foram publicados em meios de divugação restrita. Para se estabelecer o histórico de exploração científica da região, foram utilizados dados obtidos na literatura (British Museum, 1874-1898; Allen, 1889a, b, c; 1891; 1892; 1893a, b; Miranda-Ribeiro, 1928; Naumburg, 1930; Pinto, 1940, 1979; POLONOROESTE, 1985; Willis, 1988; Willis & Oniki, 1990; Paynter & Traylor, 1991; Dubs, 1992; Forrester, 1993; Barnett & Kirwan, 2000; SEPLAN, 2002; Vasconcelos, 2002; Whittaker et al., 2007) e nos livros tombos e etiquetas de espécimes depositados em coleções científicas. Para isso, foram visitadas as coleções ornitológicas das seguintes instituições brasileiras: Departamento de Zoologia da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte (DZUFMG), Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém (MPEG), Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, São Paulo (MZUSP), Museu Nacional, Rio de Janeiro (MNRJ), Coleção Ornitológica Marcelo Bagno, Universidade de Brasília, Brasília (COMB) e Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá (UFMT). No MZUSP, foi checado o livro de tombos nas datas posteriores aos catálogos de Pinto (1938; 1944), que relacionam o material depositado no referido museu. Na impossibilidade de se analisar todo o material depositado no MNRJ (pois os nomes das espécies não são registrados no livro de tombo desta instituição), foi consultado Miranda-Ribeiro (1928), que apresenta uma listagem da coleção de aves depositada no MNRJ no início do século XX. Ruschi (1951) também cita material coletado pelos Smith e depositado no MNRJ. Alguns poucos espécimes depositados nesta instituição, não citados pelos referidos autores, também foram pessoalmente examinados por LEL durante estudos com outros propósitos (e.g. Lopes, 2008).

Informações sobre exemplares depositados nos principais museus Norte-Americanos foram obtidos através de um portal (http://ornisnet.org/) que reúne em uma base de dados única as informações de interesse. No momento da consulta (agosto de 2008), as seguintes instituições abrigavam material da Chapada dos Guimarães: University of California, Los Angeles (UCLA); Museum of Comparative Zoology, Cambridge (MCZ); University of Colorado Museum, Boulder (UCM); Museum of Vertebrate Zoology, Berkeley (MVZ), Field Museum of Natural History, Chicago (FMNH) e National Museum of Natural History, Washington (USNM). Uma vez que o American Museum of Natural History, Nova Iorque (AMNH) ainda não apresentava sua base de dados completamente funcional no momento da consulta, assumiu-se que representantes de todas as espécies listadas por Allen (1891; 1892; 1893a) ainda se encontram depositados na referida instituição. Alguns poucos exemplares foram examinados pessoalmente por MFV quando em visita ao AMNH.

Trabalhos de campo

Os trabalhos de campo durante a AER ocorreram de 27 de setembro a 06 de outubro de 2005 e de 28 de março a 06 de abril de 2006. Todos os autores, com exceção de MFV, participaram da AER. Detalhes sobre os métodos utilizados durante os 20 dias da AER são apresentados a seguir:

Captura com redes de neblina: as capturas com redes foram realizadas em nove localidades distribuídas pelos seis sítios de amostragem contemplados pela AER: Riacho do Forte (pontos "i" e "ii"), Rio Claro (pontos "i" e "ii"), Cidade de Pedra, Cachoeira Véu-de-Noiva (pontos "i" e "ii"), Casa de Pedra (pontos "i" e "ii" amostrados em conjunto) e Vale da Bênção. Em cada uma das localidades foram instaladas 12 redes de neblina (12 x 2,75 m, malhas 36 mm), que foram abertas logo após o nascer do sol, permanecendo abertas por um período de cinco horas consecutivas. Uma vez que cada uma das nove localidades foi amostrada durante duas manhãs (uma em cada campanha), o esforço de amostragem (veja Straube & Bianconi, 2002) com essa metodologia foi de 35.640 h.m2 (12 redes de 33 m2 abertas durante 90 h cada). Cada indivíduo capturado foi fotografado e marcado individualmente com anilhas metálicas fornecidas pelo CEMAVE/IBAMA (autorização nº 1281).

Transecto por pontos: o método de amostragem por pontos foi adaptado de Vielliard & Silva (1990) e Bibby et al. (1997). As localidades e os dias de amostragem foram os mesmos das capturas com redes de neblina. Em cada uma das localidades foram demarcados de seis a sete pontos de escutas separados por uma distância de 150 m uns dos outros, totalizando 44 pontos por campanha. Cada ponto foi amostrado por um período de 10 min em cada uma das duas campanhas, totalizando 880 min de amostragem. Durante este tempo, foram registrados todos os indivíduos observados ou escutados. Estas observações foram realizadas nas duas primeiras horas da manhã, período de maior atividade das aves. Dados quantitativos não serão apresentados aqui.

Transectos de varredura: foram feitos registros visuais a olho nu e com auxílio de binóculos em caminhadas ao longo dos seis sítios selecionados para a AER, totalizando cerca de 200 h/homem de observação. Foram amostradas as principais fitofisionomias existentes na região, sendo dada especial atenção a microhábitats e espécies de especial interesse científico. Sempre que possível foram também realizadas gravações de vocalizações utilizando-se um gravador digital Sharp MD-MT 15 e microfone Sennheiser ME66.

Coleta de espécimes testemunho: além de documentação fotográfica, foi feita uma coleção de peles de aves que foi depositada na Coleção de Vertebrados do Instituto de Biociências da Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá. Quase todas as espécies capturadas em rede tiveram pelo menos um espécime coletado como testemunho. Como metodologia complementar de coleta também foi utilizada uma carabina de pressão calibre 4,5 mm.

Compilação da lista de espécies

Ao final da AER, foi confeccionada uma listagem contendo todas as espécies já registradas na Chapada dos Guimarães, incluindo dados da literatura e das coleções ornitológicas consultadas. Este processo também se beneficiou das observações conduzidas por FFO e GB, que residem e observam aves no município de Chapada dos Guimarães desde 2001 e 2003, respectivamente. Também foram incluídas observações de MFV coligidas durante os anos de 2000 e 2001, sendo as gravações realizadas por este pesquisador depositadas no Arquivo Sonoro Prof. Elias Coelho, Rio de Janeiro. Também foram incluídas comunicações pessoais de outros observadores (ver agradecimentos). A nomenclatura e a seqüência das espécies seguem o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2007).

Durante a confecção da lista de espécies, foi encontrada uma série de limitações que dificultaram a análise dos dados. Os problemas verificados e as soluções propostas são listados a seguir:

1) as localidades visitadas por alguns pesquisadores anteriores não foram explicitadas, gerando incertezas quanto à representação geográfica dos registros. Por exemplo, Pinto (1940) nada diz a respeito das localidades amostradas. Entretanto, dadas as limitações de deslocamento encontradas na época, as estações de coleta visitadas não devem se situar fora dos limites explorados pelos Smith. Forrester (1993) também não delimita de maneira precisa a área amostrada, que provavelmente se estende além dos limites aqui fixados. É sabido que espécies observadas ao longo das estradas de acesso e entorno das áreas alvo são geralmente incluídas nas listagens de Forrester (1993), conforme relatado pelo próprio autor a Willis & Oniki (2002).

2) Teixeira et al. (1990) incluiu junto aos dados coletados na Chapada dos Guimarães alguns registros obtidos no rio Coxipó do Ouro, próximo a Cuiabá. Além do mais, apesar destes autores afirmarem que registraram 220 espécies para a área, a listagem apresentada inclui apenas 114 espécies.

3) A listagem de Forrester (1993) resulta da compilação de informações da literatura e de dados não publicados de cerca de 20 ornitólogos profissionais e observadores de aves amadores, alguns deles com pouca experiência com avifauna Neotropical. O resultado é que diversos registros duvidosos são apresentados nesta obra, fato também observado por Willis & Oniki (2002) quando analisando a lista de Forrester (1993) apresentada para a região de Santa Teresa, leste do Brasil.

Dessa maneira, com o objetivo de se evitar a inclusão de dados imprecisos, mas atento à necessidade de se analisar criteriosamente as fontes disponíveis, os registros compilados foram agrupados em três listas distintas: A lista primária traz os registros aceitos para a Chapada dos Guimarães. A lista secundária traz os registros que, embora prováveis, necessitam ainda de confirmação. Por exemplo, foi incluída nesta lista Hylophilus pectoralis, registrada para o entorno de Cuiabá e borda norte do Pantanal (Pinto, 1940; Dubs, 1992; Pinho, 2005). A lista terciária apresenta os registros considerados improváveis. Estes registros foram creditados para a Chapada dos Guimarães baseado em peles de museu que tiveram sua identificação retificada e registros provenientes de possíveis erros tipográficos. Também figuram nesta lista, por exemplo, espécies como Thamnophilus caerulescens e Euphonia violacea, morfologicamente semelhantes a T. pelzelni e E. laniirostris, respectivamente, comuns na área.

Os critérios adotados para a alocação das espécies em uma destas listas foram os seguintes: 1) devido ao fato de Teixeira et al. (1990) terem amostrado fora dos limites da Chapada, espécies registradas exclusivamente por esses pesquisadores foram incluídas na lista secundária; 2) espécies registradas exclusivamente por Forrester (1993) não foram incluídas na lista primária, sendo alocadas nas listas secundária ou terciária. Espécies assinaladas por Forrester (1993) apenas como registro histórico também não foram creditadas ao referido autor, pois claramente se referem à coleção dos Smith.

Análise da alteração na composição da avifauna

Primeiramente, foram identificadas as principais fontes atuais de impacto antrópico na área de estudo. Para a análise das prováveis extinções locais, buscou-se identificar as espécies coletadas em tempos históricos e não mais encontradas na Chapada dos Guimarães em tempos atuais. Foram considerados "históricos" todos os registros realizados há 50 anos ou mais. É importante destacar que esta é uma análise qualitativa, pois uma vez que não é possível reproduzir, ou sequer determinar, o esforço de coleta realizado pelos Smith e demais coletores, uma análise quantitativa fica inviabilizada. Portanto, embora grandes alterações devam ter ocorrido no contingente populacional de algumas espécies, elas não serão discutidas neste estudo.

As espécies sem registros atuais foram divididas em grupos de acordo com as suas características ecológicas, sendo analisadas as possíveis causas do eventual desaparecimento de cada grupo.

As possíveis colonizações recentes são difíceis de se avaliar, pois espécies raras ou esquivas poderiam ter passado despercebidas por coletores pouco familiarizados com os hábitos e vocalizações das espécies neotropicais. Portanto, este item irá apenas apontar as espécies atualmente muito comuns na região e que dificilmente teriam deixado de ser coletadas em tempos históricos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Histórico de exploração da avifauna e destino do material coletado

A exploração ornitológica da Chapada dos Guimarães se iniciou no século XIX com uma longa expedição comandada por Herbert Huntington Smith e sua esposa durante os anos de 1882 a 1886 (Allen, 1891). Os esforços desta expedição concentraram-se no entorno da cidade de Chapada dos Guimarães (então conhecida apenas como "Chapada"), sendo também realizadas breves excursões em seus arredores (Allen, 1891). Tal campanha resultou na coleta de cerca de 6.000 exemplares, dos quais cerca de 4.000 foram vendidos ao AMNH (Allen, 1891). O restante da coleção foi vendido, ou permutado com diversos outros museus do mundo (Allen, 1891). Felizmente, a maior parte deste material permaneceu durante alguns anos no AMNH antes que a coleção fosse desmembrada, permitindo que Joel Asaph Allen, então curador do AMNH, analisasse cerca de 5.500 destes espécimes na sua série de estudos sobre a avifauna da região (Allen, 1889a, b, c; 1891; 1892; 1893a; b).

Dos espécimes coletados pelos Smith e que foram doados, vendidos ou permutados com outras instituições, foi possível localizar, através da consulta à base de dados "Ornisnet", exemplares depositados nas seguintes instituições: UCLA (1 exemplar), MCZ (13), UCM (15), MVZ (15), FMNH (170) e USNM (176).

Nos museus brasileiros, a consulta ao livro tombo ou ao acervo não permitiu determinar o número exato de espécimes coletados pelos Smith. O MZUSP abriga algumas poucas dezenas de espécimes. O MNRJ abriga algumas centenas de exemplares, certamente um número bem superior aos cerca de 150 espécimes listados por Miranda-Ribeiro (1928) e Ruschi (1951). A análise da obra de Miranda-Ribeiro (1928) revela que, de uma maneira geral, apenas os Oscine tiveram sua localidade de coleta especificada, enquanto que as demais espécies foram geralmente citadas como provenientes do "Brasil". Por exemplo, Miranda-Ribeiro (1928) cita onze exemplares de "Dysithamnus mentalis affinis" procedentes do "Brasil" e depositados no MNRJ. A consulta ao acervo por LEL revelou dez indivíduos procedentes da "Chapada", e nenhum indivíduo dessa subespécie sem procedência exata. De maneira similar, Miranda-Ribeiro (1928) cita cinco exemplares de Sirystes sibilator procedentes do "Brasil", enquanto que o acervo abriga seis exemplares coletados pelos Smith, não citados no mesmo estudo. Mesmo para espécies com exemplares dos Smith relatados por Miranda-Ribeiro (1928), o número de indivíduos citados está bem aquém do depositado no MNRJ. Por exemplo, Miranda-Ribeiro (1928) cita quatro exemplares de Tangara cayana provenientes da Chapada, enquanto que a consulta ao acervo revelou dezoito exemplares.

Algumas centenas de exemplares coletados pelos Smith encontram-se depositados no Natural History Museum, Tring, Inglaterra (antigo British Museum). Diversos desses espécimes encontram-se listados nos 27 volumes do clássico "Catalogue of the Birds in the British Museum", publicado entre 1874 e 1895. Entretanto, como diversos volumes foram publicados anteriormente, ou simultaneamente, à expedição dos Smith, uma porção considerável do material depositado nesse museu não chegou a ser publicado no referido catálogo, incluindo a maioria dos passeriformes. Um número indeterminado de espécimes também encontra-se depositado no Museu de Buenos Aires, Buenos Aires, Argentina, conforme atestam exemplares de Tangara cayana margaritae citados por Partridge (1964).

A segunda expedição realizada à região foi empreendida pelo naturalista Alphonse Robert, que coletou na "Serra da Chapada" em junho de 1902. Esta localidade deve ser entendida como a porção mais elevada do platô da Chapada dos Guimarães (Paynter & Traylor, 1991). O material coletado por Robert foi originalmente depositado na coleção particular do Barão de Rotschild, que foi um dos financiadores da sua expedição ao Brasil (Straube & Scherer-Neto, 2001). Com a morte de Rotschild, seus herdeiros venderam sua coleção ao AMNH, onde deve estar depositado praticamente todo o material ornitológico obtido por Robert (Straube com. pessoal). A coleção de Robert nunca chegou a ser estudada e apenas alguns poucos exemplares foram esparsamente citados na literatura (e.g. Chubb, 1921; Conover, 1950).

Durante a década de 1920, a ornitóloga alemã Emilie Snethlage percorreu diversas localidades dos estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, visitando a localidade de "Burity" entre dezembro de 1928 e abril de 1929 (Paynter & Traylor, 1991). Esta localidade corresponde à Fazenda Buriti (Paynter & Traylor, 1991), onde se localiza atualmente o Colégio Buriti. O material de Snethlage foi depositado no Museu Nacional, mas, com exceção de pouco material citado em Snethlage (1936), os resultados dessa expedição nunca foram publicados. Não foi possível determinar a relação completa dos espécimes coletados, mas alguns deles se encontram listados em Ruschi (1951), Novaes (1961) e Lopes (2008).

Entre agosto e outubro de 1937, Olivério Pinto comandou uma expedição do então Museu de Zoologia (atualmente Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo) à Chapada, tendo João Leonardo de Lima como preparador (Pinto, 1940). O Museum of Comparative Zoology, que apoiu a expedição (Pinto, 1940), recebeu cerca de 25 destes espécimes, conforme atesta a sua base de dados on-line.

Nos anos de 1983 e 1984, a Chapada dos Guimarães foi uma das áreas estudadas pelo Projeto de Desenvolvimento Integrado do Noroeste do Brasil (POLONOROESTE). Este projeto contou com a colaboração de pesquisadores da Universidade Federal do Mato Grosso, Museu Nacional e Universidade Federal do Rio de Janeiro. Dentre os ornitólogos que colaboraram com este estudo destaca-se Dante Luiz Martins Teixeira (POLONOROESTE, 1985; Teixeira et al., 1990).

Em janeiro de 1987, José Maria Cardoso da Silva e técnicos do MPEG visitaram a Chapada dos Guimarães, coletando cerca de 140 espécimes nas proximidades do Colégio Buriti, chamado por eles de "Escola Buriti", conforme atesta material depositado no referido museu.

Edwin Willis e Yoshika Oniki visitaram a região em julho de 1985, julho de 1987 e janeiro de 1988. As localidades amostradas por esses autores foram o Colégio Buriti (chamado de "Fundação Educacional do Buriti"), o Portão da Fé, a Cachoeira Véu-de-Noiva e o Centro Geodésico (Willis & Oniki, 1990). Um pouco afastado da sede municipal foram visitados o "Km 40" e a Fazenda Retiro, no distrito de Água Fria (Willis & Oniki, 1990). Uma errata deste artigo foi publicada em Willis & Oniki (1991).

Desde a década de 1980, a Chapada dos Guimarães passou a ser visitada de forma sistemática por observadores de aves. O resultado das observações de dezenas de ornitólogos amadores e profissionais foi publicado em um guia destinado aos "birdwatchers" (Forrester, 1993).

A última expedição ornitológica realizada na Chapada dos Guimarães, antes deste estudo, ocorreu durante o Diagnóstico Sócio-Econômico Ecológico do Mato Grosso. Durante esta expedição, Luís Fábio Silveira amostrou a região no período compreendido entre 01 e 10 de julho de 1997, sem que fossem coletados espécimes (SEPLAN, 2002).

Cabe destacar que duas importantes expedições que palmilharam o estado de Mato Grosso durante o século XIX, a expedição de Johann Natterer (Pelzeln, 1868-1870) e a expedição Galathea (Leverkühn, 1889), não chegaram a atingir a área de estudo. As revisões dos itinerários destas expedições (Vanzolini, 1993a, b) indicam que elas sequer adentraram os atuais limites do município de Chapada dos Guimarães.

Por fim, resta acrescentar uma expedição que pode ter explorado a área de estudo, mas cujo itinerário e resultados obtidos não puderam ser esclarecidos a partir das fontes disponíveis. O conde de Castelnau, acompanhado do zoólogo Émille Deville, percorreu o estado de Mato Grosso em 1844 e 1845, obtendo modestos resultados ornitológicos (Pinto, 1979). Naumburg (1930) cita um espécime de Poospiza cinerea coletado pela referida expedição em "Santa Anna, near Cuyaba" e que estaria depositado no Muséum National d'Histoire Naturelle, Paris. Essa localidade tem sido interpretada como "Santa Anna da Chapada", um nome pelo qual o município de Chapada dos Guimarães já foi conhecido (Paynter & Traylor, 1991). Entretanto, existe outra localidade homônima (16°02'S, 55°50'W) próxima a Cuiabá, e somente a revisão do itinerário da expedição permitirá esclarecer tal dúvida.

Importância da Chapada dos Guimarães para a ornitologia Neotropical

A monumental série preparada pelos Smith constituía, no final do século XIX, na maior coleção de aves já obtida em uma única localidade da América do Sul (Allen, 1891). Esse copioso material permitiu uma série de estudos até então impensáveis, tais como o entendimento da seqüência de mudas e das diferentes plumagens de uma espécie (e.g. Tangara cayana, Allen, 1891). Uma vez que a Chapada dos Guimarães foi uma das primeiras localidades do Cerrado a ser inventariada em detalhes, diversos táxons de ampla distribuição ainda eram desconhecidos na época. Até onde foi possível apurar, 19 táxons de aves já foram descritos tendo a Chapada dos Guimarães como localidade tipo (Tabela 1), 12 dos quais ainda são considerados válidos (Dickinson, 2003). Além disso, espécimes provenientes da Chapada dos Guimarães têm sido sistematicamente analisados em praticamente todos os trabalhos sobre a taxonomia de aves com distribuição pelo Brasil central. É por isso que o recém descrito Suiriri islerorum recebeu o nome em inglês de "Chapada Flycatcher", uma justa homenagem à região.

Avifauna da Chapada dos Guimarães

Os autores deste estudo registraram 333 espécies de aves para a Chapada dos Guimarães (Tabela 2). Dados de literatura e espécimes de museu elevam para 393 o total de espécies já registradas (Tabela 2). Deste total, 307 espécies (77,9%) foram documentadas através da coleta de espécimes testemunho. Outras 23 espécies listadas para a região por terceiros foram consideradas como de ocorrência potencial, mas necessitam ainda de confirmação (Tabela 3). A Tabela 4 apresenta 29 espécies listadas para a área de estudo, mas que tiveram seu registro retificado por terceiros, ou que foram consideradas como de ocorrência improvável. Estes registros serão discutidos adiante.

De uma maneira geral a avifauna da região é típica do Cerrado (Silva, 1995b, 1997; Silva & Bates, 2002), abrigando 12 espécies endêmicas deste bioma: Nothura minor, Alipiopsitta xanthops, Melanopareia torquata, Herpsilochmus longirostris, Geositta poeciloptera, Antilophia galeata, Porphyrospiza caerulescens, Poospiza cinerea, Charitospiza eucosma, Saltator atricollis, Basileuterus leucophrys e Cyanocorax cristatellus. Uma marcante influência amazônica é observada nas matas galeria e nas matas secas semidecíduas, tal como demonstrado, por exemplo, pelos registros de Tinamus tao, Pionus m. menstruus, Heliomaster longirostris, Bucco tamatia, Nystalus striolatus, Pteroglossus inscriptus, Melanerpes cruentatus, Campephilus rubricollis, Myrmeciza atrothorax, Mionectes oleagineus, Tityra semifasciata, Machaeropterus pyrocephalus, Tangara chilensis e Euphonia laniirostris (Silva, 1996). Duas espécies supostamente de origem Atlântica (Silva, 1996), Lophornis magnificus e Corythopis delalandi, foram registradas, mas também ocorrem pontualmente no Brasil central (e.g. Pinto, 1936).

Nenhuma espécie ou subespécie de ave é endêmica da região. Entretanto algumas das subespécies descritas a partir de material colecionado na Chapada dos Guimarães, tais como Piaya cayana cabanisi, Philydor rufum chapadense, Sirystes sibilator atimastus, Coereba flaveola alleni e Tangara cayana margaritae apresentam distribuição congruente com os limites do Cerrado (Pinto, 1932, 1938, 1944, 1978), consistindo em possíveis endemismos do bioma. Contudo, a validade desses táxons, bem como os reais limites de suas distribuições geográficas, ainda carecem de estudos mais detalhados.

Registros não aceitos

Alguns registros equivocados para a Chapada dos Guimarães que puderam ser esclarecidos são discutidos abaixo:

Columbina passerina – citado por SEPLAN (2002), deve ser considerado erro de identificação (L.F. Silveira com. pessoal).

Hydropsalis climacocerca – uma fêmea da coleção dos Smith foi identificada por Allen (1893a) como pertencente a esta espécie. O reexame do material realizado por Naumburg (1930) revelou tratar-se de H. torquata.

Nystalus striatipectus – listado por Allen (1893a) para a Chapada, o espécime foi reexaminado por Silva (1991), que retificou a sua identificação como N. maculatus.

Picumnus cirratus – citado por SEPLAN (2002), é um erro tipográfico (L.F. Silveira com. pessoal). Também existem dois exemplares desta espécie depositados no USNM e que provavelmente constituem erros de identificação, ou de etiquetagem.

Cercomacra melanaria – citado como registro histórico por Forrester (1993), numa provável confusão nomenclatural com exemplares de "Cercomacra sclateri" citados por Allen (1893a) e Naumburg (1930) para "Cachoeira", localidade próxima da Chapada. Este táxon é atualmente tratado como subespécie de Cercomacra cinerascens (Dickinson, 2003). Entretanto, Fitzpatrick & Willard (1990) citam uma pele de C. melanaria proveniente da "Chapada" e depositada no AMNH. A ocorrência de C. melanaria na Chapada dos Guimarães é improvável, pois esta espécie está associada às planícies de inundação do Pantanal e do Rio Guaporé (Zimmer & Isler, 2003; Pinho et al., 2006), um tipo de hábitat não encontrado na área de estudo. Dessa maneira, ainda que a autenticidade desse espécime seja comprovada, é provável que ele tenha sido coletado nos arredores de Cuiabá, localidade visitada pelos Smith (Allen, 1891) e onde a espécie é encontrada (Naumburg, 1930).

Sclerurus scansor – Citado por Forrester (1993) como registro histórico, provavelmente em referência a citação de Ridgway (1889) para a "Chapada". Esta citação se baseia em um exemplar coletado pelos Smith em Abrilongo (Allen, 1893a), já fora dos limites da área de estudo.

Dendrocolaptes picumnus – registrado por Allen (1893a) para a Chapada. Segundo Naumburg (1930), exemplares coletados pelos Smith e depositados no Natural History Museum correspondem a D. platyrostris intermedius: "A male from Chapada, though in worn plumage, in the collection of the British Museum [atualmente Natural History Museum] is unquestionably referable to Dendrocolaptes intermedius Berlepsch (which, however, is but subspecifically distinct from Dendrocolaptes platyrostris)."

Campylorhamphus procurvoides – citado por SEPLAN (2002), é um erro tipográfico (L.F. Silveira com. pessoal).

Myiobius barbatus – citado por SEPLAN (2002), é um erro de identificação (L.F. Silveira com. pessoal).

Sicalis columbiana Cabanis, 1851 – citado por SEPLAN (2002), é um erro de identificação, devendo o registro ser creditado a S. luteola (L.F. Silveira com. pessoal)

Cyanocompsa cyanoides – citada por Forrester (1993) como registro histórico. No entanto tal registro é certamente uma confusão nomenclatural com Cyanocompsa cyanoides argentina citada por Naumburg (1930) para a referida localidade. Este táxon é atualmente tratado como subespécie de Cyanocompsa brissoni (Dickinson, 2003).

Basileuterus culicivorus – citado por SEPLAN (2002), que não registrou B. hypoleucus, espécie extremamente comum na área. Certamente erro tipográfico, e não a adoção de um sistema nomenclatural diferente, pois B. hypoleucus foi listado pelos mesmos autores para diversas outras áreas do estado.

"Icterus hauxwelli" – espécie descrita por Sclater (1885) baseada em um único espécime não sexado proveniente de Chamicurus, Peru. Esta espécie foi considerada por Hellmayr (1937) como um imaturo de I. croconotus, tratamento que tem sido adotado pela totalidade dos autores subsequentes (veja Mallet-Rodrigues, 2008 para uma síntese do histórico taxonômico dessa espécie). Entretanto, Willis & Oniki (1990) afirmaram que um exemplar coletado pelos Smith na Chapada dos Guimarães deve ser referido a essa espécie, que seria válida. Outros supostos registros de I. hauxwelli foram apresentados por Willis & Oniki (1990) para Benjamin Constant, Amazonas, e para o Pantanal de Poconé e Serra das Araras, ambos no Mato Grosso. As supostas "evidências" da validade da espécie apresentada por Willis & Oniki (1990) constituem meras observações de campo, não tendo ocorrido a coleta de espécimes ou comparações de vocalizações. Dado a fragilidade das evidências apresentadas, a validade desse táxon será considerada duvidosa.

Registros notáveis

Tinamus tao – conhecido apenas para a mata do vale da Cachoeira Véu-de-Noiva, onde é raro. Um único indivíduo escutado em outubro de 2005 por MMC, posteriormente gravado por FFO. Também registrado pela SEPLAN (2002).

Tigrisoma fasciatum – uma complexa confusão nomenclatural e taxonômica aqui se instaura. Allen (1893a) cita a coleta de uma fêmea adulta para a área de estudo. O exemplar coletado pelos Smith foi reexaminado por Naumburg (1930), que o identificou como T. l. marmoratum, afirmando, porém, que algumas características exibidas pelo exemplar o aproximavam de "T. salmoni", que é atualmente considerado como uma subespécie de T. fasciatum, com ocorrência na Costa Rica e Panamá, atingindo a Colômbia e norte da Bolívia (Dickinson, 2003). Hellmayr & Conover (1948) também incluem o exemplar da Chapada em T. l. marmoratum, afirmando, em nota de rodapé, que alguns exemplares mutantes desta subespécie (descritos como Heterocnus [= Tigrisoma] bolivianus) apresentam o topo da cabeça negro, ao invés de castanho. Segundo os mesmos autores, estes indivíduos seriam dificilmente diagnosticáveis de T. fasciatum. A real identidade desse exemplar só foi determinada por Eisenmann (1965), que em revisão taxonômica do grupo, referiu o exemplar em questão a T. f. fasciatum, tratamento que tem sido seguido pelos demais autores (e.g. Pinto, 1978).

Agamia agami – observada por Pedro Develey (com. pessoal) na região da Cachoeira Véu-de-Noiva em 1998. Também registrada por Teixeira et al. (1990), que não especificam a localidade.

Elanoides forficatus – esta espécie parece visitar a região em quase todos os meses do ano, aumentanto muito seu contingente populacional a partir de agosto. Um casal nidifica anualmente desde 2004 no topo de uma castanheira (Oliveira, 2004) e outro desde 2006 em um Eucalyptus, ambos em plena área urbana do município (FFO obs. pessoal).

Ictinia mississippiensis – treze indivíduos foram registrados sobrevoando a área de estudo em 28 de setembro de 2006 (FFO obs. pessoal). Registros inéditos para o estado de Mato Grosso foram obtidos por FFO nos km 10, 62 e 85 da rodovia Transpantaneira em setembro de 2006. Esta espécie é um migrante setentrional de longa distância que se reproduz na América do Norte, de onde migra para a América do Sul durante o inverno austral (Whittaker et al., 2007). Esta espécie tem sido registrada na Chapada dos Guimarães durante os meses de setembro a novembro, onde passa em migração (Barnett & Kirwan, 2000; Whittaker et al., 2007; Vasconcelos et al., 2008).

Harpia harpyja – o status desta espécie na Chapada dos Guimarães ainda é incerto, não sendo possível determinar, até o momento, se trata de uma espécie vagante ou residente na área. Em outubro de 2000, Douglas Trent observou e fotografou um indivíduo pousado em uma árvore de Cerrado no topo da Cachoeira Véu-de-Noiva. Em 24 de fevereiro de 2004, um indivíduo foi observado por BB, FFO e GB durante cerca de 30 minutos pousado na margem da estrada para Campo Verde, numa mata secundária que compõe o Vale Jamacá, a apenas 2 km do centro da cidade. Em agosto de 2006 um indivíduo foi observado por Benedito Abraão de Freitas (com. pessoal) na Pousada Penhasco pousado em um angico.

Harpyhaliaetus coronatus – um adulto observado pousado próximo ao Centro Geodésico por GB em 26 de maio de 2007. Em 25 de julho de 2007 um jovem foi observado por FFO pousado próximo à estrada de acesso à Caverna Aroe Jarí (dentro dos limites do município, mas fora da área de estudo). Andrew Wittaker registrou em setembro de 2007 dois indivíduos adultos e um jovem no mesmo local.

Buteo melanoleucus – observado sobrevoando as encostas íngremes da Cidade de Pedra (LEL em abril de 2006) e do Paredão do Eco (FFO). Esta espécie encontra-se comumente associada aos paredões rochosos de chapadas, conforme também observado no Parque Estadual do Jalapão, Mateiros (TO), Parque Municipal Sempre-Viva, Mucugê (BA), Chapada de Contagem, Brasília (DF), Serra do Curral, Belo Horizonte (MG), Serra do Caraça, Catas Altas (MG), Serra do Cipó, Santana do Riacho (MG), Parque Estadual de Grão Mogol, Grão Mogol (MG), Parque Estadual do Rio Preto, São Gonçalo do Rio Preto (MG), Parque Estadual do Itacolomi, Ouro Preto (MG), Serra do Cigano, Capitólio (MG) (LEL e MFV).

Spizaetus melanoleucus – detalhes sobre a técnica de caça desta espécie foram descritos por Willis (1988) a partir de observações realizadas na Chapada dos Guimarães, na área do Centro Geodésico. Registrado por FFO em julho de 2005 e agosto de 2006 sobrevoando a Cachoeira Véu-de-Noiva, em setembro de 2007 no Colégio Buriti (GB) e fotografado em agosto de 2007 por Peter Petermann no entorno do PNCG.

Asio flammeus – apesar de ter sido registrada exclusivamente no entorno da Caverna Aroe Jarí (GB), portanto, fora da área de estudo delimitada, optou-se por incluir esta espécie entre os registros notáveis uma vez que ela é conhecida de poucas localidades no Cerrado (Bagno & Rodrigues, 1998; Lopes et al., 2004; Faria, 2007).

Anodorhynchus hyacinthinus – apesar da proximidade com o Pantanal, onde se observa um grande contingente populacional desta espécie (Pinho & Nogueira, 1997, 2003), a sua ocorrência na Chapada dos Guimarães é bastante rara, sendo os poucos registros disponíveis provavelmente referentes a indivíduos vagantes. A sua escassez na área é possivelmente devida a alguma restrição ecológica, pois esta espécie tem se mostrado rara na área desde tempos históricos, não tendo sido coletada pelos Smith.

Ara chloropterus – Espécie comumente observada na região, principalmente próximo aos paredões de arenito, onde nidifica. No período chuvoso, sobrevoa a região central da cidade, tendo sido observado um bando com 35 indivíduos em fevereiro de 2007.

Alipiopsitta xanthops – espécie rara na área, onde ocorre em baixa densidade. Um indivíduo observado em agosto de 2004 na estrada para Água Fria. Em 29 de setembro de 2006, outro indivíduo foi observado se alimentando dos frutos da mangabeira (Hancornia speciosa) na estrada Morada do Sol, bem próximo à sede do município. Na parte leste do município, mas fora da área de estudo, a 35 km da cidade, um bando de 28 indivíduos foi observado (FFO). Presente em outras regiões mais a leste do estado em áreas bastante degradadas, como observado por Petermann et al. (2001) em Jaciara, com grupos de até 36 indivíduos.

Megascops usta – o único registro desta espécie para a Chapada é uma fêmea (AMNH 34597) coletada pelos Smith no mês de julho. A real identidade deste espécime não foi reconhecida por Allen (1893a), que o considerou "muito diferente" dos três exemplares de M. choliba coletados na ocasião. Este autor comentou que o exemplar seria intermediário entre as fases cinza e rufa exibidas por M. choliba. O referido exemplar seria o tipo de Megascops fulvescens Ridgway que, embora traga este nome assinalado em sua etiqueta, não chegou a ser formalmente descrito (Greenway, 1978). A descrição deste táxon só foi realizada posteriormente por Hekstra (1982), que então o considerou uma subespécie de M. atricapillus. Em setembro de 1998, Dante Buzzetti gravou e coletou um espécime no Vale do Jamacá. A vocalização típica desta espécie foi ouvida por GB ao entardecer na mesma região em março de 2007.

Caprimulgus longirostris – primeiro registro documentado da espécie para o Mato Grosso, tendo sido coletados dois machos. Esta espécie havia sido registrada pela primeira vez no estado por Vasconcelos (2002), que identificou sua vocalização na região da Chapada dos Guimarães, mas sem documentar o registro. Um destes espécimes foi coletado em meio ao cerrado rupestre, na borda de um precipício, hábitat típico da espécie.

Chaetura sp. – Não houve consenso sobre a identificação das Chaetura observadas na região, sendo provável a presença de mais de uma espécie do gênero. Forrester (1993) cita C. meridionalis, Teixeira et al. (1990) citam C. cinereiventris, enquanto que Willis & Oniki (1990) citam C. cf. egregia. Apenas a coleta de espécimes deste difícil grupo poderá dirimir tal dúvida.

Celeus torquatus – conhecido para a Chapada dos Guimarães a partir de uma fêmea coletada pelos Smith no final do século XIX e nunca mais encontrado. Esta espécie foi redescoberta na região em agosto de 2007, quando um indivíduo foi observado e fotografado no Vale da Benção por FFO.

Berlepschia rikeri – o primeiro registro desta espécie para o Cerrado (Silva, 1995b) foi apresentado por Willis & Oniki (1990), que a registraram na Fazenda Retiro. Esta espécie foi posteriormente registrada por SEPLAN (2002), sendo também coletada em outubro de 2006 na Fazenda Invernada (DZUFMG 4982) e em abril de 2007 no Sítio Marimbondo (DZUFMG 5337 e 5338). Na Fazenda Invernada o espécime foi coletado em babaçus (Orbignya sp.) isolados em meio à pastagem, a cerca de 100 m da borda de uma mata seca semidecídua secundária, tomada por babaçus. No Sítio Marimbondo, habitava as bordas de uma mata ciliar inundável bastante alta (30-35 m de altura), onde as palmeiras buriti (Mauritia sp.) e babaçu cresciam em meio ao alagado. Encontrada em maio de 2007 (FFO obs. pessoal) no Colégio Buriti habitando mata de galeria inundável, porém sem um buritizal denso.

Myrmeciza atrothorax – coletada primeiramente pelos Smith, esta espécie foi apenas recentemente redescoberta na Chapada dos Guimarães. Dentro da área de estudo uma pequena população tem sido registrada no Vale do Jamacá em mata de galeria secundária. Ainda dentro do município, esta espécie foi também registrada no Sítio Marimbondo e na Fazenda Invernada, onde um casal teve a sua vocalização gravada e foi coletado em 03 de abril de 2007 (DZUFMG 5345 e 5346). Esta espécie foi observada predominantemente em áreas brejosas de matas inundáveis, embora também habite matas secas semidecíduas, conforme observado no Vale do Jamacá. Em São José do Rio Claro e Serra das Araras, na transição Cerrado-Amazônia, e em Alta Floresta, esta espécie é comum em matas secundárias, muitas vezes longe de cursos d'água (FFO e GB obs. pessoal).

Euscarthmus rufomarginatus – uma pequena população desta espécie tem sido registrada na estrada para Água Fria, no entorno do antigo lixão da cidade (FFO e GB obs. pessoal). A vegetação do local pode ser caracterizada como cerrado sentido restrito e cerrado ralo. Ambas as fitofisionomias sofrem impactos recorrentes devido aos incêndios constantes.

Attila bolivianus – um macho dessa espécie foi coletado pelos Smith, que o consideraram uma espécie rara (Allen, 1893a). Recentemente, A. bolivianus foi redescoberto na área de estudos por Dante Buzzetti (com. pessoal) em Fecho do Morro em setembro de 1998. Dois espécimes foram coletados na Fazenda Invernada (DZUFMG 4977 e 4988) em 22 de outubro de 2006, mas já fora da área de estudo.

Xenopsaris albinucha – embora esta espécie não tenha sido registrada na área de estudo ou na região da UHE Manso (Vasconcellos & Oliveira, 2000), existe um espécime (COMB-0639) coletado na UHE Manso em 05 de maio de 1988 e que só recentemente foi determinado de maneira correta.

Petrochelidon pyrrhonota – registrada no Rio Claro, sem data precisa, e por GB na Salgadeira, em 11 de setembro 2005. É interessante notar que esta data coincide com o primeiro registro da espécie para o Pantanal, quando uma fêmea jovem foi encontrada morta em 17 de setembro de 2005, em Retiro Novo, Nossa Senhora do Livramento, MT (Vasconcelos et al., 2008).

Catharus fuscescens – registrado por FFO em fevereiro de 2006 no Vale do Jamacá. O mesmo observador também registrou esta espécie no município de Jaciara, em mata secundária, em novembro e dezembro de 2001 (Petermann et al., 2001). Os três espécimes coletados pelos Smith são dos meses de novembro, fevereiro e março (Allen, 1891). De acordo com Remsen (2001), esta espécie seria um visitante setentrional que se refugiaria durante o inverno Norte-Americano na região central da América do Sul, em uma região centrada no Cerrado brasileiro. Portanto, o Cerrado teria uma importância fundamental para a conservação dessa espécie migratória.

Turdus fumigatus – gravado por Dante Buzzetti (com. pessoal) em Fecho do Morro em setembro de 1998. Esta espécie foi registrada na Fazenda Invernada (TCR obs. pessoal) e coletada nas cabeceiras do Rio Cuiabá (UFMT 347 e 348). Também registrada por Forrester (1993), que não especifica a localidade.

Turdus subalaris – registrado por Willis & Oniki (1990) durante o mês de julho. Um macho adulto foi coletado por Robert em 13 de julho de 1902 (Naumburg, 1930). Esta espécie é um visitante meridional, que migra para a área de estudo durante o inverno e primavera austrais (Ridgely & Tudor, 1989; Sick, 1997; Ferreira & Bagno, 2000).

Schistochlamys spp. – S. melanopis é comum na Chapada dos Guimarães, tendo sido coletado por vários dos naturalistas que visitaram a região. Já S. ruficapillus é mais escasso, sendo registrado na Cidade de Pedra, na estrada para Água Fria e na Cachoeira Véu-de-Noiva. Na Cidade de Pedra vários casais foram observados em meio ao cerrado baixo e arbustivo que cresce entre os afloramentos rochosos. Nesta localidade, no dia 01 de abril de 2006, foi observado um encontro agonístico entre as duas espécies. Schistochlamys ruficapillus abriga três subespécies (Dickinson, 2003). A subespécie nominal ocorre predominantemente no sudeste do Brasil, tendo como limites o Rio Claro em Goiás (Pinto & Camargo, 1952) e o leste do Paraguai (Zapata, 2003). S. r. sicki, é conhecido de poucas localidades, sendo restrito ao Brasil central, atingindo o Rio das Mortes, no leste de Mato Grosso (Pinto & Camargo, 1952) e a Serra do Cachimbo, no sul do Pará (Pinto & Camargo, 1957). Já S. r. capistratus apresenta-se distribuído pelo nordeste do Brasil (Hellmayr, 1929). Portanto, a Chapada dos Guimarães pode representar um possível ponto de encontro entre S. r. ruficapillus e S. r. sicki, cuja principal característica diagnóstica é o tamanho reduzido da subespécie sicki (Pinto & Camargo, 1952). Embora não tenha sido possível a coleta de espécimes de S. ruficapillus na área de estudo, dois exemplares provenientes da UHE Manso, depositados na COMB, puderam ser analisados. As medidas de asa destes dois exemplares (COMB-678, fêmea, 72,2 mm e COMB-679, macho, 75,5 mm) estão de acordo com as apresentadas por Pinto & Camargo (1952) por ocasião da descrição da subespécie S. r. sicki. Já a medida de cauda de um destes exemplares (COMB-679, 74 mm) está acima do máximo exibido por S. r. sicki, aproximando-se das medidas da subespécie nominal. Maiores estudos são necessários para se avaliar a validade destas subespécies, sendo possível tratar-se apenas de uma variação clinal, uma hipótese já levantada por Pinto & Camargo (1952).

Sicalis citrina – um ninho desta espécie foi encontrado por LEL a 680 m alt. próximo ao Morro de São Jerônimo, em uma área de cerrado rupestre, no dia 05 de abril de 2006. O ninho, em forma de cesto, é construído com capim seco e fibras vegetais, apoiado sobre uma pequena Melastomataceae, a cerca de 50 cm de altura. Os ovos, em número de três, eram azulados, sendo recobertos por pequenas manchas e pontuações marrons avermelhadas. A morfologia do ninho e dos ovos confere com a descrição recém publicada da biologia reprodutiva da espécie (Vasconcelos et al., 2007).

Poospiza cinerea – embora esta espécie não tenha sido encontrada na região desde a expedição dos Smith, existe uma fêmea coletada na área de influência da UHE Manso em 06 de julho de 1988 (COMB-0753).

Pipraeidea melanonota – os únicos registros documentados desta espécie para o Mato Grosso parecem ser as duas peles obtidas pelos Smith nos meses de junho de 1882 e julho de 1883. O único registro atual da espécie foi efetuado por BB e GB no Vale do Jamacá em 20 de dezembro de 2004. Recentemente um registro visual desta espécie foi efetuado na localidade de Retiro Novo, município de Nossa Senhora do Livramento, Pantanal de Poconé, no dia 05 de julho de 2007, em uma mata de carvoeiro (mata seca decídua dominada por Callistene fasciculata).

Tiaris fuliginosus – de distribuição restrita na área, com registros atuais apenas para o Vale da Benção (Whittaker & Carlos, 2004). Cabe destacar que dois dos exemplares coletados pelos Smith e identificados por Allen (1891) como T. fuliginosus, provavelmente pertencem a T. obscurus (Bates, 1997). O primeiro registro de T. obscurus para o Mato Grosso do Sul foi obtido apenas recentemente (Vasconcelos et al., 2008).

Coryphaspiza melanotis – sem registro atual para a Chapada dos Guimarães. Reproduz-se em Jaciara, onde um casal foi observado com filhote (FFO obs. pessoal). Observado em diversas ocasiões em Jaciara em 2000-02, onde se reproduz, pois foram observados jovens e machos fazendo "displays" (FFO obs. pessoal).

Arremon spp. – A. flavirostris e A. taciturnus podem ser observados forrageando lado a lado no sub-bosque do Vale da Benção, onde A. taciturnus chegou mesmo a responder ao "play-back" do canto de A. flavirostris.

Saltator coerulescens – embora seja extremamente comum em Cuiabá e na região do Pantanal de Poconé (Pinho, 2005), esta espécie é rara na Chapada dos Guimarães. Esta espécie foi registrada recentemente no Vale do Jamacá e na área urbana, onde um casal foi observado acompanhado por filhotes (FFO).

Vireo olivaceus – esta espécie e V. chivi são alvos de um longo debate taxonômico (Sick, 1997), que as têm tratado hora como espécies válidas, hora como co-específicas, tratamento este adotado neste estudo. É importante destacar que dentre a série de Vireo coletada pelos Smith, Allen (1891) registrou 42 espécimes referidos como V. chivi e 2 espécimes referidos como V. olivaceus. Allen (1891) destaca que V. chivi é provavelmente migrante na região, não tendo sido coletado no período compreendido entre 07 de abril e 13 de agosto. Já os dois espécimes referidos como V. olivaceus foram coletados em dezembro e janeiro.

Alterações na composição da avifauna

Uma série de ameaças sentidas no PNCG e no seu entorno intensificaram-se a partir dos anos 1970-80. A maior parte destes problemas tem origem relacionada à situação fundiária do Parque, pois cerca de 65% de sua área ainda não foi desapropriada, o que causa conflitos com proprietários de terra da região. Fora dos limites do PNCG, os principais problemas encontrados são as extensas monoculturas de soja, algodão (ambas principalmente a leste, ao longo da rodovia Chapada-Campo Verde) e eucalipto (junto ao limite noroeste do parque). Já os vales chapadenses têm tido suas matas substituídas por atividades agropecuárias, com destaque para a horticultura. Além disso, o loteamento destes vales para a implantação de casas de veraneio ou de produção, valorizados pelo solo rico e abundância de água, fragmenta sua vegetação, restando atualmente poucos lugares com florestas primárias. Somam-se a estas atividades nocivas o garimpo de diamantes no alto da Chapada, a destinação imprópria dos resíduos sólidos, o não tratamento de esgoto, o turismo desordenado e as extensas queimadas observadas no final da estação seca, justamente durante o período de reprodução da maioria das espécies de aves.

Prováveis extinções locais

Vinte e quatro espécies foram registradas apenas pelos Smith, não tendo sido mais coletadas e/ou observadas desde então. Uma análise dos requerimentos ecológicos, bem como das principais ameaças sofridas por estas espécies, permite enquadrá-las em cinco grupos, que são tratados em detalhes abaixo. Uma espécie adicional sem registros atuais é Ibycter americanus, que não será incluída nesta análise por ter sido registrada recentemente em três localidades adjacentes à área de estudo: Fazenda Invernada, Sítio Marimbondo e Pedra Grande (FFO, LEL e TCR).

1) campestres: seis espécies se enquadram nesta categoria, sendo elas Nothura minor, Geositta poeciloptera, Polystictus pectoralis, Culicivora caudacuta, Alectrurus tricolor e Coryphaspiza melanotis. Estas espécies são dependentes de grandes extensões de campo limpo em bom estado de conservação, sendo muito sensíveis a alterações antrópicas (Collar et al., 1992; Parker & Willis, 1997; BirdLife International, 2000). Esta fitofisionomia é hoje bastante rara na região, onde as savanas e florestas predominam. É provável que os campos limpos fossem mais extensos no passado, tendo sido ocupados por pastagens e plantações comerciais.

2) perseguidas por criadores clandestinos: três espécies se enquadram nesta categoria, sofrendo grande pressão de captura por parte do comércio ilegal (Sick, 1997), sendo elas: Cyanocompsa brissonii, Sporophila maximiliani e Carduelis magellanica. A primeira delas é uma espécie ainda encontradiça no Brasil central, em áreas com baixa pressão de captura, pois não é tão exigente quanto ao hábitat. Já S. maximiliani é raríssimo na natureza, estando praticamente extinto ao longo de boa parte de sua área original de distribuição no Brasil, principalmente em virtude da forte pressão de captura e da descaracterização de seu hábitat (BirdLife International, 2000; Machado et al., 2005). A subespécie C. m. alleni, encontrada no Brasil central, leste da Bolívia, leste do Paraguai e norte da Argentina (Hellmayr, 1938), também tem se mostrado bastante rara na natureza, sofrendo forte pressão de captura (FFO, JBP e LEL).

3) aquáticas: quatro espécies de aves aquáticas comuns no Mato Grosso foram coletadas pelos Smith e não mais encontradas na região. Porphyrio martinica e Donacobius atricapilla são espécies típicas de brejo, bastante tolerantes a alterações antrópicas, sendo comumente encontradas em áreas impactadas. Cochlearius cochlearius é uma espécie de hábitos crepusculares, vivendo geralmente solitário ou em casais, o que faz com que passe facilmente despercebido (Sick, 1997). Já Charadrius collaris é uma espécie típica de praias arenosas ou lamacentas (Sick, 1997), um habitat incomum na área de estudo. Três outras espécies aquáticas sem registros atuais para a região são Bartramia longicauda, Pluvialis dominica e Calidris fuscicollis, todas migrantes de longa distância (Sick, 1997). Provavelmente estas espécies eram naturalmente raras na região devido à escassez de lagoas, brejos e praias de rio na Chapada dos Guimarães. Por isso, é pouco provável que o seu "desaparecimento" tenha se dado por causas antrópicas. Por exemplo, diversas espécies aquáticas tais como Anhima cornuta, Platalea ajaja e Jabiru mycteria, foram registradas durante este estudo em apenas uma, ou duas ocasiões, sugerindo tratar-se de indivíduos vagantes.

4) no limite de sua distribuição: das espécies que encontram na região da Chapada dos Guimarães o limite natural de sua distribuição, apenas duas não foram mais registradas desde as coletas dos Smith. Nesta categoria se enquadram os amazônicos Nystalus striolatus e Pachyramphus marginatus (Ridgely & Tudor, 1994). Diversas outras espécies com centro de distribuição na Amazônia (Silva, 1996) são bastante raras na região, tais como Bucco tamatia, Celeus torquatus e Tangara chilensis, sugerindo que a falta de registros atuais das duas espécies listadas acima seja simplesmente reflexo da sua raridade natural.

5) naturalmente raras: para quatro destas espécies, nenhuma causa imediata explica uma eventual extinção local, pois ainda existem extensas áreas de hábitat aparentemente apropriado na região. Talvez a baixa densidade ou raridade natural das espécies Chondrohierax uncinatus, Accipiter bicolor, Parabuteo unicinctus e Poospiza cinerea sejam fatores que expliquem a ausência de registros atuais. Duas espécies raras e com maiores exigências de hábitat também não possuem registros recentes. Basileuterus leucophrys, cujo último registro para a área são dois exemplares coletados por Snethlage (MNRJ 14041 e 14436) no final da década de 1920, é uma espécie geralmente comum nos hábitats apropriados, as matas inundáveis (Marini & Cavalcanti, 1993). Tigrisoma fasciatum é geralmente encontrado associado a cabeceiras de rios encachoeirados em áreas serranas, com águas oligotróficas (Yamashita & Valle, 1990; Straube, 1991; Sick, 1997). Tanto as matas inundáveis quanto os rios encachoeirados ainda podem ser encontrados em bom estado de conservação na área de estudo, podendo a falta de registros dessas espécies ser também devida à sua raridade natural.

Possíveis colonizações recentes

Algumas espécies atualmente comuns na Chapada dos Guimarães não foram coletadas pelos Smith. Dentre estas espécies destacam-se Athene cunicularia, Coragyps atratus, Vanellus chilensis, Columbina squammata, Patagioenas picazuro e Molothrus bonariensis, todas elas comuns ao longo de todo o Cerrado do Brasil central. Estas espécies colonizam prontamente ambientes antropizados, sendo comuns ao longo de pastagens, lavouras e entorno de habitações rurais. É provável que essas espécies tenham colonizado a região, ou experimentado um grande incremento no tamanho de suas populações, apenas nas últimas décadas, beneficiando-se da recente expansão das pastagens e campos de cultivo no estado do Mato Grosso.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao IBAMA pela oportunidade de realizar este estudo e pela concessão de licenças para captura e coleta. Os seguintes pesquisadores agradecem pelas bolsas de doutorado recebidas: LEL (FAPEMIG), MFV (CAPES) e MMC (CNPq). Agradecemos ao portal Ornisnet e aos diversos museus Norte-Americanos que permitiram acesso às suas bases de dados on-line. Os seguintes curadores permitiram acesso às coleções sob seus cuidados: Marcos Rodrigues (DZUFMG), Miguel Ângelo Marini (COMB), Luís Fábio Silveira (MZUSP), Marcos Raposo e Jorge Nacinovic (MNRJ) e Alexandre Aleixo (MPEG). Também somos gratos aos diversos proprietários rurais que permitiram estudos em suas terras, e ao programa Birder's Exchange pela doação de equipamento aos pesquisadores. Agradecemos a Andrew Whitthaker, André Zan, Arthur Keuneke, Benedito Abraão de Freitas, Braulio Carlos, Cassiano Zaparolli, Dante Buzzetti, Douglas Trent, Marc Egger, Paulo Boute e Peter Petermann pela companhia em campo e pelas informações prestadas. Luís Fábio Silveira e Fernando Straube apresentaram importantes contribuições ao manuscrito.

Recebido em: 01.04.2008

Aceito em: 06.10.2008

Impresso em: 31.03.2009

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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      23 Mar 2009
    • Data do Fascículo
      2009

    Histórico

    • Aceito
      31 Mar 2009
    • Revisado
      10 Jun 2008
    • Recebido
      04 Jan 2008
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