Resumos
Potisangaba gen. nov., espécie-tipo P. panama sp. nov., são descritos do Panamá (Colon) e três novas espécies são descritas em Chrysoprasis: C. principalis sp. nov. de Trinidad y Tobago (Trinidad), C. grupiara sp. nov. do Brasil (Rondônia) e C. morana sp. nov. da Bolívia (Santa Cruz).
Cerambycidae; Novos táxons; Região Neotropical; Taxonomia
Potisangaba gen. nov., type species, P. panama sp. nov., are described from Panama (Colon) and three new species are described in Chrysoprasis: C. principalis sp. nov. from Trinidad y Tobago (Trinidad), C. grupiara from Brazil (Rondônia) and C. morana sp. nov. from Bolivia (Santa Cruz).
Cerambycinae; Neotropical; New taxa; Taxonomy
Novos táxons em Heteropsini (Coleoptera, Cerambycidae)1 1 Contribuição nº 1.780 do Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná.
New taxa of Heteropsini (Coleoptera, Cerambycidae)
Dilma Solange NappI, III; Ubirajara R. MartinsII, III
IDepartamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná. Caixa Postal 19.020, 81531-980, Curitiba, PR, Brasil. E-mail: napp@ufpr.br
IIMuseu de Zoologia, Universidade de São Paulo, Caixa Postal 42.494, 04218-970, São Paulo, SP, Brasil. E-mail: urmsouza@usp.br
IIIPesquisador do CNPq
RESUMO
Potisangaba gen. nov., espécie-tipo P. panama sp. nov., são descritos do Panamá (Colon) e três novas espécies são descritas em Chrysoprasis: C. principalis sp. nov. de Trinidad y Tobago (Trinidad), C. grupiara sp. nov. do Brasil (Rondônia) e C. morana sp. nov. da Bolívia (Santa Cruz).
Palavras-chave: Cerambycidae; Novos táxons; Região Neotropical; Taxonomia.
ABSTRACT
Potisangaba gen. nov., type species, P. panama sp. nov., are described from Panama (Colon) and three new species are described in Chrysoprasis: C. principalis sp. nov. from Trinidad y Tobago (Trinidad), C. grupiara from Brazil (Rondônia) and C. morana sp. nov. from Bolivia (Santa Cruz).
Keywords: Cerambycinae; Neotropical; New taxa; Taxonomy.
INTRODUÇÃO
Heteropsini Blanchard, 1845 é predominantemente neotropical com 25 gêneros distribuídos nas Américas do Sul e Central, incluindo as Antilhas. Desse total, 17 foram descritos para a América do Sul (Monné, 2005; Monné & Hovore, 2006).
Chrysoprasis Audinet-Serville, 1834 é o maior gênero de Heteropsini com 66 espécies distribuídas do México ao Uruguai (Monné & Hovore, 2006). O gênero foi revisado por Napp & Martins (1995, 1996, 1997, 1998, 1999) que dividiram as espécies em grupos de acordo com os padrões de coloração. Após essa revisão, Galileo & Martins (2003) descreveram C. pilosa da Colômbia (Huila) e Napp & Martins (2006), C. rubricollis do Panamá (Panamá).
Ora, são acrescidos à tribo um novo gênero e espécie da América Central e três espécies ao gênero Chrysoprasis: uma no " grupo chalybea" e duas no " grupo hypocrita" .
Siglas das instituições correspondem a: ACMS, American Coleoptera Museum, San Antonio; MNKM, Museo de Historia Natural Noel Kempff Mercado, Santa Cruz; MZSP, Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo, São Paulo.
RESULTADOS
Potisangaba gen. nov.
Etimologia: Tupi, potiâ = peito; çangaba = marca. Alusivo às áreas de pontuação sexual do pronoto.
Espécie-tipo: Potisangaba panama sp. nov.
Fronte transversa, declive. Clípeo mais elevado que a fronte na base; sutura frontoclipeal indistinta. Tubérculos anteníferos um pouco elevados, arredondados no topo. Olhos desenvolvidos; lobos oculares inferiores bem proeminentes, ocupam toda a região lateral da cabeça e alcançam a face ventral da cabeça; faixa de ligação entre os lobos tão larga quanto um lobo superior; distância entre os lobos superiores pouco maior que o dobro da largura de um lobo. Genas, no maior comprimento, mais curtas que metade da largura do lobo ocular inferior. Face ventral da cabeça densamente pontuado-rugosa em toda a superfície. Mandíbulas um pouco robustas, triangulares, subangulosas no terço apical. Artículo apical dos palpos maxilares tronco-cônico, paralelo nos lados e truncado no ápice.
Antenas com onze artículos, mais longas que o corpo no macho. Escapo cilíndrico, sem depressão ou sulco na base. Antenômero III cilíndrico, os seguintes um pouco deprimidos e um pouco expandidos no ápice externo; III-V(VI) com espinhos curtos no ápice interno; III bicarenado e ligeiramente sulcado entre as carenas; IV-VII com única carena e sem sulco. Antenômero IV com metade do comprimento do III, tão longo quanto o escapo e distintamente mais curto que o V; XI com comprimento subigual ao do III.
Protórax apenas mais largo que longo, gradualmente alargado da margem anterior até o terço posterior; maior largura no nível do terço posterior; lados do protórax sem tubérculos. Pronoto (Fig. 5) convexo, sem gibosidades, opaco, praticamente impontuado e glabro; com duas áreas arredondadas dorso-basais de pontuação sexual formada por pontos grossos e muito irregulares, a superfície microesculturada. Prosterno subopaco, quase indistintamente alveolado-pontuado, sem áreas de pontuação sexual. Processo prosternal afilado entre as procoxas e expandido no ápice. Cavidades procoxais fechadas e arredondadas nos lados e muito estreitamente abertas atrás. Processo mesosternal aplanado, quase tão largo quanto a mesocoxa; lados um pouco sinuosos e ápice entalhado para encaixe da projeção anterior do metasterno que é quase tão larga quanto o processo mesosternal. Cavidades mesocoxais fechadas nos lados.Sulco mediano do metasterno profundo, alcança o quinto anterior.
Escutelo pequeno e triangular. Élitros alongados e estreitos, sem costas, subparalelos nos lados e truncado no ápice. Fortemente opacos, subglabros; no dorso com pequenos grânulos brilhantes e muito esparsos; margem externa com pontos evidentemente ásperos com cerdas curtas e rijas. Úmeros projetados, envolvem os lados da base do protórax.
Pernas longas e delgadas. Fêmures ligeiramente clavados, as abas apicais dentiformes; com pontos grossos, profundos, subcontíguos e um pouco ásperos exceto na base onde são menores e mais esparsos; com cerdas curtas, suberetas e esparsas.
Metafêmures ultrapassam o ápice elitral. Metatíbias bem delgadas, cilíndrico-deprimidas, sinuosas, bicarenadas e sulcadas. Esporões tibiais moderadamente alongados, o interno bem mais longo que o externo. Metatarsos muito alongados, tão longos quanto as metatíbias; metatarsômero I com metade do comprimento da metatíbia e mais longo que os II-V somados; I e II com faixa glabra central.
Discussão: Potisangaba gen. nov. pela forma esbelta do corpo e apêndices, padrão de colorido, tegumento em geral opaco e fêmures com pontos grossos e subcontíguos, assemelha-se a um grupo de pequenos gêneros sul-americanos: Allodemus Zajciw, 1962, Erythropterus Melzer, 1934, Eriphosoma Melzer, 1922 e Purpuricenopsis Zajciw, 1968.
É particularmente semelhante a Erythropterus pelo protórax alargado para trás, antenas carenadas, fórmula antenal e fêmures subclavados e distingue-se por: presença de áreas de pontuação sexual dorso-basais no pronoto (Fig. 5); pronoto e lados do protórax praticamente impontuados; antenômeros III-V(VI) com espinhos apicais internos; élitros com pequenos grânulos no dorso e metatarsos tão longos quanto as metatíbias. Em Eythropterus, os machos não têm áreas de pontuação sexual, o pronoto e lados do protórax são alveolados, as antenas são inermes, os élitros são destituídos de grânulos e os metatarsos são, no mínimo, um terço mais curtos que as metatíbias.
Dos demais gêneros, Potisangaba separa-se pelo protórax alargado para trás, pela presença de áreas de pontuação sexual látero-basais no pronoto e pelos metatarsos tão longos quanto as metatíbias.
De Eriphosoma distingue-se ainda, pelo antenômero IV tão longo quanto o escapo e distintamente mais curto que o III e o V, fêmures subclavados e artículo apical dos palpos tronco-cônico não expandido para o ápice. Em Eriphosoma, o antenômero IV é evidentemente mais longo que o escapo e pouco mais curto que o III e o V, os fêmures são lineares e o artículo apical dos palpos é securiforme. Além disso, as áreas de pontuação sexual, quando presentes, situam-se no terço anterior dos lados do protórax e do pronoto.
De Purpuricenopsis, o novo gênero separa-se, além da conformação do protórax e das áreas de pontuação sexual no pronoto, por: antenas do macho pouco mais longas que o corpo, o antenômero XI subigual ao III em comprimento; lobos oculares inferiores muito desenvolvidos e proeminentes; genas mais curtas que metade da largura do lobo ocular inferior; processo prosternal afilado entre as procoxas; fêmures subclavados e metatarsos muito alongados. Em Purpuricenopsis, o protórax é arredondado nos lados; os machos não têm áreas de pontuação sexual; as antenas do macho ultrapassam o ápice elitral em 4,0-5,0 artículos, com antenômeros longos e cilíndricos, o XI mais longo que o III; os lobos oculares inferiores são pouco desenvolvidos e restritos aos lados da cabeça; as genas são tão longas quanto a largura do lobo ocular inferior; o processo prosternal tem cerca de um terço da largura da procoxa; os fêmures são lineares e os metatarsos são distintamente mais curtos que as metatíbias.
Allodemus também apresenta protórax arredondado nos lados e os machos não apresentam áreas de pontuação sexual. Além disso, o processo mesosternal é mais estreito que a mesocoxa e os artículos apicais dos palpos maxilares e labiais são dilatados para o ápice.
Estes gêneros podem ser diferenciados pelos caracteres da chave abaixo:
1.
Protórax gradualmente alargado para trás, a maior largura no nível do terço posterior......2
Protórax regularmente arredondado nos lados, a maior largura no meio.............................3
2(1).
Antenômeros III-V(VI) com espinhos apicais internos. Pronoto e lados do protórax impontuados. Dorso dos élitros com grânulos brilhantes e esparsos. Macho: pronoto com duas áreas arredondadas de pontuação sexual dorso-basais; metatarsos tão longos quanto as metatíbias (Panamá)......Potisangaba gen. nov.
Antenômeros desarmados. Pronoto e lados do protórax alveolados. Élitros sem grânulos. Machos: sem pontuação sexual; metatarsos, no mínimo, um quarto mais curtos que as metatíbias (Venezuela, Brasil, Bolívia, Paraguai, Argentina)...............Erythropterus Melzer, 1934
3(1).
Lobos oculares inferiores pouco desenvolvidos e restritos aos lados da cabeça. Genas tão longas quanto a largura do lobo ocular inferior. Artículos apicais dos palpos maxilares e labiais cilíndricos. Processo prosternal, na menor largura, com um terço da largura de uma procoxa. Macho: antenas ultrapassam o ápice elitral em quase cinco artículos; antenômeros cilíndrico-alongados, não expandidos no ápice, o XI mais longo que o III (Brasil)..............................................................Purpuricenopsis Zajciw, 1968
Lobos oculares inferiores bem desenvolvidos, ocupam toda a região lateral da cabeça e avançam um pouco sobre a face ventral. Genas com cerca de um terço da largura do lobo ocular inferior. Artículos apicais dos palpos maxilares e labiais dilatados para os ápices. Processo prosternal afilado entre as procoxas. Macho: antenas ultrapassam o ápice elitral, no máximo, em três artículos; antenômeros pouco alongados e expandidos no ápice externo, o XI cerca de um terço mais curto que o III.........4
4(3).
Ápices elitrais entalhados no lado externo, dentiformes ou com pequeno espinho no ângulo externo. Processo mesosternal tão largo quanto uma mesocoxa. Fêmures lineares (Brasil, Paraguai, Argentina)............................................................................................Eriphosoma Melzer, 1922
Ápices elitrais arredondado-truncados. Processo mesosternal cerca de um terço mais estreito que uma mesocoxa. Fêmures médios clavados, os posteriores subclavados (Brasil, Paraguai, Argentina, Uruguai)..Allodemus Zajciw, 1962
Potisangaba panama sp. nov.
Etimologia: Epíteto refere-se à localidade-tipo.
Macho: Tegumento preto, protórax alaranjado.
Cabeça fortemente opaca, densamente alveolada, exceto nas genas com pontos menores e esparsos; pilosidade inaparente. Submento com pilosidade esbranquiçada, um pouco alongada e moderadamente densa. Clípeo grossa e densamente pontuado; no limite com a fronte, área irregularmente transversa, microesculturada e impontuada. Face ventral da cabeça densamente pontuado-rugosa; os pontos com microescultura, subcontíguos a coalescentes, formam estrias irregulares e lisas.
Antenas ultrapassam o ápice elitral em cerca de dois artículos. Escapo grossa e densamente alveolado, subglabro e subopaco. Antenômeros III-IV subopacos, com pontos ásperos e cerdas amareladas curtas e esparsas, sem pubescência; V-XI com pubescência amarelo-esbranquiçada progressivamente adensada para os antenômeros distais, mais evidentemente a partir do VII. Antenômero III com o dobro do comprimento do IV e cerca de um quarto mais longo que os V-VII; VIII-X subiguais e decrescentes; XI ligeiramente apendiculado e afilado no ápice.
Protórax, na maior largura, subigual à largura umeral. Pronoto e lados do protórax opacos, glabros e impontuados. Prosterno com alvéolos muito rasos, pouco aparentes e pubescência esbranquiçada curta e esparsa. Mesosterno, metasterno e urosternitos revestidos por pubescência esbranquiçada, particularmente densa no processo mesosternal e no disco do metasterno nos lados do sulco longitudinal. Metasterno com pontos grossos, profundos e densos em toda a superfície.
Escutelo opaco, glabro e sem pontos. Élitros fortemente opacos e subglabros; corrugados, mais evidentemente nos lados e na região apical. Margem externa, especialmente na metade distal, com pontos biselados com cerdas curtas e rijas, aspecto serrilhado. Região apical da sutura elevada, um pouco brilhante e com pontos ásperos e cerdas rijas como na margem externa. Ápices transversalmente truncados, inermes na sutura e ligeiramente espiniformes no lado externo.
Fêmures com pontos grossos, profundos, subcontíguos e um pouco ásperos, exceto na base com pontos menores e mais esparsos; cerdas curtas, suberetas e rijas; metafêmures ultrapassam o ápice elitral em um sexto de seu comprimento. Tíbias brilhantes com pontuação e cerdas esparsas. Escovas dos tarsômeros formadas por pêlos curtos e brancos.
Dimensões, em mm, macho: Comprimento total 9,5; comprimento do protórax, 2,1; largura do protórax no terço posterior 2,2; comprimento do élitro 6,7; largura umeral 2,3.
Material-tipo: Holótipo macho do Panamá, Colon: Fort Sherman (9°17' N, 79°59' W), 16.V.2001, Odegaard leg. (" On Cupania scrobiculata; in flowers" ) (ACMS).
Chrysoprasis grupiara sp. nov.
Etimologia: Tupi, grupiara = garimpeiro.
Macho: Tegumento verde-metálico-vivo; cabeça, pronoto e prosterno cúpreos. Escapo preto com evidente brilho metálico. Fêmures verde-metálicos. Urosternitos vermelhos.
Cabeça glabra. Fronte com pontos moderadamente grossos, irregularmente densos. Vértice rugoso-pontuado. Genas tão longas quanto a largura do lobo ocular inferior, com pontos muito finos e esparsos.
Antenas ultrapassam o ápice elitral em cinco artículos. Escapo cilíndrico com pontos grossos, densos e cerdas esparsas. Antenômeros III-V carenados, III-IV sulcados, com espinhos apicais internos bem desenvolvidos nos III-IV, o do V mais curto; pontuação e pilosidade esparsas; VI-XI finamente pubescentes. Antenômero III com comprimento subigual ao dobro do escapo e tão longo quanto os V-VII; VIII-X apenas mais curtos e subiguais; XI cerca de um quinto mais longo que o III.
Protórax pouco mais largo que longo e pouco arredondado nos lados; ligeiramente alargado da margem anterior até pouco além do meio onde se situa a maior largura. Pronoto e lados do protórax alveolados, brilhantes, com cerdas curtas, eretas e pouco conspícuas; alvéolos do disco do pronoto com aspecto transverso, os dos lados do protórax mais rasos. Prosterno opaco, com pontuação sexual formada por pontos finos, profundos e regularmente distribuídos em toda a superfície; pubescência esbranquiçada aparente. Meso- e metasterno (Fig. 6) microcorrugados e revestidos por pubescência esbranquiçada; metasterno com alguns pontos setígeros finos e cerdas muito esparsas. Urosternitos brilhantes, com pilosidade esbranquiçada e pêlos longos no disco.
Escutelo liso, glabro. Élitros opacos com pontuação fina e áspera uniformemente distribuída em toda a superfície, com cerdas castanhas e semi-eretas. Ápices transversalmente truncados com espinho curto no ângulo externo e inermes na sutura.
Fêmures brilhantes, com pontos muito grossos, profundos e contíguos e cerdas castanhas, eretas. Metafêmures ultrapassam o ápice elitral em cerca de um quinto de seu comprimento.
Dimensões, mm, macho. Comprimento total, 10,5; comprimento do protórax, 2,2; maior largura do protórax, 2,5; comprimento do élitro, 7,2; largura umeral, 3,0.
Material-tipo: Holótipo macho do BRASIL: Rondônia, Ariquemes (62 km SE), 13-25.IV.1992, W.J. Hansen col. (MZSP, doação da Utah State University).
Discussão: Pelos urosternitos vermelhos a nova espécie enquadra-se no " grupo hypocrita" (Napp & Martins, 1998) e por apresentar os antenômeros III-V com espinhos desenvolvidos, metasterno com pontos grossos, antenas mais longas que o corpo e colorido verde-metálico, situa-se junto a C. nymphula Bates, 1870 na chave apresentada por aqueles autores. C. grupiara sp. nov. diferencia-se de C. nymphula: pelo pronoto com alvéolos maiores e com aspecto transverso; lados do protórax com alvéolos rasos; pronoto e lados do protórax sem pontuação sexual; prosterno não corrugado, com pontos profundos e uniformemente distribuídos; metasterno microcorrugado, sem pontos grossos; fronte brilhante com pontos irregulares, pouco profundos e irregularmente densos e antenômeros III-V com carenas bem aparentes. Em C. nymphula, o pronoto e os lados do protórax são fina e densamente alveolados, com áreas de pontos maiores e profundos no terço anterior; o prosterno é rugoso com pontos grossos e irregulares; o metasterno tem pontos grossos em toda a superfície; a fronte é opaca com pontuação densa, profunda e uniforme e as carenas dos antenômeros III-V são pouco conspícuas. Além disso, C. nymphula tem ampla distribuição no leste do Brasil (Bahia ao Rio Grande do Sul), relacionada à Mata Atlântica e ocorre também no Uruguai e na Argentina; a nova espécie, descrita de Rondônia, aparentemente está relacionada à Floresta Amazônica.
Chrysoprasis principalis sp. nov.
(Figs. 4, 7)
Etimologia: Latim, principalis = primeira, relativo ao primeiro registro de Chrysoprasis para Trinidad y Tobago.
Fêmea: Colorido geral verde-metálico; fronte, pronoto, lados do protórax, metasterno e episternos cúpreos. Antenas e pernas pretas, o escapo e os fêmures com brilho verde-metálico. Urosternitos verde-metálicos.
Cabeça glabra. Fronte e clípeo brilhantes, densamente pontuados, os pontos da fronte maiores e mais profundos. Vértice opaco, rugoso-alveolado. Genas tão longas quanto a largura do lobo ocular inferior, brilhantes, com pontos finos e esparsos.
Antenas alcançam o terço apical dos élitros. Escapo cilíndrico, um pouco anguloso no ápice; subglabro, com pontos moderadamente finos, pouco profundos e pouco densos. Antenômeros III-VI com carenas pouco aparentes e espinhos apicais internos desenvolvidos, o VII com espinho pouco aparente. Antenômero III cilíndrico, os demais gradualmente mais deprimidos e expandidos no ápice externo. Antenômeros III-V com pontos finos, densos e um pouco ásperos, com cerdas suberetas mais densas na face inferior e sem pubescência; VI-XI fina e densamente pubescentes. Antenômero III pouco mais curto que o dobro do comprimento do escapo e dos antenômeros V-VII; os demais pouco mais curtos, mais evidentemente os IX-XI; XI com metade do comprimento do III.
Protórax pouco mais largo que longo e pouco arredondado nos lados, a maior largura logo após o meio. Pronoto convexo, opaco, densamente alveolado com cerdas muito curtas, quase inaparentes e alguns pêlos esbranquiçados muito longos nos lados. Lados do protórax brilhantes, glabros, com alvéolos muito rasos e irregulares. Prosterno subopaco, pontuado-rugoso com pubescência branca e esparsa. Mesosterno opaco, com pontos grossos, rasos e densos; mesepisterno com pontos grossos e irregulares. Metasterno (Fig. 7) subopaco com pontos muito grossos, profundos e densos em toda a superfície; cerdas esbranquiçadas esparsas; metepisternos microcorrugados revestidos por pubescência esbranquiçada e com alguns pontos maiores entremeados. Urosternitos brilhantes, com pontos finos, rasos e muito esparsos; pilosidade esbranquiçada longa e esparsa. Pigídio totalmente exposto.
Escutelo glabro, impontuado. Élitros opacos com pontos setígeros finos uniformemente distribuídos em toda a superfície e cerdas castanhas suberetas bem aparentes. Extremidades obliquamente truncadas e inermes.
Fêmures brilhantes, com pontos muito grossos, profundos e contíguos, exceto na base com pontos bem menores e esparsos. Metafêmures ultrapassam o ápice elitral pela ponta dos fêmures. Metatíbias um pouco sinuosas.
Dimensões, mm, fêmea: Comprimento total, 9,2; comprimento do protórax, 2,0; largura do protórax, 2,2; comprimento do élitro 6,5; largura umeral, 2,8.
Material-tipo: Holótipo fêmea de Trinidad y Tobago, Trinidad: Talparo, 6-22.VII.1988, H.L. Dozier col. (ACMS).
Discussão: Pelos urosternitos com colorido metálico a nova espécie pertence ao " grupo chalybea" (Napp & Martins, 1997). Na chave apresentada por esses autores, situa-se próxima a C. guerrerensis Bates, 1892 e C. aeneiventris Bates, 1870, no item 14, por apresentar urosternitos com colorido metálico, antenômeros III-V com espinhos apicais internos desenvolvidos, flagelômeros e metatíbias cilíndricas, metasterno com pontos grossos e colorido verde-metálico.
Chrysoprasis principalis sp. nov. separa-se de C. guerrerensis pelo protórax pouco arredondado nos lados, evidentemente mais estreito que a largura umeral, élitros mais longos que o triplo do comprimento do protórax e urosternitos brilhantes com pontuação fina, rasa e pilosidade esparsas. Em C. guerrerensis (Napp & Martins, 1997: 29, 31, Fig. 7), o protórax é bem arredondado nos lados, quase tão largo quanto a largura umeral, os élitros são proporcionalmente curtos, cerca de 2,5 vezes o comprimento do protórax e os urosternitos têm pontuação semelhante à do metasterno só que mais esparsa. C. guerrerensis está registrada apenas para o México (Monné & Hovore, 2006).
De C. aeneiventris, a nova espécie distingue-se pelo protórax pouco arredondado nos lados; pelo pronoto opaco com alvéolos grandes, rasos e uniformes; pelos lados do protórax com alvéolos muito rasos, quase inaparentes; pelo escapo cilíndrico, um pouco anguloso e projetado no ápice externo, pouco mais curto que o antenômero III, com pontuação e pilosidade esparsas; pelos antenômeros IX-XI distintamente mais curtos que os precedentes; pela pontuação dos élitros mais fina, esparsa e uniforme; pelo metasterno opaco com pontos muito grossos, profundos e uniformes; pelo mesosterno com pontos grossos e pelos urosternitos com pontos finos, rasos e pilosidade esparsos. Em C. aeneiventris, o protórax é bem arredondado nos lados; o pronoto é brilhante com alvéolos pequenos, muito densos e mais profundos e os lados do protórax são alveolados como o pronoto; o escapo é engrossado, mais curto que metade do comprimento do III, não projetado no ápice externo, com pontuação e pilosidade densas; os antenômeros IX-XI têm comprimento subigual ao dos precedentes; a pontuação dos élitros é mais densa e áspera, com aspecto corrugado; o metasterno é brilhante com pontos menores, mais densos e com pilosidade abundante e o mesosterno e urosternitos são microcorrugados com densa pilosidade esbranquiçada. C. aeneiventris tem ampla distribuição no Brasil e ocorre também na Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai enquanto C. principalis sp. nov. é a primeira espécie de Chrysoprasis descrita de Trinidad y Tobago.
Chrysoprasis morana sp. nov.
(Figs. 3, 8)
Etimologia: Tupi, morana = fingir, fazer-se de. Alusivo à semelhança com Chrysoprasis linearis.
Macho: Colorido geral verde-metálico; escapo e fêmures com colorido verde-metálico; abdômen vermelho; antenas (exceto escapo), tíbias e tarsos pretos. Cabeça fina e densamente pontuada. Antenas atingem a extremidade dos élitros na base do antenômero VIII. Escapo com pontuação grossa e adensada. Antenômero III desarmado e sem carenas. Protórax tão a apenas mais longo que largo, pouco arredondado nos lados. Pronoto brilhante, densamente alveolado. Lados do protórax opacos e rugoso-pontuados, com pontos grossos mais evidentes na metade anterior. Prosterno irregularmente rugoso-pontuado com pontuação sexual formada por pontos grossos, irregulares e esparsos; pilosidade pouco aparente. Metepisternos fina e densamente pontuados. Lados do metasterno (Fig. 8) com pontos grandes e rasos. Fêmures grosseiramente pontuados, brilhantes; abas apicais aguçadas; metafêmures ultrapassam o ápice elitral em um terço de seu comprimento. Urosternitos com pontuação e pilosidade esparsas.
Fêmea: Antenas ultrapassam o ápice elitral em dois artículos. Lados do protórax densa e regularmente pontuados. Prosterno com pontuação mais fina.
Dimensões, mm, macho/fêmea respectivamente: Comprimento total, 7,3-7,7/8,2; comprimento do protórax 1,7; maior largura do protórax 1,7-1,9/1,9; comprimento do élitro 4,9-5,2/5,6; largura umeral, 2,0-2,1/2,2.
Material-tipo: Holótipo macho da Bolívia, Santa Cruz: Potrerillos de Guendá (40 km NW de Santa Cruz, 17°40,3' S, 63°27,4' W), 22.XI-12.XII.2005, B.K. Dozier col. (MNKM). Parátipos macho e fêmea com os mesmos dados do holótipo, exceto 9-28.XI.2006, B.K. Dozier & F. & J. Romero col. (MZSP, ACMS).
Discussão: Pelos urosternitos vermelhos C. morana sp. nov. pertence ao " grupo hypocrita" (Napp & Martins, 1998) e assemelha-se a C. linearis Bates, 1870. Difere pelos élitros relativamente mais curtos (proporção comprimento do élitro pela largura umeral = 2,45 a 2,47) e pela pontuação grossa dos lados do metasterno (Fig. 8). Em C. linearis, os élitros são proporcionalmente mais longos (comprimento do élitro pela largura umeral = 2,53 a 2,68) e os lados do metasterno têm pontuação fina e densa (Napp & Martins, 1998: 496, fig. 32).
AGRADECIMENTOS
A James Wappes pelo empréstimo de material para estudo da sua coleção e do MNKM; a Larry Bezark e à Utah State University pela remessa de material e pela doação do holótipo de Chrysoprasis grupiara ao MZSP; a Albino M. Sakakibara (Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná) pela execução das fotografias.
Recebido em: 25.06.2008
Aceito em: 19.11.2008
Impresso em: 31.03.2009
- GALILEO, M.H.M. & MARTINS, U.R. 2003. Cerambycidae (Coleoptera) da Colômbia. III. Cerambycinae com olhos finamente granulados. Iheringia, Série Zoologia, 93(1):31-36.
- MONNÉ, M.A. & HOVORE, F.T. 2006. Checklist of the Cerambycidae, or longhorned wood-boring beetles, of the Western Hemisphere. BioQuip Publications, Rancho Dominguez, 393 p.
- MONNÉ, M.A. 2005. Catalogue of the Cerambycidae (Coleoptera) of the Neotropical Region. Part I. Subfamily Cerambycinae. Zootaxa, 946:1-765.
- NAPP, D.S. & MARTINS, U.R. 1995. Revisão do gênero Chrysoprasis A.-Serville, 1834 (Coleoptera, Cerambycidae, Cerambycinae, Heteropsini). I. Grupo basalis. Revista Brasileira de Entomologia, 39(4):901-910.
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
23 Mar 2009 -
Data do Fascículo
2009
Histórico
-
Recebido
25 Jun 2008 -
Revisado
19 Nov 2008 -
Aceito
31 Mar 2009