Resumos
São apresentados novos registros para Aleiphaquilon plumanni e A. castaneum. Aleiphaquilon tasyba sp. nov. é descrita da Bolívia (Santa Cruz). Acrescenta-se chave para espécies com faixa clara, coplanar com o restante da superfície elitral.
Aleiphaquilon; Registros novos; Espécie nova; Neotropical; Taxonomia
Aleiphaquilon Martins (Coleoptera, Cerambycidae, Cerambycinae, Neocorini): new records, new species and key. New records are given for A. plaumanni Martins, 1975 and A. castaneum Gounelle, 1911. Aleiphaquilon tasyba sp. nov. is described from Bolivia (Santa Cruz). A key to the species with a clear and not elevated fascia on elytra is added.
Aleiphaquilon; New records; New species; Neotropical; Taxonomy
Aleiphaquilon Martins (Coleoptera, Cerambycidae, Cerambycinae, Neocorini): novas ocorrências, nova espécie e chave
Maria Helena M. GalileoI,III; Ubirajara R. MartinsII,III
IMuseu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. Caixa Postal 1188, 90001-970, Porto Alegre, RS, Brasil. E-mail: galileo@fzb.rs.gov.br
IIMuseu de Zoologia, Universidade de São Paulo. Caixa Postal 42494, 04218-970, São Paulo, SP, Brasil. E-mail: urmsouza@usp.br
IIIPesquisador do CNPq
RESUMO
São apresentados novos registros para Aleiphaquilon plumanni e A. castaneum. Aleiphaquilon tasyba sp. nov. é descrita da Bolívia (Santa Cruz). Acrescenta-se chave para espécies com faixa clara, coplanar com o restante da superfície elitral.
Palavras-chave: Aleiphaquilon; Registros novos; Espécie nova; Neotropical; Taxonomia.
ABSTRACT
Aleiphaquilon Martins (Coleoptera, Cerambycidae, Cerambycinae, Neocorini): new records, new species and key. New records are given for A. plaumanni Martins, 1975 and A. castaneum Gounelle, 1911. Aleiphaquilon tasyba sp. nov. is described from Bolivia (Santa Cruz). A key to the species with a clear and not elevated fascia on elytra is added.
Keywords:Aleiphaquilon; New records; New species; Neotropical; Taxonomy.
INTRODUÇÃO
O gênero Aleiphaquilon foi estabelecido por Martins (1970: 47) para A. unicolor que foi colocada na sinonímia de Tillomorpha castanea Gounelle, 1911 por Martins & Moure (1973: 80).
Martins (1975) acrescentou ao gênero duas espécies: A. plaumanni e A. tricolor, além de chave para distingui-las. Em 1984, Napp & Martins acrescentaram A. myrmex e em 1994, Martins & Galileo incorporaram A. rugosum com nova chave para espécies. Mermudes & Monné (1999) adicionaram ao gênero mais três espécies: A. eburneum, A. una e A. taeniatum e incluíram chave para distinguir as então oito espécies.
Martins (2005) estabeleceu a tribo Neocorini onde inseriu Aleiphaquilon, apresentou revisão do gênero e chave onde as espécies foram reunidas em dois grupos: (1) élitros com tegumento unicolor (A. plaumanni, A. rugosum e A. castaneum) e (2) élitros com faixa transversal branca ou amarelada. Este grupo divide-se: (2.1) faixa clara dos élitros esbranquiçada e saliente (A. myrmex, A. eburneum) e (2.2) faixa clara dos élitros coplanar com o restante da superfície elitral.
Estas espécies são reconhecidas pela chave a seguir à qual foi acrescentada A. plaumanni, para exemplares com faixa amarelada e coplanar com o restante da superfície elitral.
Neste artigo apresentamos novas ocorrências para A. castaneum e A. plaumanni, chave para as espécies com faixa elitral amarelada e coplanar com o restante da superfície e descrevemos A. tasyba sp. nov.
O material examinado pertence às instituições: American Coleoptera Museum, San Antonio (ACMS); Florida State Collection of Artropods, Gainsville (FSCA); Museu de História Natural Noel Kempff Mercado, Santa Cruz (MNKM); Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre (MCNZ); Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo, São Paulo (MZUSP).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Aleiphaquilon plaumanni Martins, 1975
Aleiphaquilon plaumanni Martins, 1975: 17, fig. 6; Monné, 2005: 46 (cat.).
Um dos exemplares examinados e procedente do Uruguai (MCNZ) tem cabeça, antenas, tórax e região basal dos élitros avermelhadas. O colorido dos élitros também varia e pode apresentar-se inteiramente castanho-escuro ou com faixa transversal amarelada, plana ou deprimida.Tal variabilidade determina que a chave para espécies apresentada por Martins (2005) seja modificada no item 6 (veja adiante).
Material-examinado: BOLÍVIA, Santa Cruz: Amboró (Rodovia acima de Achira Campo, 5-5800 pés), 1 exemplar, 9-11.X.2004, Wappes & Morris col. (ACMS). BRASIL, Santa Catarina: Seara (Nova Teutônia, 27º11'S, 52º23'W), 1 exemplar, X.1974, F. Plaumann col. (MZUSP). Rio Grande do Sul: Capão do Leão, 1 exemplar, 24.X.1995, E.J. e Silva col. (MCNZ). URUGUAI, Maldonado: Sierra de Animas, 1 exemplar, 20.XI.1970, F.E.S.A. col. (MZUSP). Colônia: Pedra de los Índios, 1 exemplar, 4.XII.1973, Z. Assandri & G. Wibmer col. (MZUSP). Artigas: Artigas, 1 exemplar, 13-14.X.1995, L. Moura col. (MCNZ).
Aleiphaquilon castaneum (Gounelle, 1911)
Tillomorpha castanea Gounelle, 1911: 190.
Aleiphaquilon castaneum; Martins&Moure,1973: 80; Monné, 2005: 45 (cat.).
Aleiphaquilon unicolor Martins, 1970: 48; Martins & Moure, 1973: 80 (sin.).
A pontuação dos élitros é variável e na metade apical pode apresentar-se mais próxima ou mais afastada. A. castaneum registrada para o Brasil (Goiás, Minas Gerais e São Paulo) e a Argentina (Formosa) ora arrola-se para a Bolívia e o Paraguai
Material-examinado: BOLÍVIA, Santa Cruz: Buena Vista (El Cairo, 5 km W de Buena Vista), 7-9.X.2004, 1 exemplar, J.E. Wappes col. (ACMS); (Hotel Flora & Fauna, 3,7 km SSE, 17º29,949'S, 63º33,152'W); 1 exemplar, 14-19.X.2000, M.C. Thomas col. "tropical transition forest" (FSCA); 3 exemplares, 17-19. X.2000, Wappes & Morris col. (ACMS, 1 exemplar MCNZ); 1 exemplar, 23-26.X.2000, Wappes & Morris col. (ACMS); 2 exemplares, 23-26.X.2000, M.C. Thomas col., "tropical transition forest" (FSCA); 4 exemplares, 5-15.XI.2001, M.C. Thomas & B.K. Dozier col., "tropical transition forest" (FSCA); 1 exemplar, 22-31.X.2002, Wappes & Morris col. (ACMS); 2 exemplares, 3-8.X.2004, Wappes & Morris col. (ACMS retidos para o MCNZ). Província Florida (3 km E Achira, 1300 m), 2 exemplares, 1.XI.1999, Potter & Stange col. "tropical transition forest" (ACMS). PARAGUAI, Central: Asunción (Cerro Lambaré), 1 exemplar, 9.X.1989, sem nome do coletor (MCNZ).
Aleiphaquilon tasyba sp. nov. (Figs. 1, 3 )
Etimologia: Tupi, tasyba = formiga; alusivo ao aspecto geral.
Cabeça avermelhada. Fronte com superfície irregular nas regiões látero-superiores e mais lisa no centro. Olhos sensivelmente mais longos que as genas. Escapo atinge o quarto anterior do pronoto; microesculturado (50x) inferiormente na base. Pêlo apical do antenômero III aproximadamente tão longo quanto o artículo.
Tórax avermelhado. Pronoto (40x) microesculturado menos na constrição basal que é lisa. Escutelo alaranjado.
Terço basal dos élitros avermelhado seguido por faixa preta lateral que não atinge a sutura; no nível do terço anterior faixa amarelada não saliente que alcança a sutura; restante da superfície elitral preta. Pontuação esparsa nos dois terços anteriores dos élitros e pouco evidente no terço apical.
Esternos torácicos e urosternito I avermelhados. Urosternitos II-V pretos. Profêmures avermelhados; meso- e metafêmures preto-avermelhados. Tíbias pretas.
Dimensões, mm, holótipo macho: Comprimento total, 4,2; comprimento do protórax, 1,2; maior largura do protórax, 0,8; comprimento do élitro, 2,6; largura umeral, 1,1.
Material-tipo: Holótipo macho, BOLÍVIA, Santa Cruz: Buena Vista (Hotel Flora & Fauna), 7-10. X.2004, Morris & Wappes col. (MNKM).
Discussão: O colorido de Aleiphaquilon tasyba sp. nov. é semelhante ao de A. tricolor Martins, 1975, embora os meso-e metafêmures sejam preto-avermelhados. Difere especialmente por apresentar os olhos muito maiores em relação ao comprimento das genas (fig. 1), os pêlos apicais do antenômero III apenas mais longos que o comprimento do artículo, o urosternito I avermelhado e os urosternitos II-V pretos. Em A. tricolor os olhos são nitidamente mais curtos que as genas (fig. 2), os pêlos apicais do antenômero III têm o dobro do comprimento do artículo, os meso- e metafêmures são avermelhados e os urosternitos são inteiramente preto-avermelhados.
Nota: Foi examinado um exemplar procedente do Brasil, Rondônia: Ariquemes (62 km SW, Fazenda Rancho Grande), 6.X.1993, C.W. & L.B. O'Brien col., luz de lâmpada de mercúrio e ultra-violeta (ACMS) que estruturalmente é igual ao holótipo. Difere por apresentar élitros inteiramente alaranjados, com faixa amarelada que não atinge a sutura (Fig. 4 ) e vestígios de faixas pretas adiante e atrás da faixa clara. Pode tratar-se apenas de exemplar com tegumento parcialmente esclerotinizado, que não teve o colorido dos élitros impregnados no tegumento
AGRADECIMENTOS
A Michael C. Thomas (FSCA) e James E. Wappes (ACMS) pelo envio de material para estudo; a Eleandro Moysés (MCNZ) pela execução das fotografias e montagem das estampas.
Recebido em: 22.08.2008
Aceito em: 08.07.2009
Impresso em: 30.09.2009
- Gounelle, E. 1911. Liste des cérambycides de la région de Jatahy, Etat de Goyaz, Brésil. Annales de la Société Entomologique de France, 80:1-150.
- Martins, U.R. 1970. Notas sobre Cerambycinae III. Papéis Avulsos de Zoologia, 23(4):45-48.
- Martins, U.R. 1975. Longicórneos da coleção Hüdepohl III. Papéis Avulsos de Zoologia, 29(2):7-20.
- Martins, U.R. 2005. Cerambycidae Sul-Americanos. Subfamília Cerambycinae: Cerambycini, subtribo Sphallotrichina, subtrib. nov., Callidiopini, Graciliini, Neocorini, trib. nov. Editora da Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 5, 284 p.
- Martins, U.R. & Galileo, M.H.M. 1994. Descrições de novas espécies, chaves para identificação e notas sobre os gêneros Sphagoeme Aurivillius, Aleiphaquilon Martins e Gigantotrichoderes Tippmann. Revista Brasileira de Zoologia, 11(4):683-690.
- Martins, U.R. & Moure, J.S. 1973. Notas sobre Cerambycidae VII. Revista Brasileira de Entomologia, 17(12):77-84.
- Mermudes, J.R.M. & Monné, M.A. 1999. Aleiphaquilon (Callidiopini): descrições e chave para identificação. Iheringia, Série Zoologia, 87:81-86.
- Monné, M.A. 2005. Catalogue of the Cerambycidae (Coleóptera) of the Neotropical Region. Part II. Subfamily Cerambycinae. Zootaxa, 946:1-765.
- Napp, D.S. & Martins, U.R. 1984. Notas e descrições em Callidiopini. Revista Brasileira de Entomologia, 28(1):51-58.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
05 Out 2009 -
Data do Fascículo
2009
Histórico
-
Aceito
08 Jul 2005 -
Recebido
22 Ago 2005